Banco Mundial aprova apoio de emergência a Cabo Verde de 8,5 milhões de euros

O Banco Mundial aprovou esta quarta-feira um apoio de emergência de 10 milhões de dólares para reforçar a resposta aos danos provocados pelas cheias que causaram oito mortos e três desaparecidos, anunciou o primeiro-ministro de Cabo Verde.

O apoio, que corresponde a 8,5 milhões de euros foi acionado ao abrigo de um programa de cooperação para ajudar os esforços do Governo numa recuperação económica resiliente e equitativa, com o Banco Mundial a permitir um desembolso imediato, adiantou Ulisses Correia e Silva, na página oficial do Facebook.

APA notifica Águas do Centro Litoral a instalar sistema que impeça efluente de chegar ao rio Lis

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) notificou a Águas do Centro Litoral (AdCL) a instalar um sistema de retenção para impedir a descarga de efluente no rio Lis na sequência da avaria numa estação elevatória no concelho de Leiria.

Numa nota, a APA informou esta quarta-feira que notificou aquela empresa para, “além de realizar todas as diligências para reparar, o mais rapidamente possível, o sistema de bombagem associado” à estação elevatória, “instalar, com caráter de urgência, um sistema de retenção do efluente, de forma a reduzir significativamente ou mesmo impedir a sua descarga no rio Lis”.

A APA adiantou que, em articulação com o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (GNR), “já acionou todos os mecanismos legais aplicáveis, incluindo os sancionatórios”.

Esta quarta-feira, a AdCL divulgou que a estação de Monte Real (Leiria), que eleva efluente para a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão, está “temporariamente inoperacional devido a uma avaria nas bombas que compõem o sistema de elevação”.

Perante a sua inoperacionalidade, “foi acionado o sistema de descarga de emergência da estação, bem como da estação elevatória a montante (Serra de Porto do Urso)”, explicou a empresa, referindo que “estas descargas ocorrem, respetivamente, no rio Lis e numa vala de rega adjacente”.

A AdCL garantiu que “estão a ser tomadas todas as medidas necessárias para resolver” a avaria o mais rapidamente possível.

Esta situação levou à interdição de banhos na Praia da Vieira, na Marinha Grande, onde desagua o rio Lis, e o Município de Leiria desaconselhou atividades no troço do rio Lis, a jusante de Monte Real, como captações para rega, banhos e pesca.

Na nota, a APA esclareceu que a avaria foi registada às 10h00 de terça-feira e “deixou a instalação inoperacional, provocando que fosse acionada a descarga de emergência”.

“Esta situação tem impacto na qualidade dos recursos hídricos do rio Lis, a jusante deste ponto, com possíveis consequências para as zonas balneares”, sobretudo para a Praia da Vieira”, admitiu a APA que, por precaução, desaconselhou os banhos.

Assegurou ainda que está a monitorizar, em articulação com a Câmara da Marinha Grande e serviços de saúde, “a qualidade da água no rio Lis e nas zonas balneares potencialmente afetadas”, monitorização que “será efetuada diariamente até que esteja normalizada a situação”.

Está igualmente a “acompanhar, de forma contínua, a evolução dos trabalhos de reparação” por parte da AdCL, entidade gestora do sistema em alta de recolha e tratamento de águas residuais na região de Leiria.

Esta quarta-feira, a Guarda Nacional Republicana (GNR) revelou que está a investigar a poluição no rio Lis na sequência da avaria.

O capitão Daniel Matos, do Comando Territorial de Leiria da GNR, disse à Lusa que “esta situação tem grave impacto na fauna e flora locais”, havendo já “evidências desse impacto com fauna morta, sobretudo peixes”.

A GNR afirmou que, através do Núcleo de Proteção Ambiental, deslocou-se na manhã desta quarta-feira à estação, “onde realizou diligências de investigação relacionadas com a fonte poluidora”.

Além de testemunhos, a GNR recolheu “amostras de águas residuais e de águas superficiais, destinadas a avaliação do grau de degradação da qualidade da água”, diligências que visam “a comunicação ao Ministério Público e a execução das respetivas ações de investigação criminal”.

Já a Câmara de Leiria, em comunicado, sustentou que se está perante uma “grave ocorrência ambiental”, que “levou à descarga direta de efluentes não tratados no rio Lis”.

