Médio Oriente. Festival de San Sebastián condena “genocídio e massacres inimagináveis”

A direção do Festival de Cinema de San Sebastián, que começa no próximo dia 19, em Espanha, condenou esta sexta-feira o “genocídio e os massacres inimagináveis” de Israel contra o povo palestiniano.

Na abertura da conferência de imprensa sobre a edição deste ano do festival, o diretor artístico, José Rebordinos, e a responsável de comunicação, Ruth Anucita, leram uma declaração de repúdio contra o governo de Benjamin Netanyahu e também de condenação do ataque do grupo terrorista Hamas, a 7 de outubro de 2023.

“É insuportável tanta atrocidade, tanto terror. A raiva e a dor invadem-nos perante tal injustiça”, afirmaram, sublinhando que “respeitar os direitos humanos não é o mesmo que violá-los sistematicamente”.

A 73.ª edição do Festival de San Sebastián decorrerá no país basco entre os dias 19 e 27 de setembro, tendo sido sexta-feira revelado o júri e a programação completa, que contará com 254 filmes de 56 países.

O júri é presidido pelo realizador espanhol J.A. Bayona e integra, entre os seus membros, a realizadora portuguesa Laura Carreira, que em 2024 foi premiada com a Concha de Prata de melhor realização pelo filme “On Falling“.

Em San Sebastián estará também a atriz portuguesa Maria de Medeiros, protagonista do filme “Uma Quinta Portuguesa“, uma coprodução luso-espanhola da realizadora Avelina Prat.

Este filme estará no programa “Made in Spain“, juntamente com outra coprodução portuguesa, “San Simón“, de Miguel Ángel Delgado.

Anteriormente já tinha sido anunciado que a curta-metragem “A Solidão dos Lagartos”, da portuguesa Inês Nunes, vai competir na secção Nest, destinada a filmes de estudantes de cinema.

Natural de Tavira e formada em Realização pela Escola Superior de Teatro e Cinema, em 2015, Inês Nunes recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer o mestrado na Elías Querejeta Zine Eskola, em San Sebastián.

No mesmo festival, a coprodução portuguesa “Una Película de Miedo“, do brasileiro Sergio Oksman, vai abrir a secção competitiva Zabaltegi-Tabakalera, da qual constam filmes de André Silva Santos e Paula Tomás Marques (“Duas vezes João Liberada“).

À principal secção competitiva daquele festival basco chega a primeira obra de André Silva Santos, intitulada “Sol Menor“, que faz a sua estreia internacional em San Sebastián depois de conquistar o prémio de Melhor Filme Português no Curtas de Vila do Conde deste ano.

A ofensiva israelita na Faixa de Gaza foi desencadeada na sequência dos ataques do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, nos quais morreram 1.200 israelitas e 251 pessoas foram feitas reféns, de acordo com dados oficiais.

Na Faixa de Gaza morreram desde então mais de 64 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, no poder no enclave desde 2007, considerados fiáveis pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A ONU estima que quase um milhão de pessoas vivam na Cidade de Gaza e arredores, uma região que enfrenta uma situação de fome, como foi declarado por aquela organização internacional. Israel nega que exista fome em Gaza.

Doente psiquiátrico internado matou mulher a tiro durante a noite

Estava internado na psiquiatria. A mulher tinha sido autorizada a passar a noite com ele. Acabou por matá-la e, de seguida, tentou suicidar-se. Um homem de 51 anos matou a mulher com uma arma de fogo, no interior da Casa de Saúde de Santa Catarina, no Porto, na noite desta quinta-feira. O homem estava internado, depois de ter tido um surto psicótico; e a mulher, da mesma idade, tinha sido autorizada a passar a noite com ele. Segundo o Jornal de Notícias, o alerta foi dado por volta das 3h00 da madrugada, depois de terem sido ouvidos disparos. Segundo fonte

Boavista anuncia liquidação, mas “não o fim do clube”

O Boavista anunciou, em comunicado, que os credores do clube decidiram a liquidação do clube, embora a direção garante que isso “não significa o fim do Boavista Futebol Clube.”

