Dia da Sobrecarga chega mais cedo. Humanidade já esgotou os recursos naturais de 2025

A planeta Terra esgotou esta quinta-feira, dia 24 de julho, todos os recursos naturais que o planeta Terra é capaz de renovar ao longo de um ano inteiro, segundo dados fornecidos pelas agências e organismos filiados da Organização das Nações Unidas.
O chamado “Dia da Sobrecarga da Terra” acontece este ano uma semana mais cedo do que em 2024, o que mostra uma tendência preocupante de consumo insustentável e aumento da pegada ecológica global.
A partir daqui torna-se necessário usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de janeiro de 2026.
Embora assinale que o Dia da Sobrecarga tem vindo a estabilizar-se nos últimos anos, a associação ambientalista Zero sublinha que “a pressão sobre o planeta continua a aumentar, à medida que os danos causados pela ultrapassagem do limite ecológico se acumulam ao longo do tempo”.
Em declarações à Renascença, o presidente da Zero, Francisco Ferreira, sublinha que essa tendência é uma ameaça para esta e futuras gerações.
“Estamos a ir muito para além daquilo que a natureza todos os anos renova. O planeta tem limites que nós não deveríamos ultrapassar. Estamos numa crise que passa pelo clima, pela biodiversidade, pela poluição e pelo uso excessivo de recursos naturais. Acima de tudo, é preciso apelar, quer às políticas públicas dos governos, das autarquias, quer a cada um de nós como cidadãos, para percebermos que temos urgentemente um papel neste atrasar do dia de sobrecarga do planeta”, declara.
Alimentação, mobilidade e uma taxa de carbono
Para reduzir a pegada ambiental na Terra, Francisco Ferreira defende que é necessário promover mudanças e aponta a uma redução do consumo de carne em 50%. O presidente da Zero frisa que deve ser discutido o tema da alimentação para encontrar formas de diminuir a pegada ecológica.
“Nós comemos demasiada carne, demasiado peixe, portanto demasiada proteína animal. Seremos muito mais eficientes se reduzirmos esse consumo. Isso evitará emissões de gases com efeito de estufa, por exemplo, associados a alguma agropecuária que faz emissões de metano e causam as alterações climáticas. Ao reduzirmos esse consumo, poupamos ao Estado recursos económicos por causa dos custos associados a muitas doenças que daí advêm e, sobretudo, temos uma vida mais saudável”, aponta.
Francisco Ferreira acrescenta ainda outras duas medidas essenciais para promover uma economia do Bem-Estar e poupar recursos ao planeta.
“A primeira é a mobilidade. Utilizamos demasiado o automóvel em vez de, em muitas deslocações, irmos a pé, ou usarmos a bicicleta e o transporte público. Por outro lado, há também a parte relativa à produção de resíduos. Vamos ao supermercado e aquilo que depois utilizamos fica longe da totalidade do que compramos. Há também muitos equipamentos que duram pouco quando podiam e deviam durar mais. Tudo isto com muita poluição acrescida”, sustenta.
A associação ambientalista Zero defende ainda a aplicação de uma taxa por cada tonelada de carbono de cerca de 100 dólares (cerca de 85 euros), apontando que tal medida iria originar o adiamento do “Dia da Sobrecarga do Planeta” em 63 dias.