Luís Montenegro “otimista”, Pedro Nuno Santos diz que “não dá para celebrar queda da nossa economia”

O líder da AD, Luís Montenegro, mantém o otimismo e as metas macroeconómicas apesar do abrandamento da economia portuguesa no primeiro trimestre do ano. O socialista Pedro Nuno Santos diz que esta foi outra área onde o atual Governo falhou.
O tema surgiu na parte final do debate deste domingo, na RTP, entre os oito líderes com assento parlamentar e candidatos às eleições legislativas de 18 de maio.
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Luís Montenegro foi confrontado com os últimos dados do INE, segundo os quais no primeiro trimestre de 2025 o Produto Interno Bruto cresceu 1,6% em termos homólogos e diminuiu 0,5% em relação ao último trimestre de 2024.
O primeiro-ministro sublinha que a economia não entrou em contração no primeiro trimestre, cresceu 1,6% em relação ao período homólogo, e compara com um último trimestre de 2024 que teve um crescimento muitíssimo elevado”, sem “paralelo desde que entrámos no euro, à exceção da pandemia”.
O programa da AD prevê um excedente no final de 2025 e Montenegro não altera a meta: “Estamos num bom momento da economia portuguesa, temos estabilidade económica e financeira e temos todas as razões para continuar a ter um ano em que se perspetiva que possamos chegar ao final com todas as nossas estimativas cumpridas”.
Com a instabilidade mundial provocada pelas tarifas de Trump, o primeiro-ministro diz que é preciso ser prudente, mas também ambicioso.
“Quando propomos baixar o IRS em 500 milhões este ano, estamos a valorizar e a estimular o trabalho. Quando propomos cumprir o que está no Orçamento para motivar o investimento das empresas, estamos a criar condições para poder ter mais investimento e chegar ao final do ano com um desempenho como tivemos o ano passado”, sublinha.
O líder da AD mantém “o otimismo apesar de estar bem consciente das incertezas e ameaças que a situação internacional acarreta” e considera que o investimento em Defesa é “crucial”.
Economia. “Outra área em que Montenegro falhou”
Já o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, olha para os resultados recentes da economia “com preocupação”.
“É outra área em que Montenegro falhou. No último trimestre da sua governação a economia portuguesa recuou 0,5%. Este é o resultado que Montenegro nos deixa. Não dá para celebrarmos uma situação económica quando o primeiro trimestre é de queda da nossa economia”, alerta.
O líder socialista considera que o “crescimento económico para 2025 já vai ter que ser revisto em baixa, porque ninguém contava com uma contração no primeiro trimestre”. Este cenário, afirma, “torna o programa da AD que já era uma fantasia numa impossibilidade completa de ser executado, é uma mentira o cenário macro do programa eleitoral da AD”.
Em contrapartida, Pedro Nuno Santos defende que o programa do PS “prepara o país para um clima de incerteza e de aumento da inflação em caso de guerra comercial”, com medidas como o IVA zero no cabaz alimentar e IVA a 6% na eletricidade.
Montenegro respondeu às críticas socialistas: “A sua cassete era a mesma o ano passado, e no ano passado superamos todas as metas”.
“Duas coisas dramáticas”
Por seu lado, André Ventura defende que o cenário macroeconómico do Chega “é mais próximo do Conselho de Finanças Públicas”, enquanto o do PSD “é uma fantasia” e o do PS “saca a toda a gente para distribuir”.
“A economia contraiu no último trimestre e pagamos uma carga fiscal recorde. Duas coisas dramáticas. A economia contraiu, ficamos pior com Montenegro, e pagamos mais impostos. Não podemos sugar as pessoas de tudo o que é o seu trabalho e rendimento para distribuir por todos”, afirma o líder do Chega.
Bloco de Esquerda, CDU e Livre consideram que é necessário alterar o atual modelo económico de Portugal, baseado em baixos salários, turismo de massa e numa “bolha imobiliária”.
Rui Rocha, da Iniciativa Liberal (IL), afirma que o atual momento “implica que tenhamos de acelerar o que temos a fazer para acelerar o crescimento económico”.
É preciso medidas para atacar o desemprego jovem, os salários baixos e as dificuldades no acesso a habitação, bem como um alívio fiscal para a “geração dos entalados”, entre 36 e 66 anos de idade.
Inês Sousa Real considera que o braço de ferro entre Donald Trump e a União Europeia, por causa das taxas alfandegárias, pode colocar em risco vários setores do nosso país e defende uma “forte aposta na economia verde”, na soberania energética e menos dependência alimentar.
Depois do debate na RTP, para esta segunda-feira, às 9h30, realiza-se o Debate das Rádios, na Renascença, Antena 1, TSF e Observador, com os candidatos dos partidos com assento parlamentar.