Seria uma imprecisão histórica substancial. Publicações nas redes sociais alegam que o Presidente norte-americano, Donald Trump, disse que Itália e os Estados Unidos da América (EUA) eram aliados “desde o Império Romano”.

Nas redes sociais, denuncia-se que o Presidente norte-americano “é ignorante” e não sabe história dos EUA. “Ele alega que os EUA existiram durante o Império Romano”, que durou até 476 d.C. “Os Estados Unidos foram fundados em 1783 durante a assinatura do acordo de Paris”, prossegue o mesmo utilizador. Outro realça ainda que o “Império Romano não é Itália”.

“Trump aparentemente pensa que George Washington [o primeiro Presidente dos EUA] convidou [o Imperador romano] Júlio César para um chá”, ridiculariza mais um utilizador. Já outro, faz questão de evidenciar outra imprecisão histórica que terá sido dita pelo chefe de Estado norte-americano: “Aparentemente Trump esquece-se que Mussolini fez parte do Eixo […] e que os EUA opuseram-se e lutaram contra o ditador em solo italiano”.

As declarações que levaram à circulação destas publicações foram feitas durante uma conferência de imprensa conjunta em outubro de 2019, em que participaram Donald Trump e o Presidente italiano, Sergio Mattarella, que esteve com o seu homólogo norte-americano na Casa Branca.

Nessa conferência de imprensa, contrariamente ao que sugerem as publicações nas redes sociais, Donald Trump não disse que Itália e os EUA eram aliados desde o Império Romano. Em vez disso, num excerto do vídeo partilhado no X pela Casa Branca, o Presidente norte-americano afirmou que os “Estados Unidos e Itália estão unidos por uma herança cultural e política que remonta a milhares de anos, à Roma Antiga”.

President @realDonaldTrump just wrapped up a joint press conference with President Mattarella of Italy.

“The United States and Italy are bound together by a shared cultural and political heritage dating back thousands of years to Ancient Rome.” ???????????????? pic.twitter.com/10Ib2h4O4e

— The White House 45 Archived (@WhiteHouse45) October 16, 2019

Assim sendo, Donald Trump elogiou um dos pilares que inspirou a atual civilização ocidental, de que fazem parte os Estados Unidos: o Império Romano. Era essa ideia de “herança cultural e política” que o Presidente norte-americano se estava a referir — e não a uma aliança que historicamente seria impossível.

Para também provar que Donald Trump teria dito algo ridículo, os posts fazem referência a uma “tradutora” que fez uma “cara impagável” e “praticamente morreu”, quando alegadamente ouviu o Presidente dos EUA a referir-se à aliança entre os EUA e o Império Romano.

No entanto, como mostra o vídeo na íntegra publicado pela Fox News, a tradutora faz essas caretas de surpreendida e chocada noutra parte da conferência de imprensa, quando Sergio Mattarella e Donald Trump estavam na Sala Oval. Na altura em que o chefe de Estado dos EUA falava sobre a união cultural entre Roma e Washington, como mostra o vídeo da Casa Branca no X, o Presidente italiano usava um auricular para ouvir o que o seu homólogo norte-americano dizia, estava atrás de púlpito ao lado de Donald Trump — e não estava presente nenhuma tradutora.

Presidente italiano a ouvir com o auricular Donald Trump a falar sobre a “herança cultural” partilhada entre Itália e os EUA

Conclusão

Não é verdade que Donald Trump tenha afirmado, numa conferência de imprensa em outubro de 2019 durante o seu primeiro mandato, que Itália e os Estados Unidos da América são aliados desde o Império Romano. O que o Presidente norte-americano queria enfatizar era a proximidade cultural entre os dois países, que advém em parte da herança que os romanos deixaram na civilização ocidental. Adicionalmente, a tradutora não reage com estupefação a estas declarações, mas sim a outras que Donald Trump fez noutra parte da conferência de imprensa na Sala Oval.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Entre o fumo, os canhões de água e o caos dos protestos em massa na Turquia, distingue-se uma enorme figura amarela: Pikachu, a emblemática personagem de anime do universo Pokémon.

As imagens correram as redes sociais nas últimas semanas. “Pikachu no meio dos protestos em curso na Turquia. Isto é real”, lê-se na legenda de uma das várias publicações no Facebook, que soma gostos e partilhas.

Só que a imagem não é real. Foi gerada por inteligência artificial (IA), como se comprova submetendo o ficheiro à ferramenta de verificação Was It AI. O resultado obtido é: “esta imagem, ou parte significativa dela, foi criada por IA”.

De resto, a origem da manipulação remonta a um vídeo — esse sim, real — de uma pessoa vestida como a personagem da série animada japonesa — num protesto na Turquia, onde eclodiram manifestações em massa depois de o Presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, o principal rival político do Presidente turco, Tayyip Erdogan, ter sido detido a 19 de março e preso a 23 de março.

Esse vídeo, que mostra um manifestante com um fato insuflável de Pikachu, foi partilhado nas redes sociais a 27 de março. Ismail Koceroglu, fotojornalista, publicou dois vídeos da pessoa com o dito fato no Instagram, e confirmou à Reuters que os filmou em Meltem, Antalya.

Terá sido este vídeo a motivar as imagens seguintes que colocaram Pikachu a correr entre a polícia de choque — mas essas são fruto de manipulação digital.

Conclusão

Falso. A imagem de um Pikachu aparentemente a correr entre a polícia de choque turca foi gerada por inteligência artificial.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.