Plano de verão não evita encerramento de urgências, dizem administradores hospitalares

Os hospitais só podem fechar urgências externas com autorização da Direção Executiva do SNS (DE-SNS), e passam a ter de comunicar diariamente a taxa de ocupação de camas e a afluência aos serviços de urgência.

As medidas constam do Plano para a Resposta Sazonal e Saúde – módulo de verão, que entra em vigor nesta quinta-feira e se estende até 30 de setembro.

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De acordo com o despacho, face a um aumento da procura dos serviços de saúde, que carateriza esta época, é necessário “um reforço estratégico da capacidade assistencial do Serviço Nacional de Saúde (SNS), garantindo a continuidade e qualidade dos cuidados de saúde prestados”.

Sete urgências fechadas no sábado e oito no domingo, maioria em Lisboa e Vale do Tejo

Para o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares (APAH), o plano de verão não evita o encerramento de urgências.

À Renascença, Xavier Barreto considera que as novas regras não vão resolver o problema da falta de recursos humanos.

Entre elas está a divulgação das escalas de serviço junto da DE-SNS com, pelo menos, dois meses de antecedência, uma exigência que Xavier Barreto considera não evitar o encerramento das urgências, porque estes serviços estão dependentes dos prestadores de serviços, os chamados médicos tarefeiros.

O presidente da APAH exemplifica: “podemos hoje perguntar aos prestadores de serviço se estarão disponíveis para fazer um turno em meados de agosto e podem dizer-nos que sim, mas se, entretanto, mudarem de ideias, se, entretanto, remarcarem as suas férias, ou se tiverem uma outra oferta de trabalho, podem perfeitamente não fazer o turno no nosso hospital e daí não decorre qualquer consequência”.

Xavier Barreto acrescenta que “o prestador de serviço não tem nenhum vínculo com o hospital”, nem tem de “articular o seu plano de férias com a restante equipa”.

Este responsável admite que “infelizmente fomos sustentando o funcionamento dos serviços de urgência no trabalho dos prestadores de serviço, quando nunca o deveríamos ter feito”.

Xavier Barreto conclui que esta é uma “importante causa para a situação que estamos a viver” de falta de médicos nos hospitais.

O futuro da navegação no espaço

A informação mais relevante da Economia nacional e internacional ganha espaço na SIC Notícias. Economia Expresso é o novo programa sobre empresas, impostos, energia, finanças pessoais, bolsa, administração pública, imobiliário, entre outros temas económicos. Com Teresa Amaro Ribeiro, Gonçalo Almeida e Mariana Coelho Dias.

Montenegro diz que PS “tem muito mais a ver” com divulgação de dados da Spinumviva

O presidente do PSD, Luís Montenegro, disse esta quinta-feira que há indícios de que o PS “tem muito mais a ver” com a divulgação dos clientes da empresa Spinumviva e reiterou que não difundiu nem promoveu a difusão do documento. O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, garante que só soube do caso pelas notícias.

“Mais uma vez, os factos aparecem distorcidos, manipulados, e fui até acusado pelo líder do PS de o ter feito, quando, afinal de contas, não tenho a certeza, mas parece que o Partido Socialista tem muito mais a ver com isso do que eu”, afirmou.

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Montenegro foi questionado pelos jornalistas numa ação da AD – Coligação PSD/CDS na feira Ovibeja, em Beja, sobre o deputado do PS Pedro Delgado Alves ter admitido a consulta de informação com novos dados de clientes da Spinumviva, empresa fundada pelo presidente do PSD e que passou recentemente para os seus filhos.

Luís Montenegro canta “Sonhos de menino” em dueto com Tony Carreira nas celebrações do 25 de Abril

Delgado Alves assumiu ter acedido a informação que o primeiro-ministro e líder do PSD enviou à Entidade para a Transparência e que partilhou informação com Fabian Figueiredo, do Bloco de Esquerda.

Na sequência da divulgação de novos dados, o deputado do PSD Hugo Carneiro pediu ao Grupo de Trabalho do Registo de Interesses no Parlamento que peça à Entidade para a Transparência os registos de quem acedeu aos dados sobre o primeiro-ministro.

