Lula ganha de todos os concorrentes em 1º e 2º turnos, mostra Datafolha
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A mais recente pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado mostra uma ligeira recuperação da posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela reeleição no ano que vem. Ele lidera de forma isolada todos os cenários em que disputa no primeiro turno e, no segundo, descolou-se no limite da margem de erro do inelegível Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
A mudança é discreta, mas ocorre ao mesmo tempo em transcorre o embate de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não lhe auferiu melhoria na avaliação de governo, segundo o mesmo levantamento. Mas pode sugerir efeito do alinhamento do clã Bolsonaro e aliados ao americano, que elevou a 50% as tarifas de importação sobre os produtos brasileiros.
Trump o fez alegando que Bolsonaro, que está sendo julgado acusado de tentar um golpe de Estado para ficar no Palácio Planalto após a derrota em 2022 para Lula, é um perseguido político. Isso fez a oposição pespegar no ex-presidente e entorno o rótulo de traidores da pátria, deixando governadores como Tarcísio em saia-justa.
O Datafolha testou sete cenários de primeiro turno. Bolsonaro ainda tem seu nome avaliado porque, mesmo inelegível, pode inscrever sua candidatura — assim como Lula fez quando estava preso em 2018, só para ser barrado mais perto do pleito.
Em todos, Lula tem vantagem sobre a oposição. Ampliou a vantagem sobre Bolsonaro em relação à pesquisa do mês passado em cinco pontos, batendo o rival por 39% a 33%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Para ficar na família, Lula derrota ambos os filhos do ex-presidente por margem semelhante: o deputado Eduardo (PL-SP) por 39% a 20% e o senador Flávio (PL-RJ), por 40% a 18%. Já a mulher de Bolsonaro, Michelle (PL-DF), perde por 39% a 24%.
Na disputa com Tarcísio, há estabilidade ante a rodada anterior. Lula marca 38% a 21%. O governador é o nome principal da oposição nos dois cenários sem o petista, e tem desempenho semelhante: empata em 23% a 23% com o ministro Fernando Haddad (PT) e fica na igualdade técnica com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP), que lidera por 24% a 22%.
Lula decola no 2º turno
Nas hostes oposicionistas, o nome que melhor se sai além de Tarcísio é o do governador Ratinho Jr., do PSD do Paraná. Ele fica no terceiro lugar de forma consistente, oscilando da casa de 10% a 14% nos cenários hoje mais plausíveis.
O Datafolha dobrou os cenários de segundo turno. O empate técnico na simulação da pesquisa anterior de Lula contra Bolsonaro ou Tarcísio foi substituído agora por um descolamento do petista.
O ex-presidente tinha 45% ante 44% do petista, que agora lidera no limite máximo da margem, por 47% a 43%. Já o governador oscilou de 42% para 41%, enquanto Lula foi de 43% para 45%. A vantagem segue sobre Michelle (48% a 40%), Eduardo (49% a 37%) e Flávio (48% a 37%).
Nas novas simulações, quem se destaca é novamente Ratinho Jr., com desempenho semelhante ao do governador paulista, perdendo de 45% a 40% para Lula. O fator do nome pesa e pode influenciar o resultado, dada a popularidade do pai do paranaense, o apresentador de TV homônimo.
Seja como for, num cenário em que o campo da direita está aberto e Tarcísio é pressionado por alguns aliados a buscar a reeleição, é um dado a notar — e Ratinho Jr. é do PSD do mandachuva Gilberto Kassab, importante nome do governo paulista.
No mais, Lula marca 47% a 35% contra Ronaldo Caiado, governador de Goiás pelo União Brasil, e 46% a 36% quando enfrenta Romeu Zema, que governa Minas Gerais pelo Novo.
Sem o atual presidente, Tarcísio derrota Haddad por 43% a 37% no segundo turno e, em outro cenário, empata tecnicamente com Alckmin, mas tendo vantagem numérica (40% a 38%).
A pulverização do momento é aferida também quando se observa a tabela de nomes citados de forma espontânea pelos eleitores. Nela, está desenhado o imaginário da polarização: Lula tem 22%, Bolsonaro, 17%, e Tarcísio, 1%.
Índice de Rejeição
Já a rejeição, fator importante na construção de candidaturas, coloca Lula (47%) e Bolsonaro (44%) com patamares quase proibitivos de fastio do eleitorado hoje. A família do ex-presidente também é bem rejeitada, na casa dos 36%-38%.
Os eventuais candidatos da oposição sem o sobrenome Bolsonaro se beneficiam pela pouca exposição fora de suas fronteiras estaduais: Tarcísio tem só 17% de rejeição, ante 21% de Ratinho Jr. e 22% de Zema.
No campo governista, Haddad, que perdeu a disputa nacional para Bolsonaro em 2018, tem 32%, enquanto Alckmin, com longa carreira em São Paulo e duas derrotas federais (2006 e 2018), registra 27%.
O Datafolha foi às ruas nos dias 29 e 30 de julho, tendo entrevistado 2.004 eleitores em 130 municípios.
