Trump vai defender encontro entre Putin e Zelensky, assegura Macron

[Em atualização]

Os líderes europeus estão determinados a que o encontro de Trump e Putin seja um sucesso. Quem o garante é o chanceler alemão, Friedrich Merz, um dos presentes no encontro desta quarta-feira com o Presidente dos Estados Unidos, que aconteceu por videoconferência. Já o Presidente francês assegurou que Donald Trump se vai bater por um encontro entre Putin e Zelensky, a acontecer na Europa, para que ambos possam discutir os termos de um eventual acordo de paz.

As declarações foram feitas no final do encontro virtual que juntou o Presidente norte-americano com vários líderes europeus e que acontece antes do encontro a dois, de sexta-feira, no Alasca. Nessa reunião, que servirá para tentar encontrar um final para a guerra na Ucrânia, apenas estarão presentes os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin. O chefe de Estado da Ucrânia não foi convidado.

Zelensky recusa ceder território no Leste da Ucrânia

Friedrich Merz — que recebeu Zelensky em Berlim — assegurou que, do lado da Europa, tudo será feito para que o encontro no Alasca seja um sucesso. “Por isso, nós, europeus, fazemos tudo o que podemos para orientar essa reunião na direção certa.”

Além disso, o chanceler alemão afirmou que os líderes europeus instaram Trump a trabalhar para alcançar uma paz na Ucrânia que salvaguarde os interesses de segurança europeus e ucranianos. No entanto, e apesar de garantir que a Ucrânia está disposta a negociar questões territoriais, “o reconhecimento legal da ocupação russa não está em discussão”.

“Se os EUA trabalharem agora para uma paz na Ucrânia que salvaguarde os interesses europeus e ucranianos, poderá contar com o nosso total apoio nesse esforço”, disse Merz, durante a conferência de imprensa conjunta com Volodymyr Zelensky.

Macron: Kiev estará envolvida nas negociações

Também o Presidente francês falou no final do encontro virtual. Segundo Emmanuel Macron, Trump disse aos líderes europeus que a Ucrânia deve estar envolvida nas conversações em qualquer acordo de cessar-fogo com a Rússia. Além disso, assegurou que o Presidente dos EUA vai defender um encontro os Presidentes russo e ucraniano, a ter lugar na Europa — uma ideia repetida por Zelensky na conferência de imprensa.

“O segundo ponto sobre o qual as coisas foram muito claras, tal como expressou o Presidente Trump, é que os territórios pertencentes à Ucrânia não podem ser negociados e só serão negociados pelo Presidente ucraniano”, sublinhou Macron. “Não existem atualmente quaisquer esquemas sérios de troca territorial em cima da mesa.”

Merz insistiu nesta ideia — uma das principais preocupações de Kiev, depois de Trump ter afirmado que qualquer acordo de paz passaria sempre pela cedência de território. Segundo o alemão, o Presidente norte-americano irá dar prioridade à obtenção de um cessar-fogo na sexta-feira, acrescentando que não está em causa o reconhecimento legal dos territórios ocupados pela Rússia.

Já Zelensky deixou os habituais avisos sobre o Presidente russo: Vladimir Putin está a “fingir” e não tem qualquer desejo de acabar com a guerra. “Disse ao Presidente dos EUA e a todos os nossos colegas europeus que Putin está a fingir. Está a tentar exercer pressão antes da reunião no Alasca em todas as frentes ucranianas. A Rússia está a tentar mostrar que pode ocupar toda a Ucrânia.”

O desejo do Presidente ucraniano é que o principal tema das conversações no Alasca seja um cessar-fogo imediato, já que que quaisquer discussões relativas a território deveriam decorrer numa reunião a três líderes. “Relativamente aos nossos princípios e à integridade territorial, no fim, tudo isto decide-se ao nível dos líderes”, disse. “Sem a Ucrânia, é impossível decidir isto. E, aliás, todos apoiam esta posição.”

No final, Zelensky disse ter a garantia de Trump de que seria informado sobre o conteúdo das conversações com Putin.

