Embaixada dos Estados Unidos em Kiev alerta para ataque aéreo “significativo” nos próximos dias

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A Embaixada dos Estados Unidos em Kiev afirmou, esta sexta-feira, que tem informações que apontam para um ataque aéreo “potencialmente significativo” na Ucrânia, “a qualquer momento nos próximos dias”.

“A Embaixada recomenda que os cidadãos americanos estejam preparados para se abrigar imediatamente caso seja anunciado um alerta aéreo”, refere o comunicado da representação diplomática.

A nota inclui, também, um conjunto de recomendações em caso de ataque, como por exemplo identificar os locais de abrigo antes de qualquer alerta, recorrer a esses locais logo que haja um aviso e munir-se de aplicações de telemóvel próprias.

É ainda recomendado o armazenamento de reservas de água, alimentos e medicamentos e, em caso de emergência, seguimento das instruções das autoridades ucranianas e dos socorristas, além de avaliação prévia do que o Departamento de Estado norte-americano, numa situação de crise, “pode e não pode fazer”.

O alerta surge numa altura em que os Estados Unidos, juntamente com alguns países europeus como o Reino Unido e França, tentam promover uma trégua de 30 dias no conflito na Ucrânia. O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou, esta sexta-feira, que espera “nas próximas horas e dias” um plano conjunto dos Estados Unidos e da Europa para um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia, envolvendo “sanções económicas em massa” se for violado.

Os líderes dos países europeus aliados de Kiev estão prontos para fornecer garantias de segurança quando a paz for alcançada, estando prevista uma reunião para discutir este tema no próximo sábado na Ucrânia, e alguns deles deverão comparecer pessoalmente.

A Rússia reivindica a anexação de quatro regiões no sul e leste da Ucrânia que controla parcialmente (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia) desde a invasão do país vizinho, iniciada em fevereiro de 2022, e a península da Crimeia, anexada em 2014. Por sua vez, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusa ceder qualquer território a Vladimir Putin para pôr fim à guerra, enquanto Washington, que tem vindo a dialogar com os dois países, parece ponderar o reconhecimento de regiões ocupadas por Moscovo.

Onze distritos do Norte e Centro de Portugal sob aviso amarelo de chuva

Onze distritos do Norte e Centro de Portugal continental estão no sábado sob aviso amarelo devido à previsão de aguaceiros, que podem ser de granizo e acompanhados de trovoada, adiantou esta sexta-feira o IPMA.

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O aviso do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) é válido até às 18:00 de sábado para os onze distritos.

No Porto, Leiria, Aveiro e Coimbra está já em vigor, segundo o comunicado do IPMA.

Nos distritos de Viana do Castelo e Braga o alerta entra em vigor às 00:00 de sábado, enquanto em Bragança, Viseu, Guarda, Vila Real e Castelo Branco começa às 09:00 de sábado.

A previsão do IPMA para sábado aponta para “aguaceiros, em especial no Norte e Centro, que poderão ser localmente fortes e acompanhados de trovoadas na região Norte”.

Aponta ainda a “possibilidade de queda de neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela até final da manhã”.

Existe também a “possibilidade de ocorrência de aguaceiros na região Sul”.

O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

“50 anos depois do 25 de abril prova-se que os partidos portugueses são cada vez mais porcos no lixo visual”, diz José de Pina

No programa desta semana, Luana do Bem aponta uma falha que considera “grave” da aplicação ID GOV, criada propositadamente para a facilidade de apresentação de documentos de identificação. A comentadora lamenta que “não se tenha sabido” que tal App foi “recentemente hackeada”, mas a sua queixa vai mais longe: “Há novos cartões de cidadão que não são compatíveis dentro da aplicação. Eu voto no partido que me resolver isto, é uma questão de democratização”, anota. José de Pina volta a atacar os partidos políticos, sobretudo pelo regresso do “lixo visual” em vésperas de novas eleições, com Luís Pedro Nunes a criticar a mais recente moda de homens que estão “a cortar as pestanas”: “Querem ser mais masculinos mas só mostram é altos níveis de imbecilidade”. Com moderação de Pedro Boucherie Mendes, o Irritações foi emitido a 9 de maio, na SIC Radical. Por questões de autoria na plataforma Spotify, a música final é agora retirada deste episódio podcast.