Exigindo à AdCL “a adoção imediata de medidas de contenção e reparação dos danos causados”, o município, liderado por Gonçalo Lopes, pede também à empresa a “implementação de soluções que previnam a repetição de situações” idênticas.

A autarquia reclamou também o “esclarecimento cabal” sobre o acidente, defendendo a criação de uma comissão de inquérito, além da garantia das “respetivas compensações ambientais e sociais”.

Autárquicas. PAN apoia candidatura do socialista João Paulo Correia à Câmara de Gaia

O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) anunciou esta quarta-feira o apoio à candidatura de João Paulo Correia, do PS, à Câmara de Vila Nova de Gaia, no distito do Porto, assente em compromissos na área ambiental e do bem-estar animal.

De acordo com um comunicado do PAN, a que a Lusa teve acesso, o “apoio e entendimento político assenta na assunção de compromissos programáticos claros e verificáveis, a integrar no programa de governação municipal”.

“Entre as medidas acordadas destacam-se o reforço da criação e requalificação de espaços verdes de lazer em todas as freguesias, a reconversão de áreas ambientalmente degradadas em zonas de biodiversidade e a promoção de parques urbanos multifuncionais com uma forte componente ecológica”, pode ler-se no texto.

O partido acrescenta ainda que “no âmbito do bem-estar animal, foram assumidos compromissos para a criação de infraestruturas dedicadas aos animais de companhia, nomeadamente espaços de socialização canina, programas permanentes de esterilização e reforço da capacidade de resposta a situações de abandono, com a construção de um novo centro de acolhimento”.

“Está igualmente prevista a criação da figura do Provedor do Animal, para reforçar a escuta ativa da comunidade e promover boas práticas”, refere o partido da deputada única Inês de Sousa Real.

O PAN refere ainda que “marcará presença na Assembleia Municipal e nas freguesias de Mafamude e Santa Marinha, garantindo maior representatividade das causas ambientais, da proteção animal e da justiça social”.

“Com esta colaboração, o PAN do distrito do Porto afirma o seu compromisso com uma governação municipal, em Vila Nova de Gaia, mais ética, sustentável e próxima das pessoas, dos animais e da natureza”, aponta.

Na corrida à Câmara de Vila Nova de Gaia são já conhecidas as candidaturas de André Araújo (CDU — coligação PCP/PEV), João Paulo Correia (PS), Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), Daniel Gaio (Volt), João Martins (BE/Livre) e Rui Sequeira (ADN).

O executivo municipal é composto por 11 vereadores, tendo o PS nove e o PSD dois. O PS também lidera a Assembleia Municipal com maioria.

As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.

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Gelados e sorvetes: novos hábitos à mesa (séculos XVII-XVIII)

Não obstante a enorme variedade de doces produzidos no Portugal do passado, sorvetes e gelados nunca integraram a doçaria tradicional do país, conhecida, em especial, pelos preparados à base de ovos e de frutos. Mesmo assim, fizeram parte dos consumos requintados das elites, acompanhando as modas europeias.

Gelados e sorvetes na Europa

Apesar de haver uma tradição antiga de produção de sorvetes, só a partir do século XVI se encontram informações mais fundamentadas. Aparentemente, no século XIII, Marco Polo teria observado bebidas frias na China, podendo ter sido o responsável pela sua chegada à península itálica. Em Florença, durante o governo de Cosme I de Médicis (1537-1574), o arquiteto Bernardo Buontalenti (1531-1608) experimentou uma mistura que revolucionou os doces frios: leite, mel, gema de ovo e um toque de vinho. Passou a haver a convicção de que tudo se poderia gelar, incluindo as matérias gordas, tais como o leite e os ovos. Nasciam os gelados, que se juntavam aos sorvetes. Na definição de Luciana Polliotti, o gelado é todo o doce fresco cuja base é composta por leite, nata, ovo, açúcar e aromatizantes; enquanto o sorvete é um produto fresco composto por álcool, fruta ou especiarias em xarope de açúcar. Gelados e sorvetes têm consistências diversas e um papel diversificado no menu. Em poucas e precisas palavras o sorvete bebe-se e o gelado come-se.