Zelenskyy espera cessar-fogo após encontro entre Trump e Putin. Líderes europeus são “maravilhosos”, diz Trump

Macron também confiante. Rússia diz que contactos entre europeus e Trump são insignificantes – enquanto intensifica ataques. A cimeira de sexta-feira entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, vai realizar-se na base militar de Elmendorf-Richardson, em Anchorage, no Alasca, anunciou a Casa Branca. O enclave militar localizada no norte de Anchorage é considerada o único local no Alasca que cumpre os requisitos de segurança para uma reunião da magnitude da que vai ocorrer na sexta-feira. Volodymyr Zelenskyy espera que essa reunião leve a um cessar-fogo na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “Falámos

Em Locarno, vamos com Alexandre Koberidze pela estrada fora

Alexandre Koberidze tinha-nos perguntado, há quatro anos, em Berlim, “o que vemos quando olhamos para o céu?”, título da sua longa-metragem de 2021. Agora, a concurso no Festival de Locarno, pergunta-nos: no que pensamos quando voltamos de uma viagem? “Como estará o burrinho junto à igreja? O cachorrinho continua a gostar de rebolar na relva? Quem será aquela mulher junto à estrada?”

É com essas perguntas, com essas memórias, que Dry Leaf nos deixa ao fim de três horas e seis minutos de caminho pela Geórgia rural, em busca de… campos de futebol abandonados ou perdidos. Muitas vezes apenas duas balizas improvisadas num descampado, no universo deste filme esses são campos de jogo tão reais como a ausência de Lisa, fotógrafa que planeava um trabalho sobre esse mundo perdido e que partiu de supetão, deixando uma carta aos pais para não se preocuparem.

Dry Leaf, então, que teve esta quarta-feira a sua estreia mundial no Concurso Internacional do Festival de Locarno, é o novo sortilégio lançado pelo cineasta georgiano radicado em Berlim. O Que Vemos Quando Olhamos para o Céu?, que conquistou crítica e público em 2021, falava de um romance ao qual um mau-olhado trocava as voltas; o novo filme é, todo ele, um encantamento que obriga o espectador a sair do ritmo imparável do mundo moderno para entrar numa outra realidade, impressionista, difusa, com algo de fábula onírica, de sonho acordado. Um convite à viagem ao sabor do vento — e sim, estamos outra vez a invocar Abbas Kiarostami, porque este é também um filme em viagem, no carro, mas pensamos igualmente em Hong Sang-soo, porque Dry Leaf parece seguir a lógica de produção microminimalista do cineasta sul-coreano. Alexandre Koberidze dirigiu, escreveu, fotografou e montou; o seu irmão, Giorgi, compôs a música e tratou do som; o pai dos dois, David, é praticamente o único actor no ecrã durante quase todo o filme, no papel do pai da fotógrafa, que parte em busca da filha pelos campos de futebol perdidos.

Um pai, interpretado pelo próprio pai do cineasta, parte em busca da filha desaparecida: eis a missão que se empreende em Dry Leaf
DR

Ainda não explicámos, contudo, porque é que Dry Leaf é já o filme que entusiasma as ruas de Locarno como nenhum outro este ano (com direito a “bravos!”). Não é apenas o encantamento de uma obra que finta o espectador para o levar a reencontrar a inocência original do olhar, manifestada no facto de (como diz a voz off logo ao princípio) haver personagens no ecrã que não vemos. Ao longo de toda a projecção, haverá sempre alguém real à nossa frente, em conversa com outros cujas vozes ouvimos mas não que estão presentes.

O sortilégio de Dry Leaf está, sobretudo, na dimensão pictural, impressionista, que Alexandre Koberidze dá às suas imagens digitais de baixa resolução. Porque o georgiano partiu na direcção exactamente oposta daqueles que procuram a imagem perfeita: a realidade surge transfigurada pela resolução propositadamente reduzida, criando efeitos de uma beleza pontilhista que remetem para as belas-artes, até mesmo em enquadramentos que muitas vezes sugerem naturezas mortas com frutas, objectos, animais. Como se as imagens que filmou pela estrada fora precisassem destes efeitos de luz e sombra e da música lírica, evocativa, do irmão Giorgi para se gravarem nas nossas memórias de viagem, na permanente entropia daquilo que se perde ao longo do tempo e apenas resta na memória difusa de quem o viveu. Como se Dry Leaf fosse o auge do humano num tempo de inteligência artificial.