Hoje, o presidente do PSD salientou ter dito a verdade no debate de quarta-feira com o líder do PS, Pedro Nuno Santos, quando recusou ter responsabilidades na divulgação dos novos dados dos clientes, ainda que tenha sido “posto em causa”.

“Eu não promovi nenhuma divulgação, nem nenhuma publicitação, não tive nenhuma atitude que pudesse condicionar de que forma fosse o debate que foi realizado”, insistiu.

Na quarta-feira, o Expresso noticiou que o primeiro-ministro entregou uma nova declaração à Entidade para a Transparência, referindo mais empresas com as quais a Spinumviva trabalhou e fê-lo na véspera do frente a frente com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

No debate, o líder da AD disse que não foi ele a tornar pública qualquer interação, dizendo ter respondido a uma solicitação que lhe foi feita, depois de o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, o ter acusado de não ter “idoneidade para o cargo que ocupa”.

Pedro Nuno Santos soube do caso pelas notícias

O líder do PS assegurou hoje que antes do debate televisivo com o primeiro-ministro só sabia da entrega do registo de interesse com nomes dos clientes da Spinumviva através uma notícia.

“Fiquei a saber quando fui para o debate que havia uma notícia que dava nota de que o primeiro-ministro tinha entregado no seu registo de interesse o nome dos clientes” da Spinumviva, afirmou Pedro Nuno Santos quando questionado pelos jornalistas numa ação de rua em Rabo de Peixe, nos Açores.

Pedro Nuno Santos considerou que “Pedro Delgado Alves, como outro deputado, tem acesso, e é suposto ter, ao ‘site’ da Entidade para a Transparência”.

O líder socialista considerou que Pedro Delgado Alves fez “o seu trabalho enquanto deputado”.

“Não vamos misturar: aquilo que é relevante é termos alguém a liderar os destinos do país que oculta informação que é suposto dar”, afirmou.

De acordo com o secretário-geral do PS, “o pior que se podia fazer é ir atrás do jogo que o PSD está a fazer hoje para tentar mascarar aquilo que é verdadeiramente importante, que é um primeiro-ministro ocultar informação”.

Segundo Pedro Nuno Santo, o facto de a informação “não ter sido dada há um ano não permite que se faça o controlo de eventuais conflitos de interesse”.

Nuno Borges segue em frente no Estoril Open

O tenista Nuno Borges venceu na segunda ronda do Estoril Open.

O português, número 41 do mundo, derrotou o húngaro Marcon Fucsovics em três sets equilibrados: 6-7, 7-6 e 6-4.

A partida durou mais de três horas.

Borges vai agora defrontar o sérvio Miomir Kecmanovic, nos quartos de final do torneio.

O Challenger 175 do Estoril Open disputa-se até ao próximo dia 4 de maio, no Clube de Ténis do Estoril.

[em atualização]

CGTP reitera exigência de aumento salarial de 15% e fim de banco de horas

O secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, reforçou esta quinta-feira a exigência do aumento salarial de pelo menos 15% para todos os trabalhadores, bem como o fim de banco de horas.

“No nosso país, a vida dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados e da população em geral está hoje mais difícil. Crescem as dificuldades para garantir uma vida digna, com salários e pensões insuficientes para cobrir os custos com a habitação, alimentação e serviços essenciais, por sérias limitações no acesso à saúde, à educação, à habitação, entre outros bens”, disse Tiago Oliveira perante milhares de pessoas concentradas nos jardins da fonte Luminosa, na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa.

Neste contexto, reforçou a exigência de “em cada empresa e local de trabalho” haver “aumento dos salários em 15% num mínimo de 150 euros”.

Quando se assinala o Dia Internacional do Trabalhador, o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN) alertou ainda para a precariedade e destacou que o poder de mudança está nas mãos dos trabalhadores e na sua capacidade de luta e mobilização.

“A precariedade é uma chaga social? É! Somos o segundo país da UE onde a taxa de precariedade é maior, são 1,2 milhões de trabalhadores nesta situação. E contra ela vamos lutar nas ruas, exigindo uma política diferente, mas também em cada empresa e local de trabalho, exigindo que a cada posto de trabalho permanente corresponda um vínculo de trabalho efetivo”, apontou.

O fim de banco de horas e da “desregulação completa dos horários” é outro dos pontos do caderno reivindicativo da CGTP-IN.

