“Emoção e vazio”. O testemunho de quem espera horas em Santa Maria Maior para visitar o túmulo de Francisco

Renascença em Roma

27 abr, 2025 – 16:24 • Miguel Marques Ribeiro , André Rodrigues

São apenas alguns entre os milhares de fiéis que acorreram à Basílica de Santa Maria Maior, neste domingo, para visitar o túmulo de Francisco. Para quem espera para entrar, há um vazio que se sente pela partida de um Papa querido, mas também o desejo de que o seu legado tenha continuidade no futuro.

Montenegro garante que Saúde está melhor, oposição insiste que piorou

O primeiro-ministro afirmou neste domingo que a situação na Saúde é melhor do que há um ano, reagindo às críticas do líder do PS, que referiu que agora há mais serviços de urgência encerrados do que no ano passado, bem como dos líderes do PCP e do Chega, respectivamente Paulo Raimundo e André Ventura.

“Há um ano atrás a Saúde estava pior do que está agora. Não quer dizer que agora esteja bem, nós sabemos que há muita coisa para fazer”, disse Luís Montenegro, após cruzar a meta da caminhada dos cinco quilómetros, uma das provas da 5.ª edição da Maratona da Europa, que se realizou neste domingo em Aveiro.

Questionado pelos jornalistas sobre a situação na Saúde, Luís Montenegro referiu que o Governo tem vindo a trabalhar para resolver um problema com muitos anos, realçando que actualmente “espera-se menos tempo para ter uma consulta e para ter uma cirurgia e também há menos urgências fechadas do que havia há um ano atrás, nas mesmas circunstâncias”.

“Isto não quer dizer que está tudo bem, mas quer dizer que nós estamos a resolver os problemas à medida que o tempo nos permite que eles sejam resolvidos. Agora, não nos podem exigir que façamos em 11 ou 12 meses aquilo que outros não fizeram em mais de 20 anos. Não foram só os oito anos que nos antecederam, o PS governou 22 dos últimos 30 anos”, observou.

Montenegro disse ainda que espera que os portugueses tenham o sentido de justiça de fazer uma apreciação sobre aquilo que cada um foi capaz de fazer no seu período, adiantando que o juízo será feito na campanha eleitoral e depois culminará no dia das eleições.

Cerca de um mês depois de ter sido internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, devido a um episódio de arritmia cardíaca, o primeiro-ministro participou na caminhada dos cinco quilómetros, ao lado dos secretários de Estado do Ambiente e do Turismo, afirmando, no final da prova, que se sentiu muito bem. “Senti-me impecavelmente. Senti-me mesmo muito bem. Estou fisicamente, mentalmente fortíssimo para a campanha eleitoral, mas sobretudo para no dia seguinte à campanha eleitoral continuar a governar o país”, afirmou.

“Situação de degradação”

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, disse neste domingo que a Saúde em Portugal está pior com o Governo de Luís Montenegro e defendeu mais investimento público no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Questionado pelos jornalistas sobre se a Saúde estava pior com o Governo do primeiro-ministro, Rui Tavares afirmou que sim, pela actual “situação de degradação”, que não foi invertida, como prometido pelo actual Governo.

O responsável falava no lançamento da candidatura pelo distrito de Leiria às Eleições Legislativas de 18 de Maio quando referiu que o Governo prometeu “que em 60 dias ia ter uma solução para o Serviço Nacional de Saúde”. “Se a tivessem tido, mesmo que fosse só no papel, uma solução que fosse credível, neste momento a degradação estava a ser invertida”, acusou.

Ao ser confrontado com a informação de que havia neste domingo urgências encerradas em Leiria, o porta-voz do partido apontou que a solução passa por mais investimento público no SNS, que “é aquilo que tem faltado desde há praticamente duas décadas”.

Para Rui Tavares, há algum aumento no investimento público, nomeadamente nos mandatos precedentes, mas que não chega para acompanhar o que são as maiores responsabilidades, os maiores gastos que o SNS tem. “Ainda por cima quando se vive uma situação que, ao contrário do que diz a lei, é praticamente de concorrência com os privados, de uma concorrência desleal”, acrescentou.

Entre as propostas apresentadas pelo Livre, o também cabeça de lista pelo círculo de Lisboa destacou o programa Regressar Saúde, “equivalente ao Regressar que já existe, mas dirigido especificamente a profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, técnicos de várias especialidades que têm saído do país ou que têm saído do SNS”.

