11 exemplos de falsas acusações contra pais e mães alienados


Neste e no artigo da semana passada “qual o objetivo das falsas denúncias ou acusações? vivências de pais e mãe alienados”, analisamos as descrições de vivências que nos foram partilhadas por vários pais e mães alienados, vítimas de falsas acusações ou denúncias.
Este texto reúne diversos testemunhos e relatos de quatro Mães (Joana, Rita, Anamare e Sara), e seis Pais (João, José, Tomás, Vasco, Henrique e Rui – nomes fictícios) sobre falsas imputações e denúncias/acusações em processos de Alienação Parental que permitem ilustrar onze estratégias de falsas denúncias ou falsas acusações usadas pelo pai/mãe alienador com vários intuitos, especialmente o de afastar o outro o pai/mãe alineado da vida do(s) filhos(s).
ONZE FALSAS IMPUTAÇÕES E DENÚNCIAS/ACUSAÇÕES
1.Realizar falsas imputações e denúncias/acusações sobre o USO DE DROGAS E ÁLCOOL
Henrique relatou-nos que foi vítima de uma falsa acusação por parte da mãe alienadora indicando que ele teria um problema de alcoolismo, realizada com o objetivo de construir uma imagem sua negativa e afastar os filhos de si: “Falsas acusações…de ter um problema de alcoolismo”.
2.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de ABUSO SEXUAL
Anamare identificou as falsas acusações de abuso sexual que o pai alienador realizou ao seu companheiro. Acusações falsas, porque nunca aconteceram. Contou que o relato deste episódio foi analisado pelo tribunal como manipulado pelo pai, o que reforça a questão de que a acusação foi falsa: “Que o companheiro da mãe na presença desta tirou uma fotografia à criança enquanto esta tomava banho. Para além de ser mãe, esta situação não aconteceu. A minha filha só tomava banho quando eu estava em casa e durante a semana acontecia no final do dia. Interessa reforçar que esta acusação foi feita em tribunal na audição da criança a quando do pedido de alteração das responsabilidades parentais uma vez que o pai requereu a guarda total e exclusiva da menor com base nas falsas acusações. Foi mais analisado pelo Tribunal que o relato da criança foi forçado para a situação específica. Mas a criança foi retirada da mãe, as marcas ficaram. Ficou o rasgo da dor de ser surpreendida em Tribunal e ficaram as feridas da acusação”.
O Rui contou-nos que foi vítima de falsas acusações de abuso sexual, proferidas pela mãe alienadora como uma estratégia de difamação para o afastar dos seus filhos: “Fui vítima de difamação…A mãe fez falsas acusações contra o pai, como abuso sexual, para afastá-lo das crianças…. “.
3.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de que o pai ou mãe alienada é uma PESSOA PERIGOSA
A Joana relatou que foi falsamente acusada pelo pai alienador de que era uma pessoa perigosa com o objetivo de a desqualificar como mãe perante a filha e o sistema judicial: “Acusou-me de possuir uma arma (nunca na minha vida, sequer, peguei numa arma, quanto mais ter uma!) …e de ser uma potencial traficante…. Fui acusada de ser …traficante. Valia tudo…Fui acusada …de ser maluca…era eu que punha a minha filha a par de todo o processo, a decorrer no tribunal, eu era, na boca dele, um monstro”.
O Tomás partilhou-nos que a filha estava manipulada por discursos negativos da mãe alienadora e que, por isso, perante qualquer contrariedade, a filha tornava-se agressiva procurando assim validar aquilo que lhe foi dito pela mãe sobre o pai: “Para além disso e como é normal na idade, a minha filha testa limites mas no caso dela qualquer contrariedade que encontra quando está comigo desperta uma narrativa de “não me respeitas” , “os homens não interessam” ou “ “todos os adultos são mentirosos”, procurando a cada momento confirmar aquilo que lhe foi dito sobre mim pela mãe”.
4.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de MAUS TRATOS FÍSICOS
A Sara mencionou a dor e angústia decorrente do facto de ser vítima de falsas e injustas acusações repetidas, tendo sido arquivadas por falta de provas. Mas dor é ainda maior, porque estas falsas acusações afetam a sua relação com os seus filhos: “Já fui alvo de queixa de violência doméstica contra os meus filhos quatro vezes, mas os processos foram sempre arquivados. Não porque alguém me defendeu, mas porque não havia nada…dizem que os magoo, que os aperto de propósito para os fazer chorar…que lhes bato repetidamente…dizem…. até que até o meu companheiro os agrediu”.
