Agência para a Investigação e Inovação arranca a 1 de janeiro

A nova Agência para a Investigação e Inovação (AI2), criada depois da extinção da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e que vai integrar a Agência Nacional de Inovação (ANI), começa a funcionar a 1 de janeiro, revelou esta segunda-feira o ministro da Educação, Ciência e Inovação. Trata-se de “uma reforma urgente”  descreve Fernando Alexandre, sublinhando o objetivo de desenvolver uma “plataforma única” para apoiar “investigadores, empresas e instituições a identificar os instrumentos mais adequados para financiar os seus projetos”.

Num artigo de opinião publicado no jornal Público — assinado em conjunto com a secretária de Estado do Ensino Superior, Claudia Sarrico, e a secretária de Estado da Ciência e Inovação, Helena Canhão —, o governante considera ser necessário “fechar o círculo virtuoso da qualificação, do investimento em ciência e do desenvolvimento“. Nesse sentido, a nova estrutura para o setor visa transformar a economia, através da “criação de melhores empregos e melhores salários” na sociedade portuguesa, atuando em duas áreas distintas.

“A organização da AI2 representa um novo paradigma e assentará em duas dimensões complementares. As Áreas de Investigação e Desenvolvimento, estruturadas pela classificação internacional FORD, que garantem financiamento por receitas de impostos para investigação fundamental, educação doutoral, carreiras científicas, instituições e infraestruturas científicas e tecnológicas, funcionando como o pilar de estabilidade do sistema”, pode ler-se no artigo.

Já a segunda vertente consiste numa unidade de Desafios Estratégicos, com vista a responder “a prioridades nacionais e europeias, mais focada em investigação aplicada, desenvolvimento tecnológico, investigação e inovação disruptivas e inovação empresarial”.

Fernando Alexandre avançou ainda no referido artigo que deve ser apresentado neste mês de setembro o calendário e a abordagem para a definição do financiamento e dos desafios estratégicos do futuro contrato-programa para a AI2, que vai entrar em funcionamento dentro de aproximadamente quatro meses. “Terá autonomia reforçada para executar a carta de missão e o contrato-programa plurianual, com a duração de quatro anos, com a definição de metas claras e mecanismos de prestação de contas pelo conselho de administração”, refere.

A definição dos pressupostos do contrato-programa contará, sustenta o artigo de opinião, com a participação da comunidade do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que será depois aprovado em Conselho de Ministros. “A nova agência estará focada na qualidade dos serviços a todas as entidades do ecossistema de investigação e inovação”, acrescenta.

Complementarmente à criação da AI2, os governantes avançam igualmente que vai ter início “ainda este ano” o processo de revisão da Lei da Ciência. Com a anunciada participação de cientistas, investigadores e empresas, a revisão faz parte de um projeto mais amplo para reduzir “a fragmentação do sistema”, bem como alinhar o país nas “melhores práticas europeias”.

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“Aluguer de pessoas sinistras”: como apanhar amantes, cobrar dívidas e lidar com valentões

Uma empresa japonesa lançou um serviço de “aluguer de pessoas assustadoras” que ajudava a apanhar amantes, cobrar dívidas difíceis e lidar com bullies de todos os géneros. A empresa garantia que resolvia a maior parte dos problemas em apenas 30 minutos, mas durou apenas um mês. O conceito do “Cobrador do Fraque”, que entretanto desapareceu ao fim de alguns anos, ressuscitou no mês passado no Japão, sob a forma de uma empresa que alugava pessoas sinistras para “ajudar a resolver todo o tipo de problemas pessoais”. Fundada a 1 de agosto e sediada em Tóquio, a Rental Kowaihito oferecia os

Otávio muda de clube na Arábia Saudita para o Al-Qadsiah

O internacional português Otávio vai trocar de clube na Arábia Saudita e assinará pelo Al-Qadsiah.

Segundo o jornalista Fabrizio Romano, especializado no mercado de transferências, o médio de 30 anos já tem tudo acordado para deixar o Al-Nassr.

