Trump considera Índia e Rússia “perdidas” após aproximação à “obscura” China

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou esta sexta-feira “perdidas” a Índia e a Rússia, porque preferiram aproximar-se da “obscura” China, e desejou-lhes um “próspero futuro juntas”.

Parece que perdemos a Índia e a Rússia para a China mais profunda e obscura. Que tenham um longo e próspero futuro juntas!”, escreveu Trump na sua rede social, Truth Social.

A mensagem é acompanhada por uma fotografia do Presidente russo, Vladimir Putin, do Presidente chinês, Xi Jinping, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante as visitas de Putin e Modi a Pequim para assistir a uma parada militar em comemoração do 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, na passada quarta-feira.

No grande desfile militar, em que a China apresentou novos mísseis e “drones” (aeronaves não-tripuladas) avançados, também esteve presente o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Após as primeiras imagens do encontro, Trump acusou Xi de “conspirar contra os Estados Unidos”, juntamente com Putin e Kim.

O chefe de Estado norte-americano sugeriu depois que estes dirigentes “esperavam” que ele “estivesse a ver” a parada militar.

“Achei uma cerimónia linda”, acrescentou o magnata, que garantiu na quarta-feira passada que a sua relação com os líderes da China, Rússia e Coreia do Norte era “muito boa”. “Descobriremos quão boa é em uma ou duas semanas”, observou.

O Governo republicano de Trump mantém atualmente uma relação mais tensa com a Índia, após aumentar as tarifas aduaneiras sobre os produtos indianos em até 50% como retaliação pela compra de petróleo russo.

Esta decisão duplicou a tarifa “recíproca” de 25% que Washington impôs a Nova Deli desde o início de agosto, o que arrefeceu a relação entre os líderes.

O diário The New York Times afirmou há alguns dias que Modi até evitou em quatro ocasiões atender chamadas de Trump.

Vários meios de comunicação referem também que, por essa razão, o norte-americano cancelou uma viagem à Índia prevista para outubro, para participar na próxima cimeira do Quad, um fórum de segurança entre Estados Unidos, Índia, Japão e Austrália fundado em 2007.

Donald Trump garante que está “em negociações muito profundas com o Hamas”

Acompanhe o nosso liveblog sobre o conflito israelo-palestiniano

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esta sexta-feira que as negociações mediadas entre Israel e o Hamas para a libertação de reféns em Gaza estão numa “fase muito profunda”.

“Dissemos: libertem-nos todos, agora mesmo, libertem-nos todos, e coisas muito melhores acontecerão. Se o Hamas não devolver os reféns, vai ser uma situação difícil, vai ser desagradável. É escolha de Israel, mas essa é a minha opinião”, afirmou Trump, questionado por um jornalista na Sala Oval sobre o processo.

Referindo-se aos pais de reféns assassinados, Trump descreveu-os como “pais de jovens e belos mortos” e acrescentou que estes “querem os seus filhos tanto ou mais do que se ainda estivessem vivos”. Segundo o líder da Casa Branca, “muitos mortos estão a ser incluídos como parte do acordo”.

O Presidente norte-americano afirmou, ainda, que dos pelo menos 20 reféns que se acredita estarem vivos, “poderá haver alguns que morreram recentemente. “Espero que esteja errado”, disse.

Na quarta-feira, Trump pediu ao Hamas para libertar “imediatamente” todos os reféns israelitas que ainda possam estar vivos e que estão na posse do grupo. Numa mensagem publicada na Truth Social, afirmou que “as coisas vão mudar rapidamente” caso o grupo palestiniano aceite a exigência de libertar os 20 reféns, acrescentando em maiúsculas: “VAI TERMINAR!”.

As declarações de Donald Trump surgiram numa altura em que o o grupo palestiniano divulgou um vídeo que mostra dois reféns dentro de um carro que passeia pela cidade de Gaza.

Hamas divulga vídeo de reféns a circular por Gaza. Netanyahu responde e diz que “nenhum vídeo de propaganda maligna enfraquecerá Israel”

Após a divulgação das imagens, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou o apoio às famílias dos reféns e garantiu que “nenhum vídeo de propaganda maligna enfraquecerá Israel” e o impedirá de “alcançar os seus objetivos”.

Nesta sexta-feira, completam-se 700 dias desde o início da guerra de Israel na Faixa de Gaza e não há quaisquer sinais de um acordo de cessar-fogo a curto prazo. O Governo israelita continua a apostar na pressão militar para recuperar os reféns, além de prosseguir os planos de tomar o controlo total da cidade de Gaza.

Urbanismo – uma questão de participação

Li aqui no Observador, a 5 de Setembro, um interessante artigo de Rui d’Ávila, a propósito da proposta da Câmara Municipal do Porto para a zona que engloba a futura Via Nun’Álvares, designada “UOPG 1”, e que espera há dezenas de anos por uma intervenção que ali crie cidade. O texto em causa merece especial atenção porque condensa um conjunto de percepções erradas e incompreensões sobre os procedimentos urbanísticos, habituais em quem observou o projecto em causa sem atender aos detalhes concretos daquilo que é proposto. Mas assim surge também a oportunidade de as corrigir.