Magoada, Joana contou como o pai alienador a acusava falsamente de influenciar a sua filha contra ele e de bater e maltratar a sua filha: “Era eu que influenciava a minha filha contra ele, era eu que a tratava mal, em todos os aspetos…bater…”.
Rita vive um enorme sofrimento emocional de treze anos de acusações persistentes, num processo prolongado, contínuo e desgastante, caracterizado por um padrão recorrente de graves falsas acusações e maus tratos e violência física, sem provas, que tem como consequência o seu descrédito e o desgaste do vínculo parental com danos irreparáveis, assistindo à dor de ver o próprio filho, que antes era afetuoso, acreditar que a mãe é uma agora uma agressora: “Há 13 anos que vivemos um pesadelo silencioso. Um pesadelo que começou com falsas acusações — maus-tratos, violência física, ……. Denúncias infundadas que nunca foram sustentadas por provas, mas que foram ditas com tanta convicção que, aos poucos, se tornaram verdades perigosas…acreditar no filho é natural. Ouvir a sua voz a dizer que o pai que sempre o protegeu é, afinal, um agressor — é uma dor indescritível. Como lidar quando a boca que pronuncia essas palavras é a mesma boca que, um dia, chamou por nós com carinho e confiança?”
Anamare vítima de falsas acusações, repetidas e infundadas, que distorcem episódios verídicos que são dissimuladamente alterados para sustentar e reforçar as acusações de narrativas de perigo e indignidade do pai alienador: “Que a mãe maltrata a filha, batendo…Para além de ser mãe, nunca bati e/ou batemos na criança. Esta situação foi-se agravando e constantemente incluíram acusações. Nessa altura estávamos com regime de residência alternada, o que fazia com que semanalmente existissem acusações baseadas sempre em algum acontecimento verídico que era distorcido e alterado para outra situação acusatória”.
O Vasco assinalou o profundo sofrimento emocional que lhe gera o padrão de graves falsas acusações de maus tratos físicos a que tem sido sujeito, com um impacto jurídico direto. Destas, apenas uma situação que chegou a julgamento e mostrou-se deturpada nos fatos, sendo que cinco das seis acusações foram descartadas com facilidade. Este pai referiu que, mesmo que não tenha sido condenado, o simples fato de enfrentar essas acusações já causa uma estigmatização e um possível afastamento da convivência com os filhos: “um péssimo pai que batia nos filhos e os colocava de castigo vezes sem conta….uma pessoa altamente violenta que agrediu barbaramente a esposa no quarto, tendo feito tal ataque hediondo diante dos filhos …. Não foi preciso contratar os melhores advogados de Portugal para fazer cair 5 dessas 6 acusações. E na que ficou em cima da mesa, percebeu-se no julgamento que o que ocorreu foi muito diferente do que constava na acusação”.
Outro exemplo de sujeição a um padrão recorrente de falsas acusações é o do Henrique. Neste caso, com ênfase na caracterização de uma personalidade perigosa, rotulada de “agressivo” e “imprevisível” pela mãe alienadora. Mesmo sem provas e sustentação, tais acusações afetam a imagem do pai diante do seu filho e da sociedade, e cumprem o papel de afastar ou desacreditar este pai alienado: “Falsas acusações…de ser agressivo e imprevisível…”.
O Rui partilhou que foi vítima de uma falsa grave acusação de abuso físico, uma grave difamação, de uma denúncia sem provas, em que a sua reputação foi intencionalmente atacada: “Fui vítima de difamação…A mãe fez falsas acusações contra o pai, como abuso físico”.
5.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de MAUS TRATOS VERBAIS
A Joana é um exemplo de uma vítima de falsas acusações e de maus tratos verbais à sua filha pelo pai alienador: “era eu que a tratava mal, em todos os aspetos …ofender…”. Já o Vasco relatou ter sido vítima falsas acusações de maus-tratos verbais à mãe dos filhos: “constava na acusação do Ministério Público: que estávamos perante um mau marido que desrespeitava a esposa e a insultava repetidamente…”.
6.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de MAUS TRATOS EMOCIONAIS OU PSICOLÓGICOS
Ao longo de 13 anos, a Rita foi vítima de falsas acusações de maus-tratos emocionais e psicológicos, acusações infundadas e nunca comprovadas com evidências e que, tantas vezes, afirmadas com convicção ganharam a força que as transformou em histórias verdadeiras, com consequências graves para a sua família: “Há 13 anos que vivemos um pesadelo silencioso. Um pesadelo que começou com falsas acusações — maus-tratos, violência … emocional. Denúncias infundadas que nunca foram sustentadas por provas, mas que foram ditas com tanta convicção que, aos poucos, se tornaram verdades perigosas…começaram as insinuações. A irmã é a preferida. A irmã é a mais amada. É por ela que se faz tudo, é ela que recebe presentes, é ela que ocupa o lugar que o irmão nunca teve. “Só depois dela nascer é que o pai aprendeu a ser pai,” diziam. “Foi só depois dela que o pai começou a dar amor”.
