Bebidas quentes das máquinas automáticas estão fora do “IVA da restauração”

As empresas que vendem bebidas quentes nas máquinas automáticas, como café e chocolate, não podem aplicar a essas operações o IVA intermédio de 13% (o chamado “IVA da restauração”), esclarece o fisco numa informação vinculativa.

Numa explicação publicada esta segunda-feira no Portal das Finanças em resposta a uma dúvida colocada por uma empresa de “vending machine”, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) explica que a disponibilização de bebidas quentes através de máquinas automáticas é uma “transmissão de bens” e não a prestação de um serviço, “ainda que envolva a preparação automática do produto” no momento em que é disponibilizado.

A empresa que colocou a questão à AT explora máquinas automáticas nos locais de trabalho de outras empresas, pagando uma renda pela ocupação do espaço.

Segundo as Finanças, a atividade “consiste na disponibilização imediata de bebidas quentes (como café, chá, leite e chocolate) através da sua preparação e aquecimento por meio de máquinas automáticas”, preparadas na hora “sem qualquer intervenção humana direta” e prontas a consumir “mediante a introdução de moedas como meio de pagamento”.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

Para saber como deve enquadrar o IVA cobrado aos clientes finais — os trabalhadores das empresas — a sociedade comercial em causa perguntou ao fisco se deve aplicar “a taxa correspondente a cada um dos produtos de forma individual ou, em alternativa, a taxa intermédia de IVA”.

A direção de serviços do IVA entende que as operações não contêm “os elementos próprios de uma prestação de serviços de restauração ou alimentação” e, por isso, considera que não se enquadram na verba da lista do IVA de 13% que se refere às prestações de serviços de alimentação e bebidas, lê-se na resposta à empresa.

No entendimento do fisco, quando uma empresa explora máquinas automáticas para vender café, chá ou leite e chocolate preparados no momento, a venda desses produtos alimentares “configura uma transmissão de bens sujeita a IVA e dele não isenta”, não a prestação de um serviço.

“A comercialização de produtos alimentares através de máquinas automáticas não se enquadra na verba 3.1 da Lista II anexa ao CIVA [Código do IVA], por não reunir os elementos característicos de uma prestação de serviços de restauração ou de alimentação”, refere a AT.

Por esse motivo, a taxa de IVA deve ser “determinada em função da natureza do produto final fornecido, ou seja, deverá ser determinada individualmente com base na natureza da bebida disponibilizada (café, chá, leite ou chocolate), à luz das verbas constantes da lista I (taxa reduzida), lista II (taxa intermédia) ou, na ausência de disposição específica, pela aplicação da taxa normal do imposto”, explicam os serviços do fisco.

Por exemplo, o leite e o leite chocolatado são tributados com a taxa de IVA de 6%.

Nos cafés e restaurantes, os produtos de cafetaria — o chá, o café, o café com leite, o leite com chocolate ou chocolate quente — são abrangidos pelo IVA de 13% quando são fornecidos no serviço de restauração ou de ‘catering’, segundo um entendimento que a AT tem desde 2016 e que se mantém em vigor.

No entanto, a AT considera que aqui não se aplica, logo à partida, a prestação de um serviço, fazendo questão de lembrar que o entendimento de que se trata de uma “transmissão de bens” está “em conformidade” com o que já concluía nesse documento de 2016 (o “ofício circulado n.º 30181).

Nesse documento anterior, a AT já referia que os bens alimentares vendidos nas máquinas automáticas também não podiam ser considerados “refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio”, outro dos casos em que se aplica o IVA de 13%.

Que país é este?

Que país é este que não acorda após a investigação de Maria José Oliveira sobre as torturas, as mortes, os assassinatos de tantos e tantos moçambicanos às mãos da PIDE? Que país é este que não desperta, não chora, não vomita ao saber do extermínio por inanição (dias e dias sem comer e beber, em celas sobrelotadas, sem luz) das pessoas capturadas e submetidas ao sadismo programado dos seus algozes? Que país consente, pelo silêncio, este passado insuportável: i-n-s-u-p-o-r-t-á-v-e-l?

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue – nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para [email protected].