Otávio perdeu espaço com a chegada do treinador português Jorge Jesus, que revelou publicamente que pretendia um extremo mais clássico, de velocidade, perfil no qual o português não se enquadra.

O médio não tem qualquer jogo somado esta época, depois de ter marcado 12 golos e registado 15 assistências nas últimas duas épocas pelos sauditas, em 84 jogos disputados. O Al-Nassr pagou 60 milhões de euros ao FC Porto para comprar Otávio no verão de 2023, depois de nove temporadas ligado ao FC Porto.

O Al-Qadsiah não é um dos clubes detidos pelo fundo de investimento saudita, mas o dono do clube é a Aramco, a empresa pública que gere as reservas de petróleo e gás natural do país.

Otávio naturalizou-se português e soma 22 internacionalizações, tendo estado na fase final do Mundial 2022, no Qatar.

Pedidos de asilo na UE com “quebra significativa” no 1.º semestre de 2025

O número de pedidos de asilo na União Europeia sofreu uma “quebra significativa” no primeiro semestre de 2025, registando-se 399 mil, menos 23% do que no período homólogo, segundo a Agência da União Europeia para o Asilo (EEUA).

De acordo com esta agência europeia, esta quebra significa que a taxa de reconhecimento atingiu o nível mais baixo de sempre, em parte explicada com a diminuição no número de pedidos feitos por cidadãos sírios, depois da queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024.

Na sequência das mudanças políticas na Síria, houve “muito menos sírios [que] solicitaram asilo durante o primeiro semestre de 2025”, o que teve também como consequência que deixaram de ser a principal nacionalidade nos pedidos de asilo na União Europeia.

Segundo a Agência da União Europeia para o Asilo (EUAA, na sigla em inglês), os venezuelanos e os afegãos passaram a ser os cidadãos que mais apresentaram pedidos de asilo nos primeiros seis meses de 2025.

“Com menos sírios a solicitar asilo, a Alemanha deixou de ser o principal destino da UE; a França e a Espanha receberam mais pedidos no primeiro semestre de 2025, enquanto a Grécia e Chipre receberam o maior número de pedidos per capita”, refere a EUAA.

Refere, por outro lado, que o número de casos à espera de uma decisão em primeira instância manteve-se em níveis quase recorde, com 918.000 pendentes no final de junho de 2025.

“Estima-se que o número total de casos, incluindo os que se encontram em recurso ou revisão, à espera de uma decisão no final de maio de 2025 (dados mais recentes) era de aproximadamente 1,3 milhões”, lê-se no relatório.

Acrescenta que, no final de junho de 2025, havia cerca de 4,5 milhões de beneficiários de proteção temporária na UE que fugiram da Ucrânia após a invasão da Rússia, sendo que “metade foi acolhida na Alemanha e na Polónia”, apesar de a Chéquia ter acolhido o maior número de beneficiários per capita.

Citado no comunicado que acompanha o relatório, o comissário europeu para os Assuntos Internos e Migração, Magnus Brunner, explicou a diminuição no número de pedidos de asilo com o Pacto sobre Migrações e Asilo, que trouxe “procedimentos mais eficientes”, nomeadamente em relação aos pedidos com poucas hipóteses de sucesso para que “sejam processados de forma mais eficaz”.

Segundo Brunner, outras propostas “reforçarão a cooperação com países terceiros, garantindo que os regressos sejam eficazes e aliviando a pressão sobre os sistemas de asilo”.

Analisando os últimos dez anos, os dados do relatório mostram que nos anos de 2015 e 2016 a Europa recebeu cerca de 3 milhões de migrantes e requerentes de asilo, no período que ficou conhecido como a crise dos refugiados, número que baixou para pouco mais de 673 mil em 2017 e não chega a meio milhão em 2020, na sequência da pandemia da covid-19.

A partir daí é sempre a subir e em 2023 ultrapassa 1,1 milhões de requerentes, para baixar novamente em 2024, ainda que ligeiramente, para pouco acima de um milhão de pessoas.

Entre janeiro e julho de 2025, a UE recebeu quase 400 mil migrantes e requerentes de asilo, nos quais se inclui um número cada vez maior de cidadãos venezuelanos por causa da “profunda crise económica e política da Venezuela”, mas também cerca de 42 mil afegãos.