Lamentando que a “normalização do trabalho aos sábados, domingos e feriados, o trabalho por turnos e noturno” seja hoje uma realidade, abrangendo 1.9 milhões de trabalhadores, Tiago Oliveira assegurou que vão manter o “combate firme” e exigir “uma política diferente, que responda aos interesses da maioria, mas também em cada empresa e local de trabalho na luta pelas 35 horas de trabalho para todos os trabalhadores, o fim de bancos de horas e outras formas de desregulação das nossas vidas”.

No discurso do 1.º de Maio, Tiago Oliveira recordou ainda a desfile comemorativo do 25 de Abril, “onde por todo o país o povo e os trabalhadores saíram mais uma vez à rua demonstrando que Abril continua bem vivo e nos nossos corações”.

Aproveitou para saudar os muitos milhares que esta quinta-feira se juntaram à manifestação em mais 34 iniciativas que a CGTP-IN realiza por todo o país. “Na passagem de mais um aniversário dos massacres de Chicago que estiveram na origem do 1º de Maio, há 139 anos, saudamos os milhões de trabalhadores que, por todo o mundo e em Portugal, saem à rua, exigem e conquistam mais direitos e lutam por melhores condições de vida e de trabalho”, afirmou.

Durante o seu discurso, Tiago Oliveira aproveitou para lembrar que as eleições legislativas, no dia 18, podem ser um passo para a mudança e “uma alternativa que garanta e eleve os direitos dos trabalhadores e dos reformados, dos jovens e de todos os que vivem e trabalham no nosso país”.

“É urgente uma política que implemente soluções aos problemas, que afirme um novo modelo de desenvolvimento, soberano, que promova a produção nacional, o aumento geral e significativo de todos os salários e pensões, a garantia e melhoria dos direitos dos trabalhadores”, defendeu.

Criticou ainda a continuação da política de direita “desenvolvida ao serviço dos grupos económicos e financeiros”, defendendo que “a economia de enormes riquezas para poucos não se harmoniza internamente com os muitos pobres que não têm como viver”.

Sexta na TV: Malditos, boas ondas e O Que Arde

CINEMA

O Que Arde
RTP2, 23h03

Depois de passar uma temporada na prisão por fogo posto, o galego Amador regressa à terra natal sem amigos nem dinheiro, para viver com a mãe e refazer a sua vida, julgado por tudo e todos pelos danos do incêndio pelo qual foi responsável. Entre outras distinções, o filme de Oliver Laxe ganhou o prémio do júri na secção Un Certain Regard, em Cannes.

Saw – Enigma Mortal
Hollywood, 23h50

Um psicopata leva as suas vítimas ao limite, obrigando-as a entrar em jogos macabros, letais e de lógica retorcida. É nessa situação que o jovem Adam e o Dr. Lawrence Gordon acordam, acorrentados à canalização, com um cadáver entre os dois. Nenhum sabe porque foi raptado, mas o assassino deixou numa cassete as regras do jogo, que implicam fazer escolhas inimagináveis se quiserem sobreviver.

Foi neste tom que Saw – Enigma Mortal, realizado por James Wan e escrito por ele e Leigh Whannell, inaugurou em 2004 uma popular saga gore que daria dez filmes (com um 11.º a caminho). Os fãs do género podem ver os cinco primeiros nesta sexta e nas próximas, sempre por esta hora.

SÉRIE

Malditos
Max, streaming

Uma comunidade cigana ameaçada pela subida das águas luta com todas as forças, encorajada pela sua líder, para evitar o despejo iminente, mesmo que isso implique contornar a lei, enveredar por caminhos perigosos e duvidosos ou correr o risco de desenterrar um segredo familiar. É no sul de França que se passa este thriller criado por Jean Charles Hue e Olivier Prieur, e produzido para a Max, com sete episódios de cerca de uma hora cada um.

DOCUMENTÁRIOS

As Crónicas de Hitler
RTP2, 20h39

“Com base na mais extensa compilação de material de arquivo até à data”, assegura a sinopse, “sendo quase metade fontes inéditas”, a biografia de Adolf Hitler é traçada desde o nascimento do ditador nazi, em 1889, até à sua morte, fez a 30 de Abril 80 anos. Enquadrada por quadros da “vida quotidiana europeia”, desenvolve-se em quatro episódios, organizados cronologicamente.