Em 1547, Catarina de Médicis (1519-1579), ao casar-se com o futuro Henrique II de França (1519-1559), teria sido responsável pelo transporte dos conhecimentos acerca de gelados e sorvetes, através de Giuseppe Ruggeri, o seu gelatiere. Estavam criadas as condições para a difusão entre as elites de novos produtos de luxo para as sobremesas. No final do século XVII, os gelados tornaram-se populares em França, especialmente, nos cafés. Foi um siciliano, conhecido como Procope – que, em 1674, abriu um na rua de Tournon, transferido para a rua de l’Ancienne Comédie, em 1684 –, que muito contribuiu para que os sorvetes e os gelados se tornassem a última palavra em luxo alimentar, em Paris, e, posteriormente, se popularizassem. Tinha começado a globalização dos gelados e sorvetes na Europa.

Na mesma centúria, sorvetes e gelados entraram nos receituários europeus. Os primeiros preparados, neste caso designados como águas de frutos, como por exemplo morangos, framboesas ou cerejas, de entre outras, constam da obra de Nicolas Lemery (1645-1715) intitulada Recueil de curiosités rares et nouvelles des plus admirables effets de la nature & de l’art, cuja primeira edição foi feita em Paris, por Louis Vendosme, em 1676. Ensinavam-se os leitores a gelar as referidas águas preparadas com sumo dos frutos, água e açúcar com recurso a sorveteiras, gelo e palha. Por seu lado, Antonio Latini (1642-1696) foi autor de Lo scalco alla moderna, overo l’arte di ben disporre li conviti, con le regole più scelte di scalcheria, insegnate, e poste in prattica, à beneficio de’ professori, ed altri studiosi, impresso em Nápoles, por Antonio Parrino e Michele Luigi Mutti, nos anos de 1692-1694. Num dos volumes, apresentou igualmente algumas receitas de águas para gelar.

A produção de gelo em Portugal

Em Portugal deteta-se o gosto pela utilização da neve na alimentação pelo menos desde o século XVI, embora ligada inicialmente a fins pretensamente medicinais. D. João III (1502-1557) costumava beber água com neve, prática que abandonou poucos dias antes de falecer. Em 1609, Manuel Severim de Faria, chantre de Évora, ao passar pela serra da Estrela, comentou o transporte de neve para a corte, enquanto o inventário dos bens de D. Pedro II (1648-1706), fez referência a um instrumento para refrescar bebidas. A moda será particularmente notada no século XVIII, chegando a Lisboa neve e gelo provenientes das serras da Estrela, da Lousã e de Montejunto, neste caso com a vantagem de se encontrar a curta distância da capital. O abastecimento era feito através dos neveiros, mercadores que, através da celebração de contratos, se comprometiam a abastecer a corte ou um determinado local, durante os meses estivais.

A neve recolhida na serra da Estrela era acondicionada em palha e transportada em cestos e caixotes carregados por animais e depois em carros puxados por bois até aos portos fluviais. O resto do percurso era feito de barco. Ao chegar ao destino era colocada em casas ou depósitos para que particulares ou proprietários de estabelecimentos a pudessem adquirir. Desde Filipe III (1578-1621) que os sucessivos monarcas procuraram ter sempre neve ao seu dispor. Daí o estabelecimento de contratos, a construção e inspeção dos poços e as facilidades concedidas para instalar manufaturas de produção e conservação de gelo.

Os poços da serra da Estrela foram inspecionados em 1732, por João Baptista Livre. D. João V procurava, assim, saber se era necessário construir mais alguns, para que não faltasse neve. Na capital também eram necessários espaços destinados ao armazenamento. Sabe-se que, em 1732, D. João V tinha mandado abrir dois poços, ficando o arquiteto João Baptista Barros encarregado de indicar a localização dos mesmos. O local escolhido para um deles, presumivelmente o único então construído, foi o castelo de São Jorge, em Lisboa. Antes, já havia poços perto da Graça. As obras, iniciadas no mesmo ano de 1732, chegaram a estar ameaçadas por falta de verbas.

Poços de gelo na serra de Montejunto (Fotografia de IDB).