Um gesto de cinema de uma beleza propositadamente frágil e imperfeita, que sugere que talvez seja preciso dar um passo atrás para se poder dar um passo em frente. Mas que diz que o importante é, apenas, dar o passo.

Incêndios obrigam ao corte da EN323, em Viseu, e da EN330, na Guarda

O trânsito estava cortado pelas 15h00 desta quarta-feira na Estrada Nacional (EN) 323, entre Távora e Granjinha, no distrito de Viseu, e na EN330, entre Penaverde e Maceira, na Guarda, devido aos fogos rurais na região, segundo a GNR.

Em comunicado, a GNR refere que o trânsito estava cortado em ambos os sentidos da via, nos dois casos.

Távora pertence ao concelho de Sernancelhe e Granjinha ao município de Tabuaço, no distrito de Viseu, enquanto Penaverde é uma freguesia do concelho de Aguiar da Beira e Maceira fica no município de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda.

Na nota, a GNR salienta que a proteção de pessoas e bens, no âmbito dos incêndios rurais, continua a assumir-se como “uma das prioridades” da força de segurança militar, sustentada “numa atuação preventiva e num esforço de patrulhamento nas áreas florestais”.

A GNR relembra que as queimas e queimadas de amontoados e de fogueiras são das principais causas de incêndios em Portugal e que estas estão interditadas “sempre que se verifique um nível de perigo de incêndio rural “muito elevado” ou “máximo”, estando dependente de autorização ou de comunicação prévia noutros períodos”.

É pedido também à população, na nota, que evite acidentes, siga as regras de segurança, esteja sempre acompanhada e leve consigo o telemóvel.

A GNR apela ao contributo de todos na prevenção e combate aos incêndios, devendo abster-se de praticar atividades consideradas de risco, como a realização de fogo junto a áreas florestais.

Os cidadãos devem seguir as indicações das autoridades que se encontram no terreno e evitar colocar veículos nas vias utilizadas pelas viaturas de socorro, para não prejudicar o acesso aos locais de combate.

A GNR apela ainda que se evitem deslocações para as zonas dos incêndios, se não se estiver envolvido no combate, já que poderá dificultar as atividades de combate.

A população deve comunicar aos militares quaisquer atividades ou ação que possam levar à ocorrência de incêndios e ligar 112 caso presencie o início de um fogo.

O Governo estendeu a situação de alerta até ao final do dia de sexta-feira, devido às previsões meteorológicas, que apontam para um aumento da temperatura e risco agravado de incêndio rural.

Centímetro a centímetro. Duplantis bate (outra vez) recorde mundial do salto com vara

Armand Duplantis bateu, mais uma vez, o recorde mundial do salto com vara. O máximo está agora nos 6.29 metros.

O sueco, de 25 anos, tem dominado a modalidade nos últimos anos e já detém as 13 melhores marcas de sempre – todas acima de 6.16 metros.

A marca, alcançada em Budapeste, é já o terceiro máximo mundial só em 2025.

Campeã olímpica Rebeca Andrade abdica de competir no solo

A ginasta brasileira Rebeca Andrade anunciou esta quarta-feira que vai deixar, definitivamente, as competições no solo, especialidade na qual é campeã olímpica, para preservar a saúde, tendo em vista Los Angeles2028.

“Não farei mais exercícios no solo. O solo é o que causa mais impactos. Sou uma atleta de 26 anos, com cinco operações aos joelhos. Quando conhecemos os nossos limites, é fundamental respeitá-los. Eu sei que adoram quando faço exercícios no solo, mas ainda consigo mostrar muito nos outros aparelhos”, afirmou Rebeca Andrade, numa conferência de imprensa, no Rio de Janeiro.

A brasileira assegurou estar a “cuidar melhor da saúde física e mental”, a pensar nos próximos anos da olimpíada, até aos Jogos.

Várias lesões no joelho, entre 2015 e 2019, prejudicaram a carreira de Rebeca Andrade, antes de se tornar numa das melhores ginastas do mundo, conseguindo, até, surpreender a “lenda” norte-americana Simone Biles em Paris2024.