A autarquia promoveu vários períodos de discussão pública que decorrem da sequência de passos para definição da operação. Num dos casos houve apenas 5 participações, nos outros julgo que nenhuma. A sociedade civil estava adormecida? É bem provável. A informação era escassa e, ostensivamente, omitia aquilo que acabou por alarmar a população: estavam previstas 3 torres com até 102 metros de altura! Pelo que se sabe, o vereador do Urbanismo era o único no Executivo que estava consciente desse facto. Na Assembleia Municipal, esta surpresa surgiu tarde demais, já depois de ela se ter pronunciado. Para um cidadão descobrir este “pormenor”, teria sido preciso consultar o processo presencialmente a partir de final de Março passado, após marcação. Nem sequer hoje as peças do projecto estão publicadas online pelo Município. Uma consulta pública quase confidencial.

Tudo mudou a 1 de Julho passado, quando a CCDRN divulgou a proposta de definição do âmbito do estudo de impacto ambiental, onde se descrevia o projecto e onde, finalmente, estava clara a dimensão absurda das torres. E onde se percebeu também que esse nem sequer era o maior dos problemas, pois a “avenida” passou a ser um arruamento incompreensivelmente estreito, sem capacidade de acolher metro ou qualquer outro transporte público eficaz. Se o trânsito neste território já hoje é insuportável em horas de ponta, imagine-se com mais 5000 residentes e outros tantos trabalhadores nos espaços comerciais e de serviços previstos. As 1306 (mil trezentas e seis!) participações nesta última consulta pública provam que algo de muito errado se passou anteriormente em termos de transparência.

Também estive presente no evento (custa-me chamar-lhe “debate”) promovido pela Ordem dos Arquitectos a este respeito. Na mesa, arquitectos muito politicamente correctos na apreciação do trabalho dos colegas. Tal como na Assembleia da República, “aprovam o plano na generalidade” mas depois, nos detalhes, alguns deles apontam falhas gravíssimas que, neste contexto, invalidam a generalidade. Em especial Tomás Allen, nas questões da mobilidade. E as torres, que “não há mal nenhum nas torres”, embora “não necessariamente estas e eventualmente não neste local”. Ou seja, “concordamos com este projecto, desde que não seja este projecto”.

Perante a impossibilidade de justificar o injustificável, recorre-se ao esperado fantasma das indemnizações, tentando criar um facto consumado sustentado em interpretações fantasiosas da Lei. Por exemplo, como se a Avaliação de Impacto Ambiental (que ainda não foi feita) fosse absolutamente irrelevante e não viesse impor nenhuma limitação ou aperfeiçoamento do desenho. Os proprietários e promotores, que já foram concretizando negócios na esperança de que os metros cúbicos de betão estavam garantidos, estão agora a aperceber-se da precipitação.

Os cidadãos organizaram-se. Criaram uma associação. Exigem uma solução decente em tempo útil, sustentável. Que resolva problemas numa perspectiva de futuro, e não acrescente estrangulamentos aos que já existem. Conseguiram que o tema passasse a figurar na campanha eleitoral e insistem em que a decisão quanto à UOPG 1 seja tomada pelo Executivo que venha a ser eleito nas autárquicas de Outubro.

Há 20 anos, a 3 de Abril de 2005, Rui Moreira escreveu no Público, indignado com as malfeitorias que se preparavam já na altura para a Via Nun’Álvares (embora nada que se comparasse com o que a CMP propõe hoje):

“António Barreto escreveu um dia que a Foz e Nevogilde constituiriam um dos melhores bairros residenciais do Mundo, se não fossem os sistemáticos e sucessivos ataques da autarquia. Hoje, uns incultos provincianos, que não percebem a nossa cidade, estão a dar-lhe a machadada final, sem que se perceba se tem a chancela do poder político, sem que ninguém reclame ou proteste, ou diga que já basta.”

Rui Moreira estava 20 anos à nossa frente. Mas entretanto esqueceu-se.

Quantas vezes me viste?

Adaptarmo-nos às mudanças: é só isso que é preciso para não desesperar.

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Roger sai do Sporting de Braga para o Al Ittihad por 32 milhões de euros

O futebolista internacional sub-21 português Roger Fernandes vai jogar no Al Ittihad, da Arábia Saudita, transferência que vale ao Sporting de Braga 32 milhões de euros (ME), valor recorde para o clube minhoto, que anunciou esta sexta-feira transferência.

Segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), acrescem a este montante 2,5 milhões de euros referentes a objetivos individuais e coletivos.

