Violência doméstica. Homem em prisão preventiva por agredir companheira em Ourique

Um homem, de 25 anos, vai aguardar julgamento em prisão preventiva por suspeitas de violência “física, verbal e psicológica” contra a companheira, de 20 anos, no concelho de Ourique, no distrito de Beja, foi esta segunda-feira revelado.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o Comando Territorial de Beja da GNR adiantou que a detenção do suspeito foi efetuada, a 29 de julho, por militares do Núcleo de Investigação e de Apoio a Vítimas Especificas, no âmbito de uma investigação por violência doméstica.

Acabou por ser dado cumprimento a um mandado de detenção.

O suspeito foi detido e presente no Tribunal Judicial de Odemira, onde lhe foi decretada a medida de coação de prisão preventiva, a mais gravosa.

O medo que trabalha em silêncio

Vivemos numa época em que as grandes violações dos direitos laborais mobilizam campanhas mediáticas, enquanto os pequenos abusos, frequentes, mas discretos, permanecem quase invisíveis. Estes abusos são subtis, mas constantes, corroendo lentamente a confiança e a autoestima dos trabalhadores, até contaminarem a cultura de muitas organizações. Ignorar ou minimizar estes problemas não os resolve; pelo contrário, contribui para a sua normalização. O seu impacto mais profundo é o medo que geram: medo de represálias, medo de perder o rendimento, medo de ser visto como “problemático”. Por isso, raramente chegam aos tribunais ou às páginas dos jornais.

Estes pequenos abusos começam, muitas vezes, pelos horários. O pedido de “só mais uma hora” rapidamente se transforma numa expectativa diária; aquela meta “ambiciosa” passa a ser condição de permanência no posto de trabalho. O trabalhador que ousa questionar a razoabilidade da carga horária recebe, em troca, um silêncio gelado e a promoção eternamente adiada com o velho mantra de que “neste momento não é possível”.

Quando o assunto tange a saúde mental, a injustiça torna-se ainda maior. Em demasiados contextos, admitir exaustão, ansiedade ou mesmo burnout continua a ser visto como sinal de fraqueza ou incapacidade. A lógica produtivista transforma o cansaço em defeito de carácter. Valoriza-se a disponibilidade permanente, sendo o descanso encarado como um luxo. Com a ascensão da inteligência artificial, espera-se ainda mais do trabalhador: afinal, “têm uma ferramenta que ajuda; deviam produzir mais”. Mas a carga de trabalho cresce, e a saúde degrada-se. Quem se atreve a dizer “não” arrisca o estigma de pouco resiliente, o que pode pesar em futuros processos de recrutamento. Pior ainda quando, após uma baixa clínica, se regressa ao trabalho somente para encontrar um pedido de saída com pouca, ou quase nenhuma, indemnização.

O momento da saída, “amigável” ou não, é outro terreno fértil para injustiças silenciosas. A proposta de rescisão chega, por vezes, ladeada de elogios e de subtis lembranças de como é difícil encontrar trabalho ou litigar num mercado pequeno. “Afinal, este país é uma vila.” A decisão parece livre, mas é tomada com o medo sempre presente. O trabalhador aceita, porque recusar pode significar meses sem rendimento ou uma reputação ferida num setor onde todos se conhecem.

É tentador julgar quem cala, quem assina, quem cede. Mas, antes disso, importa reconhecer o abismo entre a segurança financeira e a precariedade laboral, entre ter voz e arriscar o sustento da família. A assimetria de poder é real e quotidiana. Ignorá-la é culpar o náufrago por não saber nadar em alto-mar enquanto o empregador navega com colete e advogados a bordo.

Não escrevo isto por mim. Felizmente, nunca sofri estas pressões. Escrevo com base no que observo à minha volta: amigos, colegas e, sobretudo, em pequenas empresas onde a noção de deveres patronais é vaga. Posso não concordar com todo o direito laboral português, mas acredito que ele é, no essencial, justo e equilibrado, o resultado da luta persistente e do sacrifício de muitos. Mas carece de efetiva aplicação, fiscalização e responsabilização. Perante atropelos, ver, ouvir e calar é compactuar.