Novo projeto para salvaguardar acervo documental de Misericórdia de Messejana

Dois protocolos foram assinados esta segunda-feira, na vila de Messejana, para “salvaguardar e valorizar” o acervo documental existente no museu etnográfico da Santa Casa da Misericórdia desta localidade do concelho de Aljustrel, no distrito de Beja.

Os acordos foram assinados no âmbito do projeto “MessejanaDoc”, que junta a Misericórdia de Nossa Senhora da Assunção à Universidade de Évora (UÉ), à Junta de Freguesia local e à Alentejo, Terras e Gentes — Associação de Defesa e Promoção Cultural do Alentejo.

“Estes protocolos visam, sobretudo, olhar para a documentação histórica aqui existente, digitalizá-la e dar seguimento ao inventário feito já há alguns anos”, explicou à agência Lusa Florêncio Cacete, presidente da associação Alentejo, Terras e Gentes.

Segundo o responsável, também ligado ao CIDEHUS — Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da UÉ, o “objetivo maior” dos protocolos “é salvar a documentação” existente no museu e iniciar o processo de transição digital do espaço, cujas instalações se encontram degradas.

Também em declarações à Lusa, o provedor da Misericórdia de Nossa Senhora da Assunção, Henrique Petronilho, assumiu que os protocolos assinados esta segunda feira “são importantíssimos”.

“Esta é uma forma de preservar o que aqui está, porque a situação do edifício tem tendência a degradar-se e pelo menos esta documentação fica salvaguardada e digitalizada”, disse o dirigente alentejano.

Já a reitora da UÉ, Hermínia Vilar, frisou, na cerimónia de assinatura dos protocolos, que estes se enquadram no trabalho da instituição para “apoiar e enquadrar, tanto quanto possível, o esforço de preservação” do património da região “nas suas mais diversas vertentes”.

“Procuramos ser uma universidade para todo o Alentejo e um dos objetivos é estar sempre presente, tanto nas localidades maiores como nas mais pequenas, porque todas elas têm esse património que temos de procurar manter e preservar”, acrescentou.

Também presente na cerimónia, o responsável pelo Departamento de Património Cultural e Centro de Formação Profissional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Mariano Cabaço, considerou que os acordos hoje assinados foram “um ato ímpar no ‘universo’ das misericórdias”.

Mariano Cabaço anunciou ainda que, a partir de setembro, a UMP vai avançar com a inventariação do património móvel da Misericórdia de Messejana.

“Para a intervenção no edifício e musealizar todo o espólio [existente], a base é sabermos o que temos e a diversidade do espólio que aqui encontramos, que tem de ser reorganizado”, justificou.

Formalizado esta segunda-feira, o projeto “MessejanaDoc” vai ser dinamizado pela associação Alentejo, Terras e Gentes e pelo CIDEHUS da UÉ.

De acordo com Florêncio Cacete, durante os próximos meses irão estar na localidade alentejana investigadores e alunos, para proceder à digitalização da documentação, assim como ao seu enquadramento histórico e inventariação.

“Penso que daqui a um ano já teremos alguns milhares de documentos partilhados online”, indicou o investigador, explicando que a informação ficará disponível através do projeto ‘Fundis’ e do repositório da UÉ.

Ou seja, acrescentou, “quem quiser estudar a história da Messejana, da Câmara Municipal da Messejana ou de algumas práticas culturais existentes aqui, conseguirá a partir de qualquer ponto do globo aceder através dessa plataforma e nunca mais esta informação se irá perder”.

Municípios não agregados em escassez hídrica sem penalização de 15% no acesso a fundos

Os municípios não agregados vão deixar de ter uma penalização de 15% no acesso a fundos comunitários para investimento no setor da água, desde que se encontrem em escassez hídrica, afirmou esta segunda-feira à Lusa a ministra do Ambiente.

A medida, adotada no Conselho de Ministros de quinta-feira, altera o plano estratégico de abastecimento de água e gestão de águas residuais e pluviais até 2030 (PENSAARP2030), para evitar que a penalização de 15% aos municípios não agregados e em escassez hídrica dificulte o acesso destas autarquias a fundos comunitários para obras consideradas essenciais, como a atualização de infraestruturas para evitar perdas de água.