No sábado, os líderes do PS, Chega e PCP já haviam criticado o executivo da AD devido às urgências encerradas neste fim-de-semana. O líder socialista Pedro Nuno Santos sinalizou que os números são mais elevados do que no ano passado, acusando o primeiro-ministro de ser “incapaz de assumir responsabilidades” perante a “contínua degradação” do SNS. E o secretário-geral comunista Paulo Raimundo defendeu que “é preciso penalizar os partidos responsáveis” nas eleições de 18 de Maio.

Já o presidente do Chega, André Ventura, censurou a ausência da ministra da Saúde, anunciando que vai tentar chamar Ana Paula Martins ao Parlamento para uma audição ainda antes das legislativas.

Livre diz que país vai para eleições por “irresponsabilidade” do primeiro-ministro

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, disse este domingo que o país está a ir para eleições legislativas “por irresponsabilidade do primeiro-ministro Luís Montenegro”.

“Hoje em dia nem é preciso estar a argumentar muito este ponto, porque toda a gente percebe e vê o que se passou e o Luís Montenegro, nas raras ocasiões em que dá uma entrevista, já deixou escapar que estamos [em período eleitoral] porque ele quis ir para eleições”, disse Rui Tavares, no lançamento da candidatura pelo distrito de Leiria às Legislativas de 18 de maio.

Ao longo da sua intervenção, o porta-voz do Livre destacou que o partido é uma alternativa progressista e de ecologia, capaz de colocar o país no rumo do desenvolvimento. Entre as propostas referidas por Rui Tavares, relativamente à evasão jovem do país, o Livre defende que uma oferta de emprego deve ser complementada com “várias formas de oportunidade económica, que sirvam aos vários tipos de personalidades, individualidades, competências”.

A cabeça de lista pelo círculo de Leiria, Inês Pires, ao longo da sua intervenção, mencionou que a realidade do mercado de trabalho em Portugal tem levado a que muitos jovens emigrem para países com melhores oportunidades e que garantem uma melhor qualidade de vida e valorizam o seu conhecimento.

“É uma situação complexa e não tem sido um IRS jovem ou garantias de acesso à compra de casa que vão reduzir este fosso. Medidas que beneficiam quem já tem essa possibilidade, esquecendo a grande maioria dos jovens, os 75% que recebem até mil euros por mês”, sublinhou.

A trabalhadora-estudante e técnica de contabilidade referiu ainda que a crise política atual surge num contexto de perda de confiança das pessoas nas instituições democráticas.

Os portugueses não confiam na política e nos políticos, mas esta confiança pode ser reconstruida com responsabilidade e proximidade, através da escuta e apresentando propostas que vão ao encontro das necessidades dos cidadãos, sem promessas vazias, sem populismos”, defendeu.

Enfermeiros consideram “incompreensível” fecho das urgências de Obstetrícia em Almada

A Ordem dos Enfermeiros considerou “incompreensível” o encerramento este domingo das urgências de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Garcia de Orta, Almada, distrito de Setúbal, defendendo que seria “perfeitamente possível” funcionar com uma equipa de enfermagem completa e dois médicos.

“Num momento em que os constrangimentos dos serviços de urgência devem-se, sobretudo, à falta de profissionais para completar as escalas, manter uma equipa qualificada disponível numa unidade fechada é um desperdício inaceitável de recursos“, afirmou o bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE), Luís Filipe Barreira, citado num comunicado.

De acordo com a ordem, as urgências de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Garcia de Orta encontram-se este domingo encerradas, “apesar de estarem escalados sete enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica e dois médicos”.

Sete urgências fechadas, maioria em Lisboa e Vale do Tejo

“Os enfermeiros especialistas asseguram, de forma autónoma, a maioria dos partos de baixo risco, uma realidade que torna ainda mais incompreensível o encerramento da unidade. Com sete enfermeiros ao serviço, seria perfeitamente possível garantir a prestação de cuidados de saúde às grávidas”, expôs a OE.

Em comunicado, este organismo avisou que o impacto da falta de resposta adequada resulta no nascimento de bebés em ambulâncias, sem o acompanhamento hospitalar necessário, indicando que, a cada parto fora do hospital, se agrava o risco para mães e recém-nascidos, defendendo que este é um cenário que poderia ser evitado, com uma melhor gestão dos recursos humanos disponíveis.

Na perspetiva da OE, é “urgente reorganizar a distribuição de profissionais, reconhecendo o papel essencial dos enfermeiros especialistas na saúde materna, para garantir a segurança e o direito das grávidas a um parto seguro”.