Como romper este ciclo? As leis são essenciais, mas não suficientes. Precisamos de sindicatos e associações profissionais mais fortes, modernos e livres de agendas partidárias. Precisamos de canais de denúncia que efetivamente protejam os denunciantes e deem seguimento às queixas. Precisamos de uma ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho) com mais recursos, maior visibilidade e atuação decidida, algo que hoje é claramente insuficiente. As organizações devem também contar com lideranças preparadas, sensíveis aos direitos dos trabalhadores e aptas para enfrentar práticas abusivas das hierarquias. E, sobretudo, é urgente cultivar a coragem coletiva. Quando quem trabalha sabe que não está só, o medo encolhe — e a justiça afirma-se.

A saúde moral do nosso mercado de trabalho mede-se menos pelos escândalos que acabam nos jornais e mais pela atenção às injustiças diárias invisíveis. Só quando formos capazes de denunciá-las e enfrentá-las, sem medo, construiremos um mundo laboral verdadeiramente ético e digno. O progresso não pode ser medido apenas por resultados trimestrais, pelo PIB ou pela inovação, mas sobretudo pela forma como tratamos aqueles que têm menos poder, aqueles que são o verdadeiro alicerce do mundo do trabalho.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

Bebidas quentes das máquinas automáticas estão fora do “IVA da restauração”

As empresas que vendem bebidas quentes nas máquinas automáticas, como café e chocolate, não podem aplicar a essas operações o IVA intermédio de 13% (o chamado “IVA da restauração”), esclarece o fisco numa informação vinculativa.

Numa explicação publicada esta segunda-feira no Portal das Finanças em resposta a uma dúvida colocada por uma empresa de “vending machine”, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) explica que a disponibilização de bebidas quentes através de máquinas automáticas é uma “transmissão de bens” e não a prestação de um serviço, “ainda que envolva a preparação automática do produto” no momento em que é disponibilizado.

A empresa que colocou a questão à AT explora máquinas automáticas nos locais de trabalho de outras empresas, pagando uma renda pela ocupação do espaço.

Segundo as Finanças, a atividade “consiste na disponibilização imediata de bebidas quentes (como café, chá, leite e chocolate) através da sua preparação e aquecimento por meio de máquinas automáticas”, preparadas na hora “sem qualquer intervenção humana direta” e prontas a consumir “mediante a introdução de moedas como meio de pagamento”.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

Para saber como deve enquadrar o IVA cobrado aos clientes finais — os trabalhadores das empresas — a sociedade comercial em causa perguntou ao fisco se deve aplicar “a taxa correspondente a cada um dos produtos de forma individual ou, em alternativa, a taxa intermédia de IVA”.

A direção de serviços do IVA entende que as operações não contêm “os elementos próprios de uma prestação de serviços de restauração ou alimentação” e, por isso, considera que não se enquadram na verba da lista do IVA de 13% que se refere às prestações de serviços de alimentação e bebidas, lê-se na resposta à empresa.

No entendimento do fisco, quando uma empresa explora máquinas automáticas para vender café, chá ou leite e chocolate preparados no momento, a venda desses produtos alimentares “configura uma transmissão de bens sujeita a IVA e dele não isenta”, não a prestação de um serviço.

“A comercialização de produtos alimentares através de máquinas automáticas não se enquadra na verba 3.1 da Lista II anexa ao CIVA [Código do IVA], por não reunir os elementos característicos de uma prestação de serviços de restauração ou de alimentação”, refere a AT.

Por esse motivo, a taxa de IVA deve ser “determinada em função da natureza do produto final fornecido, ou seja, deverá ser determinada individualmente com base na natureza da bebida disponibilizada (café, chá, leite ou chocolate), à luz das verbas constantes da lista I (taxa reduzida), lista II (taxa intermédia) ou, na ausência de disposição específica, pela aplicação da taxa normal do imposto”, explicam os serviços do fisco.

Por exemplo, o leite e o leite chocolatado são tributados com a taxa de IVA de 6%.

Nos cafés e restaurantes, os produtos de cafetaria — o chá, o café, o café com leite, o leite com chocolate ou chocolate quente — são abrangidos pelo IVA de 13% quando são fornecidos no serviço de restauração ou de ‘catering’, segundo um entendimento que a AT tem desde 2016 e que se mantém em vigor.

