Um mês de apagão. Postos de emergência tinham combustível, mas faltou energia para abastecer

A 28 de abril, no dia do apagão que afetou todo o país, além de Espanha e do sul de França, o Plano de Emergência Municipal de Cascais foi ativado às 16h30. Na sala de situação do centro de operações, no Estoril, está Nuno Piteira Lopes, o vice-presidente da câmara, juntamente com bombeiros, polícia e proteção civil municipal, numa reunião à distância com a Proteção Civil nacional.
Por essa altura, já tinham passado cinco horas que um apagão deixou o país sem eletricidade. Nesta hora, ainda ninguém sabe quando é retomada a energia. A principal preocupação é garantir que as principais infraestruturas como hospitais, centros de saúde, lares de idosos, clínicas – estão a funcionar.
É ali que recorrem os responsáveis por um centro de hemodiálise que precisam de combustível para o gerador, que só garante eletricidade por mais uma ou duas horas. O autarca vai definindo prioridades e é por essa altura que o SIRESP começa a falhar e tem de se mudar para o sistema municipal que garantiu as comunicações.
“Nós em Cascais temos um sistema de rádio municipal e felizmente o sistema municipal esteve sempre em funcionamento e foi possível distribuir rádios da frequência municipal para que as próprias forças de segurança, bombeiros, pudessem continuar a ter comunicações” diz Nuno Piteira Lopes à Renascença.
Um mês depois do apagão, o vice-presidente da Câmara de Cascais admite à Renascença que foi uma oportunidade para perceber o que se deve mudar nos planos de emergência municipal. E uma das medidas passa por colocar geradores nos postos de combustível estratégicos do concelho.
“Uma das grandes lições que tirámos é que chegámos à conclusão de que nenhum dos cinco postos que integram a rede de postos de abastecimento de emergência do concelho tinham gerador” refere o autarca.
“Cada vez que o plano municipal de proteção civil é ativado ou quando há uma emergência o concelho tem cinco postos de combustível estratégicos e nenhum deles tinha gerador. Havia combustível, os postos são prioritários para ambulâncias, polícia e proteção civil, mas sem energia não podiam ser usados. Já sinalizamos a quem de direito esta situação” adianta Nuno Piteira Lopes.
Para além do combustível, outro problema detetado no dia do apagão foi garantir que as vacinas dos centros de saúde estavam em locais refrigerados. No concelho, apenas o Centro de Saúde de São João do Estoril tem gerador e foi para lá que foram enviadas as vacinas dos outros centros.
Um mês depois a Câmara de Cascais abriu já o processo para adquirir geradores para todos os centros de saúde do concelho.
“Estamos já na fase de preparação da contratação pública de geradores para alimentar todos os centros de saúde do concelho de Cascais para não voltar a haver falhas, nomeadamente a nível do frio e da conservação de vacinas” revela Nuno Piteira Lopes à Renascença.
O vice-presidente da Câmara de Cascais refere ainda que ao longo deste mês a autarquia manteve reuniões com vários organismos do estado, “com as operadoras de telecomunicações, de água e infraestruturas estratégicas” para tentar perceber o que pode mudar nos planos de emergência para garantir uma resposta mais eficaz e adequada a eventos como o apagão do final do mês passado.