Plásticos representam perigo “grave e crescente” desde o nascimento até à velhice, revela estudo


A produção de plásticos aumentou mais de 200 vezes desde 1950 e poderá triplicar até 2060, provocando um impacto generalizado na saúde humana e no ambiente, segundo um estudo publicado esta segunda-feira na revista médica “The Lancet”.
O estudo, conduzido por especialistas em saúde pública, estima que os custos anuais dos danos para a saúde ascendem a 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,38 mil milhões de euros).
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De acordo com os investigadores, os plásticos representam um perigo em todas as fases do seu ciclo de vida, desde a extração dos combustíveis fósseis utilizados na sua produção até à sua eliminação.
A cadeia de produção gera poluição do ar, exposição a químicos tóxicos e contaminação do corpo humano por microplásticos.
“Os impactos recaem mais fortemente sobre populações vulneráveis, especialmente bebés e crianças”, disse o professor Philip Landrigan, principal autor do estudo, ao “Guardian”. “É nossa obrigação agir em resposta.”
O estidp surge na véspera da sexta e possivelmente última ronda de negociações internacionais para a criação de um tratado global e vinculativo sobre os plásticos. Mais de 100 países apoiam um limite à produção, enfrentando resistência por parte de Estados como a Arábia Saudita e de grupos industriais.
Mais de 98% dos plásticos são produzidos a partir de petróleo, gás e carvão. Este processo, intensivo em energia, emite anualmente cerca de 2 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente às emissões da Rússia. Além disso, mais de metade dos resíduos plásticos não geridos são queimados ao ar livre, agravando a poluição atmosférica.
“É agora claro que o mundo não pode sair da crise dos plásticos apenas através da reciclagem”, lê-se no documento.
O estudo identificou mais de 16 mil substâncias químicas utilizadas nos plásticos, algumas das quais associadas a abortos espontâneos, malformações congénitas, cancro infantil e problemas de fertilidade.