No entanto, a AT considera que aqui não se aplica, logo à partida, a prestação de um serviço, fazendo questão de lembrar que o entendimento de que se trata de uma “transmissão de bens” está “em conformidade” com o que já concluía nesse documento de 2016 (o “ofício circulado n.º 30181).

Nesse documento anterior, a AT já referia que os bens alimentares vendidos nas máquinas automáticas também não podiam ser considerados “refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio”, outro dos casos em que se aplica o IVA de 13%.

Que país é este?

Que país é este que não acorda após a investigação de Maria José Oliveira sobre as torturas, as mortes, os assassinatos de tantos e tantos moçambicanos às mãos da PIDE? Que país é este que não desperta, não chora, não vomita ao saber do extermínio por inanição (dias e dias sem comer e beber, em celas sobrelotadas, sem luz) das pessoas capturadas e submetidas ao sadismo programado dos seus algozes? Que país consente, pelo silêncio, este passado insuportável: i-n-s-u-p-o-r-t-á-v-e-l?

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue – nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para [email protected].

Novo projeto para salvaguardar acervo documental de Misericórdia de Messejana

Dois protocolos foram assinados esta segunda-feira, na vila de Messejana, para “salvaguardar e valorizar” o acervo documental existente no museu etnográfico da Santa Casa da Misericórdia desta localidade do concelho de Aljustrel, no distrito de Beja.

Os acordos foram assinados no âmbito do projeto “MessejanaDoc”, que junta a Misericórdia de Nossa Senhora da Assunção à Universidade de Évora (UÉ), à Junta de Freguesia local e à Alentejo, Terras e Gentes — Associação de Defesa e Promoção Cultural do Alentejo.

“Estes protocolos visam, sobretudo, olhar para a documentação histórica aqui existente, digitalizá-la e dar seguimento ao inventário feito já há alguns anos”, explicou à agência Lusa Florêncio Cacete, presidente da associação Alentejo, Terras e Gentes.

Segundo o responsável, também ligado ao CIDEHUS — Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da UÉ, o “objetivo maior” dos protocolos “é salvar a documentação” existente no museu e iniciar o processo de transição digital do espaço, cujas instalações se encontram degradas.

Também em declarações à Lusa, o provedor da Misericórdia de Nossa Senhora da Assunção, Henrique Petronilho, assumiu que os protocolos assinados esta segunda feira “são importantíssimos”.

“Esta é uma forma de preservar o que aqui está, porque a situação do edifício tem tendência a degradar-se e pelo menos esta documentação fica salvaguardada e digitalizada”, disse o dirigente alentejano.

Já a reitora da UÉ, Hermínia Vilar, frisou, na cerimónia de assinatura dos protocolos, que estes se enquadram no trabalho da instituição para “apoiar e enquadrar, tanto quanto possível, o esforço de preservação” do património da região “nas suas mais diversas vertentes”.

“Procuramos ser uma universidade para todo o Alentejo e um dos objetivos é estar sempre presente, tanto nas localidades maiores como nas mais pequenas, porque todas elas têm esse património que temos de procurar manter e preservar”, acrescentou.

Também presente na cerimónia, o responsável pelo Departamento de Património Cultural e Centro de Formação Profissional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Mariano Cabaço, considerou que os acordos hoje assinados foram “um ato ímpar no ‘universo’ das misericórdias”.

Mariano Cabaço anunciou ainda que, a partir de setembro, a UMP vai avançar com a inventariação do património móvel da Misericórdia de Messejana.

“Para a intervenção no edifício e musealizar todo o espólio [existente], a base é sabermos o que temos e a diversidade do espólio que aqui encontramos, que tem de ser reorganizado”, justificou.

Formalizado esta segunda-feira, o projeto “MessejanaDoc” vai ser dinamizado pela associação Alentejo, Terras e Gentes e pelo CIDEHUS da UÉ.

De acordo com Florêncio Cacete, durante os próximos meses irão estar na localidade alentejana investigadores e alunos, para proceder à digitalização da documentação, assim como ao seu enquadramento histórico e inventariação.