Na serra de Montejunto, o gelo começou a ser produzido durante o século XVIII. Atualmente, são visíveis 44 poços, os restantes estão soterrados. O gelo era produzido através do congelamento natural da água, em geleiras, garantindo a produção em situações de ausência de neve. Julião Pereira de Castro parece ter tido o monopólio dos negócios da neve e do gelo nas três serras, Estrela, Lousã e Montejunto, entre 1757 e 1782. O empreendedor recolhia e explorava um recurso natural, fabricava e comercializava gelo, por grosso e a retalho. A produção apresentava-se como uma manufatura de sucesso, que implicava conhecimentos acerca do clima e das regras de recolha, produção, ensilagem e transporte. O consumo era inicialmente sazonal, de maio a outubro. A partir do momento em que se produziu gelo em ambiente rural, em quantidades relevantes para fornecer à corte e à cidade de Lisboa um produto de luxo, pôde alargar-se a todo o ano. A construção de instalações adequadas à produção natural de gelo foi feita de acordo com modelos existentes na época, mas adaptados ao clima e à exposição solar na serra de Montejunto, a uma curta distância da capital.

Nos tanques a água não podia ter mais de 12 centímetros de profundidade e a partir de setembro já se podia laborar. Isto é, as temperaturas permitiam começar a produzir gelo. Havia depois que esperar as placas ficarem rijas para poderem ser retiradas por cerca de 30 homens que carregavam, cada um, uma placa de 30 a 40 quilos de cada vez, antes do nascer do sol. Na casa de armazenamento do gelo, três homens calcavam-no e depositavam-no no silo principal para ficar mais compacto e ir enchendo. A manufatura tinha a designação real, pois fornecia o rei e a corte. Laborou até aos finais do século XIX.

E os novos hábitos

O gosto pelas bebidas frescas deu origem a novos hábitos e a novos objetos, nasceram os refrescadores de garrafas e os de copos. No século XVII, já se utilizavam tinas com água e neve, que se colocavam no chão junto da mesa, nas quais se introduziam várias garrafas. Usavam-se também taças de prata ou porcelana, com os bordos crenados, onde se colocavam os copos em posição invertida, seguros pelos pés. Na centúria seguinte, passaram a existir taças de vidro individuais, colocadas do lado esquerdo do prato, para os copos. Só no final do século, surgiu o refrescador cilíndrico com duas asas e tampa, de porcelana. Nele se serviam sorvetes e frutas frescas à sobremesa.

A sorveteira aparece descrita com pormenor no primeiro livro de doçaria portuguesa, publicado em 1788, a Arte nova e curiosa para conserveiros, confeiteiros e copeiros. Nele explicou-se o seu uso e forneceram-se nove receitas de preparados cuja presença da neve era indispensável. Antes, Domingos Rodrigues, na sua obra Arte de cozinha, publicada pela primeira vez em 1680, apresentou uma receita de sorvete, confecionada com água, açúcar, sumo de limão, pó de aljôfar, pó de coral, pó de ouro, almíscar, âmbar e pedra-basar, mas não referiu que o preparado fosse objeto de refrigeração. Ou seja, estamos perante a utilização do termo sorvete na aceção de xarope. Anos mais tarde, em 1780, Lucas Rigaud publicou o Cozinheiro moderno ou nova arte de cozinha, obra onde aparecem xaropes e “águas para verão e para sorvetes”. Neste último caso, estamos perante receitas nas quais entram fruta desfeita, açúcar e água, ao mesmo tempo que se utiliza um recipiente próprio, ou seja, uma sorveteira. Um outro clássico do passado, a Arte de cozinha, de João da Mata, de 1876, apresentou diversas receitas nas quais a técnica de gelar teve particular importância, nomeadamente, “bomba de neve à brasileira” (receita dedicada à família imperial do Brasil), composta por uma massa folhada recheada com dois gelados, um de castanhas e outro de frutas diversas: ananás, jaca, jambu, abricó, alperces, pêssegos e melão. Menos elaboradas são as receitas de gelado de tangerina e as quatro receitas de sorvete, de leite, morangos, laranja e melão. A utilização da sorveteira foi ainda cuidadosamente explicada. Parece plausível que, no caso português, os aperfeiçoamentos italianos tenham chegado via Castela, sobretudo no período dos Filipes (1580-1640) e via França, no que se refere aos tratados de culinária, uma vez que alguns termos denunciam a influência francesa.