Numa nota oficial, a direção dos axadrezados explica que a assembleia de credores decidiu “não adiar por 30 dias a votação do plano de recuperação apresentado — decisão que teria permitido conhecer o desfecho do processo de recuperação da Boavista SAD e apresentar integralmente o projeto em curso, bem como as negociações em andamento e a liquidação do clube.”

Ainda assim, a direção liderada por Garrido Bereira esclarece que a liquidação “não significa o fim do Boavista Futebol Clube”.

“Mesmo entre quem votou por essa solução, existe o entendimento de que é vital manter o Clube em funcionamento e preservar o património indispensável à sua atividade”, pode ler-se.

O Boavista diz que “a união de todos os boavisteiros é agora ainda mais essencial para um objetivo comum: manter o património que permitirá honrar compromissos, assegurar a recuperação e continuar a promover a prática desportiva.”

O clube portuense lamenta que “alguns dos principais credores” priviligiem “a alienação de património imobiliário do Clube, impedindo assim a apresentação e discussão do plano que permitiria pagar à totalidade dos credores — e não apenas a alguns — e garantir a continuidade da atividade e a reestruturação financeira e desportiva do Boavista.”

Sem nomear, o Boavista diz que “todos os credores, exceto três, votaram favoravelmente à recuperação e aos interesses do Boavista.”

O clube anuncia ainda que vai recorrer desta decisão, “dispondo de argumentos sólidos para defender a sua viabilidade. O Boavista continuará a dialogar com os principais credores no sentido de alcançar um acordo que sirva o interesse de todos.”

O Boavista alega ter o apoio “do Estado e da Câmara Municipal do Porto, apelando para que todos se mantenham firmes neste processo, assegurando que todas as acções são orientadas para a recuperação do Clube.”

“A Direção continuará a exercer o mandato para o qual foi eleita, colaborando com a administradora de insolvência e prosseguindo as negociações com investidores e parceiros capazes de viabilizar, de imediato, o futuro do Boavista e de garantir a sua sustentabilidade para as próximas gerações”, conclui.

A Boavista SAD deveria disputar a II Liga na temporada 2025/26, mas não conseguiu inscrever-se nas provas organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e, mais tarde, também viu negado o licenciamento para participar na Liga 3, tutelada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

A ausência de pressupostos financeiros sustentou esse desfecho, que levou o clube liderado por Rui Garrido Pereira a criar uma equipa sénior independente da SAD, numa altura em que as duas entidades enfrentam processos de insolvência, antes do aparecimento do Panteras Negras Footballers Club, cuja designação faz referência à claque e ao nome original do Boavista.

Despromovido à II Liga em maio, após fechar a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas consecutivas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título vencido em 2000/01.

Biden submetido a cirurgia para remover lesões de cancro de pele

Joe Biden foi recentemente submetido a uma cirurgia para remover células cancerígenas da pele na cabeça. Kelly Scully, porta-voz do ex-presidente norte-americano, confirmou a operação, depois de o programa da CBS Inside Edition ter divulgado um vídeo onde mostrava Biden, de 82 anos, a apertar as mãos depois de sair de uma igreja com o que parecia ser um longo corte do couro cabeludo à testa.

Kelly Scully explicou que Biden foi submetido a uma cirurgia de Mohs, um procedimento que envolve o corte de camadas de pele até que não haja mais sinais de cancro e é comummente utilizada para tratar as formas mais comuns de cancro de pele.

Já em 2023, o então, presidente norte-americano tinha removido uma lesão cancerígena de pele do tórax. A lesão foi diagnosticada como carcinoma basocelular, uma forma comum de cancro de pele.