“Penso que daqui a um ano já teremos alguns milhares de documentos partilhados online”, indicou o investigador, explicando que a informação ficará disponível através do projeto ‘Fundis’ e do repositório da UÉ.

Ou seja, acrescentou, “quem quiser estudar a história da Messejana, da Câmara Municipal da Messejana ou de algumas práticas culturais existentes aqui, conseguirá a partir de qualquer ponto do globo aceder através dessa plataforma e nunca mais esta informação se irá perder”.

Municípios não agregados em escassez hídrica sem penalização de 15% no acesso a fundos

Os municípios não agregados vão deixar de ter uma penalização de 15% no acesso a fundos comunitários para investimento no setor da água, desde que se encontrem em escassez hídrica, afirmou esta segunda-feira à Lusa a ministra do Ambiente.

A medida, adotada no Conselho de Ministros de quinta-feira, altera o plano estratégico de abastecimento de água e gestão de águas residuais e pluviais até 2030 (PENSAARP2030), para evitar que a penalização de 15% aos municípios não agregados e em escassez hídrica dificulte o acesso destas autarquias a fundos comunitários para obras consideradas essenciais, como a atualização de infraestruturas para evitar perdas de água.

O PENSAARP2030, de fevereiro de 2024, incentivou os municípios a agregarem-se, em entidades intermunicipais ou em parcerias com as entidades gestoras do grupo das Águas de Portugal, para concorrer aos fundos europeus no setor da água.

Na primeira versão do plano, apenas os municípios agregados podiam concorrer a fundos comunitários, através dos Programas Operacionais (PO), o que deixou muitos municípios, que não se agruparam, impedidos de acesso a financiamento para projetos de água e saneamento.

Nesse sentido, foi feita uma alteração ao diploma em meados de 2024, dando possibilidade aos municípios não agregados de concorrerem, mas com uma penalização de 15% na taxa de financiamento.

“Decidimos fazer uma nova modificação e dizer que, no caso dos não agregados, desde que estivessem em situação de escassez hídrica, que é o caso do sul do país praticamente todo, mas com impacto muito grande no Algarve, excecionalmente, vamos abolir os 15% de penalização”, explicou Maria da Graça Carvalho.

A ministra do Ambiente e Energia salientou que o ministério continua a promover a agregação de municípios, por considerar que “tem todas as vantagens”, porque é conseguida “uma massa crítica” para fazer investimentos.

No entanto, os 16 municípios do Algarve, que não se agregaram, indicaram à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR-Algarve) que não iriam conseguir executar obras, por não conseguirem financiar a componente nacional das intervenções.

No caso do Algarve, o PO regional financia investimentos neste setor em 60%, pelo que, com a penalização de 15%, havia um financiamento efetivo de apenas 45%, tendo os municípios de avançar com verbas para completar os restantes 55% dos investimentos.

“É a zona que mais precisa de investir na redução das perdas de água, que é feita pelos municípios. E tem no PO uma verba ainda substancial para [investir nas] perdas de água”, explicou Maria da Graça Carvalho.

Segundo a ministra, a medida também pode abranger o Alentejo, onde tradicionalmente há escassez hídrica, embora nesta zona existam muitos municípios agregados, pelo que já não têm a penalização dos 15%. Outros municípios de zonas com escassez hídrica, como o Oeste, Trás-os-Montes e Viseu, também podem ser abrangidos, acrescentou.

Os restantes programas operacionais, à exceção do de Lisboa e Vale do Tejo, têm financiamentos pagos a 85% pelos fundos comunitários, o que implica que estas regiões “podem suportar melhor estes 15%” de penalização em caso de municípios não agregados.

A regra “n+3” de utilização dos fundos comunitários (que significa que a dotação de um programa pode ser executada nos três anos seguintes à sua dotação original) implica que os municípios, se não conseguirem executar, ficam sem a obra, além de haver um corte desse financiamento no programa operacional.

A declaração de escassez hídrica pode ser pedida junto da entidade responsável, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Em meados de 2024, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) calculava que cerca de 72% dos 278 municípios do continente tinham modelos de gestão não agregados, pelo que estavam sujeitos a penalização no acesso a fundos comunitários.