O PENSAARP2030, de fevereiro de 2024, incentivou os municípios a agregarem-se, em entidades intermunicipais ou em parcerias com as entidades gestoras do grupo das Águas de Portugal, para concorrer aos fundos europeus no setor da água.

Na primeira versão do plano, apenas os municípios agregados podiam concorrer a fundos comunitários, através dos Programas Operacionais (PO), o que deixou muitos municípios, que não se agruparam, impedidos de acesso a financiamento para projetos de água e saneamento.

Nesse sentido, foi feita uma alteração ao diploma em meados de 2024, dando possibilidade aos municípios não agregados de concorrerem, mas com uma penalização de 15% na taxa de financiamento.

“Decidimos fazer uma nova modificação e dizer que, no caso dos não agregados, desde que estivessem em situação de escassez hídrica, que é o caso do sul do país praticamente todo, mas com impacto muito grande no Algarve, excecionalmente, vamos abolir os 15% de penalização”, explicou Maria da Graça Carvalho.

A ministra do Ambiente e Energia salientou que o ministério continua a promover a agregação de municípios, por considerar que “tem todas as vantagens”, porque é conseguida “uma massa crítica” para fazer investimentos.

No entanto, os 16 municípios do Algarve, que não se agregaram, indicaram à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR-Algarve) que não iriam conseguir executar obras, por não conseguirem financiar a componente nacional das intervenções.

No caso do Algarve, o PO regional financia investimentos neste setor em 60%, pelo que, com a penalização de 15%, havia um financiamento efetivo de apenas 45%, tendo os municípios de avançar com verbas para completar os restantes 55% dos investimentos.

“É a zona que mais precisa de investir na redução das perdas de água, que é feita pelos municípios. E tem no PO uma verba ainda substancial para [investir nas] perdas de água”, explicou Maria da Graça Carvalho.

Segundo a ministra, a medida também pode abranger o Alentejo, onde tradicionalmente há escassez hídrica, embora nesta zona existam muitos municípios agregados, pelo que já não têm a penalização dos 15%. Outros municípios de zonas com escassez hídrica, como o Oeste, Trás-os-Montes e Viseu, também podem ser abrangidos, acrescentou.

Os restantes programas operacionais, à exceção do de Lisboa e Vale do Tejo, têm financiamentos pagos a 85% pelos fundos comunitários, o que implica que estas regiões “podem suportar melhor estes 15%” de penalização em caso de municípios não agregados.

A regra “n+3” de utilização dos fundos comunitários (que significa que a dotação de um programa pode ser executada nos três anos seguintes à sua dotação original) implica que os municípios, se não conseguirem executar, ficam sem a obra, além de haver um corte desse financiamento no programa operacional.

A declaração de escassez hídrica pode ser pedida junto da entidade responsável, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Em meados de 2024, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) calculava que cerca de 72% dos 278 municípios do continente tinham modelos de gestão não agregados, pelo que estavam sujeitos a penalização no acesso a fundos comunitários.

Médio Oriente. Jornalistas exigem acesso a Gaza para uma cobertura independente

Jornalistas e apoiantes da liberdade de imprensa de todo o mundo, incluindo de Portugal, lançaram uma petição para exigir a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza, defendendo o “direito universal à reportagem independente” em zonas de conflito.

Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui.

A petição exige a “autorização imediata das autoridades israelitas e do Hamas para permitir a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza para reportar de forma independente”.

Caso as parte beligerantes não acedam ao apelo, estes jornalistas afirmam “o seu apoio aos colegas profissionais dos meios de comunicação social que, por quaisquer meios legítimos, de forma independente, coletiva ou em coordenação com atores humanitários ou da sociedade civil, optem por entrar em Gaza sem o consentimento das partes envolvidas”.

Entre os subscritores encontram-se os jornalistas Adelino Gomes, Cândida Pinto, José Manuel Rosendo e Paulo Moura, Anthony Loyd, do jornal The Times, Christiane Amanpour e Anderson Cooper, da CNN, Stuart Ramsay, da Sky News, assim como a organização Repórteres Sem Fronteiras, através do seu diretor-geral, Thibaut Bruttin.