A ginasta natural de São Paulo cumpriu a sua estreia olímpica nos Jogos Rio2016, alcançando as medalhas de ouro, no salto, e prata, no concurso geral individual, em Tóquio2020.

Em Paris, sagrou-se campeã no solo e “vice” no salto e, novamente, no concurso geral individual, além da medalha de bronze por equipas.

Andrade prepara, agora, a presença nos Mundiais de ginástica artística, entre 19 e 25 de Outubro, em Jacarta.

Aos 14 anos, saiu de casa atrás de um sonho. Agora, vai comandar startups em Aveiro

Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

O século 21 havia acabado de começar e a internet tentava recuperar o fôlego depois da explosão de uma bolha que apavorou o mundo da tecnologia. Era 2003, as redes sociais surgiam como promessas e a maior parte da população era mais analógica que digital. Os jovens iam com mais frequência às salas de cinema, assistiam a TV aberta e, em vez de smartphones, recorriam aos livros impressos para os trabalhos escolares.

Entre eles, havia um garoto curitibano que já dominava alguns idiomas, os quais aprendeu sozinho, e que preferia ir à biblioteca para ler do que assistir a uma partida de futebol em um estádio. Mas ele tinha um predicado a mais: já era apaixonado por tecnologia. Aos 14 anos, Kauan von Novack optou por sair de casa para empreendedor. “Foi uma decisão difícil, mas acertada”, diz ele.

Passados 22 anos, Kauan acredita que fez a escolha certa. E, já com uma trajetória consolidada, decidiu se impor um novo desafio: transformar o charmoso município de Aveiro, no Norte de Portugal, em uma das cidades europeias referências nos quesitos empreendedorismo e inovação. Para isso, está sendo criado um fundo de investimentos, com registro na Bolsa de Valores de Amsterdã, onde o brasileiro viveu por mais uma década, no valor de 20 milhões de euros para acelerar 200 startups até 2028.

Potencial do negócio

Kauan acredita no potencial do negócio. E recorre ao passado para reforçar o seu feeling. Quando deixou a casa dos país para se tornar empreendedor, passou a montar websites para comerciantes que já viam no mundo virtual uma forma de incrementar seus negócios. De início, cobrou R$ 5 mil (hoje, 800 euros) por trabalho.

“Esse valor surgiu por acaso, pois ainda não sabia precificar muito bem o meu trabalho. Só tive a real dimensão de quanto custava montar um website quando, num ponto de ônibus, um desconhecido viu o resultado do meu trabalho e me recomendou que eu cobrasse 10 vezes mais. Achei aquilo uma loucura, mas arrisquei”, conta.

O paranaense Kauan von Novack saiu de casa aos 14 anos para empreender
Djan Vasconcelos

Assim que recebeu o primeiro pedido depois daquela conversa no ponto de ônibus, Kauan colocou R$ 50 mil (8 mil euros) na mesa de negociação com a empresa que deseja montar sua página digital na internet. “E deu certo. No dia em que recebi os R$ 50 mil, me senti rico”, diverte-se ele, que, hoje, aos 36 anos, é CEO da Startupbootcamp, uma das principais aceleradoras de startups da Europa.

Passada a euforia inicial, o jovem empreendedor percebeu o quando era importante manter os dois pés bem fincados no chão. “Não deixei que as circunstâncias fossem donas da minha vida. A decisão de sair de casa tão cedo foi a mais certa e, com a educação que meus pais me deram, pude me transformar na pessoa que sou hoje. Meus pais são e sempre foram pessoas maravilhosas”, destaca o empreendedor. Ele lembra que o pai, certa vez, leu algo sobre Bill Gates e decidiu: “Vamos ensinar o menino a mexer no computador”.

Cautela é fundamental

O brasileiro sabe que a vida não é tão generosa com todos. Por isso, recomenda muita cautela a quem quer empreender. Ele ressalta a importância de se combinar curiosidade, talento natural e criatividade para que um projeto não ganhe o carimbo da decepção. “Estudei e me preparei para fazer o melhor na área que escolhi. Muita coisa aprendi como autodidata, mas sempre ouvindo muito e me inspirando em referências de sucesso”, relata. Cinco anos após o grito de independência, Kauan já tinha 60 colaboradores trabalhando para ele em uma empresa.