O extremo, de 19 anos, nascido na Guiné-Bissau, mas naturalizado português já no decorrer deste ano, está nesta altura integrado no estágio da seleção de sub-21, em Braga, que prepara o início da fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 2027.

Roger estreou-se aos 15 anos pela equipa principal dos minhotos, então sob orientação de Carlos Carvalhal, a 31 de julho de 2021, na Supertaça Cândido de Oliveira, diante do Sporting (vitória dos ‘leões’ por 2-1).

A verba amealhada constituiu nove recorde do Sporting de Braga, ultrapassando os 32 milhões de euros recebidos pelo avançado Vitinha, então vendido aos franceses do Marselha, surgindo em terceiro lugar Trincão (31 milhões de euros pagos pelo FC Barcelona).

Os valores fixos envolvidos nesta transação igualam os despendidos pela Juventus na contratação de Francisco Conceição ao FC Porto, sendo apenas superados pelas vendas de Gyökeres (65,8 milhões de euros+10,3 milhões de euros) e Geovany Quenda (50,8 milhões de euros +1,36 milhões de euros), do Sporting para o Arsenal e para o Chelsea, respetivamente, e de Álvaro Carreras (50 milhões de euros), do Benfica para o Real Madrid.

Macau proíbe importação de carne de Benavente após casos de gripe aviária

A região semiautónoma chinesa de Macau proibiu esta sexta-feira a importação de carne de ave e derivados, incluindo ovos, do concelho de Benavente, no distrito de Santarém, na sequência da deteção de casos de gripe aviária.

“Os pedidos de importação de carne de frango e produtos derivados provenientes de zonas com surtos de gripe aviária não serão aprovados”, disse o Instituto de Assuntos Municipais (IAM) de Macau.

Num comunicado, o IAM prometeu “continuar a controlar rigorosamente os alimentos frescos importados e vendidos em Macau através de um mecanismo eficaz de inspeção de importação e de quarentena”.

Na quinta-feira, também a região vizinha de Hong Kong tinha anunciado uma proibição “para proteger a saúde pública”, na sequência de uma notificação da Organização Mundial de Saúde Animal.

De acordo com dados oficiais citados no comunicado, Hong Kong não importou carne de ave ou derivados de Portugal na primeira metade de 2025.

O Centro para a Segurança Alimentar (CFS, na sigla em inglês) de Hong Kong sublinhou, num comunicado, que já contactou as autoridades portuguesas e que vai acompanhar “de perto” a situação e as informações emitidas pela Organização Mundial de Saúde Animal.

“Serão tomadas as medidas adequadas em resposta ao desenvolvimento da situação”, referiu.

A gripe das aves foi detetada numa exploração de patos de engorda, em Benavente, distrito de Santarém, anunciou na quarta-feira a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), precisando que os animais foram abatidos.

“Foi confirmado um novo foco de infeção por vírus da Gripe Aviária de Alta Patogenicidade (GAAP) numa exploração avícola de patos de engorda, na freguesia de Santo Estêvão”, lê-se numa nota da DGAV.

Este mês já tinham sido detetados focos em Olhão, Aveiro, Alcácer do Sal e Costa de Caparica.

As medidas de controlo e erradicação já foram implementadas e incluem a inspeção do local onde a doença foi detetada, o abate dos animais infetados e a limpeza e desinfeção das instalações.

Foram ainda impostas restrições à movimentação e as explorações com aves nas zonas de restrição (num raio de 10 quilómetros em redor do foco) estão a ser vigiadas.

A DGAV voltou a pedir a todos os detentores de ave que cumpram as medidas de biossegurança e as boas práticas de produção, evitando os contactos entre aves domésticas e selvagens.

A transmissão do vírus H5N1para humanos acontece raramente, tendo sido reportados casos esporádicos em todo o mundo. Contudo, quando ocorre, a infeção pode levar a um quadro clínico grave.

Coromines e as mariposas de S. João da Cruz

Joan Coromines redescobriu, sob o voo de uma Branca da Couve, o “María, pósate” dos antigos Padres da Igreja. Era Abril na sua ondulante e suave Catalunha, o Abril das últimas tangerinas e dos primeiros narcisos. O mês que abre as coisas, como tão bem o sabiam os romanos. Na sua memória prodigiosa, na sua altiva perspicácia, equiparar Maria à mariposa dava-lhe uma felicidade semelhante à de Berceo, que viu a Θεοτόκος (Teotokos – “mãe de Deus”) encarnada num prado de Maio com as suas gramíneas, as suas poáceas e as suas calêndulas. Mas uma coisa era o manto da Virgem e a fertilidade da terra, e outra era aquela criatura alada em cujo nome (Ψυχή – Psique – sopro, hálito) os Gregos viam a alma. Seria Maria, a mãe de Jesus, também a matriz anímica em que, para assombro dos homens, fora concebido o Filho de Deus?