Já a percentagem de pessoas que apresentaram pedido de asilo e tiveram direito a esse estatuto manteve-se nos 40% nos últimos três anos e “caiu para 25%” durante o primeiro semestre de 2025, um fenómeno “impulsionado por uma queda acentuada nas decisões emitidas para candidatos sírios”.

PS pede audições da Autoridade da Concorrência, BdP e bancos sobre “cartel da banca”

O PS pediu esta segunda-feira um conjunto de audições parlamentares sobre o processo do “cartel da banca”, entre as quais do Banco de Portugal, Autoridade da Concorrência e dos principais bancos envolvidos, considerando que a anulação das coimas “gera fundadas preocupações”.

Num requerimento enviado à comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, a que a agência Lusa teve acesso, o PS refere que, entre 2002 e 2013, diversos bancos “estiveram envolvidos em práticas de troca de informação sensível”, tendo a Autoridade da Concorrência concluído que isto representava uma “infração grave à legislação da concorrência, aplicando em 2019 coimas no valor global de 225 milhões de euros”.

“As sucessivas decisões judiciais em sede de recurso determinaram a prescrição das infrações, o que levou à anulação da quase totalidade das coimas aplicadas. O resultado foi que, apesar da gravidade dos factos, apenas subsistiu uma coima residual de mil euros aplicada ao Banif, que não foi ainda paga devido à liquidação do banco”, pode ler-se no mesmo requerimento.

Segundo o PS, “esta situação gera fundadas preocupações” porque resulta numa “grave perceção de impunidade das instituições financeiras” já que as práticas foram reconhecidas como ilícitas, mas não tiveram consequências devido à “morosidade processual”.

São assim pedidas as audições parlamentares da Autoridade da Concorrência, do Banco de Portugal, da Associação Portuguesa de Bancos e das administrações da CGD, BCP, Santander e BPI.

“O PS considera relevante a audição das próprias instituições bancárias arguidas no processo, designadamente aquelas que, pelo seu peso no sistema financeiro e pelas coimas significativas que deveriam ter visto aplicadas, têm maior responsabilidade em esclarecer o país: CGD, BCP, Santander e BPI — estas quatro instituições bancárias são responsáveis por mais de 90% das coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência”, justifica.

Para os socialistas, as administrações destes bancos “devem prestar ao país esclarecimentos públicos sobre as práticas em que incorreram” e também explicar que alterações fizeram depois disso nos seus códigos de conduta, além dos compromissos “para assegurar o reforço da transparência e da salutar concorrência no setor bancário”.

Para os deputados socialistas, o parlamento “não pode deixar de exercer o seu papel de escrutínio democrático e de garante da transparência do setor bancário”.

“Não obstante a prescrição das infrações, os factos apurados foram considerados ilícitos pela Autoridade da Concorrência e confirmados pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, o que reforça a necessidade de escrutínio parlamentar”, justifica.

A 28 de agosto, fonte oficial da Autoridade da Concorrência garantiu à Lusa que “fez tudo o que pôde” para que as instituições financeiras envolvidas no caso conhecido como “cartel da banca” fossem condenadas pelas infrações cometidas de 2002 a 2013.

A 25 de agosto, o Tribunal Constitucional indeferiu uma reclamação do regulador contra o facto de, em junho, o juiz-conselheiro Afonso Patrão ter rejeitado admitir o recurso que a AdC submeteu para apreciar a constitucionalidade do processo.

“A AdC faz notar que fez tudo o que pôde para que esta infração à lei da concorrência fosse punida, até porque foi confirmada por dois tribunais”, afirma fonte oficial da AdC, numa referência aos acórdãos do Tribunal da Concorrência e do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que consideraram que os bancos falsearam a concorrência durante mais de dez anos.

“Esta decisão da conferência do TC não retira razão à AdC”, afirma fonte oficial da instituição liderada por Nuno Cunha Rodrigues, lembrando que o TCRS “confirmou os factos” e que o TJUE “clarificou a tipologia da infração, ao confirmar que se tratava de uma infração por objeto (expressão do Direito da Concorrência que qualifica as infrações como tão graves que dispensam a prova de efeitos nos consumidores)”.

