Roubaram as bicicletas à equipa do líder da Vuelta

Várias bicicletas da equipa Visma-Lease a Bike foram roubadas durante a noite em Itália, onde se está a disputar a terceira etapa da Volta a Espanha em bicicleta, anunciou a equipa.

“Na última noite, o camião dos nossos mecânicos foi assaltado e várias bicicletas foram roubadas. Os nossos mecânicos estão a trabalhar duro para garantir que a equipa está totalmente preparada para a terceira etapa”, lê-se numa publicação nas redes sociais da equipa.

A Visma-Lease a Bike informa ainda que “a polícia lançou uma investigação ao incidente”, que ocorreu antes da terceira etapa, que liga San Maurizio Canavese a Ceres, num total de 134,6 quilómetros.

A equipa neerlandesa foi ajudada por outras organizações como por exemplo a Lidl-Trek.

A noite trouxe ainda mais más notícias para o conjunto holandês, que viu o francês Axel Zingle desistir, na sequência da queda na segunda etapa, que afetou praticamente todo a equipa.

“Infelizmente, depois da queda de ontem [domingo], a nossa equipa médica teve de decidir que Axel Zingle não está em condições de continuar na Volta a Espanha. A sua primeira grande Volta com a equipa teve um fim prematuro”, lê-se.

Depois de subir à liderança no domingo, Jonas Vingegaard parte para a 3.ª etapa com quatro segundos de vantagem sobre o italiano Giulio Ciccone (Lidl-Trek) e seis sobre o francês David Gaudu (Groupama-FDJ), com o português João Almeida (UAE Emirates) em 12.º, a 12 segundos.

Austrália. Sobrevivente do almoço com cogumelos venenosos perdoa tentativa de homicídio, mas exige justiça pela morte de três familiares

Ian Wilkinson, o único sobrevivente do crime de envenenamento com cogumelos levado a cabo pela ex-mulher do seu sobrinho, Erin Patterson, na Austrália, declarou esta segunda-feira em tribunal que perdoa a arguida pela tentativa do seu homicídio, mas não a desresponsabiliza nem desculpa pelas mortes dos restantes familiares — a sua mulher e os cunhados, que eram ex-sogros da acusada.

“Ofereço o perdão a Erin”, afirmou Wilkinson esta segunda-feira no Supremo Tribunal de Victoria, em Melbourne, relata o The Guardian. “No que diz respeito aos homicídios de Heather [mulher], Gail e Don [cunhados], sinto-me obrigado a procurar justiça“. Em julho de 2023, Erin preparou um almoço para os seus ex-sogros (Gail e Don) e para os tios do ex-marido (Heather e Ian). Serviu uma especialidade inglesa, Beef Wellington, contendo death cap — um dos cogumelos venenosos mais perigosos do mundo — e o único sobrevivente foi Wilkinson, depois de ter estado semanas hospitalizado. O ex-marido, Simon Patterson, recusou o convite para o almoço.

Já em julho deste ano, um júri de 12 pessoas considerou Erin Patterson culpada por três crimes de homicídio e um de tentativa de homicídio. Durante o julgamento, a arguida disse que o envenenamento foi acidental. No entanto, o Ministério Público destacou as relações tensas entre Erin e Simon, assim como a frustração que sentia em relação aos ex-sogros.

Júri considera australiana culpada de matar familiares com cogumelos venenosos

A audiência das alegações finais decorreu esta segunda-feira, duas semanas antes da leitura da sentença, marcada para 8 de setembro.

Wilkinson explicou que ficou marcado para a vida pela decisão “fria e calculista” da acusada. “Estou angustiado pelo facto de Erin ter agido com total desprezo pela minha vida e pelas vidas de quem eu amava”, disse o sobrevivente, questionando: “Que insensatez leva alguém a pensar que o homicídio poderia ser a solução para os seus problemas, especialmente contra pessoas que só lhe queriam bem?”