O Tomás foi vítima de manipulação emocional por meio de uma informação falsa ou distorcida intencionalmente, com consequência na perceção que a filha tem dele: “Mostrou-lhe mensagens falsas ou descontextualizadas…. Fê-la acreditar que só lhe dou “roupa velha e usada”…Criou-lhe uma narrativa de que não tenho dinheiro para lhe dar mais coisas enquanto a mãe lhe dá tudo”.
Com um sentimento de injustiça e parcialidade face ao sistema judicial e às decisões tomadas pelo tribunal, Joana revela ter sido exposta a realização de testes psicológicos, enquanto o pai alienador foi salvaguardado disso: “Assim como, o tribunal, também requer testes psicológicos, mas só a mim, salvaguardando o pai”.
7.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de NEGLIGÊNCIA
A Sara afirma ter sido falsamente acusada de negligência e de incompetência quanto à prestação de cuidados básicos aos filhos, uma acusação injusta como mãe: “Dizem …que não sou capaz de cuidar deles, que não lhes ofereço condições de higiene, que os faço passar fome”.
De forma semelhante, a Anamare mencionou as falsas acusações do pai alienador relativamente ao facto de ser negligente na educação da filha, numa total desvalorização das suas competências maternas: “Falsas acusações por parte do pai da filha em comum Que eu não percebo nada de educação e que não sei escolher o que seja melhor para a filha… Para além de ser mãe, tenho formação e trabalho na área da educação, sempre promovi a inclusão de propostas diferenciadas na área formativa. Pelo contrário o pai pretende uma única área, ocupação extraescola com explicações, levando a que a criança não esteja focada no período escolar, conversando constantemente, uma vez que sabe que depois terá um ensino individualizado”.
Henrique conta que foi alvo de falsas acusações por parte da mãe alienadora, de forma infundada e instrumentalizada em contextos de conflito conjugal ou pós-divórcio, visando a construção de uma imagem sua distorcida, como sendo um pai ausente ou autoritário: “Falsas acusações …de que eu não me preocupava com os filhos (antes e depois do divorcio) …Falsas acusações …..de ser um pai-patrão”.
8.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de ABANDONO E/OU CULPABILIZAÇÃO PELA SEPARAÇÃO
O Tomás referiu-se a acusações que distorcem a realidade dos fatos da separação e que geraram danos profundos da sua imagem paterna e do vínculo com a filha: “Foi-lhe dito que “expulsei a mãe quando estava grávida”, criando uma narrativa de abandono que nunca existiu”.
Henrique relatou ter sido vítima de acusações emocionalmente devastadoras por parte da mãe alienadora, que o retratava como um pai constantemente ausente e desinteressado na vida dos filhos. Estas falsas imputações foram usadas repetidamente como instrumento para justificar o afastamento emocional entre pai e filhos, apresentando-o como dispensável, o que contribuiu para a recusa de convívio por parte dos filhos: “Falsas acusações…de que ele sempre foi ausente na vida dos filhos (esta a mais grave provavelmente)”.
Alvo de falsas acusações e de ter sido o responsável pelo fim do casamento, o caso do Rui é um exemplo claro de Alienação Parental ativa. A mãe manipulou emocionalmente os filhos, de forma intencional e sistemática, distorcendo a realidade com o objetivo de destruir o vínculo entre pai e filhos: “A mãe, com uma frieza calculista, manipulou as crianças, colocando-as contra o pai e distorcendo a realidade…A mãe coloca as crianças contra o pai, fazendo-as acreditar que ele é o culpado pela separação ou pelos problemas da família”.
9.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de PERSEGUIÇÃO
O Vasco referiu que foi vítima de falsas acusações de perseguição e exposto ao uso de narrativas distorcidas por parte da mãe alienadora, com o objetivo de criminalizar comportamentos parentais normais, destruir a sua reputação e justificar o afastamento familiar. Estas falsas alegações serviram ainda para impedir o contacto com os filhos e sustentar pedidos de medidas protetivas injustificadas: “uma pessoa com uma personalidade doentia que perseguia a sua ex-companheira ao ponto de esta ter de mudar de emprego, e um indivíduo que não olhava a meios para perseguir e controlar os filhos na escola, catequese e no parque que habitualmente frequentavam”.