Nos primeiros anos do brasileiro como empreendedor, ainda havia as listas telefônicas com páginas amarelas. Era ali que ele buscava potenciais clientes. “Marcava cada empresa com caneta, dava telefonemas e oferecia meus serviços. Como os websites e os softwares que haviam na praça não tinham os recursos de hoje, incrementava as minhas entregas. Assim, fui crescendo”, lembra.

Kauan ressalta que aquele empreendedor que estava nascendo não tinha nada a ver com o destino que os pais haviam pensado para ele: ser diplomata. Quando ele fez 12 anos (nessa idade, já lia Oscar Wilde), num encontro com Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, ex-governador do Paraná e muito amigo da família, ouviu dele: “Você não tem que ser diplomata. Você tem que ser empreendedor. O que o Brasil precisa é de empreendedores”.

Hoje, o paranaense se considera “empreendedor de empreendedores”, pois ajuda empresas a crescerem. Graduado em administração, ele tem mestrado em inovação, empreendedorismo e liderança e doutorado em economia, expressa-se em português, inglês, espanhol, francês, italiano e alemão, já escreveu três livros e prepara um quarto, para lançar com o que chama de “capítulo Portugal”.

Vale do Silício

Aos 19 anos, Kauan vendeu a empresa que havia criado e rumou para o Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos, onde estão instaladas empresas de alta tecnologia, como Google, Apple, Meta e Netflix. Nos cinco anos que passou lá, ele afirma que aprendeu a valorizar a simplicidade ante o esbanjamento com o qual se deparava diariamente. “Aprendi isso e sempre pergunto aos investidores de startups: você realmente precisa disso? Então vai e faz de maneira simples e eficiente”, assinala.

Uma outra virada na vida do brasileiro se deu aos 24 anos. “Fui chamado pelo Patrick de Zeeuw, CEO e cofundador da Startupbootcamp, meu mentor e melhor amigo. Ele me convidou para ir para a Holanda construir uma antítese do Vale do Silício, ou seja, um empreendimento com o DNA europeu. Foi quando nasceu o projeto da Startupbootcamp, em 2013, que atua em mais de 20 países e já ajudou mais de 1,7 mil empresas a crescerem”, diz.

Agora, em Portugal, quer repetir um pouco da história que viveu na Holanda. Segundo a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o país tem, atualmente, 4.719 startups. Kauan acredita que, por meio do projeto Acelera Portugal, ajudará a incrementar esse número com empresas brasileiras e portuguesas. A meta é estender, ao longo do tempo, o projeto para Porto e Lisboa.

“Vejo, em Aveiro, as mesmas condições que notei em Amsterdã, 12 anos atrás, para construir esse projeto. Hoje, Amsterdã é a segunda cidade da Europa em empreendedorismo e inovação. Quando lá cheguei, estava em 9º lugar. Aveiro é uma cidade boa de viver, tem gente aberta, polos tecnológicos próximos, qualidade de vida e um setor industrial que pode trabalhar com as startups”, acrescenta o brasileiro.

Médio Oriente. Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita classifica de “suicida” solução dos dois Estados

Acompanhe o nosso liveblog sobre o conflito no Médio Oriente.

O chefe da diplomacia israelita classificou hoje como “suicida” a solução dos dois Estados — Israel e Palestina —, defendida por grande parte da comunidade internacional para pôr fim ao conflito em Gaza, em curso há 22 meses.

“Um Estado palestiniano no coração de Israel seria, sem dúvida, uma solução (…) para aqueles que procuram eliminar-nos. Não permitiremos que isso aconteça”, afirmou Gideon Saar, em declarações à imprensa internacional, insistindo que seria “uma medida suicida”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) israelita também atacou os países que apoiam a criação de um Estado palestiniano e que anunciaram que o reconhecerão formalmente durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro.

“Se países grandes como a França e o Canadá querem estabelecer um Estado palestiniano no seu território, podem fazê-lo; têm espaço suficiente. Mas aqui, na terra de Israel, isso não vai acontecer”, sentenciou.