O viúvo de Heather recordou, ainda, a vida ao lado da mulher, referindo que “ela era sábia, tinha capacidades que compensavam as [suas] falhas”: “Enfrentámos a vida como uma equipa e deliciávamo-nos com a companhia um do outro”. “É horrível viver com a ideia de que alguém decidiu tirar-lhe a vida. A minha consolação é que estaremos reunidos numa outra vida”, acrescentou Wilkinson.

O ex-marido da arguida optou por não comparecer no tribunal, mas enviou uma declaração, que foi lida pela prima. “Sinto a falta dos meus pais e da minha tia mais do que as palavras conseguem expressar”, escreveu, sublinhando que os filhos ficaram privados de uma vida familiar normal. “Vivem numa casa irreparavelmente destruída, apenas com um progenitor, e sabem que foi a mãe que matou os avós”.

O Ministério Público australiano e a defesa concordaram que Patterson deve ser condenada a prisão perpétua, embora a defesa tenha pedido que seja fixado um período mínimo de cumprimento, referindo as condições em que a arguida se encontra detida, desde novembro de 2023, com longos períodos de isolamento.

Erin Patterson manteve-se em silêncio durante toda a sessão, apenas respondendo a perguntas formais de identificação. O juiz, Christopher Beale, classificou os factos como sendo de grande gravidade e afirmou que os terá em conta antes de ditar a sentença final.

Débora Monteiro: “Estava sozinha quando soube que eram gémeos, tive de abraçar o médico. Senti um amor incrível, mas também muito medo”

Alta Definição

Podcast

Mãe de gémeas e apresentadora do ‘Domingão’, Débora Monteiro fala com franqueza sobre os desafios da maternidade, desde o período em que precisou de injeções e “hora marcada para fazer amor” para engravidar, até aos primeiros anos das filhas, vividos em plena pandemia, enquanto conciliava o trabalho e a vida familiar. Recorde aqui a sua história com a versão do ‘Alta Definição’ em podcast

Aos 40 anos, Débora Monteiro olha para o seu percurso com orgulho: realizou muitas das ambições que tinha como mãe, na família e na carreira. Mas chegar até aqui não foi simples. Mãe de gémeas e apresentadora do ‘Domingão’, fala com franqueza sobre os desafios da maternidade, desde o período em que precisou de cirurgia, injeções e “hora marcada para fazer amor” para engravidar, até aos primeiros anos das filhas, vividos em plena pandemia, enquanto conciliava o trabalho e a vida familiar. Para a atriz, a maternidade é muitas vezes romantizada, quando na verdade “a realidade é cansativa e exige uma grande adaptação”. Ainda assim, quando Daniel Oliveira lhe pergunta o que é que foi o melhor destes quarenta anos, a atriz não hesita em responder: “As minhas filhas”.

Este programa foi inicialmente emitido na SIC a 10 de junho de 2023, recorde aqui o testemunho da atriz com a versão podcast do ‘Alta Definição’. A sinopse deste episódio foi criada com o apoio de IA. Saiba mais sobre a aplicação de Inteligência Artificial nas Redações da Impresa.

Entrevistas intimistas conduzidas por Daniel Oliveira. Todas as semanas um novo convidado no ‘Alta Definição’, um programa da SIC. Ouça mais episódios:

Bloco de Esquerda anuncia que vai pedir uma comissão de inquérito aos incêndios de 2025

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, anunciou nesta segunda-feira que vai pedir uma comissão parlamentar de inquérito com um foco na coordenação e meios de combate aos incêndios florestais ocorridos no Verão de 2025.

“Achamos que este é o momento de maior emergência e vamos apresentar uma comissão de inquérito que tem um foco muito específico, que é a coordenação e os meios de combate ao incêndio. De forma nenhuma interpretem isto como dizer que esta parte é mais importante que a parte que vem a seguir, que é a gestão do território e da floresta”, sustentou.

O anúncio do pedido de constituição de uma comissão eventual de inquérito sobre a prevenção e o combate aos fogos florestais ocorridos no Verão de 2025, que vai dar entrada nesta segunda-feira na Assembleia da República, foi feito na freguesia de Avô, no concelho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, depois de uma visita a casa de um agricultor que viu as chamas terem atingido novamente os seus bens.