10.Proferir falsas imputações e denúncias/acusações de MENTIROSA
A Joana relatou ter sido alvo de falsas acusações que visavam diretamente a sua integridade e credibilidade enquanto mãe e pessoa. “Fui acusada de ser… mentirosa”, afirmou. Esta acusação, embora aparentemente simples, tem um efeito profundamente desestabilizador — pois visa deslegitimar qualquer narrativa ou posicionamento que Joana apresente, seja no contexto judicial, familiar ou institucional: “Fui acusada de ser …. mentirosa…”.
O Tomás é rotulado de ‘ladrão’ pela mãe alienadora que convenceu falsamente a filha de que o pai é uma pessoa que mente constantemente: “Disse-lhe que sou um “ladrão” e que roubei coisa que nunca fiz….Convenceu-a de que minto constantemente…”.
11.Proferir falsas imputações e acusações de comportamentos e atitudes que o alienador praticou, atribuindo-os ao alienado, através da falsificação ou distorção dos fatos.
A Joana partilhou que o pai alienador a acusa falsamente de comportamentos que ele próprio cometia: “Ou seja, o progenitor acusou-me do que ele fazia…É uma pessoa com um distúrbio mental, que fazem da vítima o seu “espelho”, o seu “reflexo”.
No mesmo sentido, o Rui referiu que a mãe formulou acusações falsas contra ele, distorcendo os fatos e imputando ao pai condutas que, na realidade, foram praticadas por ela própria. Essa inversão dos acontecimentos tem causado confusão nas crianças e prejudicado a sua perceção da verdade, dificultando a resolução adequada dos conflitos familiares: “A mãe…diz que o Pai colocou um processo contra a Mãe (como, declarações da Polícia Judiciária; quando exatamente foi o contrário… A mãe acusou-me falsamente …inverteu a realidade, acusando o pai de ações que ela própria cometeu, confundindo as crianças e distorcendo a verdade…. O meu filho nas declarações à Polícia Judicial. Diz que o Pai colocou um processo contra a Mãe; quando foi o contrário”.
Já o Tomás relatou que foi acusado injustamente de enviar “mensagens horríveis” à mãe, o que não corresponde à realidade, pois, segundo ele, na verdade nunca responde às mensagens por ela enviadas, demonstrando assim que a alegação é infundada e distorce os fatos: “Disse-lhe que envio “mensagens horríveis” à mãe quando é precisamente o contrário e nunca respondo a essas mensagens”.
MENSAGENS DE DOR E DESESPERO
Deixamos agora algumas mensagens de dor e desespero de mães/pais vítimas de Alienação Parental, através de falsas acusações ou denúncias.
O Tomás relatou que os momentos que partilha com a filha se tornaram emocionalmente exaustivos, marcados por um esforço constante para desconstruir as falsas narrativas implantadas pela mãe alienadora. O processo de reconstrução de uma relação saudável é assim dificultado por sabotagens contínuas, criando um ambiente de tensão e dor: “Neste momento os momentos em que estou com a minha filha transforma-se cada vez mais numa batalha para desmontar as falsas narrativas que lhe foram incutidas. É exaustivo e doloroso tentar reconstruir uma relação saudável quando constantemente sabotada pela outra parte”.
O José destaca uma das consequências mais perversas das falsas acusações em contextos de Alienação Parental – a inversão do princípio da presunção de inocência. Relata como, mesmo sem provas, se instala imediatamente uma suspeita que contamina a sua imagem e prejudica a sua relação com os filhos. A recuperação do vínculo torna-se extremamente difícil, mesmo quando a verdade é restabelecida: “Instala-se a suspeita e aqui o princípio de inocente até prova em contrário funciona no inverso, culpado ou muito suspeito, até provar que está inocente e mesmo que o consiga provar, os danos estão feitos e os recuperar é sempre complicado”.
O Vasco denunciou a lógica distorcida que impera no sistema de Justiça em casos de conflito parental, onde a verdade é frequentemente secundarizada em favor de estratégias processuais manipuladoras. Sublinha que esta dinâmica não apenas mina a imagem da justiça, como compromete seriamente o bem-estar das crianças e das suas famílias. Na sua crítica incisiva refere-se a um sistema onde “vence” quem melhor representa um papel, deixando as verdadeiras vítimas, os filhos, a pagar um elevado preço emocional para sempre: “Esta lógica justiceira do nosso sistema de Justiça representa uma ameaça ao bem-estar das crianças e jovens, mas também das suas famílias. “Vence” o processo em Tribunal quem mais mentiras papaguear e quem melhor treinar a coreografia… No fim, as crianças é que pagam. Ficam com marcas para toda a vida”.