Coromines deve ter sussurrado, com a voz embargada: María, pósate! E, como se o ouvisse, ela pousou sobre uma verde leira de funcho, abriu as asas e fez com que o linguista revisse, em voo rasante, meia dúzia de palavras e suas raízes, alegrando-se por a língua castelhana ser dona da palavra “mariposa”, distinta do tradicional Papilium latino, ainda presente em catalão e francês, da Farfalla italiana, da Butterfly inglesa ou da Borboleta portuguesa. É difícil acreditar que uma palavra minúscula, nascida para nomear um insecto tão belo e frágil, pudesse ser expressa de tantas formas. E, distraídos, esquecemos completamente o pacto de verdade que sempre subjaz à etimologia e ao amor.

Com o propósito de seduzir, os seres humanos aprenderam a arte da perfumaria com as flores; com os animais como o cervo-almiscarado e a baleia; com a madeira e com as sementes de anis. Em matéria de amor, o olfacto é muito mais importante do que a visão: age mesmo quando não há luz, fareja distâncias e progressões, fragrâncias de nardo e terra molhada, quando a brisa para para descansar, repousando os seus flancos invisíveis sobre um rio ou uma nascente.

As borboletas, por seu turno, injectam nas suas missivas de feromonas um desses perfumes primitivos e irresistíveis através dos quais fêmeas e machos trocam preâmbulos de danças e promessas de antenas que roçam. O curioso, o extraordinário, é que entre as borboletas diurnas é o macho que segrega o perfume do amor, enquanto entre as nocturnas é a fêmea a responsável por fazê-lo.

A arte da perfumaria tem os seus horários favoritos, horas para colher o jasmim e a rosa, geralmente ao amanhecer ou ao entardecer, quando Vénus, a estrela da paixão, está claramente visível. Não sabemos exactamente porquê, talvez pelo equilíbrio precário entre a humidade, a pressão e a velocidade do vento. A chuva é inimiga das feromonas, esse alfabeto de delícias que as borboletas decifram a distâncias inacreditáveis. A chuva, e também o sol em excesso, porque os seus raios dissipam o aroma antes de este atingir uma altura suficiente para viajar confortavelmente.

Ao encontrarem-se, macho e fêmea surpreendem-se consigo mesmos, e é então que as antenas, à semelhança do tacto para nós, humanos, transformam o espaço e o volume num alvo preciso de desejo. Ela mantém as asas dobradas, tímida amante na sua forquilha de ramos discretos; ele, por seu lado, pavoneia-se e voa para a frente e para trás, para cima e para baixo, emitindo ultrassons que, imaginamos, são poemas na língua dos lepidópteros, versos que vêm do fundo obscuro dos bosques, que fazem lembrar fetos e folhas mortas.

Em todo o caso, a irradiação perfumada das feromonas continua durante algum tempo, até que a cópula – que pode durar minutos ou horas – os une pelos últimos segmentos corporais, e cada um dos amantes olha na direcção oposta, permanecendo cauda com cauda num estado que vai do gozo à extrema atenção, do êxtase ao espanto. Sentindo-se possíveis vítimas de um predador, as borboletas cobrem mutuamente costas. Para se salvar, poderiam voar enlaçadas, mas preferem não ter de o fazer, pois é no repouso que o amor melhor entrelaça os seus dons.

Algumas espécies preferem manter as asas abertas durante a cópula, outras fecham-nas e outras ainda optam por um tremor que nos recorda o júbilo de certos espasmos nas coxas, mãos na parede e no cabelo, e suspiros. Ela pensa, se porventura o faz, na planta onde depositará os seus ovos, sonha com folhagem e caules, enquanto ele permanece atento ao cheiro próximo de outra possível amante. Ela calcula a área ou o perímetro da zona em que semeará o futuro da sua espécie. Ele não sente qualquer estímulo para além do vazio gerado nas suas minúsculas entranhas. Que para as borboletas o olfacto é superior ao mundo revelado pelos seus omatídeos prova-se pelo frequente dimorfismo que confere aos machos um aspecto muito diferente do das fêmeas.

Se confiarem nos seus olhos, o erro pode ser fatal. É no aroma difuso das feromonas, portanto, que os iminentes amantes cifram os seus encontros. Por vezes, e para que tal se concretize, atravessam perigos de espinhos e bicos vorazes, perseguições e ataques. É preferível chegar com uma asa rasgada a não chegar sequer; melhor é perecer na viagem para uma felicidade efémera do que nunca a alcançar: regressam ao caule de onde fugiram, impelidas pela dor do corte, e talvez seja isso o amor – uma ferida que nos cura.

Não fosse alado o nosso osso esfenoide – chamam-lhe os chineses tie ku, “osso-mariposa” – e poderíamos pensar que não há ligação possível entre o amor das borboletas e o nosso. Mas também para nós o amor é uma ferida que cura, um “suave cautério”, nas aladas palavras de São João da Cruz.