O primeiro vai até 1929, apanhando a infância na Áustria, a perda dos pais, a mudança para Munique, o serviço militar na I Guerra Mundial, o fortalecimento do perfil de líder partidário, o fascínio por Mussolini e a escrita do manifesto nazi Mein Kampf. A sua ascensão ao poder e os tempos negros estavam apenas a começar. A história continua a ser contada na segunda-feira, até 1938; na terça, até 1943; e na quarta, até 1945.

O Triângulo das Bermudas: Águas Malditas
História, 22h16

Chega ao História (e, no sábado, também ao streaming do AMC Selekt) a segunda temporada da série que investiga aviões desaparecidos, objectos voadores avistados, navios afundados, pessoas que nunca mais foram vistas e outros relatos misteriosos vindos do chamado triângulo das Bermudas, ao longo de dezenas de anos. Uma equipa perscruta as profundezas da zona, com a ajuda preciosa de “um mapa que demorou décadas a fazer e onde está assinalada a localização de todos os naufrágios não identificados e outras anomalias”, adianta o canal.

Os dez episódios são debitados semanalmente, aos pares. Os dois primeiros debruçam-se sobre A maldição do porta-aviões, relativa a um desastre ocorrido em 1960, e Os gigantes desaparecidos, acerca de dois enormes cargueiros perdidos. Tempestade magnética, Triângulo de loucura, A baleia branca, Rainha mortífera, Vítima inicial, Piratas nas Caraíbas, Cemitério no Atlântico e Estrelas cadentes são os títulos dos próximos capítulos.

A Grande Onda da Nazaré
Max, streaming

Garrett McNamara, a onda gigante e a história que correu mundo e apontou o foco para a Nazaré. Eis o foco da premiada série filmada por Chris Smith, de volta para uma terceira vaga de cinco episódios.

Aborda a façanha do surfista norte-americano que, desafiado pelos nazarenos, ousou surfar uma perigosa e potencialmente fatal vaga de 30 metros, e cruza-a com o impacto que teve ao “transformar a vila piscatória num destino de surf de excelência”, explica a sinopse. Não se fica por Portugal: viaja pelo mundo para narrar a jornada de McNamara e também de camaradas surfistas como Andrew “Cotty” Cotton, Antonio “Tony” Laureano, Justine Dupont, Lucas “Chumbo” Chianca ou Nic von Rupp.

Na Casa Américo, o “resíduo zero” era o passo mais natural a dar

Com cerca de 150 hectares de vinha própria no Dão, espalhados por várias parcelas em Gouveia, a Casa Américo (Seacampo) é um projecto nascido em 2009 — ou, antes, bem antes disso, com o regresso à terra de Américo Seabra e a exploração das primeiras vinhas — e cujo foco foi sempre a qualidade. Não foi a promoção ou sequer o enoturismo, mas a qualidade do vinho. Apesar de o foco dos negócios da família estar no retalho alimentar — que tem nos EUA a cadeia de supermercados Seabra Foods e Seabra’s Market —, só no vinho, com a Seacampo, os Seabra facturaram, em 2024, dois milhões de euros.

Nas mãos da geração dos seis filhos do senhor Américo, a Casa Américo é um produtor discreto, onde as decisões são feitas à americana, por um “board” em que têm assento os responsáveis pelas diferentes áreas de trabalho e em quem os irmãos confiam. Nessa filosofia de liberdade com responsabilidade, não houve grande discussão no momento de experimentar algo novo na vinha, corria o ano vitícola de 2019. A certificação de 14,5 hectares de vinha na Quinta do Paço em modo de produção “Resíduo Zero” chegaria bem mais tarde, com o primeiro vinho certificado, um Touriga Nacional de 2023 (ver notas de prova ao lado), a ser lançado recentemente.