D.R.

Um programa com muita controvérsia, algum humor e bastante ironia. José de Pina, Luís Pedro Nunes, Carla Quevedo e Luana do Bem debatem em estúdio com Pedro Boucherie Mendes sobre aquilo que os irrita de forma geral e em particular. Ouça mais episódios:

Ucrânia e Hungria trocam acusações de espionagem

Dois detidos de um lado, dois expulsos do outro. A Ucrânia e a Hungria trocaram acusações de espionagem esta sexta-feira, falando em agentes infiltrados dentro de ambos os estados.

Primeiro, foram os Serviços de Segurança Ucranianos (SBU) a avançarem que dois alegados espiões da Hungria tinham sido detidos na região da Transcarpátia, perto da fronteira com a Eslováquia. Depois, na resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjartó, criticou a detenção e anunciou a expulsão de duas pessoas que trabalham na embaixada ucraniana, em Budapeste, acusando-os também de espiarem para Kiev.

Num comunicado extenso publicado na rede social Telegram, os SBU denunciaram a descoberta de “rede de agentes dos serviços secretos militares húngaros que espiavam contra o nosso país” e a detenção de duas pessoas que estariam envolvidas numa “célula”.

“A tarefa desta célula consistia em recolher informações sobre a segurança militar da região da Transcarpátia, procurar vulnerabilidades na defesa terrestre e aérea da região e estudar as opiniões sociopolíticas dos residentes locais: em particular, cenários do seu comportamento se as tropas húngaras entrassem na região”, lê-se no comunicado.

Os dois detidos são cidadãos ucranianos, um homem de 40 anos e uma mulher, que terão sido contactados pela Hungria, através de um representante da espionagem de Budapeste que terá trabalhado com ambos no terreno para espiar as forças armadas ucranianas naquela região, que tem uma grande minoria húngara e chegou a fazer parte da Hungria até ao fim da Primeira Guerra Mundial.

O homem terá sido o primeiro a ser recrutado, em 2021, e “ativado” em 2024, tendo sido “encarregado de estudar o estado de espírito da população local“, revela o comunicado.

“Após recolher informações, viajou para a Hungria para se apresentar ao seu supervisor. Para poder atravessar a fronteira, o traidor emitiu um certificado de cuidador do seu pai doente, que necessitava de tratamento em instituições estrangeiras”, alegam os SBU.

Já a detida, segundo a mesma fonte, saiu das forças armadas ucranianas em 2025 e teria como funções principais reportar sobre a presença de helicópteros e aviões militares na região.

“Ao formar este rede de agentes, os serviços secretos estrangeiros esperavam alargar o leque de recolha de informações, incluindo a obtenção de dados da linha da frente”, acrescentaram ainda os serviços ucranianos.

Em resposta, 0 ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Peter Szijjartó, classificou esta denúncia da segurança interna ucraniana como sendo a “última campanha de difamação contra os húngaros” vinda de Kiev.

Num vídeo publicado no Instagram, o ministro anunciou então a expulsão de “dois espiões que trabalhavam sob cobertura diplomática na Embaixada da Ucrânia em Budapeste“, citando estas “campanhas” como a razão.