A Rita partilhou um testemunho marcado pela persistência, dor e resistência emocional. Ao longo de anos, ela e a sua família lutaram para se manterem firmes perante uma realidade profundamente injusta. No entanto, a intensidade das falsas acusações e a repetição de mentiras através da voz do próprio filho desencadearam profundos abalos emocionais que lhes esvaziam a esperança e deixam marcas irreversíveis: “Durante anos, tentámos ser fortes. Tentámos manter a sanidade, a esperança, o amor. Mas houve momentos em que nos faltaram forças. Quando as acusações se intensificaram, quando as palavras se tornaram punhais, quando a dor de ouvir o nosso filho repetir mentiras nos deixou sem chão”.
A Sara vive uma realidade marcada por uma ausência que vai muito além da presença física, a ausência do afeto espontâneo de um filho. A sua dor é agravada pelo sentimento de injustiça, por nunca lhe ter sido dada a oportunidade real de se defender das acusações que a afastaram dos filhos: “Vivo e sobrevivo na ausência de um simples “amo-te mamã” e tudo isso sem que me fosse dada a oportunidade justa de me defender”.
FINALIZANDO COM MENSAGENS DE ESPERANÇA
A Sara viveu com o coração suspenso, entre a dor e a esperança. Para além da falta dos gestos simples de afeto por parte dos filhos, a sua voz foi muitas vezes silenciada por processos que não lhe permitiram defender-se com justiça: “Este é o meu testemunho. Um grito silencioso de quem foi calada demasiadas vezes. Um desabafo de uma mãe que só quer voltar a ser vista pelos filhos como sempre foi: um porto seguro. Esta partilha é a minha forma de dizer a outros pais e mães que não estão sozinhos. A verdade tarda, mas não deve falhar…hoje, continuo a lutar pelo direito de estar presente na vida deles, não por ego, mas porque acredito que os filhos têm o direito de amar e ser amados por ambos os pais, sem interferências…”. Não obstante transmite-nos uma mensagem de esperança, profundamente comovente e que carrega um peso emocional que muitas mães (e pais) certamente reconhecem: “Não sou perfeita. Mas sou mãe. A Mãe que ama, que chora sozinha à noite, que se levanta todos os dias com a esperança de que a verdade um dia vença…Sou a Mãe que luta, não para vencer ninguém, mas para estar presente, nos poucos momentos que atualmente me permitem, para os continuar a amar, apesar de tudo, e apesar de muitas vezes ser maltratada pelos meus próprios filhos, mas eles não têm a culpa”.
De igual forma a Rita quis testemunhar a outros pais a sua dor pela injustiça, mas também a sua esperança: “Hoje, escrevemos para todos os pais, madrastas, irmãos e avós que vivem esta dor silenciosa. Para todos aqueles que ouvem mentiras nas vozes de quem mais amam. Para todos aqueles que são tratados como culpados sem julgamento, sem provas, sem verdade…E escrevemos também para os que acreditam sem questionar. Para os que ouvem as mentiras e as aceitam sem pensar no que está por trás. Pensem. Reflitam. Nem tudo o que é dito é verdade. E, às vezes, a voz que ecoa a acusação é apenas o eco de outra voz, que manipula, distorce, controla…A verdade pode ser sufocada, mas não pode ser destruída. E um dia, ela há de emergir, trazendo consigo a paz que todos aqueles que amam verdadeiramente merecem”.
O testemunho carrega uma intensidade emocional profunda e representa a realidade dolorosa que muitas mães e pais enfrentam em silêncio. A Joana expressa a sua dor, um sentimento de impotência, mas também de coragem: “O tribunal entrega a minha filha a um pai mentalmente disfuncional, alienador, mentiroso compulsivo, que maltratou, gravemente, a minha filha. A minha filha sofreu maus tratos psicológicos, físicos e verbais graves…Passados 4 anos e meio, a minha filha, com 12 anos, revolta -se e, ainda que com pânico do pai, enfrenta-o e quando vem para junto de mim não a deixo mais”.
O testemunho do José traz uma mensagem de esperança, resistência e amor incondicional, fundamentais para equilibrar a dor e a injustiça sentidas: “Infelizmente sei bem o que é o fenómeno da Alienação. Nunca desistir, nunca baixar os braços, momentos mais difíceis podem servir para ganhar balanço para seguir em frente ainda com mais determinação. Não podemos desistir das crianças e sempre acreditar que um dia elas vão acordar e precisar de todo o nosso apoio quando entenderem o que lhes aconteceu. Só assim se o poderá travar, mas mesmo assim haverá sempre quem o tente e em muitos casos a suspeita sobre quem é visado vai se manter. Amor, muito, ele vai sempre um dia vencer”.