Seguros de saúde sobem 3,6% abrangendo quatro milhões de pessoas

Não é novidade que o mercado dos seguros de saúde tem crescido em Portugal, mas os dados relativos a 2024 mostram um aumento muito significativo: os prémios brutos emitidos no ramo Doença (que integra, do ponto de vista formal, os seguros de saúde) atingiram 1,7 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 18,9%, revelou esta segunda-feira a ASF – Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.
Os dados recolhidos pelo Observatório dos Seguros de Saúde, uma plataforma da ASF, mostram que os prémios se repartem de forma relativamente próxima entre as apólices individuais (830 milhões), onde o crescimento foi de 6%, e as de grupo (870 milhões), com um aumento de 1,4%.
O número de pessoas com seguros em Portugal aumentou 3,6%, totalizando quatro milhões de beneficiários em 2024, revela a entidade em comunicado. Um crescimento a que não é alheio os constrangimentos sentidos pelos cidadãos no acesso a cuidados no Serviço Nacional de Saúde.
“Este aumento expressivo, o maior dos últimos anos, confirma a crescente relevância dos seguros de saúde no sistema de financiamento da saúde e na carteira dos ramos Não Vida, preenchendo assim a sua função social, uma vez que a oferta do sector segurador deve vir ao encontro das necessidades da população em cada momento”, afirma Eduardo Pereira, director do departamento de Supervisão Comportamental da ASF, no documento divulgado.
Reforçando o papel do sector segurador no financiamento da saúde, a ASF destaca que “estima-se que 5,3% da despesa total em saúde em Portugal tenha sido suportada pelos seguradores, um aumento de 0,4 pontos percentuais face a 2023”.
Nos últimos cinco anos, a quota de mercado do ramo Doença aumentou 4,6 pontos percentuais, para 22,7% em 2024.
O supervisor do mercado segurador destaca ainda que este segmento de mercado “apresenta sinais de maior diversificação, com uma diminuição da concentração nos principais seguradores”, tendo em conta que, no ano passado, os três maiores seguradores no ramo representavam 68,5% do total de prémios brutos emitidos, contra 73,1% em 2020.
O prémio médio (valor pago pelo seguro) por pessoa segura subiu 14,8%, situando-se em 417,84 euros, repartindo-se por 423,61 euros (+10,3%) nas apólices individuais e 412,45 euros (+19,3%) nas de grupo.
O supervisor que brevemente passará a ser liderado por Gabriel Bernardino destaca ainda como positiva a diminuição das reclamações que lhe chegaram – 131, o que representa uma redução de 8,4% – e das analisadas pelas seguradoras, que caíram 17,4%, para 3980 face a 2023. “Esta evolução poderá estar associada à adopção de melhores práticas de mercado e ao reforço da intervenção da ASF ao nível da regulação e da supervisão, numa perspectiva preventiva”, refere.
