Ataque de Trump às universidades é “oportunidade para Portugal reaver talento”


Nas recentes políticas para a ciência da Administração Trump, como a proibição de alunos estrangeiros em Harvard, a Europa vê uma oportunidade de atrair talento a uma escala global.
Numa altura em que o Governo norte-americano corta apoios à investigação científica, países e universidades europeias lançam programas de financiamento direcionados a cientistas e académicos de “excelência”. Portugal está atento a esta oportunidade de recrutamento de talento.
Há muito que os Estados Unidos são vistos como um “íman” para os melhores investigadores. No geral, os orçamentos e salários são maiores. E por isso, durante décadas, a Europa viu os seus cérebros “remar” para o outro lado do Atlântico. Agora, tendo em conta a perda de atratividade dos Estados Unidos na área da ciência, o “Velho Continente” está a tentar inverter esse fluxo.
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Portugal também pode sair beneficiado. Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), considera que esta é uma oportunidade para o país reter e captar talento não só do outro lado de Atlântico, mas a uma escala global.
“Do ponto de vista de um país como Portugal – que tem perdido talento nacional (…) – esta é uma oportunidade para reaver algum desse talento. Não é tanto atrair investigadores radicados nos Estados Unidos, é atrair investigadores de alta qualidade, que agora já não colocam os Estados Unidos entre os seus destinos de preferência e podem considerar outros, nomeadamente a Europa e Portugal”, explicou à Renascença.
O reitor da Universidade de Aveiro diz haver “boa vontade” por parte das universidades portuguesas em acolher investigadores qualificados que queiram vir para o nosso país. Alerta, contudo, para as “fragilidades ao nível das carreiras e do financiamento” do sistema científico nacional, sublinhando que o lançamento de programas para cientistas estrangeiros deve ser feito sem “prejuízo de esforços” para as faculdades. É necessário conseguir “financiamento adicional”, que pode vir da União Europeia, por exemplo.
Em maio, abriram as candidaturas para a NOVA Medical Global Talent Iniciative, um programa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa que “visa atrair investigadores internacionais de excelência para Portugal”. Conta com um financiamento inicial de dois milhões de euros.
Em declarações à agência Lusa, Helena Canhão, diretora da universidade, disse que o programa é lançado tendo em conta a situação dos Estados Unidos, mas que está aberto a profissionais qualificados de várias origens.
“Sabemos que há descontentamento nos Estados Unidos em relação a algumas linhas de investigação, nomeadamente na área da saúde e que alguns desses cientistas – alguns até podem ser portugueses ou europeus, não necessariamente americanos, – podem estar interessados em vir trabalhar para a Europa e para Portugal”, explicou.