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Encontros MediaCon debatem futuro do jornalismo a 10 e 11 de outubro

Os encontros MediaCon propõem debater o futuro do jornalismo nos dias 10 e 11 de outubro, no Goethe-Institut, em Lisboa.

A 2.ª edição da iniciativa vai contar com debates, conversas, “masterclasses” e sessões no formato Pecha Kucha (apresentação concisa onde o orador exibe 20 imagens, cada uma por 20 segundos).

Para pensar em conjunto “o jornalismo que queremos”, haverá também uma Feira de Meios, com publicações de vários projetos de jornalismo independente, adianta o Goethe-Institut, que organiza os encontros, em conjunto com os órgãos de comunicação social 7Margens, CCA — Comunidade Cultura e Arte, Gerador, Médio Tejo, Mensagem de Lisboa, Projecto Inocência, RIA, Rimas & Batidas e o Shifter & LPP, em parceria com a Europa Criativa Portugal e a Fundação Friedrich Ebert em Portugal.

Os MediaCon arrancam no dia 10, às 10h00, com uma “masterclass” de Joana Lobo Antunes sobre comunicação de ciência, dirigida sobretudo a jornalistas e estudantes de jornalismo.

Segue-se às 11h30 uma conversa sobre bolsas de investigação e apoios ao jornalismo, e às 14h00 uma “masterclass” sobre jornalismo transfronteiriço, por Paulo Pena, que integra a equipa internacional do Investigate Europe.

Joana Guerra Tadeu, Gonçalo Taborda, Patrícia Barnabé e Catarina Carvalho vão refletir, às 17h00, sobre criação de conteúdos e acesso à informação.

Às 19h00, Marc Engelhardt, diretor da plataforma de jornalismo colaborativo Correctiv (Suíça), Vania Baldi, professor e investigador italiano no Iscte, e Joana Gorjão Henriques, jornalista no diário português Público, vão debater como a tecnologia abriu palco aos populismos no jornalismo.

No dia seguinte, à mesma hora, a conversa versará sobre literacia mediática e verificação de factos, reunindo Alba Tobella (Verificat), Mariana Ochs (EducaMídia), Marta G. Franco (Laintersección) e Margarida Maneta (Universidade Lusófona, CICANT).

“O estado da crítica cultural no panorama atual” é o tema da conversa agendada para dia 11, às 11h30, com a participação de Cláudia Lucas Chéu, Filipa Vaz Teixeira e José Teixeira.

Para a tarde do segundo dia de encontros estão programadas uma “masterclass” e duas conversas.

Às 14h00, Isabel Marques, diretora de informação da RIA — Rádio Universitária de Aveiro, irá explicar como funciona a redação de uma rádio universitária.

Às 15h00, Pedro Jerónimo (LabCom), Nuno Francisco (Jornal do Fundão) e Patrícia Fonseca (MedioTejo) vão refletir sobre o jornalismo regional, seguindo-se, às 17h00, um debate com as fotógrafas Bárbara Monteiro (Narrativa) e Vera Marmelo sobre o papel da fotografia na criação de narrativas.

Com entrada livre (ainda que certas atividades tenham inscrição prévia), os encontros de jornalismo MediaCon pretendem promover a reflexão sobre o papel do jornalismo no contexto atual e aprofundar temas específicos, como a crítica cultural, o jornalismo transfronteiriço ou a comunicação de ciência.

Espanha introduz nove medidas contra “genocídio em Gaza e executores”

Espanha vai adotar de forma imediata nove medidas para tentar “travar o genocídio em Gaza e perseguir os seus executores”, incluindo o embargo total e efetivo ao comércio de armas com Israel, anunciou hoje o primeiro-ministro, Pedro Sánchez.

São “nove ações adicionais” às que Espanha tem tomado nos últimos dois anos, como o reconhecimento do Estado da Palestina, em maio de 2024, para “deter o genocídio em Gaza, perseguir os seus executores e apoiar a população palestiniana”, disse Sánchez, numa declaração na sede do Governo espanhol, em Madrid.

