Os Serviços Secretos dos Estados Unidos arrendaram uma casa na cidade de Anchorage, no Alasca, para receber a comitiva russa na sexta-feira, escreveu o New York Times, que cita um agente imobiliário da região e cônsul honorário da Alemanha.

Embora a Casa Branca não tenha confirmado o local do encontro entre os líderes norte-americano e russo (Donald Trump e Vladimir Putin, respetivamente), o agente imobiliário Larry Disbrow garantiu que arrendou uma casa com seis divisões aos Serviços Secretos dos Estados Unidos.

“Os Serviços Secretos entraram em contacto comigo na manhã desta segunda-feira e perguntaram-me se eu teria alguma das minhas propriedades disponível. E eu tinha para o período que eles precisavam”, disse Disbrow, também conhecido como Beau, acrescentando: “Eu entendo a razão pela qual o Alasca pode ser um lugar atraente para algo assim. Mas isto surpreendeu-me, é claro”.

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A presidente da Câmara de Anchorage, Suzanne LaFrance, também falou com o jornal norte-americano e revelou que ainda não lhe foi confirmado o local do encontro, provavelmente por questões de segurança. No entanto admite que é comum que a região receba este tipo de encontros de líderes internacionais: “Receber líderes não é algo incomum para nós, aqui no Alasca. Servir como um local para a diplomacia faz parte da nossa história, pois somos um cruzamento do mundo”.

Na região, as influências russas são predominantes. Há uma pequena rede de supermercados que vende comida russa e um restaurante no centro de Anchorage, popular entre os clientes noturnos, especializado em comida tradicional da Rússia. O Alasca tem, aliás, laços profundos com a história e com a cultura da Rússia, que remontam à colonização da região pelo Império Russo no século XVIII.

Para o governador do Alasca, Mike Dunleavy, a região é ideal para receber a cimeira entre Trump e Putin.”O Alasca tem sido uma ponte entre nações e, hoje, continuamos a ser uma porta de entrada para a diplomacia, o comércio e a segurança numa das regiões mais críticas do planeta”, comentou.

“O Alasca é o local mais estratégico do mundo, situado no cruzamento da América do Norte e da Ásia, com o Ártico a norte e o Pacífico a sul. Com apenas três quilómetros a separar a Rússia do Alasca, nenhum outro lugar desempenha um papel mais vital na nossa defesa nacional, segurança energética e liderança no Ártico”, escreveu, ainda, na rede social X.

I welcome the upcoming meeting between President Donald J. Trump and Russia’s President Putin being held here in the great state of Alaska.

Alaska is the most strategic location in the world, sitting at the crossroads of North America and Asia, with the Arctic to our north and…

— Governor Mike Dunleavy (@GovDunleavy) August 8, 2025

Desde que os Estados Unidos compraram as terras, em 1867, as comunidades de língua russa permaneceram no estado, assim como as igrejas ortodoxas que podem ser encontradas desde as remotas Alutian Islands até Anchorage, a maior cidade do Alasca.

Depois do fim da Guerra Fria — quando o Alasca serviu como linha de frente de defesa antimísseis contra a União Soviética — o estado tornou-se no centro dos esforços para aprofundar os laços entre os Estados Unidos e a nova Federação Russa. Este clima de amizade foi rompido com a Guerra na Ucrânia, em 2022, e o território, atualmente, não é propriamente recetivo à Rússia.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

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O comandante das forças armadas israelitas, Eyal Zamir, afirmou esta segunda-feira que as suas tropas entraram numa “nova fase de combate” e farão “todos os possíveis” para preservar as vidas dos reféns mantidos na Faixa de Gaza.

“Estamos no início de uma nova fase nos combates em Gaza”, disse Zamir numa reunião de avaliação do Estado-Maior, um dia após o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter confirmado os seus planos de ocupação da principal cidade do território palestiniano e deslocação de centenas de milhares dos seus habitantes, e da expansão das operações militares aos campos de refugiados na costa central.

O comandante das forças armadas, que tornou públicas as suas objeções a este plano, aprovado na sexta-feira pelo Gabinete de Segurança de Israel, referiu esta segunda que o Exército vai manter “o profissionalismo e os princípios que regem as suas ações”.

Ao mesmo tempo, indicou que os soldados terão “sempre os reféns em mente” e farão “todos os possíveis para proteger as suas vidas e trazê-los de volta para casa”.

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O Exército receia que o novo plano de operações possa envolver áreas onde presumivelmente se encontram as 20 pessoas vivas em posse das milícias palestinianas e colocá-las em risco, como já aconteceu no passado.

“O Exército poderá assumir o controlo operacional da Cidade de Gaza, tal como fez em Khan Yunis e Rafah [no sul da Faixa de Gaza]. As nossas tropas já realizaram operações terrestres lá e poderemos voltar a fazê-lo”, continuou o comandante militar.

Estima-se que se encontrem cerca de um milhão de pessoas na capital de Gaza, muitas delas deslocadas, provenientes de outras partes do enclave, especialmente da praticamente deserta província do norte, que inclui as cidades de Jabalia, Beit Hanoun e Beit Lahia.

Apesar da relutância de Zamir, que defendia o cerco à Cidade de Gaza em vez da sua ocupação, Netanyahu aprovou um plano que inclui a derrota e desmilitarização do Hamas, a sua expulsão das instituições governamentais e o estabelecimento de uma gestão civil separada do grupo político armado e da Autoridade Palestiniana.

O plano do executivo tem merecido uma vaga de críticas da oposição, dos familiares dos reféns e dos próprios membros de extrema-direita da coligação governamental — que o consideram “uma cedência aos fracos” —, da ONU e da maioria dos países da região e do mundo ocidental, incluindo tradicionais aliados de Telavive.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou uma sessão de urgência no domingo para avaliar a situação na Faixa de Gaza, mas a reunião terminou sem um projeto de resolução.

Israel impôs um bloqueio ao território e impediu as organizações internacionais de distribuírem ajuda à população, que tem sido feita exclusivamente desde maio pela Fundação Humanitária de Gaza, criada com apoio das autoridades de Telavive e Washington.

Segundo as autoridades palestinianas, controladas pelo Hamas, mais de 200 pessoas morreram de fome ou subnutrição nas últimas semanas na Faixa de Gaza, das quais cerca de metade eram crianças.

O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.