Num ano, ULS Santa Maria não aplicou qualquer processo a utentes por comentários ofensivos nas redes sociais. Despacho continua em vigor


No último ano, a Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria não instaurou qualquer processo judicial a utentes por críticas à instituição ou aos profissionais de saúde nas redes sociais, apesar de o polémico despacho que prevê a medida ainda estar em vigor.
Em agosto de 2024, o Observador avançou a notícia de que o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, iria passar a processar utentes ou cidadãos que criticassem nas redes sociais, de forma ofensiva, a instituição e/ou os seus profissionais de saúde.
Em causa, de acordo com um despacho interno, estariam comentários que atingissem “a honorabilidade, a reputação e o bom nome” dos profissionais e da instituição. Nesses casos, o gabinete jurídico poderia atuar, reportando as situações aos tribunais e ao Ministério Público, para depois avançar com os processos.
Santa Maria ameaça com processos utentes que façam críticas ofensivas ao hospital nas redes sociais
Um ano depois, a ULS Santa Maria confirma ao Observador que, “até à data, não chegou, nos termos do despacho, nenhuma proposta enviada pelo Gabinete Jurídico ao Conselho de Administração”. Ou seja, nenhum utente foi processado, facto com o qual a instituição “se congratula”.
Na mesma resposta, o Santa Maria reitera que “não existe qualquer triagem por nenhum profissional ou serviço ou censura de comentários nas redes sociais da ULS Santa Maria” e garante que é sempre respeitada a liberdade de expressão. A ULS adianta que o despacho continua em vigor, mas “espera convictamente nunca ter de avançar com qualquer processo nesta área”.
Em agosto de 2024, a medida levou a críticas dos partidos, com destaque para a Iniciativa Liberal, que chamou o presidente da Unidade Local de Saúde de Santa Maria de urgência ao Parlamento.
Na audição, já em outubro de 2024, Carlos Martins reforçou a ideia de que a medida não configurava um ato de censura, mas sublinhou que “casos graves obrigarão a instituição a reagir”. O responsável garantiu também que não estava arrependido de ter emitido o despacho — ao contrário do que foi dito pelo ex-ministro e ex-presidente do Santa Maria Adalberto Campos Fernandes, na Rádio Observador.