Em busca da glória europeia em Matosinhos: antevisão e cincos prováveis

Troféu da Liga dos Campeões disputa-se este fim de semana com três equipas portuguesas na luta: Benfica, FC Porto e OC Barcelos

É uma tendência que tem-se repetido na última década. Na final four da Liga dos Campeões que realiza-se este fim de semana em Matosinhos, Portugal volta a ser o país mais representado. Benfica, FC Porto, OC Barcelos procuram a glória Europeia no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos, Cidade Europeia do Desporto 2025. Os espanhóis do Noia juntam-se à festa, representando um país que dominou a competição com 46 vitórias em 58 edições, mas cuja superioridade parece ter entrado em declínio nos últimos anos face ao investimento das equipas portuguesas.

Por Rafael Godinho

AlgarSafe’25 reúne em Portimão 50 entidades de emergência e Proteção Civil

Meia centena de entidades e empresas da área da Proteção Civil vão estar na AlgarSafe’25, entre 22 e 25 de maio, em Portimão, a maior feira internacional de emergência e socorro que se realiza no sul do país.

Na quarta edição da Feira Internacional de Proteção Civil e de Socorro, que se realiza a cada dois anos desde 2016, vão ser apresentadas “as melhores soluções e equipamentos” de emergência e socorro, informou a Câmara de Portimão, em comunicado.

O programa dos quatro dias inclui seminários, mesas-redondas, fóruns, cursos temáticos, demonstrações práticas, ações de sensibilização e atividades para as famílias e jovens, com o envolvimento dos vários agentes que integram a Proteção Civil.

No espaço expositivo, com cerca de 34.000 metros quadrados, vão ser apresentadas as novas tecnologias e a oferta comercial existente, entre as quais “as melhores soluções e equipamentos de segurança”.

“Serão quatro dias de partilha, debate e formação para quem tem a responsabilidade de proteger, salvar e/ou prevenir, aos quais se juntam as zonas dedicadas à oferta comercial para quem procura as melhores soluções e equipamentos”, lê-se na nota.

O evento vai decorrer no Parque de Exposições de Portimão, numa área total de 34.000 metros quadrados, dos quais 4.000 metros quadrados no interior do pavilhão Portimão Arena.

A iniciativa é organizada pelo município do distrito de Faro em parceira com os Bombeiros de Portimão, e tem o apoio da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), da Escola Nacional de Bombeiros, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), da Liga dos Bombeiros Portugueses e outros agentes de Proteção Civil.

A AlgarSafe’25 “pretende ser um espaço de mostra, sensibilização e partilha de conhecimentos, com um caráter interativo e acessível aos agentes de Proteção Civil e ao público em geral”, lê-se na nota.

A feira vai funcionar com acesso livre todos os dias entre as 10h00 e as 18h00, com exceção do último dia que encerra às 13h00.

CNPD alerta para consequências do uso de dados pessoais no treino de IA da Meta

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) alerta para potenciais consequências e implicações do uso dos dados pessoais para o treino das ferramentas de inteligência artificial (IA) da Meta.

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Através de nota informativa divulgada hoje, a CNPD salienta que os utilizadores portugueses devem estar cientes dos seus direitos, “prestando particular atenção às definições e permissões ativas” nas plataformas da Meta (Facebook e Instagram), “de forma a garantir a proteção dos seus dados pessoais”.

“Embora a Meta afirme que os dados publicados por utilizadores menores de 18 anos sejam, por padrão, excluídos do processamento de dados para fins de treino de IA, não se pode descartar que dados relativos a utilizadores menores, ou não utilizadores, possam aparecer em conteúdos publicados por utilizadores adultos […]”, refere a comissão.

A CNPD diz ainda estar a trabalhar com outras autoridades europeias de proteção de dados para avaliar se as atividades de processamento de dados propostas pela Meta cumprem o Regulamento Geral sobre Proteção de Dados, bem como a restante legislação nesta matéria.

A tomada de posição da CNPD surge na sequência da Meta ter anunciado que a partir de 27 de maio irá começar a usar os dados públicos dos utilizadores com mais de 18 anos para treinar e melhorar as suas ferramentas de IA, pelo que os utilizadores têm até essa data para se oporem-se ao uso das suas informações pessoais para este fim.