“Como demonstrado pelo legado dos nossos colegas mortos, incluindo Marie Colvin, James Foley, Chris Hondros, Tim Hetherington, Remí Ochlik e Steven Sotloff, é eticamente legítimo que os jornalistas entrem em zonas de conflito sem aprovação oficial quando a urgência de testemunhar supera o silêncio imposto pelas agendas políticas ou militares”, pode ler-se numa carta aberta.

De acordo com estes jornalistas, está em causa o “direito universal à reportagem independente e in loco em zonas de conflito em todo o lado”.

“O acesso irrestrito e independente para os jornalistas estrangeiros é urgentemente necessário, não apenas para documentar a catástrofe em curso, mas para garantir que a verdade desta guerra não é ditada por aqueles que controlam as armas e a narrativa”, pode ler-se na carta aberta.

A petição apela ao Governo israelita para que levante imediatamente as restrições aos jornalistas, e aos grupos armados para que garantam a sua segurança e respeitem o seu estatuto protegido pelas Convenções de Genebra. .

Pede ainda o apoio dos governos, organizações de liberdade de imprensa e sociedade civil, assim como das organizações de comunicação social com quem trabalham os jornalistas que assinam a petição.

Desde o início da guerra israelita em Gaza, em retaliação pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a Israel a 07 de outubro de 2023 (que fez cerca de 1.200 mortos e 251 reféns), foram mortos pelo menos 60.933 habitantes de Gaza, quase metade dos quais crianças e mulheres, e mais de 150.000 ficaram feridos, segundo os registos das autoridades sanitárias, considerados pela ONU fidedignos.

Perante as frequentes alegações de crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza, os jornalistas salientam que “deve ser do interesse de todas as partes que estas alegações sejam investigadas por jornalistas independentes”.

Os jornalistas sublinharam ainda que durante o conflito em curso “quase 200 jornalistas foram mortos, a grande maioria palestinianos, tornando este o conflito mais mortífero para a imprensa de que há registo”.

Entre os jornalistas, profissionais dos media e apoiantes da liberdade de imprensa portugueses que assinaram a petição estão também Paulo Nunes dos Santos, Alfredo Leite, Patrícia Fonseca, Carlos Fino, Sergio Furtado, Isabel Lucas, Rui Caria, Henriqueta Fernandes, Catarina Neves, Pedro Miguel Santos, Filipa Melo, Ana Paredes, Isabel Freire, José Monteiro, Ricardo Rodrigues, António Galvão, Sofia Quintas e Margarida Salema.

Assinam também a petição personalidades portuguesas como a escritora Ana Teresa Pereira, os cineastas Pedro Neves e Ricardo Espírito Santo, a investigadora Ana Vieira e as professoras Isabel Liberato e Maria Teresa Nobre Correia.

Entre os jornalistas estrangeiros encontram-se ainda Christina Lamb e Louise Callaghan do jornal The Sunday Times, Richard Engel, da NBC News, Christoph Reuter, da Der Spiegel, Stephanie Le Bars, do Le Monde, Luis de Vega, do El País, Javier Espinosa Robles, do El Mundo, e Jon Lee Anderson, da revista The New Yorker, numa lista de mais de 300 profissionais, encabeçada pelo fotojornalista britânico Don McCullin.

Festival Rocketmen em Coimbra sem saber se continua após prejuízos e conflito com Câmara

A presente edição começou com uma acusação da banda Asfixia Social, que tocou na quinta-feira, de falta de condições e desrespeito por parte da organização – que negou as críticas -, seguindo-se a retirada da zona de alimentação da Praça da República, por ordem da Câmara de Coimbra, que levou a um comunicado do diretor do festival, Tito Santana, que se dirigiu ao presidente do município com recurso a impropérios.

Num comunicado posterior, publicado no domingo, a organização alega que a limitação imposta pela autarquia de retirar a zona de alimentação da Praça da República “comprometeu seriamente a receita do festival”, afirmando que aquela praça de alimentação “foi proposta pela própria Câmara Municipal de Coimbra”.

“A documentação foi devidamente tratada desde maio, por parte da organização e pelos concessionários”, disse o Rocketmen, afirmando que foi com surpresa que receberam a notificação de que o espaço onde estava a zona de alimentação não estava autorizado.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

Em resposta enviada à agência Lusa, a Câmara de Coimbra afirmou que a promotora do festival submeteu o requerimento para licenciamento a menos de três dias do arranque do evento (a 28 de julho), onde decidia, “unilateralmente”, alargar a área de recinto e começou a instalar na Praça da República “um conjunto de infraestruturas de venda ambulante”, cuja atividade carecia de licenciamento.