Por vezes, é certo, as feridas são tantas que já não admitem cicatriz, e pensamos voar sem rumo até desaparecermos, fundindo-nos com o horizonte, dissolvidos no ar.

É precisamente nesses momentos que devemos dizer: María, pósate!

O Bloco de Esquerda agora é mais bolos, não é?

Na quinta-feira à tarde, Portugal vivia uma rara unanimidade: a exclusiva preocupação de todo o país era tentar perceber o que tinha acontecido no terrível acidente com o Elevador da Glória que provocou 16 mortes no centro de Lisboa. Corrijo: essa era, de facto, a preocupação “de todo o país” — menos do BE. Naquele dia, o Esquerda.net, que se apresenta como um “órgão de informação que é propriedade do Bloco de Esquerda”, tinha em manchete a “notícia” com o título “Estivadores italianos prometem bloquear os portos se Israel interceptar flotilha”. A “flotilha”, claro, refere-se à patusca armada onde segue Mariana Mortágua, que viaja bravamente pelos mares em direção a Gaza para “furar o cerco” de Israel, na “boa companhia” da eterna estudante Greta Thunberg e do influencer exibicionista Thiago Ávila. Só depois de passar por esse artigo se podia ler, encostado a um canto do Esquerda.net, o texto “Trabalhadores da Carris exigem ‘inquérito rigoroso’ às causas da tragédia”.

À primeira vista, poderia pensar-se que o BE está a ter dificuldade em perceber qual deve ser a sua ordem de prioridades. Mas não é nada disso. Não se trata de incompetência nem de obtusidade. Simplesmente, o Bloco de Esquerda está a adaptar-se para tentar sobreviver. Quando o voto dos eleitores estilhaça o sistema político, como aconteceu nas últimas legislativas, os partidos mais pequenos têm tendência para se tornarem monotemáticos. É uma forma de defesa. Com o Parlamento superpovoado, o BE precisou de encontrar um tema — e apenas um tema — que o distinguisse dos restantes partidos. É uma estratégia muito comum nos mini-micro-nano partidos. O PAN, por exemplo, concentra-se nos direitos dos animais; o JPP centra-se nos problemas da região autónoma da Madeira; em tempos, o Partido da Solidariedade Nacional, de Manuel Sérgio, dedicou-se aos direitos dos reformados.

O Bloco de Esquerda podia ter escolhido como tema único o controlo das rendas na habitação, uma proposta que Mariana Mortágua repetiu inúmeras vezes durante a campanha. Ou podia, de forma mais genérica, ter apostado na caça “aos ricos”, que seduz e entusiasma muito do seu eleitorado. Mas optou por Gaza e pela “causa palestiniana”. A 12 de maio, Mariana Mortágua publicou um vídeo nas redes sociais do BE onde contava que na véspera, num comício, lhe tinham oferecido um keffiyeh e proclamava que iria usar esse lenço palestiniano até ao fim da campanha, “todos os dias”, como um símbolo do “compromisso” do partido com a “libertação da Palestina”. Desde essa altura, o programa e o discurso do Bloco resumiram-se, crescentemente, a Gaza, Gaza, Gaza.

Foi um erro. Nos países onde os socialistas estão no governo, a esquerda radical tem usado a “causa palestiniana” para provocar fissuras no eleitorado. Paralisados pelas obrigações da diplomacia, aqueles partidos hesitam, titubeiam e vacilam, ficando vulneráveis aos ataques da esquerda à sua esquerda (no Reino Unido, abrindo até espaço ao aparecimento de um novo partido). Cá, também foi assim: quando era primeiro-ministro, mesmo durante a geringonça, António Costa nunca decidiu reconhecer a Palestina, invocando a necessidade de cautela e de prudência. Mas, agora, o PS está na oposição e, por isso, livre de constrangimentos e de compromissos, pode exigir que “a direita” avance em todas as frentes contra Israel. Isto quer dizer que o tema único escolhido pelo Bloco de Esquerda não o distingue da restante esquerda. O BE marcha por Gaza? O PS, o Livre e o PCP também.

Há outra dificuldade. É que, por mais que o povo de esquerda se mobilize pela “causa palestiniana”, é difícil derrotar a geografia. Há 4 mil quilómetros que separam Portugal da Faixa de Gaza. É possível entusiasmar os eleitores por uma causa distante durante duas semanas. Mas provavelmente não durante dois meses. E seguramente não durante dois anos. Quando o país se angustiou com a tragédia no Elevador da Glória, Mariana Mortágua fez um tweet e publicou um vídeo sobre o assunto, sem o inseparável keffiyeh. Mas, mesmo assim, havia um facto inultrapassável: mesmo quando fez isso, a líder do Bloco estava algures, num mar revolto, a caminho de Gaza.