A oposição pode ser feita através das seguintes ligações: Facebook, Instagram, oposição para titulares que não usam produtos Meta.

Ucrânia. Embaixada dos EUA alerta para ataque aéreo “significativo” nos próximos dias

A Embaixada dos Estados Unidos em Kiev alertou esta sexta-feira que tem informações que apontam para um ataque aéreo “potencialmente significativo” na Ucrânia, “a qualquer momento nos próximos dias”.

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“A Embaixada, como sempre, recomenda que os cidadãos americanos estejam preparados para se abrigar imediatamente caso seja anunciado um alerta aéreo”, refere comunicado divulgado pela representação diplomática.

A Ucrânia tem estado sob ataques aéreos constantes da Rússia, desde a invasão em grande escala por forças russas em fevereiro de 2022.

Nos ataques aéreos russos são usados ‘drones’, bombas e, no caso dos mais significativos, mísseis, incluindo balísticos.

A publicação da embaixada norte-americana inclui um conjunto de recomendações em caso de ataque, como identificar os locais de abrigo antes de qualquer alerta, recorrer àqueles logo que haja um aviso e munir-se de aplicações de telemóvel próprias.

É ainda recomendado o armazenamento de reservas de água, alimentos e medicamentos e, em caso de emergência, seguimento das instruções das autoridades ucranianas e dos socorristas, além de avaliação prévia do que o Departamento de Estado norte-americano, numa situação de crise, “pode e não pode fazer”.

O alerta surge numa altura em que os Estados Unidos, juntamente com alguns países europeus, tentam promover uma trégua de 30 dias no conflito na Ucrânia.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse hoje que espera “nas próximas horas e dias” um plano conjunto dos Estados Unidos e da Europa para um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia, envolvendo “sanções económicas em massa” se for violado.

“Os russos devem dizer que sim. Não três dias para entreter a galeria, por assim dizer, para rodear o 09 de maio e fazer um desfile. Não, 30 dias”, declarou Macron ao canal polaco Telewizja Polska.

O líder francês referia-se à trégua unilateral de 72 horas decretada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, e recusado por Kiev, a propósito dos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial, assinalado hoje com um desfile em Moscovo, na presença de cerca de 30 dirigentes estrangeiros.

“A minha esperança (…) é que nas próximas horas e dias, possamos todos unir-nos para nos comprometermos com um cessar-fogo, dizendo que, se uma das partes o violar, haverá sanções económicas em massa”, acrescentou Macron

Os líderes dos países europeus aliados de Kiev estão prontos para fornecer garantias de segurança quando a paz for alcançada, estando prevista uma reunião para discutir este tema no sábado na Ucrânia, e alguns deles deverão comparecer pessoalmente.

O Reino Unido, a França e os países do norte da Europa anunciaram hoje que apoiam a proposta do Presidente norte-americano, Donald Trump, de um cessar-fogo incondicional de 30 dias na Ucrânia.

O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, mencionou uma “abordagem concertada” dos Estados Unidos, dos europeus e da Ucrânia a este respeito, envolvendo sanções caso a Rússia não concorde com a proposta.

Emmanuel Macron mencionou ainda possíveis concessões territoriais assim que o cessar-fogo for consolidado, no âmbito das negociações para uma “paz robusta e duradoura”.

“O que é que isto significa? Ou seja, este cessar-fogo visa permitir que russos e ucranianos discutam questões territoriais, as questões mais sensíveis relacionadas com esta ou aquela cidade, centrais nucleares e também garantias de segurança”, observou.

A Rússia reivindica a anexação de quatro regiões no sul e leste da Ucrânia que controla parcialmente (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia) desde a invasão do país vizinho, iniciada em fevereiro de 2022, e a península da Crimeia, anexada em 2014.

Por sua vez, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusa ceder qualquer território a Vladimir Putin para pôr fim à guerra, enquanto Washington, que tem vindo a dialogar com os dois países, parece ponderar o reconhecimento de regiões ocupadas por Moscovo.