Na segunda metade do século XIX, foi introduzida a refrigeração mecânica e outras alterações, que permitiram a melhoria da fabricação dos gelados. O grande impulso, a nível industrial só se pôde dar no século XX. Efetivamente, se Ferdinand Carré (1824-1900) foi o primeiro a desenvolver uma máquina que podia fazer cubos de gelo, invento que foi mostrado na Grande Exposição de Londres, de 1859, foi só alguns anos mais tarde, em 1871, que Charles Tellier (1828-1913) desenvolveu a técnica de congelação para o transporte marítimo de carnes. O sucesso obtido levou ao aperfeiçoamento das cadeias de frio, sobretudo com Clarence Birdseye (1886-1956), a partir de 1929, começando a ser possível manter a cor e o sabor dos alimentos congelados, mais próxima dos congéneres não sujeitos ao frio. Estas melhorias repercutiram-se no fabrico dos sorvetes e dos gelados. A produção artesanal, destinada ao consumo próprio e à venda ao público, passou a coincidir com a produção industrial, cujos primeiros passos na Europa e nos Estados-Unidos, tiveram lugar na primeira metade do século XX.

Para saber mais: BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond, Gelados: história de uma doce e fresca tentação, Sintra, Colares Editora, 2003. BRAGA, Isabel Drumond, “1717 – A neve: um luxo à mesa”, BRAGA, Isabel Drumond (coord.), História global da alimentação portuguesa, Lisboa: Temas e Debates, 2023, pp. 259-262.

[Os artigos da série Portugal 900 Anos são uma colaboração semanal da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. As opiniões dos autores representam assuas próprias posições.]

Dois acidentes em passagens de nível fazem um morto e dois feridos

Dois acidentes registados esta quarta-feira em passagens de nível nas linhas do Oeste e do Algarve fizeram um morto e dois feridos.

O primeiro desastre aconteceu pelas 15h00, quando um comboio e um veículo ligeiro de mercadorias chocaram na Linha do Oeste.

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O acidente, que aconteceu na passagem de nível automatizada ao quilómetro 175,976, entre Louriçal (Pombal) e Monte Real (Leiria), provocou a morte ao condutor do ligeiro, de 83 anos.

A circulação na Linha do Oeste esteve cortada durante várias horas e foi retomada pelas 19h30.

O vereador da Câmara de Leiria Luís Lopes, que tem o pelouro da Proteção Civil, esclareceu que no comboio seguiam 20 passageiros e quatro tripulantes.

Foi contactado o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários e ao local deslocaram elementos do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação do Destacamento de Trânsito de Leiria.

O segundo acidente desta quarta-feira aconteceu, pelas 19h30, numa passagem de nível da Linha do Algarve, junto a Poço Barreto, no concelho de Silves.

O acidente provocou dois feridos entre os ocupantes do automóvel e outra pessoa foi assistida.

Os dois feridos foram transportados para o Hospital de Portimão, referiu à Lusa fonte do Comando Sub-regional do Algarve.

A circulação entre as estações de Alcantarilha e de Silves esteve cortada durante várias horas.

No final do ano passado existiam em Portugal 785 passagens de nível e 471 possuíam proteção ativa, segundo as Infraestruturas de Portugal (IP).

Durante o ano de 2024, “ocorreram 22 acidentes (19 colisões e três colhidas), dos quais resultaram quatro vítimas mortais em contraponto com os 156 acidentes registados em 1999, que originaram 38 mortos – um decréscimo de 86% na sinistralidade e de 89% nas vítimas mortais”, indica a IP.

Autárquicas: Candidata da CDU ao Porto responsabiliza Governo por mudanças no comboio Celta

A candidata da CDU à Câmara do Porto, Diana Ferreira, responsabilizou esta quarta-feira o Governo pelas mudanças no comboio internacional Celta, que liga o Porto a Vigo e, a partir de domingo, obrigará a um transbordo em Viana do Castelo.

“Estamos a falar aqui, no setor da ferrovia, numa responsabilidade que é do Governo central. Há, do ponto de vista da mobilidade, na cidade do Porto mas também no distrito e na região, um alargado conjunto de problemas que importa resolver”, disse esta quarta-feira Diana Ferreira aos jornalistas, à margem da entrega das listas da candidatura da CDU às eleições autárquicas no Porto.