A Reuters lembra que a cirurgia acontece depois de Biden, de 82 anos, ter revelado em Maio que tinha sido diagnosticado com cancro da próstata com metástases nos ossos. Na altura, a sua equipa descreveu a doença como agressiva, mas sensível às hormonas, o que significa que provavelmente responderá ao tratamento.

A saúde física e a acuidade mental do então presidente dos Estados Unidos da América foram temas frequentes de escrutínio durante a sua presidência e foram essas mesmas razões que impediram a sua candidatura à reeleição em Julho de 2024, poucas semanas depois de um desempenho vacilante no debate contra Donald Trump ter gerado uma preocupação generalizada no Partido Democrata.

Biden era a pessoa mais velha alguma vez eleita presidente na altura da sua vitória em 2020. Este recorde foi ultrapassado no ano passado, quando Trump, agora com 79 anos, foi eleito presidente.

Desde que deixou o cargo, Biden tem-se mantido relativamente discreto, fazendo apenas algumas aparições públicas. Em Abril, fez um discurso a defender a Administração da Segurança Social contra os cortes propostos por Trump.

“Descansem em paz”: Destroços do acidente no elevador da Glória já foram removidos

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Elevador da Glória. Chega apresenta moção de censura ao executivo da Câmara de Lisboa

O deputado municipal do Chega e candidato à Câmara de Lisboa, Bruno Mascarenhas, anunciou esta sexta-feira a apresentação de uma moção de censura ao executivo da autarquia, exigindo responsabilidades pelo acidente com o elevador da Glória.

“Fizemos um documento que é uma moção de censura a este executivo, para ser discutido precisamente na próxima terça-feira. O engenheiro Moedas, se assim o entender, se não faltar, estará em condições de debater connosco esta questão”, afirmou Bruno Mascarenhas, deputado municipal e candidato à Câmara de Lisboa pelo partido.

Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, o deputado municipal defendeu “o apuramento de responsabilidades por parte do executivo camarário”.

A Assembleia Municipal de Lisboa, na qual o Chega está representado com um grupo de três deputados, pode votar moções de censura à Câmara Municipal “em avaliação da ação desenvolvida pela mesma ou por qualquer dos seus elementos”, prevê-se, no regimento daquele órgão.

Antes, o líder do partido, André Ventura, tinha igualmente defendido que a Câmara de Lisboa é o responsável máximo, uma vez que a Carris é uma empresa pública com gestão municipal.

Elevador da Glória. "No limite, pode concluir-se que ninguém é responsável criminalmente"

“Eu vejo difícil que nestas circunstâncias, como aliás já aconteceu noutras em Portugal, que gerou vítimas mortais, o titular máximo da pasta não assuma responsabilidade”, defendeu.

André Ventura lembrou que em 2021 Carlos Moedas pediu a demissão do então presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, na sequência da transmissão à Rússia de dados de manifestantes anti-Putin.

“O que diria Carlos Moedas, que pediu a admissão de Fernando Medina por transmissão de dados à embaixada russa, mesmo que isso fosse um erro técnico, ao Moedas de 2025, após 16 mortes ocorridas no centro da capital e vários feridos, tenham sido erros técnicos ou não? E essa pergunta não deixa de ecoar na minha cabeça, sobre os políticos que exigem responsabilidade a toda hora, mas quando chega o seu momento de assumir essa responsabilidade, pretendem assacá-la a todos, menos a si próprio e à sua gestão”, salientou.

No entanto, o líder do Chega não pediu diretamente a demissão de Moedas, sustentando que o partido “tem uma bancada municipal, não é o líder que deve pedir demissões de presidentes de câmara”, e que não quis “apontar o caminho a Carlos Moedas”.