Este anúncio feito por Mariana Mortágua surge depois de, primeiro, o JPP ter anunciado a intenção de propor a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar “responsabilidades políticas” nos incêndios que neste Verão atingiram Portugal, e após, neste domingo, o Chega ter revelado que também proporá uma CPI, embora com o objectivo de avaliar não apenas os fogos mas também o negócio em torno dos mesmos.

Fazer nada durante 90 minutos. Na Coreia do Sul, é um desporto

Consegue estar imóvel, em silêncio e sem expressão durante 90 minutos? Na Coreia do Sul, esse desafio transformou-se numa curiosa tradição anual que atrai centenas de participantes e milhares de espectadores junto ao rio Han, em Seul. Criada em 2014, a “Space-Out Competition”, tornou-se um fenómeno cultural que celebra a arte de não fazer nada numa sociedade marcada pela procura  incessante da produtividade. As origens da competição são mais artísticas do que desportivas. A ideia surgiu da artista sul-coreana Woopsyang, que a concebeu como um projeto público contra o desgaste do quotidiano moderno. Num país conhecido pelas longas jornadas laborais,

Antigo defesa Gabriel vê FC Porto “mais forte e favorito”

Onde é que um Sporting – Porto se cruza com um Sporting – Benfica? A resposta está na imprevisibilidade do resultado nos clássicos, bem lembrada numa entrevista a Bola Branca por Gabriel Azevedo Mendes, no mundo da bola simplesmente Gabriel. O antigo lateral direito representou o FC Porto durante nove épocas (1974-1983) e o Sporting CP em quatro temporadas (1983-1987) e foi em Alvalade que participou num daqueles jogos entre grandes rivais que ficam para a história: os 7-1 do Sporting ao Benfica, a 14 de dezembro de 1986. O evento é recordado por Gabriel, a pretexto do clássico que aí vem, em Alvalade, para o qual o antigo jogador vê o FC Porto com mais condições para somar os 3 pontos.

“À partida, o Porto é mais favorito, parece-me que está melhor, mas são duas grandes equipas e espera-se que qualquer delas possa ganhar. Eu estou a lembrar-me que estava no Sporting, até estávamos a meio da tabela, e damos 7 a 1 ao Benfica, não é?” Ah, pois é…Do nada, pode sair uma goleada em Alvalade, embora o arranque de temporada de Sporting e Porto deixe antever um duelo equilibrado.

Este será o primeiro clássico em Portugal para vários jogadores do FC Porto, tenham ele mais ou menos experiência de grandes palcos. É o caso de Bednarek, Luuk De Jong, Froholdt, Gabri Veiga ou Borja Sainz. Do lado do Sporting estará o estreante em clássicos Luís Suarez. Quando recua aos seus tempos de jogador, Gabriel admite que semana de clássico era semana mal dormida.

“Todos os jogos são importantes e, quem me viu jogar, sabe que, qualquer que fosse o adversário, eu tentava sempre, sempre, dar o máximo. Agora, estes jogos, o que sai na imprensa, todos os dias a falarem daquilo, põe a gente a custar um bocadinho mais adormecer; mas pronto, na hora do jogo toda a gente dá o máximo” sublinha o antigo jogador de Porto e Sporting.

Mercado, Froholdt e um treinador a mostrar que estava preparado

Nesta entrevista à Renascença, Gabriel confessa que “pela juventude e pela qualidade do futebol” o médio portista Froholdt o tem impressionado. Já o desempenho do técnico italiano Francesco Farioli – que está a pôr o Porto a jogar como não se via desde os bons tempos de Sérgio Conceição – parece não surpreender o antigo defesa. Para Gabriel, o bom arranque de época portista revela um treinador preparado e que sabia que contaria com um bom plantel.

“Não me surpreende, porque ele para vir para o Porto tinha de se por ao corrente do valor da equipa. Quando se junta ao valor da equipa o valor do próprio treinador, os resultados normalmente aparecem”, declara.