Mariana Mortágua parece a encarnação política do pasteleiro José Manuel Garcia Marques Severino. Este personagem de Herman José apareceu num estúdio de televisão pronto a ser entrevistado. Mas, quando Lídia Franco o apresentou como chamando-se “Perfeito Calhau” e tendo como profissão “radiotelegrafista”, ele interrompeu-a: “Quer-se dizer, eu é mais bolos, não é?” Neste momento, quer-se dizer, Mariana Mortágua é mais Gaza, não é? É o que acontece quando um partido monotemático escolhe o tema errado.

França: de novo o abismo

Como pode um país lançar-se voluntariamente ao abismo? Não é tarefa fácil perceber, mas, como sabemos da História, a França não receia revoluções. Está tecnicamente falida (mas recusa-se a admiti-lo), possui uma situação social fragilizada por uma imigração que não se integra e encontra-se envolvida em conflitos geoestratégicos que podem desembocar em guerras mundiais. E, no entanto, caminha alegremente para o caos político. O problema para os outros países europeus é que esta aventura francesa vai, inevitavelmente, implicar com o seu destino. Por isso, é também legítimo perguntar: como pode um fundador de uma associação de países – que nasceu para melhorar a situação dos seus membros – colocar em risco essa força colectiva? Porque é isso mesmo que está em jogo. O que se irá passar? Sabemos que o futuro nunca deixará de nos surpreender. Mas será que do passado poderemos tirar algumas ideias que expliquem o que está em causa?

Na pátria do racionalismo, seria de esperar que a emoção se submetesse à razão. Mas no caso da França, a oportunidade para uma boa luta é algo que não se quer perder, mesmo que os objectivos não sejam claros, que não existam forças próprias consequentes ou que não sejam considerados os riscos. Como diziam os romanos quando por lá andavam a criar o seu Império nascente, os celtas que habitavam no que hoje é a França, pareciam galos a lutar, qualificativo que ainda hoje honra os herdeiros de Astérix. Esta singularidade, que alia a procura de grandeza e a combatividade, marcará para sempre as tribos que se vão suceder no centro do Continente Europeu, amarrando os seus dirigentes ao cumprimento desses desígnios. Para o bem e para o mal, em França, os líderes cuja percepção pública fica abaixo das expectativas, acabam por ser confrontados pela revolução.

O espírito de singularidade combativa da França e o seu contributo na construção da História global não precisam de apresentações. Luís XIV é um exemplo glorioso do cumprimento desse mandato. Construiu um ecossistema cujos testemunhos de grandiosidade subsistem hoje nas pedras e nas letras, um património que é objecto de admiração global. Foi um Rei que dedicou as suas energias e os recursos que não tinha (deixou o país totalmente arruinado), na afirmação política e militar da supremacia francesa, em especial contra os seus vizinhos. Conteve o Império espanhol e a nascente Inglaterra, e manteve a Alemanha dividida em milhares de unidades independentes garantindo, assim, a impotência germânica face ao poderio de Versalhes. Morreu, tranquilamente, na cama, rodeado dos seus mais dedicados admiradores. No momento da sua morte, os gauleses estariam certamente esmagados, mas ainda assim, profundamente orgulhosos.

E se o seu bisneto Luís XV ainda conseguiu manter viva a chama da glória Solar, o neto deste já não teve essa competência ou sorte. Com Luís XVI, a magia deixou de funcionar e a situação económica impediu a realização das onerosas aventuras militares para responder às afrontas dos vizinhos. E a humilhação foi tal, que os seus constituintes – tanto as elites como o povo anónimo – consideraram-no inapto para o serviço. O trambolhão da Bastilha e do Período do Terror subsequente foram tão grandes, que ainda hoje se ouvem os ecos. Este foi, sem dúvida, um período charneira na História da Humanidade: o momento em que o modelo geral de organização, a monarquia hereditária de direito divino, é posto definitivamente em causa pelo princípio do exercício da vontade soberana dos indivíduos e pela existência de um Estado de Direito assente na lei. Com o tsunami político da Revolução Francesa de 1789, foram também abertas as comportas que condicionavam a expansão das novas ideias sociais e científicas que vinham amadurecendo desde o Séc. XVI e que vão gradualmente colocar um ponto final no mundo medieval. Os gauleses viveram confusos nesses tempos complicados, mas faziam História.

O caos revolucionário só será resolvido por Napoleão Bonaparte que vai conseguir impor, pela força, não só a administração da Europa a partir de Paris, como a aplicação prática de muitas das ideias revolucionárias, hoje património universal da Humanidade. Mas, para os franceses, ainda que não o assumam, o que Napoleão fez de mais importante, foi a demonstração da absoluta superioridade da França. Apesar da sua carreira ter sido meteórica, Napoleão cumpriu com inigualada glória o desígnio dos dirigentes franceses, pelo que a sua memória dourada subsiste intacta. Apesar de vencido, protegido pelo escudo invisível do seu prestígio, é poupado pelos vencedores seus inimigos e, tal como Luís XIV, morre tranquilamente na sua cama rodeado dos seus mais dedicados admiradores. Os gauleses estavam exaustos, mas orgulhosos e felizes.