Conta-nos Luís Sousa que não ia à procura de uma certificação. “Na viticultura, mas também nas outras culturas, estamos todos um bocadinho atrapalhados por causa dos produtos e das substâncias activas que estão a ser retiradas do mercado. E, em conversa com uma empresa que vende produtos Resíduo Zero — a certificação é espanhola, mas tem representantes em Portugal —, resolvemos experimentar.” A atrapalhação de que fala o engenheiro responsável pela viticultura na Casa Américo vem do facto de a União Europeia querer, com a sua “Estratégia do Prado ao Prato” (inserida no Pacto Ecológico Europeu), reduzir em 50% a utilização de pesticidas químicos nos seus países-membros até 2030, de forma a atingir a neutralidade climática até 2050.

A certificação em “Resíduo Zero”, da espanhola Zerya, já é uma realidade em muitos negócios de hortofrutícolas e, em Portugal, é gerida pelo Continente (do grupo Sonae, que também detém o jornal PÚBLICO), que a exige a quem entra no seu Clube de Produtores. Mas há uma excepção, explica Luís, para o vinho e para o azeite. A Casa Américo não tinha, por isso, um ponto de partida, sequer um exemplo que pudesse seguir no sector vitivinícola. Mas não partiu propriamente do zero.

“Experimentámos, durante três anos, os tais produtos de resíduo zero num hectare de Touriga [Nacional] e chegámos à conclusão que, a nível de custos, e comparando com o [modo de produção] convencional que tínhamos nas outras vinhas, os custos eram quase idênticos. Havia ali uma diferença de 20 a 30 euros por ano. Eu ia vendo sempre o comportamento da vinha, e a nível de produtividade não houve quebras, mas só no quarto ano é que vinificámos à parte esta Touriga. Já que tínhamos tido o trabalho, fomos ver que vinho dava.”

Ora, 30 euros a mais num ano não era nada, comparando com o prometido ganho ambiental de produzir uvas e vinho de forma mais sustentável. Nesta altura, é preciso dizer que o resíduo zero é algo polémico entre as organizações que representam a agricultura nacional e mesmo entre produtores e defensores do biológico, sobretudo por haver um controlo dos níveis de pesticidas utilizados em análises feitas a posteriori.

Luís Sousa e Pedro Pereira são, respectivamente, responsáveis pela viticultura e pela enologia da Casa Américo
Adriano Miranda

Mas na Casa Américo já havia uma preocupação com a sustentabilidade e com a diversidade, afiança o produtor. Isso percebe-se, por exemplo, pelo bosquete mantido e cuidado mesmo ao lado da tal parcela de Touriga ou pelos enrelvamentos espontâneos nos corredores entre os bardos. E como dão cabo das ervas daninhas junto às videiras? As caldeiras estão limpas. Alguns anos obrigam a fazer “uma aplicação de herbicida”, admite Luís Sousa, mas a casa tenta primeiro deitar mão a outras técnicas, como o corte de ervas com o intercepas, “uma alfaia que permite trabalhar entre videiras”, ou o “amontoado” — literalmente amontoar terra por cima das plantas, para impedir que cresçam. “Como diziam os antigos, para abafar a erva que lá está”, interrompe o enólogo consultor Pedro Pereira.

Resíduos mínimos

Qual é, então, a principal premissa do resíduo zero? E em que difere esta certificação de outros modos de produção? Apesar do nome, o resíduo zero permite “alguns fitofármacos”, mas exige que as análises finais, de uvas e vinho, revelem resíduos mínimos dessas substâncias. Para percebermos melhor, perguntámos pela utilização de cobre, substância usada na produção biológica em substituição precisamente de produtos agro-químicos no controlo do míldio e o oídio, as duas doenças fúngicas da vinha que mais afligem os produtores, mas que, para ser eficaz, obriga a uma utilização mais frequente, com a agravante que não, uma vez no solo, fica no solo. Não se degrada.

No resíduo zero, as substâncias activas (cobre incluído) determinadas pelas análises finais têm de ficar abaixo de 0,01 partes por milhão (ppm) — no caso das uvas, isso quer dizer que eventuais resíduos devem estar abaixo de 0,01 mg/kg, explica Luís Sousa. “Estamos a falar de 500 gramas [de cobre] por ano, se tanto. Faço uma a duas aplicações de adubos à base de cobre.” De facto, no biológico, a União Europeia restringe o uso de cobre a um máximo de 28 quilos por hectare em sete anos, o equivalente a uma utilização média de quatro quilos por ano para a mesma área.