A primeira medida será “a aprovação urgente” de um decreto-lei pelo Governo “que consolide juridicamente” o embargo de compra e venda de armas a Israel, estabelecendo, em concreto, “a proibição legal e permanente” de compra e venda de “armamento, munições e equipamento militar a Israel”, disse, depois de sublinhar que Espanha já aplica “de facto” deste embargo desde outubro de 2023.

Entre as outras medidas anunciadas pelo líder do Governo de Espanha estão um reforço de apoios à Autoridades Palestiniana, à ajuda humanitária para Gaza ou à agência das Nações Unidas para os refugiados da Palestina (UNRWA), assim como proibição de entrada em Espanha “de todas aquelas pessoas que participem de forma direta no genocídio, na violação dos Direitos Humanos e nos crimes de guerra na Faixa de Gaza”.

França. Por que é que o governo pode cair esta segunda-feira

A França pode estar a caminho de uma nova crise política.

O Governo submete-se esta segunda-feira a um voto de confiança, depois de ter anunciado que quer cortar 44 mil milhões de euros no orçamento do próximo ano.

O Explicador Renascença esclarece.

Isto é suficiente para fazer cair um executivo?

No caso francês, pode ser. Este voto de confiança anunciado pelo primeiro-ministro François Bayrou surge depois da apresentação de uma proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano que prevê o tal corte de 44 mil milhões de euros.

Problema: o primeiro-ministro francês não tem uma maioria absoluta que o sustente. Por isso, apesar dos esforços, dificilmente François Bayrou conseguirá convencer a oposição a apoiá-lo.

Logo, se o voto de confiança não passar, sem maioria absoluta, Bayrou tenta convencer a oposição a apoiá-lo, mas enfrenta forte resistência.

Porquê tanta resistência da oposição?

Por causa das medidas de austeridade propostas pelo governo francês. O plano orçamental prevê cortes em serviços públicos e congelamento de pensões, pelo que foi muito mal recebido pela população e rejeitado por vários partidos, que acusam o governo de impor sacrifícios, sem que haja consenso na sociedade francesa.

Perante estes argumentos, o primeiro-ministro francês defende que cabe ao Parlamento decidir e não “a desordem das ruas”.

Quais são os cenários?

Pode ser aprovado o voto de confiança e o governo continua em funções – algo que dificilmente acontecerá, atendendo às circunstâncias. Portanto, se François Bayrou não conseguir apoio suficiente, terá de se demitir, abrindo caminho para uma nova crise governamental.

Importante notar que, a concretizar-se, será o segundo colapso político em menos de um ano, depois da queda do governo anterior de Michel Barnier, também por não conseguir aprovar o orçamento.

Há mais de um ano que a França vive em clima de tensão política, desde que Macron dissolveu a Assembleia Nacional, após uma derrota eleitoral para a extrema-direita.

O Parlamento francês está fragmentado em três blocos sem maioria clara. Uma instabilidade que ameaça paralisar o país e provocar turbulência financeira.

Isso pode afetar Portugal?

Pode. Basta lembrar que a França é o segundo maior destino das exportações portuguesas e é o quarto maior investidor estrangeiro em Portugal.

De resto, a exposição à crise francesa pode resultar em perdas superiores a 30 mil milhões de euros para a economia portuguesa.

Acresce o risco de instabilidade na Zona Euro. A crise em França já provocou um aumento das taxas de juro para máximos de 14 anos, o que pode contagiar os mercados europeus.

Logo, também o financiamento de Portugal juntos dos mercados.

Rangel destaca “papel único” da China para persuadir Rússia a negociar com a Ucrânia

Acompanhe o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia

O ministro dos Negócios Estrangeiros destacou esta segunda-feira “o papel único” que a China pode ter junto da Rússia de persuasão para um compromisso negocial com a Ucrânia, e classificou o relacionamento entre Portugal e China como “bastante desanuviado”.