Médio Oriente. Jornalistas exigem acesso a Gaza para uma cobertura independente

Jornalistas e apoiantes da liberdade de imprensa de todo o mundo, incluindo de Portugal, lançaram uma petição para exigir a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza, defendendo o “direito universal à reportagem independente” em zonas de conflito.

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A petição exige a “autorização imediata das autoridades israelitas e do Hamas para permitir a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza para reportar de forma independente”.

Caso as parte beligerantes não acedam ao apelo, estes jornalistas afirmam “o seu apoio aos colegas profissionais dos meios de comunicação social que, por quaisquer meios legítimos, de forma independente, coletiva ou em coordenação com atores humanitários ou da sociedade civil, optem por entrar em Gaza sem o consentimento das partes envolvidas”.

Entre os subscritores encontram-se os jornalistas Adelino Gomes, Cândida Pinto, José Manuel Rosendo e Paulo Moura, Anthony Loyd, do jornal The Times, Christiane Amanpour e Anderson Cooper, da CNN, Stuart Ramsay, da Sky News, assim como a organização Repórteres Sem Fronteiras, através do seu diretor-geral, Thibaut Bruttin.

“Como demonstrado pelo legado dos nossos colegas mortos, incluindo Marie Colvin, James Foley, Chris Hondros, Tim Hetherington, Remí Ochlik e Steven Sotloff, é eticamente legítimo que os jornalistas entrem em zonas de conflito sem aprovação oficial quando a urgência de testemunhar supera o silêncio imposto pelas agendas políticas ou militares”, pode ler-se numa carta aberta.

De acordo com estes jornalistas, está em causa o “direito universal à reportagem independente e in loco em zonas de conflito em todo o lado”.

“O acesso irrestrito e independente para os jornalistas estrangeiros é urgentemente necessário, não apenas para documentar a catástrofe em curso, mas para garantir que a verdade desta guerra não é ditada por aqueles que controlam as armas e a narrativa”, pode ler-se na carta aberta.

A petição apela ao Governo israelita para que levante imediatamente as restrições aos jornalistas, e aos grupos armados para que garantam a sua segurança e respeitem o seu estatuto protegido pelas Convenções de Genebra. .

Pede ainda o apoio dos governos, organizações de liberdade de imprensa e sociedade civil, assim como das organizações de comunicação social com quem trabalham os jornalistas que assinam a petição.

Desde o início da guerra israelita em Gaza, em retaliação pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a Israel a 07 de outubro de 2023 (que fez cerca de 1.200 mortos e 251 reféns), foram mortos pelo menos 60.933 habitantes de Gaza, quase metade dos quais crianças e mulheres, e mais de 150.000 ficaram feridos, segundo os registos das autoridades sanitárias, considerados pela ONU fidedignos.

Perante as frequentes alegações de crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza, os jornalistas salientam que “deve ser do interesse de todas as partes que estas alegações sejam investigadas por jornalistas independentes”.

Os jornalistas sublinharam ainda que durante o conflito em curso “quase 200 jornalistas foram mortos, a grande maioria palestinianos, tornando este o conflito mais mortífero para a imprensa de que há registo”.

Entre os jornalistas, profissionais dos media e apoiantes da liberdade de imprensa portugueses que assinaram a petição estão também Paulo Nunes dos Santos, Alfredo Leite, Patrícia Fonseca, Carlos Fino, Sergio Furtado, Isabel Lucas, Rui Caria, Henriqueta Fernandes, Catarina Neves, Pedro Miguel Santos, Filipa Melo, Ana Paredes, Isabel Freire, José Monteiro, Ricardo Rodrigues, António Galvão, Sofia Quintas e Margarida Salema.

Assinam também a petição personalidades portuguesas como a escritora Ana Teresa Pereira, os cineastas Pedro Neves e Ricardo Espírito Santo, a investigadora Ana Vieira e as professoras Isabel Liberato e Maria Teresa Nobre Correia.