Saar, que se referiu aos limites estabelecidos em 1967 após a Guerra dos Seis Dias, quando Israel ocupou a Cisjordânia, afirmou que “estabelecer um Estado palestiniano dentro das fronteiras de 67, com capital em Jerusalém Oriental (…) colocaria em grave perigo os centros populacionais de Israel e empurraria Israel para fronteiras que não podem ser defendidas”.

Portugal também já iniciou o processo com vista ao reconhecimento da Palestina na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Desde o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas contra território israelita em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a ofensiva israelita na Faixa de Gaza, Israel intensificou as suas operações militares na Cisjordânia, além de expandir os colonatos.

Em 19 de julho de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) determinou que Israel deve revogar todas as leis que favorecem a ocupação da Cisjordânia, classificando-a como ilegal.

No entanto, nesse mesmo mês, o parlamento israelita aprovou uma moção simbólica — sem efeitos legais — a favor da anexação do território, considerado ilegalmente ocupado pelo direito internacional.

As declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros israelita coincidem com a aprovação, por parte do Exército israelita, do plano para a próxima fase da ofensiva no enclave palestiniano, que inclui a ocupação da cidade de Gaza, onde residem cerca de um milhão de pessoas, segundo a imprensa árabe.

Migrantes e refugiados são mensageiros de esperança num mundo obscurecido, afirma arcebispo espanhol

O arcebispo espanhol Joan-Enric Sicília afirmou esta quarta-feira em Fátima que migrantes e refugiados são mensageiros de esperança num “mundo obscurecido por guerras e injustiças”, destacando a sua “resistência face à adversidade”.

“Num mundo obscurecido por guerras e injustiças, mesmo onde tudo parece perdido (…), os migrantes e os refugiados são mensageiros de esperança”, disse Joan-Enric Vives i Sicília, na missa de encerramento da peregrinação internacional de 12 e 13 de agosto, que integrou a peregrinação nacional do migrante e do refugiado.

Perante milhares de fiéis no santuário, o prelado referiu-se à mensagem de Fátima, que “não perdeu a sua atualidade, porque o mundo continua a precisar de consolação, de conversão e, sobretudo, de esperança”.

Para o presidente da peregrinação, se “há alguém que precisa desta esperança viva hoje” são os “migrantes e refugiados, homens e mulheres marcados pela incerteza e pela espera”.

“A Virgem Maria não é alheia às dificuldades e sofrimentos de quem migra”, pois também ela foi “peregrina e refugiada” ao, caminhar “para o Egito para proteger o seu filho”, passando pela atual Faixa de Gaza, adiantou.

Realçando que, “no meio das trevas, brilha sempre uma luz para os mais pequenos, os pobres, os que choram e os que procuram um lugar no mundo”, o presidente da peregrinação, conhecida também como a peregrinação dos emigrantes, assinalou que, atualmente, “muitos migrantes caminham com uma mala numa mão e a fé na outra”.

“E é essa fé que o Jubileu vem renovar, porque o Ano Santo também é para eles, para lhes dizer que não estão sós, que a sua vida tem dignidade, que o seu futuro não está perdido, que a Igreja caminha com eles”, adiantou Joan-Enric Vives i Sicília, considerando que neste ano abrem-se as “portas” dos corações, das comunidades e dos países.

Reiterando que “acolher migrantes não é apenas uma obra de caridade”, mas “uma opção evangélica e jubilar”, o arcebispo emérito de Urgel, de que faz parte o Principado de Andorra, onde serviu a comunidade emigrante portuguesa, salientou que neste tempo a Igreja é chamada, mais do que nunca, a ser “mais aberta, mais hospitaleira”.

Aos presentes, desafiou para que sejam “missionários da esperança nos países” que os acolhem, “realizando novos itinerários de fé” ou “iniciando diálogos inter-religiosos feitos de vida quotidiana e de busca de valores comuns”, e que o seu entusiasmo espiritual e vitalidade “contribuam para revitalizar comunidades eclesiais envelhecidas e cansadas, nas quais o deserto espiritual avança ameaçadoramente”.

