Com chegada da linha Rubi, Devesas vão ganhar melhores acessos pedonais e corredor verde

A zona das Devesas, em Gaia, tem vários problemas: um núcleo urbano envelhecido, edifícios degradados, armazéns devolutos e espaço público desorganizado. A chegada do Metro do Porto àquela zona da cidade é uma oportunidade de a mudar.
Na próxima segunda-feira, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia analisa e vota uma proposta de estratégia de reabilitação urbana que prevê a adaptação do entorno da estação à chegada da Linha Rubi (actualmente em construção), a reabilitação de edificado e a criação de um corredor verde que sirva de percurso para ligar vários pontos.
Na proposta consultada pelo PÚBLICO, lê-se que o metropolitano, que terá três estações relacionadas com a Área de Reabilitação Urbana em causa (Devesas, mas também Rotunda e Jardim Soares dos Reis, nas proximidades), “vai produzir um forte impacto”, contribuindo para melhorar “significativamente as condições de mobilidade, mas trazendo também novos desafios”. Nas Devesas, a criação de interface entre metro e ferrovia será um pretexto para mudar.
A envolvente da estação das Devesas tem “fragilidades”, sendo a sua natureza “marcadamente” rodoviária, com um espaço público “excessivamente fragmentado, com circuitos pedonais descontínuos e insuficientes e com condições para a estadia praticamente inexistentes”. No mesmo sentido, destaca-se “a insuficiência, quantitativa e qualitativa, da generalidade dos arruamentos locais” quanto a áreas dedicadas ao peão, nesta mancha de 30,3 hectares.
Na verdade, não é apenas a construção (em curso) da linha de metro que vai ligar a Casa da Música, no Porto, a Santo Ovídio, em Gaia, a alterar a dinâmica das Devesas. O projecto da linha de alta velocidade a prever a instalação de uma estação ferroviária enterrada em Santo Ovídio (ainda que haja pressões para alterar a localização), terá implicações nas Devesas, que terá uma diferente importância ferroviária.
Assim, tornam-se especialmente vocacionadas “para um acesso de âmbito local, ao qual se chega a pé, de bicicleta, em trotinete ou em serviço urbano de transporte público”. Essa mudança de “paradigma”, lê-se na proposta que será votada, “legitima uma atitude mais assertiva no que diz respeito às restrições à circulação automóvel”.
Ou seja, haverá redução da largura das faixas de rodagem, o aumento da largura de passeios e de outros espaços pedonais, “que se pretendem arborizados e dotados de pavimento seguro e confortável”.
Naquela parte que fica na órbita do centro histórico de Gaia, há terrenos desocupados que incluem a antiga Fábrica de Cerâmica das Devesas. Parte já está nas mãos do município, que já tem um projecto para a área, mas outra parte pertence a privados, Apesar de poderem ser parcialmente edificados, podem também dar origem a um “verdadeiro corredor verde em meio urbano que pode e deve integrar importantes funções de percurso”, que ligará a Escola Básica de Santa Marinha, o bairro operário tipo da CP e a malha do centro histórico de Gaia.
O documento vai ser votado num executivo de maioria socialista, naquela que deverá ser uma das últimas reuniões de Eduardo Vítor Rodrigues à frente do município. Na sequência de um processo em que foi condenado a perda de mandato por peculato de uso e esgotados os recurso judiciais, o autarca anunciou que abandonaria a presidência da câmara de Gaia em meados de Junho, depois de apresentar as contas consolidadas aos vereadores.
Depois de aprovado, o projecto da Operação de Reabilitação Urbana, que tem o horizonte de execução de uma década, é remetido ao Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana para emissão de parecer e enviado para discussão pública.