Paulo Rangel falava à comunicação social portuguesa em Pequim, após um encontro com o seu homólogo chinês, Wang Yi, que se realizou no Grande Palácio do Povo, e que serviu de preparação à visita oficial que o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, realiza a este país a partir de terça-feira.

“Foi uma reunião que correu muito bem, em que houve uma grande convergência de pontos de vista quanto às questões que temos de levar para a agenda internacional e em que há um bom relacionamento, um relacionamento bastante desanuviado entre Portugal e a República Popular da China”, disse.

Na curta intervenção inicial no encontro no Grande Palácio do Povo, abertas à comunicação social, o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China defendeu a importância do “sistema multilateral, centrado na Organização das Nações Unidas e no direito internacional”.

Segundo a tradução simultânea da sua intervenção, Wang Yi defendeu que a atual situação internacional “torna mais urgente o diálogo e cooperação” e salientou a iniciativa do Presidente chinês, Xi Jinping, de Governação Global, de “trabalho em conjunto para o progresso humano”

“Espero e acredito que a visita do primeiro-ministro vai promover avanços nas relações bilaterais e enfrentar desafios”, disse o ministro chinês.

Questionado como se conjuga a defesa do multilateralismo defendido por ambos os ministros com o encontro em Pequim dos dirigentes chinês, Xi Jinping, russo, Vladimir Putin, e norte-coreano, Kim Jong-un, numa parada militar que assinalou o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, Rangel fez questão de separar os dois planos.

“Temos que separar as coisas muito bem separadas: a China tem sempre defendido, ao nível dos princípios, o multilateralismo e a Carta das Nações Unidas e a posição das instituições internacionais e até a sua reforma”, frisou.

O número dois do Governo afirmou, aliás, que Portugal “conta muito com a China para ter um papel de grande influência no sentido de levar a Federação Russa a aceitar um cessar-fogo e um processo negocial tendente à paz” na Ucrânia, salientando tratar-se de “um papel único, que poucas outras potências mundiais terão”.

Por outro lado, Rangel fez questão de separar o timing da visita do primeiro-ministro, já agendada há muito, desta reunião em Pequim, que mereceu fortes críticas da União Europeia.

“Estava agendada uma viagem ao Japão no primeiro semestre e uma à China no segundo semestre. Por razão das eleições [legislativas antecipadas], tivemos que comprimir as coisas, temos eleições autárquicas, temos eleições presidenciais”, justificou.

Questionado se existiu alguma sensibilidade nas autoridades dos dois países pelas visitas coladas à China e Japão — precisamente quando a China celebra 80 anos da vitória sobre os japoneses na Segunda Guerra Mundial —, o ministro respondeu negativamente.

“São dois países que nós já conhecemos há 500 anos e que têm relações connosco há 500 anos, evidentemente que compreendem”, disse.

Rangel admitiu que a ideia inicial “era fazer duas viagens até mais longas a cada um deles”, mas tal não foi possível devido à crise política.

“Que, aliás, agora também se deu no Japão, não sabemos se isso ainda vai ter algum impacto nesta visita, é provável que tenha”, disse, referindo-se à demissão anunciada no sábado pelo primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba.

O primeiro-ministro português inicia na terça-feira uma visita oficial à China de dois dias, durante a qual terá um encontro com o Presidente Xi Jinping e passará por Macau, seguindo depois para o Japão, onde ficará até sexta-feira, com passagens por Tóquio e Osaka.

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Estranha nova bactéria encontrada na Amazónia

Investigadores brasileiros identificaram uma nova estirpe de Bartonella em flebótomos da Amazónia, que levantam dúvidas sobre o seu potencial de provocar doenças, à semelhança do que acontece com espécies aparentadas que circulam nos Andes, associadas à transmissão da leishmaniose. Uma espécie inédita de bactérias do género Bartonella foi encontrada no Parque Nacional da Amazónia, no estado do Pará, em insetos flebótomos, vulgarmente conhecidos como mosquitos-palha. Estes insetos, que pertencem à ordem dos dípteros e são muitas vezes são confundidos co mosquitos, estão geralmente associados à transmissão da leishmaniose. Segundo os investigadores, o ADN do novo microrganismo é semelhante ao de

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