Em causa estão alterações ao serviço do comboio internacional Celta, que faz o trajeto Porto-Vigo, e que vai obrigar a transbordo em Viana do Castelo a partir de domingo, para permitir “garantir a continuidade do serviço”.

As responsabilidades políticas que têm que ser assumidas são, naturalmente, no âmbito do próprio Governo central, sendo que o município poderá, também, ter uma palavra a dizer sobre essa questão em concreto”, assinalou a candidata.

Segundo a CP, esta é uma medida “excecional e temporária”, sem indicar qual a data de conclusão dos “ajustes transitórios” no serviço que é operado em conjunto com a espanhola Renfe desde julho de 2013, ligando Vigo ao Porto com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine.

A Renfe garantiu que o comboio internacional Celta, entre o Porto e Vigo, fará um “transbordo simples” em Viana do Castelo e continuará com os mesmos horários, adiantando apenas “motivos operacionais” como causa para a mudança no serviço.

“A partir de 17 de agosto [domingo], por motivos operacionais, o serviço do comboio Celta fará um transbordo de um comboio para outro na estação de Viana do Castelo. Trata-se de um transbordo simples entre comboios. O serviço far-se-á da forma habitual quanto a horários”, pode ler-se numa resposta de fonte oficial da operadora ferroviária espanhola Renfe a questões da Lusa.

O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organização que reúne 38 autarquias do Norte de Portugal e da Galiza, denunciou a “traição” de fazer alterações ao comboio internacional Celta em agosto, condenando a “má gestão” e garantindo que irá fazer tudo para repor os níveis de serviço transfronteiriços.

“Se não for temporário, eles não o vão admitir. Por agora só podem dizer que é temporário e deixar que as pessoas se esqueçam. Só que nós não nos vamos esquecer, vamos estar em cima do assunto como já estivemos noutras vezes, até que se resolveu”, disse esta quarta-feira à Lusa Xoán Mao, secretário-geral da organização.

Também o candidato independente à Câmara do Porto, Filipe Araújo, e o candidato do BE, Sérgio Aires, acusaram a CP de desinvestimento e desinteresse na ligação Porto-Vigo, que o independente diz ser uma “ligação estratégica para o Porto e para a região Norte”.

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Homem morre em Castelo de Vide após paragem cardiorrespiratória. Viatura médica de emergência estava inoperacional

Um homem morreu esta terça-feira em Castelo de Vide, após ter sofrido uma paragem cardiorrespiratória. Depois de ter sido encontrado inanimado, o militar da GNR foi socorrido por uma equipa de bombeiros, mas não recebeu assistência de uma equipa médica, sendo que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Portalegre estava inoperacional, noticia a SIC. A viatura que assegura este serviço no distrito esteve parada durante oito horas no dia do óbito, situação que se tem verificado regularmente desde o início do ano.

De acordo com o INEM, o militar da GNR foi encontrado inanimado na garagem de casa pela mulher que, às 9h09 de terça-feira, fez uma chamada de socorro. O Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) que recebeu a chamada acionou uma ambulância de socorro dos Bombeiros Voluntários de Castelo de Vide, que chegariam ao local sete minutos depois. Depois de terem sido realizadas sem sucesso manobras de reanimação, o médico da CODU, que acompanhava a situação, deu indicação aos bombeiros para encaminhar a vítima para o hospital. Às 9h46, a vítima chegou ao hospital de Portalegre, mas o óbito acabou por ser declarado.

O INEM explica que “os meios de emergência médica mais diferenciados não estavam disponíveis para intervir em tempo útil, sendo clinicamente mais benéfico para o utente o transporte ao hospital para acesso mais rápido a cuidados de Suporte Avançado de Vida” e lamenta “o desfecho desta situação”, endereçando “condolências à família da vítima”.

[Um homem desobedece às ordens dos terroristas e da polícia e entra sozinho na embaixada. Momentos depois, ouve-se uma enorme explosão“1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto a embaixada turca em Lisboa e uma execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o quarto episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube MusicE ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui e o terceiro aqui]

O presidente do conselho de administração da ULS do Alto Alentejo também confirma que a viatura não estava operacional naquele momento, mas admite que “mesmo no caso de termos a VMER operacional (…) nada nos garante que pudesse ter tido um desfecho diferente”. Miguel Lopes esclareceu que a VMER de Portalegre esteve parada entre as 8h00 e as 16h00 de terça-feira, porque não existia um médico para preencher a escala.