Pedro Nuno Santos atribui a Moedas responsabilidades políticas por acidente no Elevador da Glória

“Este é o momento de tratarmos das vítimas e é o momento também de apoiarmos as famílias daqueles que faleceram. Porém, olhar para o lado, fingir que ninguém deve ser responsabilizado ou que nenhuma responsabilidade deve ser assacada é um erro tremendo do ponto de vista político“, defendeu, considerando que “pedir responsabilidade não é aproveitamento político”.

Ventura manifestou também solidariedade com as vítimas e as suas famílias e considerou que é preciso “garantir que situações destas não se repetem”.

“A imagem de Lisboa e do país não pode ficar afetada perante uma tragédia desta dimensão”, acrescentou.

O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 23 feridos.

O Governo decretou um dia de luto nacional, nesta quinta-feira. Já a Câmara de Lisboa decretou três dias de luto municipal, entre quinta-feira e sábado.

O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.

Enquanto o futuro continua em aberto, eis o início do fim: Miguel Oliveira fica à beira da Q2 na abertura do Grande Prémio da Catalunha

Chegou a hora do anunciado adeus ao MotoGP. Os últimos dias não foram fáceis para Miguel Oliveira que, apesar de já saber da decisão há algumas semanas, teve de lidar com a repercussão mediática da sua partida anunciada à Pramac, que optou por renovar com Jack Miller e abdicar do português. Desta forma, o falcão deverá mesmo estar de saída da principal categoria do motociclismo, depois de sete anos a competir ao mais alto nível e de ter conquistado cinco vitórias e sete pódios. O futuro, ao que tudo indica, vai passar pelas Superbikes, já que Oliveira terá declinado a sua presença no paddock do MotoGP enquanto piloto de reserva.

“Sabia da decisão e claro que foi um bocado uma surpresa… Em 2024 assinei pela Yamaha Pramac por 1+1 ano para um ano de desenvolvimento, em que sabia que no primeiro ano íamos sofrer e talvez não fosse ter resultados brilhantes, talvez acabasse algumas corridas a lutar por posições menos espetaculares, mas foi para o que assinei… Acabar em último nunca esteve nos meus planos como piloto! Infelizmente tive aquela lesão logo no princípio da época, que me fez perder muitas corridas e, depois, logo no meu regresso, ficámos a saber da contratação de outro piloto. Isso foi outra surpresa e mais pressão em cima. Veio interromper as coisas numa fase em que creio que ainda havia potencial para melhorar”, começou por dizer o piloto de Almada à SportTV.

“O futuro está completamente em aberto para mim! Mas as coisas são como são e avançamos. A minha situação era muito clara, porque eu tinha uma cláusula de desempenho no meu contrato, que não foi cumprida, em parte por causa da lesão, mas também porque nalgumas corridas a moto simplesmente não dava para mais e não pude mostrar o meu potencial. Quer dizer, acabar em último é coisa que nunca esteve nos meus planos como piloto e não pude mostrar o meu verdadeiro valor, nem as minhas capacidades. Ia ser muito difícil continuar assim. Neste momento, o futuro está completamente em aberto para mim e estou ansioso pelo que vem a seguir!”, concluiu.

“Essas portas fecharam-se.” Miguel Oliveira confirma que não vai estar no MotoGP em 2026 e abre a porta às Superbikes

Foi assim que Miguel Oliveira regressou a Barcelona, para competir num Circuito da Catalunha onde se esperava uma boa exibição das Yamaha. Contudo, a primeira sessão de treinos livres não correu bem à construtora japonesa, que viu o português ficar em 13.º atras, atrás de Jack Miller (11.º) e à frente de Alex Rins (16.º) e Fabio Quartararo (18.º). A sessão inaugural terminou com Pedro Acosta (KTM) no topo da classificação, depois de o espanhol ter feito o tempo de 1.38,979 minutos no final da sessão, que contou ainda com a subida de Johann Zarco (Honda) ao segundo lugar, a 95 centésimos, com Marc Márquez (Ducati) a concluir no terceiro posto, a mais de dois décimos.