Cinco serviços de urgência hospitalares de ginecologia/obstétricia e dois de pediatria estão hoje encerrados, a maioria em Lisboa e Vale do Tejo, segundo o Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS). De acordo com as Escalas de Urgência do SNS, estão encerradas hoje as urgências de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal, do Hospital Vila Franca de Xira (Lisboa), do Hospital Distrital das Caldas da Rainha (Leiria) e do Hospital Santo André, em Leiria. Está também encerrada a urgência de Obstetrícia do Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro (Setúbal).

Segundo a informação do Portal do SNS, atualizada pelos hospitais, também estão fechadas as urgências de Pediatria do Hospital Vila Franca de Xira e do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, ambos no distrito de Lisboa. Os constrangimentos dos serviços de urgência devem-se, sobretudo, à falta de médicos especialistas para assegurarem as escalas, uma situação que é mais frequente em períodos de férias, como o verão e final de ano, e fins de semana prolongados.

Cardeais rezam por Francisco em Santa María Maior

Um grande grupo de cardeais está este domingo na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, para homenagear o falecido papa Francisco e rezar junto túmulo onde o líder da igreja católica foi enterrado no sábado.

Os cardeais, que desde a morte do papa, a 21 de abril, foram chegando ao Vaticano, onde iniciam os preparativos para o conclave, entraram na igreja após esta ter aberto as portas ao público, logo pela manhã, para as pessoas poderem visitar o túmulo de Francisco.

Desde as 7h horas locais (8h em Lisboa), pelo menos 30 mil pessoas passaram pela basílica para ver o túmulo de Francisco, de acordo com o presidente da Câmara de Roma, Lamberto Giannini.

Depois de passarem em frente ao túmulo do falecido Papa Francisco, os cardeais iniciaram a liturgia das segundas vésperas, por volta das 16h (17h de Lisboa), na igreja que acolhe o túmulo, que tem a inscrição “Franciscus” — o seu nome em latim — feito de mármore da Ligúria, a região italiana de onde eram os seus avós maternos.

Depois de participarem no funeral do Papa, no sábado, os cardeais continuarão com as congregações gerais na segunda-feira, as reuniões preparatórias para o conclave, o qual poderá ser agendado também na segunda-feira, com o objetivo de encontrar um candidato e estabelecer alianças para votarem na Capela Sistina do Vaticano.

O funeral de Francisco contou com a presença de cerca de 220 cardeais dos 252 que compõem o Colégio de Cardeais, e estes são chamados a participar das sessões da manhã e da tarde no salão do sínodo, o espaço usado para as assembleias da Igreja Católica.

Após os “novendiais”, os nove dias de luto, com missas na Basílica de São Pedro pelo Papa, que começaram no próprio sábado com o seu funeral, o conclave terá de realizar-se numa data entre 5 e 10 de maio, para respeitar o prazo máximo de 20 dias após a morte do pontífice.

A escolha da data dependerá da presença de todos os cardeais eleitores em Roma, que são 133, já que dois cardeais estarão ausentes por motivos de saúde.

Torreense na final da Taça de Portugal

O Torreense apurou-se pela primeira vez para a final da Taça de Portugal feminina de futebol, depois de voltar a vencer o Sporting de Braga no jogo da segunda mão das meias-finais, desta vez por 2-0.

Em Braga, a formação de Torres Vedras, que tinha vencido em casa por 3-0, inaugurou o marcador por intermédio de Rafaela Rufino, aos 31 minutos, e ampliou a vantagem aos 86, com um tento de Raquel Ferreira.

Com este resultado, o Torreeense garante o apuramento para a final da Taça de Portugal, agendada para o dia 17 de maio, no Estádio Nacional, no Jamor, enfrentando a formação vencedora da outra meia-final, que também se disputa este domingo.

O Benfica, pentacampeão nacional e detentor do troféu, visita o Valadares Gaia, depois do empate 2-2 no jogo da primeira mão, disputado do Seixal.