Entre os jornalistas estrangeiros encontram-se ainda Christina Lamb e Louise Callaghan do jornal The Sunday Times, Richard Engel, da NBC News, Christoph Reuter, da Der Spiegel, Stephanie Le Bars, do Le Monde, Luis de Vega, do El País, Javier Espinosa Robles, do El Mundo, e Jon Lee Anderson, da revista The New Yorker, numa lista de mais de 300 profissionais, encabeçada pelo fotojornalista britânico Don McCullin.

Festival Rocketmen em Coimbra sem saber se continua após prejuízos e conflito com Câmara

A presente edição começou com uma acusação da banda Asfixia Social, que tocou na quinta-feira, de falta de condições e desrespeito por parte da organização – que negou as críticas -, seguindo-se a retirada da zona de alimentação da Praça da República, por ordem da Câmara de Coimbra, que levou a um comunicado do diretor do festival, Tito Santana, que se dirigiu ao presidente do município com recurso a impropérios.

Num comunicado posterior, publicado no domingo, a organização alega que a limitação imposta pela autarquia de retirar a zona de alimentação da Praça da República “comprometeu seriamente a receita do festival”, afirmando que aquela praça de alimentação “foi proposta pela própria Câmara Municipal de Coimbra”.

“A documentação foi devidamente tratada desde maio, por parte da organização e pelos concessionários”, disse o Rocketmen, afirmando que foi com surpresa que receberam a notificação de que o espaço onde estava a zona de alimentação não estava autorizado.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

Em resposta enviada à agência Lusa, a Câmara de Coimbra afirmou que a promotora do festival submeteu o requerimento para licenciamento a menos de três dias do arranque do evento (a 28 de julho), onde decidia, “unilateralmente”, alargar a área de recinto e começou a instalar na Praça da República “um conjunto de infraestruturas de venda ambulante”, cuja atividade carecia de licenciamento.

No entanto, essa vontade da promotora de ali instalar uma praça de alimentação não pôde ser viabilizada, porque, de acordo com o regulamento municipal em vigor, é proibido emitir licenciamento para aquele local, já que nas imediações da Praça da República existem, num raio de 150 metros de distância, outros agentes económicos que desenvolvem “atividade idêntica”, esclareceu.

“A proibição imposta aplica-se a todas as entidades sem exceção. Não resulta de entendimentos pessoais discricionários e decisões aleatórias”, vincou a Câmara de Coimbra.

No comunicado anterior, em que Tito Santana se dirige ao presidente da Câmara, o diretor do festival acusa ainda o executivo de sabotar a cultura “para se proteger politicamente”.

Em resposta à Lusa, a autarquia lamenta “a frase ofensiva, em linguagem vernácula, ostensivamente dirigida ao presidente da Câmara de Coimbra, que se limitou a cumprir o regulamento em vigor”.

“Lamentavelmente, a entidade promotora não cumpriu atempadamente com as suas obrigações legais e protocoladas e terá considerado, por razões que se desconhecem, que poderia estar acima da lei e ocupar à vontade espaço público não licenciado”, disse.

O Rocketmen surgiu na sequência do Luna Fest, festival que era coorganizado por Tito Santana, proprietário do bar Pinga Amor, em Coimbra, e pelo músico Victor Torpedo, mas os dois membros acabaram por divergir no final da segunda edição.

Com troca de acusações entre os dois e após dois anos de prejuízos financeiros com o Luna Fest, Tito Santana decidiu avançar sem Victor Torpedo na organização do festival, que mais tarde acabou por passar a chamar-se de Rocketmen.

No comunicado do festival, é referido que o Pinga Amor será colocado a trespasse para salvaguardar compromissos financeiros assumidos.

Astrónomos testam uso de telescópios como sensores climáticos

Astrónomos estão a testar o uso de telescópios terrestres como sensores climáticos, para rastrear as alterações produzidas na atmosfera da Terra pelo aquecimento global.

Uma equipa da Universidade de Warwick, no Reino Unido, criou um algoritmo que procura aproveitar as linhas de absorção deixadas pelas moléculas da atmosfera terrestre nos espetros das estrelas para medir a abundância de gases com efeito de estufa durante a noite, como o dióxido de carbono e o metano, e vapor de água.