À tarde, com o sol a fazer-se sentir no traçado catalão, as Yamaha melhoraram e Miguel Oliveira voltou a ser o segundo melhor, mas falhou a Q2 por escassos 57 milésimos. No final, o português terminou no 12.º posto, logo a seguir a Quartararo. Brad Binder (KTM) foi o mais rápido numa sessão dominada pela KTM, que colocou Acosta no segundo lugar, a um décimo do companheiro de equipa. Álex Márquez (Gresini) completou o pódio e Marc, Marco Bezzecchi (Aprilia), Enea Bastianini (Tech3), Franco Morbidelli (VR46), Zarco, Luca Marini (Honda) e Ai Ogura (Trackhouse) também garantiram a passagem à segunda fase da qualificação.

Protesto contra Israel interrompen 13.ª etapa da Volta a Espanha

Um protesto pela causa palestiniana e contra a presença da equipa Israel-Premier Tech voltou a interromper, esta sexta-feira, a 13.ª etapa da Volta a Espanha.

É a terceira vez que os protestos pela Palestina conseguem intrometer-se numa etapa da Vuelta, depois do contrarrelógio coletivo, quando a equipa israelita foi obrigada a parar pelo protesto e a etapa em Bilbau não teve vencedor devido a distúrbios na linha da meta.

Esta sexta-feira, alguns protestantes travaram os três ciclistas que integravam a frente da equipa: Nicolas Vinokurov, da Astana, Bob Jungels, da INEOS, e Jefferson Cepeda, da Movista.

A polícia acabou por conseguir retirar o grupo de protestantes, mas não evitaram que o trio da fuga parasse completamente durante cerca de 30 segundos. A distância para o pelotão foi encurtada de 2m20s para 1m50s, que conseguiu passar no local sem problemas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, afirmou ser partidário da expulsão da Volta a Espanha da equipa Israel-Premier Tech, mas que é uma decisão que compete à União Ciclista Internacional (UCI) e não ao Governo.

A equipa respondeu que iria continuar a competir na Volta a Espanha, descartando a possibilidade de se retirar. “A Israel-Premier Tech é uma equipa profissional de ciclismo e, como tal, continua comprometida em participar na Volta a Espanha. Qualquer outra alternativa abriria um precedente perigoso no ciclismo, não apenas para a Israel-Premier Tech, mas para todas as equipas”.

Num comunicado, a UCI condenou, no mesmo dia, as ações que motivaram a neutralização da 11.ª etapa da Volta a Espanha e reafirmou “o compromisso com a neutralidade política, a independência e a autonomia do desporto”.

“O desporto, e o ciclismo em particular, têm um papel a desempenhar na união das pessoas e na superação de barreiras entre elas, e não deve, em nenhuma circunstância, ser usado como ferramenta de punição. A UCI expressa toda a sua solidariedade e apoio às equipas e aos seus funcionários, assim como aos ciclistas, que devem poder exercer a sua profissão e paixão em ótimas condições de segurança e serenidade”, reconheceu.

Seixal volta a banhos na Ponta dos Corvos: ligação fluvial gratuita numa baleeira

A ligação fluvial entre as praias do Seixal e da Ponta dos Corvos foi retomada este mês, após a reabilitação de uma “tradicional e castiça” baleeira. A travessia realiza-se diariamente, “oferecendo novamente à população e visitantes uma alternativa agradável e gratuita de transporte entre estas duas zonas balneares”, anuncia a autarquia em comunicado.

“Este foi, durante muitos anos, o transporte utilizado pelos seixalenses, nunca deixando de fazer parte da memória colectiva desta população ribeirinha.” A embarcação Praia do Alfeite foi recentemente recuperada numa intervenção realizada pela Associação Náutica do Seixal, com o apoio da câmara municipal.

A travessia realiza-se todos os dias, de forma gratuita, das 9h às 12h30 e das 14h às 19h (partida do Cais da Pedra). Vai continuar “em funcionamento enquanto se mantiverem boas condições meteorológicas”.