Para além da significativa redução no uso de pesticidas de síntese química, o resíduo pede “mobilizações mínimas ou não mobilização” do solo, “zonas para abrigo de pássaros” e um circuito que permita aproveitar e armazenar as águas da propriedade agrícola (pluviais, de poços, etc.) para regar as culturas, exemplifica Luís. “Aqui todas as águas da quinta são encaminhadas para reservatórios, para poderem ser utilizadas na rega. Temos instalação de rega em algumas parcelas, mas por enquanto não a estamos a utilizar.”

Estas são preocupações que também vemos noutros modos de produção, nomeadamente na agricultura regenerativa e na biodinâmica. As sobreposições de requisitos entre diferentes certificações levam a acreditar numa verdade: uma visão integrada e holística da cultura trará sempre mais vantagens para a mesma.

Não usam os preparados nem caldas, como fazem os da biodinâmica, mas usam “extracto de cavalinha para o míldio”. E nota o responsável: “Na região do Dão, o grande problema é o míldio, não é o oídio. Por essa razão, sempre utilizámos menos enxofre, porque há menos tendência para aparecer oídio. Também utilizamos sílica, por exemplo. São produtos de resíduo zero.”

“Áreas como este bosquete acabam por ter várias funções, não é? Preservam um bocadinho mais a humidade, funcionam como corta-fogos também e são abrigo para [insectos e outros] auxiliares. E o Dão sempre foi caracterizado pelas pequenas parcelas, parcelas que acabavam sempre por ter um tipo de separação quase natural. O pinhal, a oliveira, o castanheiro em alguns sítios. Havia sempre, assim, esta mistura. Aqui há uns anos dizia-se que quem não tivesse dimensão não vingaria, porque os custos eram muito elevados. Hoje em dia, ainda se fala de dimensão, mas quando nós falamos de terroir, no fundo falamos disto. É mais do que a própria vinha”, explica o consultor Pedro Pereira, conhecedor da sub-região da serra da Estrela, onde assina outros vinhos, nomeadamente os da Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem, ali bem perto.

Na adega, o resíduo zero impõe alguma coisa? “Não há assim uma limitação. Mas a nossa ideia é que no futuro este vinho resíduo zero tenha a menor intervenção possível”, nota Pedro Pereira, para quem o próximo passo é a utilização de leveduras indígenas (presentes na própria vinha) no arranque da fermentação, neste caso, espontânea. Quer fazê-lo já na vindima de 2025. Depois disso, e de estar consolidada a experiência nos 14 hectares de vinha actualmente em resíduo zero, a equipa equaciona a hipótese de alargar “o santuário”, como lhe chama o consultor, a toda a quinta.

O tinto Vinha de Púcaros Touriga Nacional Resíduo Zero 2023 é “o primeiro vinho português sem resíduos de pesticidas”, reclama a Casa Américo
Adriano Miranda
A vinha de Touriga Nacional que a Casa Américo certificou como “resíduo zero”, junto da espanhola Zerya
Adriano Miranda

Luís e Pedro estão há mais de uma década na Casa Américo. Juntos, plantaram um “campo de ensaio” (para o viticólogo, “campo de ensaio”; para o enólogo, “vinha experimental”) com 15 castas autóctones do Dão, replicando o material genético que encontraram nas vinhas velhas. Desse estudo, já saiu um vinho branco de maceração pelicular feito de Barcelo e Bical, um rosé de Baga (novidade absoluta; ver notas de prova) e, recentemente, a decisão de plantar mais um hectare de Barcelo.

O estudo da próxima década será também dedicado aos espumantes, depois da aquisição recente de uma vinha em Paramos da Beira, onde a Casa Américo está “a replantar castas para a produção de espumante, com a ajuda de especialistas da Bairrada”, disse, ao PÚBLICO, o director-geral da Seacampo. Segundo David Lopes, a Quinta Estrela Aldebaran é um projecto que “ainda demorará uns dez anos” a ver garrafa.