Irritações

Irritações

Irritações

Um programa com muita controvérsia, algum humor e bastante ironia. José de Pina, Luana do Bem, Luís Pedro Nunes e Carla Quevedo debatem em estúdio com Pedro Boucherie Mendes sobre aquilo que os irrita de forma geral e em particular

“Parlamento Europeu não se revê numa arquitetura baseada exclusivamente em planos nacionais”

A eurodeputada Carla Tavares, correlatora do Parlamento Europeu na negociação do Orçamento pós-2027, espera que o processo negocial esteja totalmente concluído até ao final de 2026.

Em entrevista à Renascença, a socialista defende que a proposta do Parlamento Europeu é boa para o interesse europeu, sobretudo se fugir ao modelo dos PRR.

Comecemos pela ambição do próximo Quadro Financeiro Plurianual. Defendem que 1% de rendimento nacional bruto da União Europeia a 27 é insuficiente e muitos discutem se devia ser colocada uma fasquia mais ambiciosa. Mas aqui a opção foi deixar em aberto. Porquê?

Em primeiro lugar, este é o documento que enquadra e mandata os relatores para as negociações com a Comissão Europeia, conseguido com uma maioria “simpática” no Parlamento, essencialmente trabalhado com todos os partidos pró-europeus. Embora se discuta muito o tamanho do próximo Quadro Financeiro Plurianual, ainda que não apontemos para um percentual específico, percebemos que é preciso ter mais ambição. Não é possível fazer mais com menos, os desafios hoje são muito diferentes, aliás do que eram em outubro, quando começámos a trabalhar como correlatores neste dossier. Temos Trump, as tarifas, um conjunto de realidades geopolíticas que não tínhamos em outubro.

Deixamos claro no relatório – está aprovado e é factual – que 1% do Rendimento Nacional Bruto da União é insuficiente. Considerando que as necessidades agora são objetivamente maiores, nomeadamente a necessidade de pagar os juros do Next Generation EU a partir de 2028, é preciso olhar para os recursos próprios.

Mas porque é que não fixam uma percentagem alternativa?

O nosso papel aqui é dizer que concordamos que não pode ser 1%, dando espaço naturalmente a todos os entendimentos necessários nas conciliações entre os 27 Estados-membros. O que o Parlamento diz, à partida, é que não é possível fazer tudo, ultrapassar todos os desafios que a União tem pela frente, só com 1% do rendimento nacional.

Ao fim destas semanas de trabalho, está consolidada a ideia de que, apesar dos novos investimentos que têm que ser feitos, quer da competitividade quer da segurança e defesa, tal não pode pôr em causa, por exemplo, a dimensão social da Europa ou, por exemplo, os fundos de coesão?

Sim, aliás é muito claro em diversos pontos da proposta do Parlamento. Temos de olhar para esses novos desafios de uma forma diferente, mais solidária entre os 27 Estados-membros. As questões da competitividade são cada vez mais relevantes, a Europa tem de se afirmar no contexto mundial e todos sabemos, quer relativamente aos Estados Unidos, quer relativamente à China, vai perdendo o seu espaço. A competitividade não deve ser só olhada sobre o ponto de vista económico, mas também sobre o ponto de vista social e territorial.

A par disso, temos tudo o que são as áreas relacionadas com o investimento que a União Europeia tradicionalmente suporta, relacionado com as áreas da coesão ou da agricultura. O Parlamento está mandatado para negociar com a Comissão, tendo o entendimento de que a Europa tem novos desafios, deve-se organizar e ser solidária no contexto de encontrar soluções para esses novos desafios. Paralelamente, não podemos deixar de estar presentes nas políticas tradicionais suportadas pelos quadros financeiros plurianuais anteriores.