Icebergues do tamanho de cidades andaram a passear pela costa de Inglaterra

Blocos de gelo deixaram sulcos no fundo do Mar do Norte, e podem hoje ser úteis para desvendar segredos das regiões mais geladas da Terra. Quando as camadas de gelo que cobriam grande parte do norte da Europa estavam a recuar rapidamente, há cerca de 18 000 ou 20 000 anos, o Mar do Norte, entre Inglaterra, Noruega e Dinamarca, teve uns visitantes inesperados: icebergues colossais. Estes blocos de gelo tinham o tamanho de cidades e acabaram por deixar uma marca até hoje no fundo do Mar do Norte. “Podemos estimar, com base na extensão das escavações e no que

“Com tantos jovens na Praça, o Papa Francisco deve estar a sorrir no céu”

De bandeiras na mão, alguns vestidos de escuteiros, outros com t-shirts com o nome dos movimentos ou paróquias que integram, 200 mil pessoas juntaram-se esta manhã de domingo, na Praça de São Pedro, no Vaticano, para participarem no Jubileu dos Adolescentes. Planeavam encontrar-se com o Papa e participar na canonização de Carlo Acutis, o primeiro santo millenial, mas com a morte de Francisco, há uma semana, acabaram por se deparar com o Vaticano em sede vacante.

Alicia, de 16 anos, viajou para Roma com mais três mil jovens da diocese de Treviso, no norte de Itália. “É muito bonito que não se tenha cancelado o Jubileu na sequência da morte do Papa. É um belo sinal de esperança para os jovens e também para quem passa por maiores dificuldades”, refere a adolescente, que considera que este encontro é “uma bela experiência”. “Para além de estar com pessoas que têm mais ou menos a minha idade, também estou com jovens de outras dioceses e fiz amizades com pessoas que não conhecia bem”, acrescenta, dizendo que Carlo Acutis “é um bom exemplo para os jovens”. “Tenho a certeza que será santificado assim que for possível. É um bom sinal para todos os jovens que qualquer um pode fazer o bem.”

Ao seu lado, Enola, de 15 anos, diz que é “uma honra” estar num local onde o Papa Francisco passou tanto tempo. “É difícil estar aqui, mas fazemo-lo pela Igreja”, diz, referindo-se à tristeza causada pelo desaparecimento do primeiro Papa jesuíta da História. “Seria muito melhor que ele estivesse aqui, vivo, mas ainda assim é uma experiência muito bela.”

D. Rui Valério: “Vieram realmente em peregrinação”

Ainda que os italianos estejam em maioria, há espanhóis, alemães, norte-americanos, coreanos e croatas, entre outros. Também se encontram portugueses entre a multidão. D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa, tem acompanhado o grupo que veio da sua diocese. “Sobressai um profundo sentido de espiritualidade, de silêncio e depois, maravilhosamente e encantadoramente, são jovens que redescobriram e vivem o sentido da importância do sacramento da reconciliação”, diz o bispo, que considera que “não vieram apenas pela festa”. “Vieram realmente peregrinação.”

“São jovens que redescobriram e vivem o sentido da importância do sacramento da reconciliação” – D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa

Entre os fiéis que participam na missa, na assembleia, há também centenas de religiosos. É o caso da religiosa alemã Francisca, das Missionárias do Preciosíssimo Sangue que afirma que, diante de uma celebração com tantos jovens, sente “uma alegria”. “É um sinal de esperança de que há futuro”, diz. “Não interessa muito que a canonização não tenha acontecido hoje. Estes jovens conhecem o Carlo Acutis, que usou os media de uma forma muito construtiva e fiel. Era um jovem doente o que mostra que, mesmo que se tenha deficiência ou se seja doente ou qualquer outra coisa, se pode fazer algo de muito significativo na sua vida”. E acrescenta, feliz: “Com tantos jovens na Praça, o Papa Francisco deve estar a sorrir no céu”.

A missa deste domingo foi presidida pelo Cardel Pietro Parolin, até agora Secretário de Estado do Vaticano, que lembrou por diversas o Papa argentino e disse que “não basta a emoção para acolher o legado de Francisco”.

“God is good”, canta um grupo de americanos

Os peregrinos chegaram antes das oito da manhã. Se no sábado o ambiente foi de solenidade, no funeral do Papa Francisco, este domingo houve cânticos e palmas à chegada ao recinto, lembrando a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa em 2023.

Antes mesmo de passarem o detetor de metais para entrarem na Praça de São Pedro, alguns dos que escolheram a fila do lado direito da Basílica de São Pedro tiveram uma receção diferente. Um grupo de norte-americanos de Houston, no Texas, alguns dos quais de origem vietnamita, cantava “God is good” (Deus é bom). De casacos vermelhos, bandeiras e um estandarte no ar iam dando ânimo a quem ia chegando.

Uma dessas norte-americanas, de 80 anos, explica que veio propositadamente para a canonização do jovem Carlo Acutis. Ainda assim, apesar do adiamento, quis juntar-se aos adolescentes.