A cura das muitas feridas deixadas em aberto pela revolução, e depois pelo Império Bonapartista, levou à reinstalação, no poder, da dinastia dos Bourbon, por imposição da aliança entre Ingleses, Russos e Prussianos, as potências que haviam derrotado Napoleão. Como curiosidade histórica conta-se que, quando os aliados vencedores se reuniram em Paris para decidir do futuro da França vencida, o Czar Alexandre da Rússia, admirador (apesar de tudo) da grandeza da ideia e da cultura francesa, pretendia que o novo Rei fosse um dos grandes generais de Napoleão, como forma de garantir a pacificação e a recuperação do país. Mas nas reuniões entre os aliados e as elites francesas para a procura de soluções governativas, um tal Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, convenceu o Czar de que a pacificação só seria possível com um Rei cujo direito não fosse objecto de disputa, pelo que se deveria convidar um Bourbon. Talleyrand continua assim a sua carreira política extraordinária, que o fez passar de Bispo e membro do Governo de Luís XVI, à participação activa na Revolução que matou o Rei, passando para ministro incontornável de Napoleão e depois ao Governo dos Reis Bourbon. Conta-se também que, quando um dia Luís XVIII o quis demitir, Talleyrand lhe terá dito: “Sire, vós estais enganado, fui eu que vos nomeei” e Talleyrand continuou no Governo. Na realidade, o novo mundo pós-Revolução era afinal estranho para os dois irmãos de Luís XVI – Luís XVIII e Carlos X – que reinaram de 1814 a 1830. Mas, apesar da mudança de condições sociais e políticas, a missão do Rei em manter a grandiosidade do país mantinha-se, e vai ser com Carlos X que a França se lança na conquista da Argélia. Só que, cegos pelo revanchismo monárquico, os Bourbon perdem apoio popular e são obrigados a partir para o exílio aquando da Revolução de 1830. O povo gaulês tinha, uma vez mais, assumido o controlo.

Vai ser chamado um novo Rei, Luís Filipe de Orleães, que reinicia o caminho da França em direcção à democracia, mas não vai conseguir seduzir os franceses nem o seu insaciável desejo de grandeza. Em consequência, com a Revolução de 1848, Luís Filipe abdica e parte para o exílio. Dizia-se na altura que o Governo estava tão fragilizado, que foi autorizado a dissolver-se… A depressão era generalizada.

Proclamada a II República, o primeiro Presidente eleito será Napoleão… um sobrinho de Bonaparte, que afirmava, candidamente, que só o seu nome era um programa político impossível de bater. Esta foi uma República de curta duração, pois o Presidente Napoleão convoca um plebiscito e reinstala um novo regime que classifica de Império, com ele próprio como o Imperador Napoleão III. Mas enquanto a Revolução Industrial e a exploração colonial iam enriquecendo o brasão do novo Imperador, e chefe da tribo gaulesa, a diminuição do domínio francês na Europa abriu finalmente caminho à unificação do mundo germânico. Esta unificação não aconteceu, como seria de esperar, à volta do Império de Viena, mas antes liderada pelo Reino militarista da Prússia com sede em Berlim. Napoleão III, refém do mandato popular para a afirmação da superioridade francesa, vai, irresponsavelmente, desafiar a Alemanha que aproveita a oportunidade para explicar aos franceses que o mundo mudou. Apesar do Imperador ter sido derrotado em 1870, o povo de Paris não aceita a rendição e assume a missão da singularidade e da independência gaulesa, avançando para a Revolução da Comuna de Paris. O resultado foi dramático para os revoltosos. Vencidos pelo próprio exército francês que não queria mais aventuras, os irrequietos gauleses vão ter muita dificuldade em recuperar.

Sobre as cinzas dessa Revolução nasce a III República, formalmente respeitadora do poderio germânico, mas que assume um programa revanchista de reinvestimento militar, que será posto à prova na I Guerra Mundial de 1914-18. Apesar da bravata militarista francesa – que reivindica ter conseguido a derrota e a humilhação da Alemanha na I Guerra Mundial – não fosse a intervenção americana no final da guerra e o resultado deste tira teimas franco-germânico teria sido bem diferente. Esta será porventura a primeira grande vitória militar virtual do século. Os gauleses tinham redescoberto a poção mágica.