Não receia que do ponto de vista dos fundos de coesão pós-2027, com a perspetiva de um alargamento novo e o correspondente dispêndio de dinheiro de verbas europeias, esse ponto de vista não seja tão do interesse português?

A Europa tem tido um apoio muito determinante, importante e relevante à Ucrânia. A posição do Parlamento salvaguarda que, num contexto de alargamento, o quadro financeiro deve ser revisitado. Estamos a falar de um instrumento a partir de 2028, ainda falta muito tempo. Não fazia sentido condicionar qualquer área de investimento neste momento.

O Parlamento defende que, numa situação – não sabemos quando – de possibilidade de alargamento a outros Estados-membros, que seja feita nessa altura uma revisão do quadro financeiro plurianual. Vamos naturalmente trabalhar com a Comissão no sentido dos equilíbrios necessários à realidade geopolítica dos diversos países da União Europeia. Ao dia de hoje, a Comissão já sabe claramente qual é a perceção do Parlamento nessas áreas e quais as vontades dos 27 Estados-membros a nível do Parlamento Europeu.

Há um risco real do reembolso dos empréstimos do Next Generation EU pôr em causa as principais prioridades da União Europeia, ao nível do seu financiamento?

Temos de pagar os juros do Next Generation EU. Entendemos que, face aos novos desafios de momento, com essa mesma necessidade de pagar os juros, é preciso olhar para os recursos próprios. É preciso trabalhar paralelamente e, ainda que não esteja no âmbito e na esfera deste relatório, não nos parece possível que a Comissão aborde um próximo quadro financeiro plurianual pós-27, sem os consensos possíveis que têm de ser forçosamente encontrados sobre novos genuínos recursos próprios. O relatório refere ser uma inevitabilidade, não sendo possível fazer mais com menos, sabendo também que não se pode fazer o que sempre se fez, porque a realidade de facto mudou.

É preciso olhar para como se podem otimizar mais os financiamentos, os programas e os investimentos que existem. Temos, de facto, novos desafios e, portanto, precisamos de novos e genuínos recursos próprios.

E que novos recursos podem ser esses?

Podem passar por tarifas, por exemplo. Há uma proposta desde 2020-2021 em cima da mesa, que é preciso revisitar e encontrar todos os equilíbrios necessários entre os 27 para não tornar mais difícil ainda o desenho das diversas ‘caixinhas’ onde entram os diversos investimentos do próximo quadro financeiro plurianual.

A contração conjunta de empréstimos será o novo normal?

Não sei se vai ser o novo normal. Todos esperamos que não seja, mas a proposta do Parlamento vai, no fundo, no sentido de que não seja limitada essa possibilidade unicamente às questões da defesa. O horizonte temporal é muito longo e não conseguimos perspetivar o que é que nos espera. Entendemos que essa possibilidade deve ficar clara, até para que o Parlamento não fique sem a possibilidade de exercer as suas competências enquanto autoridade orçamental.

Porque é que que os eurodeputados consideram inadequado o ‘fundo de competitividade’ que está em cima da mesa?

Entendemos que esse fundo deve ser olhado de uma forma holística, não olhando unicamente para a competitividade, mas associando outras áreas que são absolutamente relevantes, nomeadamente as dimensões sociais, económicas e territoriais. Devem estar associadas a todo este grande desafio que a Europa tem na área da competitividade. O próprio relatório de Mario Draghi não deixa de ser um elemento muito importante para todo este trabalho desenvolvido no Parlamento Europeu.

Mas há uma parte deste novo fundo que terá uma fatia importantíssima que vem do orçamento?

É isso que agora vamos começar a trabalhar com a Comissão. A proposta da Comissão vai ser apresentada dia 16 de julho e estamos mandatados pelo Parlamento Europeu para, de forma mais formal, começarmos este trabalho com a Comissão.

Porque é que a ideia do PRR como modelo não é tão benéfica assim?