A Casa Américo tem no Dão 150 hectares de vinha, espalhados por várias propriedades; nesta vê-se ao fundo a serra da Estrela que tanto influencia os vinhos da sub-região homónima
Adriano Miranda

A família Seabra tem feito crescer o seu projecto nos vinhos — 40 mil garrafas por ano — porque também tem vindo a adquirir vinha, nuns casos pequenas parcelas a quem já não quer ou pode trabalhar a tempo, noutros património maior, como aconteceu com a aquisição faseada de vinhas ao grupo Bacalhôa (em breve, voltarão ao mercado os vinhos Quinta da Garrida) e, antes, com a compra da Adega Cooperativa de São Paio, quando esta se encontrava falida.

Nome Casa Américo Baga Rosé 2023

Produtor Casa Américo;

Castas Baga

Região Dão

Grau alcoólico 12,5%

Preço (euros) 30,80

Pontuação 92

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova Um rosé de Baga do sopé da serra da Estrela? Sim. Ao que parece, em Gouveia, concretamente na zona de Vila Nova de Tazem, sempre houve muita Baga. Então, porque não? Este fermentou e estagiou em barrica usada de “carvalho de leste” (50% do lote) e é um rosado de nariz contido, que não atrai pela exuberância. O nariz não dá pelo uso da madeira, mas ela foi primorosa a arredondar a adstringência da Baga. Vinho com bela acidez, austero, mineral (granítico), e que sai de uma vinha experimental plantada há 7 anos, onde o produtor pôs 15 castas autóctones.

Nome Casa Américo Branco Pelicular 2021

Produtor Casa Américo;

Castas Bical e Barcelo

Região Dão

Grau alcoólico 12,50%

Preço (euros) 28,70

Pontuação 92

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova É o primeiro branco de maceração pelicular feito do Barcelo da vinha experimental da Casa Américo e uma edição limitada — para já, mas que pode ver reedição na colheita de 2023, a ver. O mosto de Bical (do mesmo campo de ensaios) fermentou até ao fim com as películas das uvas, o Barcelo esteve em contacto pelicular sensivelmente até meio da fermentação. A cor citrina não denuncia esse processo. O enólogo conseguiu-a com “pouca movimentação e temperatura baixa”. Mineral e com um lado de folha seca no nariz, é um branco elegante e ligeiramente estruturado, de tanino envergonhado, mas presente. Será boa companhia para queijos da Estrela.

Nome Vinha de Púcaros Touriga Nacional Resíduo Zero 2023

Produtor Casa Américo;

Castas Touriga Nacional

Região Dão

Grau alcoólico 14,5%

Preço (euros) 18,80

Pontuação 90

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova É o primeiro vinho português certificado como “resíduo zero”, reclama o produtor. E a primeira impressão que nos passa é a da sua pureza aromática, com fruta silvestre primária (só viu inox e cimento), o lado fresco da humidade que rodeia a vinha que lhe dá origem e o lado arbustivo da casta — não vai tanto “à violeta das tourigas de Gouveia”, confirma o enólogo Pedro Pereira. Na boca, a fruta surge mais compotada e o tanino é vivo, arestado, mas nota-se que foi orientado pelo cuidado da enologia na extração. O álcool foi o que a vinha deu, como só estão certificados 14 hectares não havia como ia buscar componentes para lote a outras vinhas. É um vinho jovem, que pede tempo de garrafa, mas do qual já extraímos algum prazer agora.

Nome Casa Américo Tinto 625 mts 2019

Produtor Casa Américo;

Castas Várias castas (field blend)

Região Dão

Grau alcoólico 14%

Preço (euros) 28,50

Pontuação 95

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova Este tinto nasce na melhor parcela do produtor, de uma vinha na Quinta do Aral que fica a 625 metros de altitude e cuja parte mais velha tem 80 anos. Field blend, portanto, maioritariamente de tintas e “com as castas todas do Dão” — Camarate, Tinto Cão, Baga, Negro Mouro, Tinta Pinheira… —, mas onde o Jaen predomina. Na adega, 60% do lote estagiou em inox e 40% em barrica usada, durante 14 meses. O resultado final cheira a bosque na primavera — não é demasiadamente fresco, nem é quente —, é mineral e fresco. Na boca, tem uma belíssima acidez e um tanino que nos agarra pela elegância. Dos vinhos que nos ficam na memória.

Morreu no Brasil a pessoa mais velha do mundo com 116 anos

A freira brasileira Inah Canabarro, que era a pessoa mais velha do mundo, morreu na quarta-feira em Porto Alegre, poucas semanas antes de completar 117 anos, informou hoje a sua congregação religiosa.