O clássico deste sábado, em Alvalade, acontece a poucos dias do fecho do mercado de verão. No Sporting, é quase certo que Harder sai; há incertezas quanto a Hjulmand e Morita. No Porto, o futebol saudita tenta seduzir o jovem talento Rodrigo Mora e Diogo Costa (que completou os 200 jogos de Dragão ao peito) também continua referenciado no mercado. Os milhões de euros dos dias de hoje estão muito acima dos milhares de contos do passado e, neste contexto, Gabriel não hesita na resposta, quando questionado se o mercado mexe com a cabeça dos jogadores.

“Disso não tenho a menor dúvida. Os jogadores são seres humanos e, se houver qualquer coisa que possa pender para sair, ou para ficar, não os deixa tranquilos e é normal que fiquem agitados” remata.

Incêndios. Carneiro diz que PS não precisa de dar prova de vida, critica “medidas avulso” do Governo e cita Cavaco Silva

O líder socialista disse esta segunda-feira que o PS não precisa de dar prova de vida na questão dos incêndios e propôs um programa que atribua apoios diretos a agricultores e câmaras para as limpezas preventivas.

Antes de iniciar uma viagem pela Estrada Nacional 2 (EN2), a partir do quilómetro zero em Chaves, José Luís Carneiro foi questionado sobre o sentido de voto do PS relativamente à comissão de inquérito aos fogos que o Chega anunciou do domingo que iria formalizar.

“Nós fomos o primeiro partido a apresentar como proposta para a criação de uma comissão técnica de inquérito. Compreendo bem que haja quem tenha problemas de consciência porque esteve 10 dias desaparecido do país e ao fim de 10 dias queria dar prova de vida”, afirmou o líder socialista, sem concretizar sobre quem estava a falar e salientando que o PS “não tem essa necessidade”. Na semana passada, o PS apresentou um projeto-lei com vista à constituição a comissão técnica independente sobre os incêndios.

Paralelamente, o secretário-geral socialista criticou o Governo por apresentar “medidas avulso” em diferentes setores. “Já percebemos que o Governo não tem uma visão para o desenvolvimento do nosso país. Vai apresentando medidas avulso, mas não tem uma visão para o desenvolvimento, para a coesão, para a economia, para o emprego, particularmente nos territórios que estão mais afastados dos grandes centros urbanos”, afirmou.

Ao longo da viagem, o líder socialista passará por território afetados pelos incêndios. Questionado pelos jornalistas sobre se está preparado para também ouvir críticas, por ter integrado o Governo de António Costa, respondeu que quem “tem que prestar contas por aquilo que fez ou que não fez é o Governo que está no desempenho das suas funções”.

De seguida, passou ao ataque ao Governo de Luís Montenegro com recurso às palavras do antigo Presidente da República Cavaco Silva — que considerou ser um “guru espiritual” do atual primeiro-ministro — e citou: “A partir dos seis meses de Governo, um Governo que procure justificar os seus insucessos com Governos do passado é um Governo incompetente”.

José Luís Carneiro disse ainda que o Governo PS tinha “um caminho que estava a ser desenvolvido” e considerou “incompreensível” que o “Ministério da Agricultura tenha ido buscar mais de 120 milhões de euros das políticas florestais e tenha levado esse valor para outras políticas, retirando esses recursos financeiros daquela que deveria ser uma prioridade”.

O líder do PS referiu ainda que os socialistas têm feito muitas propostas relativamente aos incêndios e, “aproveitando a boa abertura” demonstrada pelo ministro da Economia e Coesão Territorial, defendeu a criação de um “programa equivalente ao VITIS” que permita “que os agricultores e pequenos produtores florestais tenham apoios diretos para a limpeza dos seus hectares de floresta, que é em regime de micro e pequena propriedade onde se fazem sentir mais os incêndios”.