No entanto, essa vontade da promotora de ali instalar uma praça de alimentação não pôde ser viabilizada, porque, de acordo com o regulamento municipal em vigor, é proibido emitir licenciamento para aquele local, já que nas imediações da Praça da República existem, num raio de 150 metros de distância, outros agentes económicos que desenvolvem “atividade idêntica”, esclareceu.

“A proibição imposta aplica-se a todas as entidades sem exceção. Não resulta de entendimentos pessoais discricionários e decisões aleatórias”, vincou a Câmara de Coimbra.

No comunicado anterior, em que Tito Santana se dirige ao presidente da Câmara, o diretor do festival acusa ainda o executivo de sabotar a cultura “para se proteger politicamente”.

Em resposta à Lusa, a autarquia lamenta “a frase ofensiva, em linguagem vernácula, ostensivamente dirigida ao presidente da Câmara de Coimbra, que se limitou a cumprir o regulamento em vigor”.

“Lamentavelmente, a entidade promotora não cumpriu atempadamente com as suas obrigações legais e protocoladas e terá considerado, por razões que se desconhecem, que poderia estar acima da lei e ocupar à vontade espaço público não licenciado”, disse.

O Rocketmen surgiu na sequência do Luna Fest, festival que era coorganizado por Tito Santana, proprietário do bar Pinga Amor, em Coimbra, e pelo músico Victor Torpedo, mas os dois membros acabaram por divergir no final da segunda edição.

Com troca de acusações entre os dois e após dois anos de prejuízos financeiros com o Luna Fest, Tito Santana decidiu avançar sem Victor Torpedo na organização do festival, que mais tarde acabou por passar a chamar-se de Rocketmen.

No comunicado do festival, é referido que o Pinga Amor será colocado a trespasse para salvaguardar compromissos financeiros assumidos.

Astrónomos testam uso de telescópios como sensores climáticos

Astrónomos estão a testar o uso de telescópios terrestres como sensores climáticos, para rastrear as alterações produzidas na atmosfera da Terra pelo aquecimento global.

Uma equipa da Universidade de Warwick, no Reino Unido, criou um algoritmo que procura aproveitar as linhas de absorção deixadas pelas moléculas da atmosfera terrestre nos espetros das estrelas para medir a abundância de gases com efeito de estufa durante a noite, como o dióxido de carbono e o metano, e vapor de água.

Em julho foi feita uma campanha de observação no Observatório Astronómico de Calar Alto, em Almería, Espanha, combinando medições diurnas (espetro do Sol) e noturnas (espetro de outras estrelas) para estudar o ciclo do carbono, o papel dos gases com efeito de estufa no contexto do aquecimento global e o reforço dos sistemas de observação destes gases.

Os espetros diurnos foram medidos com um espetrómetro portátil da Rede Colaborativa de Observação da Coluna de Carbono, enquanto os espetros noturnos foram analisados com o algoritmo a partir de dados de um espetrómetro instalado num dos telescópios do observatório de Almería.

O espetrómetro portátil pode obter concentrações calibradas de gases com efeitos de estufa consistentes com os padrões da literatura, pelo que está a ser usado para calibrar as concentrações medidas com o algoritmo.

Incêndios. Jovens europeus voluntários na vigilância em Arrouquelas

Cerca de 300 jovens de vários países da Europa participam, até ao final do verão, em ações de vigilância a incêndios, integrados em ações de voluntariado a partir da aldeia de Arrouquelas, no concelho de Rio Maior.

Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui.

“Todos os dias, entre as 08:30 e as 19:00, dois jovens por turno, um estrangeiro e um português, fazem a vigilância da floresta a partir de uma torre de vigia florestal na Aldeia de Arrouquelas”, disse à agência Lusa o coordenador do projeto desenvolvido pela H2O — Associação de Jovens de Arrouquelas, Alexandre Jacinto.