Da experiência e da avaliação que foram feitas, e que naturalmente tem coisas positivas – não nos podemos esquecer que o PRR, ou o Next Generation EU, foi um instrumento muito importante. Tínhamos saído da pandemia, portanto era necessário alavancar e apoiar as pessoas e a economia.

Quando falamos de um quadro financeiro com uma duração de sete anos, entendemos que é muito relevante, até pelas experiências anteriores relativamente aos quadros financeiros plurianuais, ter um envolvimento muito significativo do nível regional e do nível local, muito mais do que ter políticas centralizadas. Sabemos que a Comissão está a equacionar uma nova arquitetura que não conhecemos ainda em concreto, mas não será como a conhecemos hoje no quadro financeiro plurianual. Quisemos salvaguardar desde o início que o Parlamento Europeu não se revê numa arquitetura fundada exclusiva e unicamente nos planos nacionais. É uma evidência que o envolvimento ao nível regional e local é muito determinante para depois a boa execução deste tipo de financiamentos e deste tipo de programas.

É uma ideia de contrariar uma certa centralização do processo na Comissão e no Conselho?

Também, porque o Parlamento tem de ter uma presença ativa e exercer as suas competências. Essencialmente, na execução nos 27 Estados-membros, é também muito mais benéfico ter a proximidade e ter a possibilidade de o nível local e regional terem não só capacidade de execução, mas também capacidade de decisão na aplicação dos fundos que lhes são atribuídos.

Essa ideia do controlo democrático do que se está a passar ao nível da Comissão é depois expressa na questão da simplificação e da reação à burocracia?

Isso mesmo. O Parlamento tem de cumprir as suas competências, o seu papel legislativo, enquanto autoridade orçamental.

Pode dar-nos exemplos de como é que isso poderá funcionar?

Nós temos situações, por exemplo, com os programas de apoio ao desenvolvimento, nomeadamente de países terceiros, em que o Parlamento perde a sua capacidade de autoridade orçamental e de controlo de utilização desses mesmos apoios. Isso não é benéfico. Num pacote de investimento comum, com um período temporal de sete anos, é muito mais eficiente, mesmo no acompanhamento das execuções, quando o Parlamento assume o papel que lhe é devido e legalmente atribuído relativamente às fontes comunitárias.

Deixam aqui a proposta de dois instrumentos especiais, um para a questão das catástrofes naturais e outro para crises de caráter geral. O Parlamento Europeu considera que esta ideia terá acolhimento na negociação?

Achamos que sim, por aquilo que vivemos, nomeadamente com os incêndios e com as cheias que tivemos. É muito importante que a União Europeia esteja munida de um mecanismo que consiga a cada momento acionar, sem estarmos muitas vezes quase um ano à espera que seja possível depois concretizar esses apoios. As questões da proteção civil e da segurança também passam por essas áreas e têm sido muito discutidas no Parlamento e até pela Presidente da Comissão Europeia,.

Não tenho dúvidas que, nessas áreas, estamos em total sintonia com a Comissão. Temos de tornar os instrumentos mais ágeis para uma resposta mais rápida, quando é necessário que ela ocorra. Infelizmente a história recente vem-nos demonstrar que tem sido necessário bastantes vezes mais do que qualquer um de nós desejaria.

E esta é uma boa proposta também para o interesse português?

Acho que sim, é uma boa proposta para o interesse português. O texto que se conseguiu construir com os partidos pró-europeus do Parlamento é uma proposta que salvaguarda essencialmente o ADN, a matriz e os interesses da União Europeia. E exatamente, se calhar por isso, conseguiu ser aprovada no momento em que o Parlamento não tem propriamente a mesma configuração que tinha na anterior legislatura. Esse trabalho conjunto foi muito importante e relevante, porque vamos precisar que ele continue a existir. Foi muito relevante para conseguirmos esta aprovação e acho que, relativamente aos nossos desafios em Portugal, é um documento muito bom, muito interessante para todos os desafios que temos e para tudo o que aí vem.

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