E que permita ainda, acrescentou, que na revisão da lei das Finanças Locais os “municípios tenham também uma comparticipação do Estado para realizarem as limpezas obrigatórias e de caráter administrativo”. “Se conseguirmos dar este passo em frente é já um passo importante para responder particularmente às necessidades de maior urgência, que são as limpezas de segurança, as limpezas de caráter preventivo”, frisou.

O programa VITIS significa Regime de Apoio à Reestruturação e Reconversão de Vinhas.

O líder socialista lembrou igualmente propostas feitas ao “Governo para que a gestão das condições atmosféricas, da humidade, dos ventos, pudessem ter sido acompanhadas de outra forma” e reforçou que “é evidente que é preciso” enfrentar os efeitos das alterações climáticas.

“Mas quando eu dizia isto, no passado, o senhor primeiro-ministro dizia que eu queria desviar-me daquilo que era o essencial dos deveres do ministro da Administração Interna, dizendo que eu andava a apregoar a ciência. O seu ministro, o atual ministro dos negócios estrangeiros, o doutor Paulo Rangel, dizia mesmo que eu era uma espécie de propagandista da ciência nacional”, afirmou.

Mas, acrescentou, “certamente agora já chegaram à conclusão” de que tinha razão quando em 2022 chamou uma comissão de cerca de 30 peritos para avaliarem os incêndios da Serra da Estrela”.

“As conclusões foram publicadas em livro, estão lá, as recomendações foram incorporadas em 2023, o que há que compreender é porque é que em 2023 e 2022 e ainda em 2024, que era o resultado do planeamento que foi feito, o sistema de Proteção Civil respondeu e porquê é que não respondeu em 2025, Mas a isso só mesmo o primeiro-ministro é que pode responder”, frisou.

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Incêndios. Bloco de Esquerda anuncia que vai pedir uma comissão de inquérito

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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, anunciou esta segunda-feira que vai pedir uma comissão de inquérito com um foco na coordenação e meios de combate aos incêndios florestais ocorridos no verão de 2025.

“Achamos que este é o momento de maior emergência e vamos apresentar uma comissão de inquérito que tem um foco muito específico, que é a coordenação e os meios de combate ao incêndio. De forma nenhuma interpretem isto como dizer que esta parte é mais importante que a parte que vem a seguir, que é a gestão do território e da floresta”, sustentou.

O anúncio do pedido de constituição de uma comissão eventual de inquérito sobre a prevenção e o combate aos fogos florestais ocorridos no verão de 2025, que vai dar entrada esta segunda-feira na Assembleia da República, foi feito na freguesia de Avô, no concelho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, depois de uma visita a casa de um agricultor que viu as chamas terem atingido novamente os seus bens.

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Brasil. Português Luís Miguel Militão alega prisão ilegal e exige libertação ao fim de 24 anos

O português Luís Miguel Militão exige a sua libertação imediata da cadeia, depois de ter sido condenado em 2001 a 150 anos de prisão pela morte de seis empresários portugueses em Fortaleza, no Brasil. De acordo com o jornal Correio da Manhã, Militão — que ficou conhecido como o ‘Monstro de Fortaleza’ — alega que a sua prisão é ilegal, por ter estudado e trabalhado durante a sua condição de recluso, e que esse tempo deve ser descontado da pena, sendo que no Brasil a pena máxima de prisão efetiva é de 30 anos.

Nesse sentido, já foram apresentados desde o final do ano passado junto do Tribunal de Justiça do Ceará um total de sete pedidos de habeas corpus, dos quais seis foram rejeitados. Um pedido está pendente de decisão do Superior Tribunal de Justiça brasileiro, uma das mais altas instâncias judiciais do país — equivalente ao Supremo Tribunal de Justiça em Portugal –, e que já rejeitou anteriormente dois pedidos de libertação de Luís Miguel Militão. Os pedidos têm sido formulados pela mulher do recluso, Maria Leandro.