Segundo disse à SIC, Miguel Lopes já comunicou oficialmente às autoridades de saúde que as gestão das escalas dos profissionais médicos são da responsabilidade da administração do hospital. Ainda assim, o presidente da ULS do Alto Alentejo, à qual pertence Portalegre, explicou que os problemas nas escalas se devem a “questões laborais, não só à disponibilidade dos profissionais para fazerem turnos, como licenças de maternidade, férias”.

Além disto, Miguel Lopes disse que, entre janeiro e julho deste ano, a VMER de Portalegre não esteve disponível “10% do tempo“. De acordo com os cálculos da SIC, a viatura esteve parada mais de 500 horas apenas em 2025.

Autárquicas. Sérgio Aires destaca mobilização de independentes nas listas do BE no Porto

O candidato do BE à Câmara do Porto, Sérgio Aires, destacou esta quarta-feira a “mobilização de independentes”, não militantes do partido, nas candidaturas no Porto, considerando que a cidade não pode “continuar com executivos de direita”, onde inclui o PS.

“Aquilo que eu destaco é a mobilização de imensos independentes [não militantes do BE] nesta lista. Na Câmara Municipal, por exemplo, nos seis primeiros lugares temos cinco independentes, a começar por mim próprio”, disse esta quarta-feira aos jornalistas no coreto do Jardim da Cordoaria, antes de entregar as listas do BE no Palácio da Justiça do Porto.

Dos dez primeiros candidatos da lista do BE à Câmara, que mantém a militante Maria Manuel Rola em segundo lugar, oito não são militantes do partido, como Filipe Gaspar, Teresa Summavielle, Mariana Gil, Rafael Victório, Kira Gama Rocha, José António Fundo ou Amarante Abramovici, completando Andrea Peniche (militante) a dezena de lugares.

Susana Constante Pereira encabeça a lista à Assembleia Municipal, seguida de Rui Nóvoa e Elisabete Carvalho, atuais deputados municipais.

O candidato do BE salientou a “grande mobilização de pessoas interessadas em apoiar esta lista e integrá-la”, o que interpreta como um sinónimo de que “a esquerda está viva”.

Questionado sobre se estaria disposto a fazer algum tipo de coligação pós-eleitoral com Manuel Pizarro (PS), Sérgio Aires disse que “as ideias que se aproximam das dele não são exatamente as ideias da esquerda, porque aquilo que ele falou foi, claramente, de uma possível coligação com vereadores à direita”.

“A sua candidatura, realmente, não se tem posicionado à esquerda. De resto, não quis nenhuma coligação de início de candidatura à esquerda”, lembrou.

Quanto à tentativa falhada de uma coligação entre o Livre e o BE, e questionado sobre se não teme a não eleição de um vereador à esquerda do PS na Câmara do Porto, Sérgio Aires considerou que o conceito de “à esquerda do PS” é, na verdade, “à esquerda”.

“O PS, claramente, nestas eleições, aqui no Porto, não se coloca à esquerda. É muito claro e evidente. Por isso mesmo, mais uma vez, mais sentido faz que haja uma presença massiva daqueles que são de esquerda, se afirmam de esquerda e com valores de esquerda neste executivo”, vincou.

Negando “receio” sobre a possível não eleição de vereadores, o candidato do BE considera que “a cidade vai perceber que não pode continuar com executivos de direita depois de 24 anos à direita nesta cidade”.

“Acho absolutamente fundamental que se vote à esquerda, nas forças que realmente representam os valores de esquerda, e por isso tenho um grande entusiasmo, sobretudo com esta mobilização dos independentes nas nossas listas, de que isso vai acontecer”, rematou.

Sérgio Aires disse ainda que “até hoje” esteve disponível para se coligar com o Livre, mesmo indo em segundo lugar na lista à Câmara do Porto, “mas não aconteceu”.

Concorrem à Câmara Municipal do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU — coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Aníbal Pinto (Nova Direita), Pedro Duarte (PSD/IL/CDS-PP), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (movimento independente), António Araújo (movimento independente), Alexandre Guilherme Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre) e Miguel Corte-Real (Chega).

O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.

