“PS não pode ser necessário para aprovar orçamentos quando foi dispensável para discutir outras decisões”

O tom com que o PSD se tem referido ao PS poderá ter consequências em outubro, aquando das negociações para a aprovação do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), avisa a antiga ministra socialista Mariana Vieira da Silva, no programa Casa Comum da Renascença.
“A consequência é simples. Quando depois, em outubro, se vier dizer que há um partido mais responsável do que outros pela viabilização do Orçamento, é preciso relembrar o que aconteceu nestes meses”, adverte a deputada.
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A ex-governante diz que o Governo fez a sua escolha e sustenta que existe um nível de acordo entre o Chega e o PSD “em todas as comissões e em todos os temas” que não existia na última legislatura. “Luís Montenegro acha o Chega mais razoável porque se tornou mais parecido com ele”, diz Mariana Vieira da Silva.
As consequências virão mais tarde, assegura. “Não venham depois dizer que é ao PS que é exigida toda a responsabilidade, quando, de forma bastante dura, se tem colocado o PS fora das discussões. O PS não pode ser necessário para aprovar orçamentos e garantir a governabilidade se foi totalmente dispensável – para ser simpática – para discutir outras dimensões das decisões políticas que têm sido tomadas”.
Como resposta, a deputada insiste que o Partido Socialista deve apresentar propostas e soluções “e ver qual é a reação do PSD quanto aos seus posicionamentos políticos”.
PS não tem razões para chumbar Orçamento, diz Duarte Pacheco
Já Duarte Pacheco diz que o PSD está a ter o mesmo comportamento verbal que António Costa teve em relação ao PSD de Rui Rio. “Ou seja, quando um destes partidos resolve apoucar aquele que foi sempre o tradicional adversário, pensando que assim vai consolidar a sua oposição, é a própria democracia que fica fragilizada. E, portanto, como condenei, agora também não posso subscrever algum desse tipo [de comportamento]”, afirma o ex-parlamentar social-democrata.
O antigo deputado do PSD lembra que as discordâncias do PS situam-se em temas fora do Orçamento e, por isso, não vê razões para os socialistas contestarem o documento orçamental para 2026.
“Havendo acordo que é preciso reforçar o orçamento para a defesa, que tem de se cumprir a lei das finanças locais, que é preciso cumprir a lei relacionada com os aumentos normais das pensões em Portugal, que é preciso fazer um aumento da função pública, que não se vai cortar nas despesas nem da educação nem da saúde, tenho dúvidas porque é que o Partido Socialista pode ter alguma oposição a um orçamento que vá neste sentido?”, questiona Duarte Pacheco no programa Casa Comum.
O que é que mudou no “não é não” em três meses? “As eleições e a necessidade de negociar”, explica Duarte Pacheco. “Há muito tempo que o PSD vinha a queixar-se da política de portas abertas. Um problema no país não passa a ser um problema do Chega porque o Chega fala dele”, sustenta o antigo deputado social-democrata.
Duarte Pacheco discorda que o PSD esteja a aproximar-se dramaticamente das ideias do Chega, sustentando que o conhecido lema “não é não” tinha a ver com a entrada do Chega no Governo.
“Nestes primeiros tempos, o Chega cumpriu a sua parte”, diz Duarte Pacheco, para justificar a referência de Luís Montenegro à “responsabilidade” manifestada pelo partido de André Ventura.