No final da celebração, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, referiu-se ao “drama dos incêndios” e pediu orações, de forma especial pelos bombeiros.

“Neste dia, não podemos ignorar o drama dos incêndios que vai percorrendo o nosso país e também outros países vizinhos”, afirmou o sacerdote, lembrando “as inquietações que provoca e o rasto de destruição que deixa”.

Aos peregrinos, Carlos Cabecinhas pediu que rezem por “todos aqueles que são atingidos pelos incêndios”, mas de “forma especial pelos bombeiros e por todos quando combatem os incêndios”, apelando para que os ajudem com comportamento responsável.

A missa, onde se cumpriu a tradição da oferta de trigo, foi concelebrada por três bispos, 82 padres e 12 diáconos. Estiveram presentes cerca de 50 mil peregrinos, segundo estimativa do Santuário de Fátima.

Caixa Geral de Depósitos garante cumprir normas sobre transferências temporárias de trabalhadores

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) garantiu esta quarta-feira à agência Lusa cumprir o previsto no acordo de empresa (AE) relativamente ao pagamento de despesas de deslocação nas transferências temporárias de trabalhadores entre agências, que motivou uma queixa sindical.

“No entendimento da Caixa, sempre que os colaboradores são alocados temporariamente a outra agência, independentemente da duração, aplica-se o previsto na alínea b) do número 9 da cláusula 44 [mobilidade], onde está claro que a empresa custeará as despesas com a deslocação: “Na impossibilidade ou inadequação de horários de utilização de transportes coletivos, o trabalhador que utilizar viatura própria será ressarcido pelo valor de 25% do valor estabelecido na clausula 61, nº 1, alínea d)” “, afirmou fonte oficial do banco público.

Segundo detalha numa nota escrita enviada à Lusa, estando previsto na cláusula 61 (despesas com deslocações), alínea d), que esse valor é de 0,50 euros por quilómetro (Km), daqui resulta que “nas transferências temporárias (mobilidade) o valor a aplicar seja de 0,125 euros por km”.

A resposta da CGD surge após o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos ter anunciado esta quarta-feira que instaurou uma ação judicial contra o banco por violação das normas do AE, acusando a administração de violar a convenção coletiva em vigor na empresa “em matéria de pagamento do acréscimo das despesas de deslocação” quando os trabalhadores são transferidos temporariamente do seu local de trabalho.

No comunicado hoje divulgado, o sindicato argumenta que “ao longo dos anos, nas transferências temporárias de local de trabalho, a CGD sempre suportou o acréscimo das despesas em viatura própria, quando incompatível o uso de transportes públicos, nos termos estabelecidos no acordo de empresa, ou seja, 0,50 euros por quilómetro”.

Contudo, segundo o sindicato, “de forma unilateral, a CGD decidiu aplicar às transferências temporárias o regime das transferências definitivas, ou seja, 0,125 euros por quilómetro, contrariando e pervertendo inexplicavelmente o espírito de boa-fé com que as cláusulas foram acordadas mutuamente”.

Considerando esta alteração “abusiva e ilícita”, a estrutura sindical diz que “tem vindo a causar prejuízos sérios” aos trabalhadores e “dificuldades de gestão de pessoal às hierarquias”.

“O valor pago pela empresa no âmbito das transferências temporárias de local de trabalho não chega para cobrir as despesas reais que esses trabalhadores realizam, designadamente, em zonas com insuficiente cobertura de transportes públicos ou no interior do país, onde as agências distam dezenas de quilómetros entre si”, acrescenta.

Adicionalmente, o sindicato acusa a CGD de violar o previsto no AE no que diz respeito ao pré-aviso de transferência do local de trabalho, afirmando que os trabalhadores “são frequentemente transferidos sem a devida e obrigatória comunicação prévia, por escrito”.

Relativamente a esta situação, a Caixa esclarece estar também previsto na cláusula 44 (mobilidade), no número 5, “que a empresa deve comunicar, por escrito, a transferência com antecedência mínima de 30 dias”, garantindo que o banco “cumpre sempre esse pré-aviso, a menos que exista acordo nessa transferência”.

1 45 46 47 48 49 608