“Queria ter o controlo total, tentava controlar-me o tempo todo.” Chishkala atira-se a Cassiano Klein depois da saída do Benfica


Os timings já tinham revelado que nem tudo era um mar de rosas. Ainda em maio, antes de conquistar o Campeonato Nacional de futsal, Ivan Chishkala anunciou unilateralmente que iria deixar o Benfica no final da temporada. Através de um longo texto publicado nas redes sociais, o jogador russo deu uma notícia que o clube só confirmaria em julho, quase dois meses depois, e deu a entender que a decisão não tinha sido sua.
“Esforcei-me imenso, fui sempre ao encontro do que me era pedido, dei tempo e esperei, mas foi-me comunicado que as pessoas responsáveis pelas decisões no clube decidiram que o futuro seguirá sem mim. Foi também dito que o clube não tinha nem terá qualquer proposta para continuar a nossa colaboração […] Muitas vezes tive de remar contra a maré e defender ideias, princípios e pessoas, mesmo que, no final do dia, isso me saísse caro […] Nenhuma pessoa nem as duas decisões irão virar-me contra vocês”, atirou o jogador de 30 anos que passou cinco temporadas no Benfica.
Ora, agora, já depois de ter regressado à Rússia para assinar pelo Torpedo, Ivan Chishkala aproveitou uma entrevista ao portal russo sports.ru para levantar um pouco mais o véu sobre os últimos anos nos encarnados. “Em 2022 assinei um novo contrato e chegou o Pulpis. Ele não confiava muito nos fixos e pediu-me para assumir uma função mais recuada e ajudar a equipa. Fiz o trabalho sujo, algo que é absolutamente normal para mim. Mas a história continuou. Diziam-me que tínhamos um problema na defesa e que precisávamos de tapar esse buraco. Joguei mais recuado durante dois anos e discuti muito com os treinadores sobre isso”, começou por dizer.
Mais à frente, o jogador russo abordou a chegada de Cassiano Klein, treinador brasileiro que substituiu Mário Silva em 2024. “O treinador disse-me que eu deveria jogar de certa maneira e fazer o que ele mandasse. Queria ter o controlo total, tentava controlar-me o tempo todo. E eu respondia que sabia o que precisava de fazer, não precisava de que ele me estivesse sempre a dizer. Posso dar coisas diferentes, não ia destruir o sistema. Tentei explicar a minha posição e eles, sem rodeios, disseram-me que tinha de obedecer porque estava na base da hierarquia. Respondi que isso não ia funcionar comigo e tínhamos desentendimentos constantes”, acrescentou, expondo depois um episódio específico.
Benfica contrata internacional russo Ivan Chishkala para equipa de futsal
“Sou um jogador experiente e sei preparar um jogo. Se temos jogo no sábado, na quinta-feira dou 70 a 75% no treino, sei que preciso de guardar forças. Se me observarem de fora nem vão notar diferença. O treinador chegou ao pé de mim e disse-me que isso não o deixava feliz. Respondi que no sábado ia mostrar resultados. E ele diz-me que não acredita nisso porque já viu muitos jogadores assim. No jogo, consigo marcar e ajudar a equipa. Depois diz-me que não tem a ver com a preparação, que tive sorte. Outro exemplo: ele acredita que, depois do treino, um atleta deve dedicar-se inteiramente ao futsal. E eu não penso assim. Para mim, o futsal faz parte da vida. Mas, ao mesmo tempo, é importante dedicar tempo à minha família, aos meus hobbies e a outras coisas. Se for jogar padel, para ele isso significa que não estou completamente focado”, terminou.