A informação remetida ao jornal pelo tribunal do Ceará refere que o sistema informático prisional, efetivamente, assinala que o português “está preso desde 27 de agosto de 2001 e o Sistema Eletrónico de Execução Unificado indica 30 anos, 8 meses e 7 dias de pena cumprida”. Essa singularidade explica-se por o sistema adicionar os dias a descontar da pena àqueles que foram efetivamente cumpridos, mas essa circunstância tem sido rejeitada pela justiça brasileira como fundamento para a libertação.

O Tribunal de Justiça do Ceará clarificou ainda que o tempo a ser descontado da pena tem por base a condenação a 150 anos e não o máximo de permanência de 30 anos de forma ininterrupta num estabelecimento prisional. Desse modo, a data para que Militão, atualmente com 55 anos, possa sair em liberdade está fixada em 6 de dezembro de 2031.

O português, natural do Barreiro, ficou conhecido por ter atraído com argumentos financeiros até Fortaleza seis empresários nacionais, que viria a matar no dia 12 de agosto de 2001, com a colaboração de outros quatro cidadãos brasileiros, igualmente condenados com penas superiores a 100 anos de prisão.

António Correia Rodrigues, Vitor Manuel Martins, Joaquim Silva Mendes, Manuel Joaquim Barros, Joaquim Fernandes Martins e Joaquim Manuel Pestana da Costa terão sido agredidos e depois enterrados vivos e cobertos com cimento. Os corpos foram retirados da Praia do Futuro, em Fortaleza, pelas autoridades brasileiras em 24 de agosto de 2001.

Ninguém deveria morrer numa arena

Morreu esta semana, com apenas 22 anos, um jovem forcado colhido por um touro durante um espectáculo tauromáquico.

A tragédia foi amplamente noticiada, e, como é habitual nestes casos, muitas pessoas voltaram os olhos para quem se opõe à tauromaquia, como é o caso da ANIMAL, esperando um qualquer tipo de reacção de júbilo. Nada mais longe da realidade. Na verdade, quando alguém morre numa arena, ainda que seja alguém que escolheu estar ali, sentimos precisamente aquilo que qualquer pessoa sensata e empática sentiria: tristeza. Pena.

Sentimos a tristeza de saber que mais uma vida foi interrompida de forma absolutamente desnecessária. Lamentamos saber que há pais que perderam um filho. Que há amigos que perderam um companheiro. Que há uma comunidade inteira que chora. E tudo isto porquê? Porque continua a haver, em pleno século XXI, espectáculos que glorificam a violência, o sofrimento e o risco como se fossem património que não pode ser questionado. Porque continua a haver uma insistência em manter tradições absolutamente anacrónicas que colocam em risco vidas humanas e que infligem um sofrimento atroz a animais sencientes.

Este não é um caso isolado. A tauromaquia, quer em Portugal, quer nos outros países onde ainda é legal, soma já muitas vítimas humanas. Gente que ficou marcada para sempre, física e emocionalmente. Jovens que viram as suas vidas transformadas por lesões graves, com consequências permanentes. Famílias que vivem com uma dor que não desaparece. Não faz sentido!

A tauromaquia é, por definição, um exercício de violência. Mesmo quando os humanos envolvidos o fazem por opção, e mesmo quando o assumem como parte de uma tradição que dizem amar, o contexto continua a ser violento. Uns escolhem estar ali, outros não. Mas, ainda assim, nenhum ser deveria ser exposto à dor, à humilhação ou à morte por entretenimento.

Soube-se, entretanto, que esta não foi a única morte humana naquele recinto. Um espectador, ao ver “a colhida”, ter-se-á sentido mal, o que o levou a óbito. Nada disto é inevitável. Nada disto pode ser normalizado.

E, por mais que se repitam as justificações mastigadas da cultura e da tradição populares, nenhuma consegue apagar o essencial: é possível escolher não perpetuar a violência. É possível e é urgente.

A quem continua a alimentar este espectáculo, esta mortandade, a quem o pratica, a quem o promove, a quem o aplaude, fica apenas esta pergunta: esta vossa diversão vale mesmo a pena?

A resposta está em cada vida perdida, seja ela humana ou não humana.

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