Cantam, batem palmas e despertam a curiosidade, mas também o espanto dos jovens e adolescentes que vieram participar nesta missa que inundou pelo segundo dia consecutivo a Praça de São Pedro.

Cristian Bacci e Dinis Pinto falham Nacional por motivos de doença

Treinador e lateral são baixas para jogo desta tarde

O treinador do Moreirense Cristian
Bacci e o lateral direito Dinis Pinto não vão participar no jogo desta tarde
com o Nacional por motivos de doença. Ao que Record apurou, o técnico italiano está
a contas com uma gripe que o afastou do estágio da equipa antes de se
deslocarem para o jogo, uma vez que sentiu algum agravamento do seu estado
clínico. Já na véspera, Bacci suspendeu a conferência de antevisão pelos mesmos
motivos.

Também Dinis Pinto é baixa de
última hora, também por motivos de doença, e será substituído por Gilberto
Batista no lado direito da defesa.

O pontapé de saída está marcado
para as 15h30.

Por José Santos e Bruno Freitas

“Importa-se de representar alguém com princípios muito contrários aos seus?” Dos novos castings à cultura woke, quatro atores à conversa

Quando se pede a um ator uma self-tape, o senso comum pode levar a pensar que basta gravar um vídeo informal, com o telemóvel, interpretando uma cena e enviá-lo ao diretor de casting. Mas a realidade é um pouco mais complexa, como explica João Pedro Vaz, ator que protagonizou recentemente Os Papéis do Inglês, de Sérgio Graciano.

“Já recebi instruções para self-tapes com vários planos: plano médio, plano fechado, plano assim… Na altura até brinquei com a minha agente: ‘Estou a ter mais indicações agora do que aquelas que vou ter para o papel’”, conta o ator. Gonçalo Waddington, protagonista de Grand Tour, filme de Miguel Gomes que foi candidato português aos Óscares, confirma a tendência: “Chegam a dar indicações de realização”, diz, acrescentando que é em Portugal que, curiosamente, se fazem os pedidos “mais absurdos”. Em 2025, ser ator tem novos desafios.

Vaz e Waddington juntaram-se a Albano Jerónimo (O Pior Homem de Londres) e Rafael Morais no mês passado para uma conversa com o Observador sobre os filmes que protagonizaram no último ano — produções que os colocaram entre os nomeados dos Sophia, os prémios atribuídos anualmente pela Academia Portuguesa de Cinema e cuja cerimónia acontece já este domingo à noite, com transmissão na RTP.

Com o Cine-teatro Turim como cenário, os quatro atores portugueses refletiram sobre os bastidores do ofício: os processos de casting, a exigência crescente das self-tapes, os métodos de preparação, o desafio de representar personagens moralmente ambíguas (Ainda há anti-heróis?, perguntam) e a forma como o medo e a cultura atual influenciam o cinema contemporâneo.

“Parece que agora tudo é feito para crianças, não há espaço para filmes destinados a adultos”, diz a dada altura Rafael Morais, estrela de Um Café e um Par de Sapatos Novos — que a Academia escolheu nomear em detrimento de uma nomeação conjunta com o irmão gémeo, também protagonista do filme. “Há obras que seriam impensáveis de serem feitas hoje”, crê Rafael. “Filmes de há 15 ou 20 anos que hoje não conseguiriam financiamento porque há medo: medo do tema, de serem cancelados, da woke culture.”

Mesmo com interpretações que lhes valeram críticas favoráveis e o reconhecimento dos pares, a conversa entre os quatro atores deixa claro que os receios e as dúvidas permanecem. E que, num mundo cada vez mais atento às questões da moralidade, ser ator se tornou também um exercício de resistência emocional.

“Importa-se de representar alguém que tenha princípios muito contrários aos seus?”, perguntaram a João Pedro Vaz, que recorda o episódio com preocupação. “Não sei se as redes sociais não têm alguma influência nisso, mas as pessoas têm de se mostrar como tendo valores sempre certos e do lado certo”, lamenta. “Há um medo qualquer de introduzir ambiguidade no processo — e o nosso trabalho também é feito à volta da ambiguidade emotiva.”

O Observador agradece ao Cine Teatro Turim, em Benfica. Lançámos o repto também às atrizes nomeadas ao Prémio de Melhor Atriz e aos realizadores nomeados ao Prémio de Melhor Filme e Melhor Realização, mas por motivos de agenda não foi possível concretizar as duas conversas. 

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