A situação de alerta declarada pelo Governo no fim de semana – e que proíbe, até às 23:59 de quinta-feira, o acesso, a circulação e a permanência no interior dos espaços florestais previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem – obrigou hoje à suspensão temporária da tarefa.

Mas, segundo Alexandre Jacinto, “assim que for levantada a proibição, voltarão a fazer os turnos na torre onde avistam uma área até Rio Maior, podendo ser, além de vigilantes, agentes dissuasores nesta época de risco de incêndios”.

O projeto, desenvolvido no âmbito do Programa “Florestas e Natureza” do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e do Corpo Europeu de Solidariedade, da Comissão Europeia, vai prolongar-se até ao final de setembro, fazendo com que mais de 300 jovens de diferentes países passem por Arrouquelas, uma aldeia de 700 habitantes no distrito de Santarém.

“Neste momento estão na aldeia 30 jovens, dos quais 14 são turcos, mas o projeto representa uma grande diversidade cultural, juntando jovens de outros países como a Rússia, Bielorrússia, Itália, França, Grécia, Espanha, Alemanha e Roménia”, afirmou.

Em regime de rotatividade, os jovens acampam na aldeia, em grupos de 30, e, além da vigilância sobre a floresta (para a qual recebem formação dos Bombeiros de Rio Maior), dedicam-se a um conjunto de projetos de voluntariado, sustentabilidade e cidadania ativa promovidos pela H2O durante os meses de verão.

“Fazem ações de proteção da natureza, de limpeza de caminhos, de manutenção de espaços verdes, de ajuda a instituições, como um canil e uma associação de recolha de animais”, exemplificou Alexandre Jacinto.

A lista de experiências vai mais longe, “numa aprendizagem mútua em que, por exemplo, os jovens da Turquia, com menos conhecimentos na área da reciclagem, aprendem como se faz e vão de casa em casa, ajudando os idosos a reciclar e a recolher os resíduos”, acrescentou o coordenador do projeto, que este ano terá como novidade “o apoio a uma família na reabilitação de uma habitação degradada”.

Os meses de voluntariado são ainda marcados pela participação na festa da aldeia e por “iniciativas interculturais que trazem um grande dinamismo e movimento a Arrouquelas”, bem como por outras que se estendem pelo concelho, como um almoço que os jovens preparam anualmente para os bombeiros de Rio Maior.

“Num tempo em que as zonas rurais enfrentam desafios de despovoamento e envelhecimento, este é um exemplo inspirador de inclusão, mobilidade internacional e interculturalidade”, afirmou Alexandre Jacinto, fundador da associação. .

Há mais de 20 anos que a H2O promove os intercâmbios que todos os verões transformam Arrouquelas na aldeia mais europeia do concelho de Rio Maior.

“Estamos à beira da derrota”. Antigos altos funcionários de Israel denunciam “mentira israelita” e pedem cessar-fogo imediato

Acompanhe o nosso liveblog sobre o conflito israelo-palestiniano

Um grupo de antigos altos funcionários da segurança israelita divulgaram um vídeo conjunto a exigir o fim imediato da guerra na Faixa de Gaza, alertando que Israel já acumulou mais derrotas do que vitórias e que o conflito se prolonga por motivos políticos e não por decisões estratégicas militares.

O grupo inclui 19 antigos chefes dos serviços secretos israelitas (Mossad), da Agência de Segurança Interna (Shin Bet), das Forças Armadas e do corpo diplomático. Entre eles destacam-se Ehud Barak, Moshe Ya’alon, Dan Halutz, Yoram Cohen e Tamir Pardo.

No vídeo, uma voz-off introduz os intervenientes sublinhando que “cada um destes homens participou nas reuniões de gabinete, esteve nos círculos mais restritos, nas decisões mais sensíveis e delicadas” e que, em conjunto, acumulam “mais de mil anos de experiência em segurança nacional e diplomacia”. Os antigos responsáveis defendem que a guerra poderia ter terminado há muito tempo e exigem um cessar-fogo permanente, acompanhado de um acordo abrangente para a libertação de todos os 50 reféns ainda na posse do Hamas.

“O nosso dever é levantar-nos e dizer o que temos a dizer”, afirmou Ami Ayalon, antigo diretor da Shin Bet. “Esta guerra começou como uma guerra justa, defensiva. Mas, depois de alcançarmos todos os objetivos militares, deixou de ser justa e está a conduzir Israel à perda da sua segurança e identidade“.