Após as celebrações da vitória de 1918, os franceses não se prepararam adequadamente para a desforra que Hitler lançou nos anos 30 e para a qual galvanizara toda a nação germânica. De facto, entre as guerras mundiais do Séc. XX, os franceses substituem o reflexo gaulês contra o inimigo externo pela guerra política interna e, divididos, acabam vencidos militarmente por Hitler em 1940.  Mas desta vez a derrota não alimentou o espírito de luta dos gauleses que acabaram, na sua maioria, por normalizar mentalmente a submissão a um invasor sanguinário e insaciável. A salvação moral da França em 1945 não vem (como se irá fazer crer mais tarde) da vitória protagonizada pelas multidões de guerreiros gauleses, mas foi antes conseguida na secretaria por um militar que se recusou a obedecer ao Governo colaboracionista e fascista de Vichy e que manteve acesa a chama da galhardia gaulesa. Com a benevolência dos ganhadores da Guerra – americanos e ingleses – o futuro general De Gaulle vai conseguir um dos maiores êxitos militares virtuais de toda a História: a França passa de escrava submissa de Hitler, a co-vencedora da II Guerra Mundial. Afinal, a verdadeira e legítima França, os reais herdeiros dos gauleses, estavam reunidos à volta de um líder que fazia discursos em Londres. Esta foi uma dose gigante de poção mágica.

Com a paz americana vieram os gloriosos anos da reconstrução, a mobilização entusiasta de vontades, o crescimento económico, mas também a perda do Império Colonial. Os franceses eram agora simpáticos obreiros de uma epopeia de progresso económico na Europa. Pelo caminho ficou a IV República parlamentar, apeada popularmente em 1958, em resultado das desventuras militares coloniais. Também dispensado pelo povo em 1969 foi o próprio fundador da V República, o General De Gaulle, apesar dos êxitos políticos e económicos que obteve. A sua tutela paternalista tornou-se insuportável aos irrequietos guerreiros.

Nos anos 70 começam as complicações internacionais com as crises do petróleo, a par do aumento das despesas com o Estado Social, que anunciavam continuar a crescer. Para não ferir a irritabilidade gaulesa, os responsáveis políticos preferem negar que há problemas e assumem que o Estado consegue resolver tudo, sem ferir privilégios, nem pedir sacrifícios. O resultado foi ter-se conseguido manter a paz nas hostes gaulesas, mas sempre com alguma dificuldade. E como na realidade não havia nenhum milagre dos pães, o resultado desta benevolência aparecia na contabilidade da dívida pública. Em 1974, último ano até à data sem défice do Estado, a dívida pública era de 20% do PIB, mas, a partir daí, cada Presidente vai assinando, ao sair, uma herança crescente: Giscard D’Estaing 22%, Mitterrand 55%, Chirac 64%, Sarkozy 85% e Hollande 98%. Macron, que tentou, mas não conseguiu diminuir o custo das pensões, vai à data com 112%, contabilizadas as concessões aos gillet jaunes e os custos com o Covid.

No entanto, se ouvirmos hoje os dirigentes da oposição, todos afirmam ser necessário aumentar as despesas com a saúde, com a protecção social e com os subsídios às actividades económicas politicamente sensíveis, como a agricultura. Mas recusam liminarmente o aumento de impostos e da idade da reforma. A fé na magia parece permanecer intacta. Visto de fora, não se consegue entender o que querem os partidos franceses. Mas o tempo dos milagres parece ter acabado.

Neste momento temos uma situação que repete o que já aconteceu várias vezes no passado: um Chefe de Estado altamente impopular, um Governo autorizado a dissolver-se, um Parlamento disfuncional, uma crispação política extremada e uma situação financeira muito grave. Mas desta vez falta desesperadamente um fio condutor de vontades para lutar por uma solução comum. Falta generosidade para partilhar o esforço indispensável. E sobra a permeabilidade aos interesses das potências inimigas (são três), que querem de uma vez por todas, acabar com o protagonismo da Europa.

Sismo de magnitude 2,4 na escala de Richter sentido na ilha Terceira

Um sismo de magnitude 2,4 na escala de Richter foi sentido esta sexta-feira na ilha Terceira, no âmbito da crise sismovulcânica em curso, informou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

Segundo o CIVISA, o abalo foi registado às 17h23 locais (18h23 em Lisboa) e teve epicentro a cerca de seis quilómetros a nordeste de Santa Bárbara.

“De acordo com a informação disponível até ao momento o sismo foi sentido com intensidade máxima III (escala de Mercalli Modificada) em Serreta e Terra Chã (concelho de Angra de Heroísmo)”, é referido.

De acordo com o CIVISA, o abalo “insere-se na crise sismovulcânica em curso na ilha Terceira desde junho de 2022“.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) também emitiu um comunicado sobre o sismo registado pelas 17h23 locais e atribuiu-lhe magnitude 2,7 na escala de Richter e epicentro a cerca de seis quilómetros a este da Serreta.

Segundo a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).

A escala de Mercalli Modificada mede os “graus de intensidade e respetiva descrição”.

Com uma intensidade III, o abalo é considerado fraco, é sentido dentro de casa e os objetos pendentes baloiçam, sentindo-se uma “vibração semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados”, descreve o IPMA na sua página da internet.

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