Em julho foi feita uma campanha de observação no Observatório Astronómico de Calar Alto, em Almería, Espanha, combinando medições diurnas (espetro do Sol) e noturnas (espetro de outras estrelas) para estudar o ciclo do carbono, o papel dos gases com efeito de estufa no contexto do aquecimento global e o reforço dos sistemas de observação destes gases.

Os espetros diurnos foram medidos com um espetrómetro portátil da Rede Colaborativa de Observação da Coluna de Carbono, enquanto os espetros noturnos foram analisados com o algoritmo a partir de dados de um espetrómetro instalado num dos telescópios do observatório de Almería.

O espetrómetro portátil pode obter concentrações calibradas de gases com efeitos de estufa consistentes com os padrões da literatura, pelo que está a ser usado para calibrar as concentrações medidas com o algoritmo.

Incêndios. Jovens europeus voluntários na vigilância em Arrouquelas

Cerca de 300 jovens de vários países da Europa participam, até ao final do verão, em ações de vigilância a incêndios, integrados em ações de voluntariado a partir da aldeia de Arrouquelas, no concelho de Rio Maior.

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“Todos os dias, entre as 08:30 e as 19:00, dois jovens por turno, um estrangeiro e um português, fazem a vigilância da floresta a partir de uma torre de vigia florestal na Aldeia de Arrouquelas”, disse à agência Lusa o coordenador do projeto desenvolvido pela H2O — Associação de Jovens de Arrouquelas, Alexandre Jacinto.

A situação de alerta declarada pelo Governo no fim de semana – e que proíbe, até às 23:59 de quinta-feira, o acesso, a circulação e a permanência no interior dos espaços florestais previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem – obrigou hoje à suspensão temporária da tarefa.

Mas, segundo Alexandre Jacinto, “assim que for levantada a proibição, voltarão a fazer os turnos na torre onde avistam uma área até Rio Maior, podendo ser, além de vigilantes, agentes dissuasores nesta época de risco de incêndios”.

O projeto, desenvolvido no âmbito do Programa “Florestas e Natureza” do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e do Corpo Europeu de Solidariedade, da Comissão Europeia, vai prolongar-se até ao final de setembro, fazendo com que mais de 300 jovens de diferentes países passem por Arrouquelas, uma aldeia de 700 habitantes no distrito de Santarém.

“Neste momento estão na aldeia 30 jovens, dos quais 14 são turcos, mas o projeto representa uma grande diversidade cultural, juntando jovens de outros países como a Rússia, Bielorrússia, Itália, França, Grécia, Espanha, Alemanha e Roménia”, afirmou.

Em regime de rotatividade, os jovens acampam na aldeia, em grupos de 30, e, além da vigilância sobre a floresta (para a qual recebem formação dos Bombeiros de Rio Maior), dedicam-se a um conjunto de projetos de voluntariado, sustentabilidade e cidadania ativa promovidos pela H2O durante os meses de verão.

“Fazem ações de proteção da natureza, de limpeza de caminhos, de manutenção de espaços verdes, de ajuda a instituições, como um canil e uma associação de recolha de animais”, exemplificou Alexandre Jacinto.

A lista de experiências vai mais longe, “numa aprendizagem mútua em que, por exemplo, os jovens da Turquia, com menos conhecimentos na área da reciclagem, aprendem como se faz e vão de casa em casa, ajudando os idosos a reciclar e a recolher os resíduos”, acrescentou o coordenador do projeto, que este ano terá como novidade “o apoio a uma família na reabilitação de uma habitação degradada”.

Os meses de voluntariado são ainda marcados pela participação na festa da aldeia e por “iniciativas interculturais que trazem um grande dinamismo e movimento a Arrouquelas”, bem como por outras que se estendem pelo concelho, como um almoço que os jovens preparam anualmente para os bombeiros de Rio Maior.

“Num tempo em que as zonas rurais enfrentam desafios de despovoamento e envelhecimento, este é um exemplo inspirador de inclusão, mobilidade internacional e interculturalidade”, afirmou Alexandre Jacinto, fundador da associação. .

Há mais de 20 anos que a H2O promove os intercâmbios que todos os verões transformam Arrouquelas na aldeia mais europeia do concelho de Rio Maior.

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