De acordo com a autarquia, a iniciativa contribui “para a continuidade do trabalho de requalificação das praias fluviais do concelho e para a devolução das mesmas à população, recuperando valores e tradições que fazem parte da história local”.

Permite ainda aos utilizadores “desfrutar ainda mais da baía do Seixal e de toda a sua beleza natural, valorizando o património natural e reforçando a ligação das pessoas à baía e à praia da Ponta dos Corvos”.

Um tapete, muitas perguntas. No monólogo “Obrigada por terem vindo”, o teatro revela-se ao próprio teatro

“Hoje não estou p’ra isto! Comer rebuçados no teatro é onde eu estabeleço os meus limites. Comer rebuçados no teatro não!”. A atriz está irritada — ou será tudo teatro? “Se não sabem vir ao teatro, não venham, saiam, está tudo bem, eu abro-vos a porta, amigos como dantes… Se não sabem vir ao teatro, não venham!”. Pousa o olhar sobre o público, que procura esclarecer se está a ser advertido ou se faz tudo parte da ficção para a qual compraram bilhete.

Trata-se de Obrigada por terem vindo, a mais recente criação da Maratona — Associação Cultural. É um espetáculo de teatro, o monólogo de uma atriz que pensa sobre fazer teatro. A estreia acontece esta sexta-feira no espaço A Piscina, no Porto, onde fica até sábado. Seguem-se apresentações em Guimarães (10 e 11 de setembro no CAAA Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura), Algés (19 e 20 no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço) e Lamego (3 e 4 de outubro no Teatro Ribeiro Conceição).

Mariana Dixe, que assina o texto e encenação, começou por querer inverter a lógica de importância da escrita, retirar o lugar aos grandes textos e dá-lo às pequenas coisas: às conversas de café, aos monólogos interiores. Fechou-se numa blackbox e falou, falou muito. Gravou “a verborreia” e depois transcreveu-a. Com isso construiu Obrigada por terem vindo, um texto que editou em livro pela companhia Lendias d’Encantar, na coleção Nova Dramaturgia Portuguesa. Mas faltava-lhe que o texto cumprisse o ciclo e que subisse a palco de novo.

Afinal, “não há nada que façamos pela primeira vez em teatro”, escutamos dizer Mariana Lobo Vaz, atriz e cocriadora da peça, que Dixe desafiou depois de ambas se cruzarem em 2023 num outro projeto teatral. “Para mim essa frase é quase uma chave, é o segredo para tudo o que se passa ali. Quem ouvir se calhar no fim tem todas as respostas que possa procurar”, diz ao Observador a atriz que leva à cena o texto. “Uma vez perguntei à Mariana [Dixe]: sobre o que é que é este espetáculo para ti? E a Mariana disse: acreditar”.

Para Lobo Vaz, é sobre “acreditar na ilusão”. “Associamos estar iludidos a uma coisa negativa, e estar iludidos no teatro e na arte é algo que se procura e é aquilo que me atrai”, afirma. Ultrapassamos a linha entre a realidade e ficção quando “podemos acreditar numa coisa que é mentira, que não estamos a fazer pela primeira vez, mas que acreditamos que estamos a fazer e quem vê também acredita”.

Obrigada por terem vindo vive de um cenário minimalista, sem adornos, mas é justamente dessa nudez que nasce a surpresa. Ainda há espaço para nos tirar o tapete — não literalmente, aliás, um enorme tapete cobre o espaço de cena, uma referência a um espetáculo de Tim Bernardes que marcou a encenadora e cuja presença se faz sentir em diferentes momentos, chegando mesmo a embalar-nos com a suavidade da sua voz. Enquanto espectadores, navegamos na dúvida sobre o que é verdade e mentira. “É teatro, porra, não é suposto ser verdade”.

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