As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.

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Zelensky espera que encontro entre Trump e Putin resulte num cessar-fogo. Acusa Presidente russo de fazer bluff

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky afirmou esta quarta-feira em Berlim esperar que a reunião de sexta-feira no Alasca entre o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, leve a um cessar-fogo na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

“Falámos sobre a reunião no Alasca e esperamos que haja um cessar-fogo”, disse Zelensky, após a videoconferência que teve com o chanceler alemão, Friedrich Merz, e Trump, diálogo que ocorreu depois de líderes europeus também terem participado numa reunião virtual.

Em declarações feitas depois da reunião, Zelensky voltou a sublinhar que “as negociações de paz têm de envolver a Ucrânia” e acrescentou que tudo aquilo que foi discutido nas conversas desta quarta-feira com os vários parceiros internacionais “pressupõe um cenário de vitória”.

[Um homem desobedece às ordens dos terroristas e da polícia e entra sozinho na embaixada. Momentos depois, ouve-se uma enorme explosão“1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto a embaixada turca em Lisboa e uma execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o quarto episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube MusicE ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui e o terceiro aqui]

O Presidente da Ucrânia disse também que há consenso entre os aliados europeus ucranianos à volta da ideia de que, “caso não concorde com as propostas de paz, as sanções aplicadas à Rússia devem ser endurecidas”. Zelensky garante que estas estão a ter “um impacto enorme na economia russa”, ao contrário do que alega Putin.

“Putin está a fazer bluff, está a tentar demonstrar que consegue ocupar toda a Ucrânia e, obviamente, isso é impossível”, disse o Presidente ucraniano. “Putin não quer paz, o que ele quer é ocupar todo o território da Ucrânia”, acrescenta.

De acordo com o Presidente ucraniano, também foi discutida com Merz e Trump a situação na linha da frente de guerra, onde a Rússia tem feito ganhos importantes nos últimos dias. Zelensky disse ainda que foi discutida um futuro encontro com Trump, mas afirmou que a prioridade, por agora, é chegar a um cessar-fogo. “Neste momento, o que precisamos é garantir segurança”, concluiu.

Trump não está otimista sobre cimeira com Putin, diz o Presidente finlandês

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O Presidente finlandês afirmou esta quarta-feira que Donald Trump não está muito otimista em relação à cimeira de sexta-feira, no Alasca, com Vladimir Putin, para tentar chegar a um cessar-fogo na Ucrânia.

O chefe de Estado norte-americano “não se mostrou muito otimista nem excessivamente esperançoso de que esta reunião vá dar resultados. Disse que em dois minutos vai saber se [Vladimir] Putin tem como objetivo a paz”, disse Alexander Stubb, numa conferência de imprensa horas depois de participar numa reunião virtual com Trump, o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, e vários líderes europeus.

Stubb acrescentou que Donald Trump vai à reunião no Alasca para convencer o Presidente russo, Vladimir Putin, a aceitar um cessar-fogo, apesar de estar “um pouco cético” sobre se conseguirá, embora não tenha intenção de discutir com o líder russo a possível anexação de territórios ucranianos por Moscovo.

Se Trump não conseguir que Putin aceite um cessar-fogo, Stubb disse ser “muito provável que haja uma nova onda de sanções” de Washington, que podiam afetar diretamente a Rússia ou países terceiros que compram petróleo ou armamento russo.

Por outro lado, se for alcançado um acordo de cessar-fogo, o líder norte-americano está disposto a organizar imediatamente uma nova reunião, para a qual desta vez também seria convidado Zelensky, acrescentou.

O chefe de Estado da Finlândia salientou que Trump se comprometeu a realizar uma nova videoconferência com os mesmos participantes da reunião desta tarde, logo após o fim da cimeira com Putin, para explicar o resultado da mesma.

Além de Trump, Stubb e Zelensky, participaram na videoconferência os líderes de França, Itália, Reino Unido e Polónia, bem como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte.

Esta reunião virtual deixou clara a sintonia existente entre todos os participantes sobre vários princípios básicos para avançar rumo à paz, entre eles que a Ucrânia deve estar presente nas negociações, tem de decidir se aceita um possível acordo e precisa de garantias de segurança às quais a Rússia não pode se opor, de acordo com Stubb.

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