A Companhia de Santa Teresa de Jesus disse que Inah Canabarro morreu em casa de causas naturais. O velório vai realizar-se esta quinta-feira em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul.

Nascida em 1908 no município de São Francisco de Assis (Rio Grande do Sul), a freira iria completar 117 anos no dia 27.

Canabarro foi confirmada em Janeiro como a pessoa mais velha do mundo pela LongeviQuest, uma organização que rastreia supercentenários em todo o mundo, depois da morte da japonesa Tomiko Itooka, em Dezembro de 2024, com 116 anos.

De acordo com a LongeviQuest, Inah Canabarro foi classificada como a 20.ª pessoa mais velha já documentada a ter vivido, uma lista liderada pela francesa Jeanne Calment, que morreu em 1997 aos 122 anos.

No seu 110.º aniversário foi homenageada pelo Papa Francisco.

Canabarro foi a segunda freira mais velha alguma vez documentada, depois de Lucile Randon, que foi a pessoa mais velha do mundo até à sua morte, em 2023, aos 118 anos.

Japão disponibiliza milhões a Moçambique para assistência humanitária

O governo do Japão disponibilizou 3.725 milhões de dólares (3,2 milhões de euros) para reforçar a assistência humanitária na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, afetada por ataques armados desde outubro de 2017.

“O Japão sente-se honrado em continuar a apoiar o povo de Moçambique (…). Esta contribuição reflete o nosso compromisso com a assistência prática e centrada nas pessoas e com o trabalho com parceiros nacionais para promover a estabilidade e a resiliência nas comunidades afetadas pelo conflito”, disse Keiji Hamada, embaixador do Japão em Moçambique, citado num comunicado enviado esta quinta-feira à comunicação social.

O montante deverá reforçar a assistência vital em áreas afetadas pela violência armada no norte de Moçambique durante os próximos 12 meses, devendo também servir para apoiar os esforços de Moçambique rumo ao desenvolvimento sustentável, refere-se no comunicado conjunto entre o Japão, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Governo de Moçambique.

O montante será disponibilizado através de quatro entidades das Nações Unidas, sob a liderança do Governo de Moçambique e em coordenação com as contrapartes moçambicanas.

“Este apoio renovado do Japão chega num momento crucial (..). As necessidades humanitárias no norte de Moçambique continuam agudas, mas também a oportunidade de investir na recuperação e em soluções inclusivas”, disse Catherine Sozi, coordenadora residente das Nações Unidas e coordenadora humanitária para Moçambique, também citada no documento.

O apoio nipónico deverá ser aplicado nos setores da segurança alimentar, proteção da criança, abrigo e artigos domésticos essenciais, saúde e fornecimento de água potável, além de fortalecer também iniciativas de recuperação e coesão social em colaboração com as autoridades locais e as comunidades afetadas.

“O governo de Moçambique está comprometido em fortalecer a sua parceria com o governo do Japão e as agências da ONU para ajudar a mitigar o sofrimento das comunidades afetadas”, disse Gabriel Monteiro, vice-presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) de Moçambique.

A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

Harvey Elliott quer continuar no Liverpool: «Nem tudo depende de mim…»

Jogador de 22 anos defende emblema inglês desde 2019

Harvey Elliott, médio ofensivo do Liverpool, deseja continuar ao serviço do campeão inglês. Contudo, o jogador de 22 anos sabe que nem tudo depende de si quando a janela do mercado de transferências reabrir.

“Estou comprometido com o clube e o projeto e espero continuar aqui na próxima temporada. Mas sei que nem tudo depende de mim e da minha vontade. Quem manda nestas coisas são os treinadores e as pessoas de cima”, revelou aos microfones do ‘Liverpool Echo’.

Recorde-se que Elliott nasceu para o futebol nas escolinhas do Fulham, juntando-se em 2019 ao Liverpool. De lá para cá foi assumindo um papel cada vez mais relevante no plantel, especialmente durante o ‘reinado’ de Jurgen Klopp. Com Arne Slot perdeu algum protagonismo mas continua a ser relevante no seio do plantel, com 24 jogos esta temporada, coroados com 4 golos e 2 assistências.

Por João Seixas

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