Amos Malka, ex-chefe da inteligência militar, considera que o país “já passou, há mais de um ano, do ponto em que podia ter terminado a guerra com um resultado operacional satisfatório”. Já Nadav Argaman, outro ex-diretor da Shin Bet, acrescenta: “Agora estamos sobretudo a compensar perdas”.

Tamir Pardo, ex-diretor do Mossad, vai mais longe: “Estamos à beira da derrota. O que o mundo vê hoje é criação nossa. Vendemos uma mentira ao público israelita e o mundo já percebeu que não corresponde à realidade“.

Moshe Ya’alon alerta que “há momentos que representam uma bandeira negra” e que exigem firmeza: “Neste momento, temos um governo puxado por zelotas messiânicos numa direção irracional”. Yoram Cohen concorda, sublinhando que “uma minoria controla a política” e que acreditar na possibilidade de eliminar todas as ameaças terroristas e, ao mesmo tempo, resgatar todos os reféns, “é uma fantasia“.

O apelo final do grupo é dirigido aos atuais responsáveis de segurança, para que, segundo Argaman, “tenham a coragem de se erguer perante o primeiro-ministro e o gabinete e digam claramente o que pensam sobre esta guerra e a sua futilidade”.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

Vila Franca do Campo cria grupo de trabalho científico para valorização do ilhéu

O município açoriano de Vila Franca do Campo vai criar um grupo de trabalho científico para a definição de diretrizes de salvaguarda e usufruto do ilhéu do concelho, uma das principais atrações turísticas de São Miguel, foi esta segunda-feira anunciado.

O ilhéu de Vila Franca do Campo, classificado como reserva natural, está interditado a banhos este verão, devido aos resultados da qualidade da água dos últimos cinco anos, conforme revelou em março o executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), mas a sua visitação é permitida.

Numa nota de imprensa, a Câmara Municipal de Vila Franca adianta que vai realizar, na quinta-feira, pelas 10h00 locais (11h00 em Lisboa), uma visita técnica ao local para dar início aos trabalhos de constituição de um grupo técnico e científico independente, “dedicado à valorização e interpretação do património cultural e natural deste espaço emblemático”.

A comitiva será composta por investigadores das áreas de biologia, arqueologia, história, museologia e património natural, bem como por representantes de instituições académicas e culturais regionais e nacionais.

A iniciativa, promovida pela autarquia, pretende dar início a um projeto estruturado que reforce “a articulação entre o conhecimento científico e a fruição pública qualificada da paisagem protegida” do ilhéu.

Segundo o município, esta visita marca o arranque formal dos trabalhos preparatórios para a definição de diretrizes de salvaguarda, comunicação e usufruto sustentado do ilhéu, reconhecido como um dos símbolos identitários do concelho de Vila Franca do Campo e dos Açores.

Em 17 de abril um grupo de cidadãos defendeu a implementação urgente de medidas para mitigar o impacto da interdição a banhos no local.

“Qualquer solução para o futuro do ilhéu deve necessariamente considerar a sua função como pilar económico e social da comunidade vila-franquense”, lia-se na proposta de plano, enviada às redações, assinada pelos proponentes Miguel Cravinho, Octávio Moreira e Pedro Arruda.

No documento era referido ainda o impacto económico real do ilhéu, que “vai muito além da bilhética”, estimando-se que durante os quatro meses da época balnear o local “receba entre 35.000 e 40.000 visitantes”, o que corresponde a uma receita direta de “aproximadamente 360.000 euros provenientes apenas da venda de bilhetes”.

“Com base em estimativas conservadoras de consumo médio por visitante (entre 40 euros e 60 euros), estima-se que o impacto económico global associado à presença do ilhéu ultrapasse os 3,5 milhões de euros por época balnear”, realçava o grupo de cidadãos.

Para o grupo, o encerramento da zona balnear terá “um efeito cascata” que afetará diretamente setores como a hotelaria, restauração, comércio, operadores marítimo-turísticos, entre outros, e “acarreta uma diminuição dos rendimentos familiares, perda de postos de trabalho e um risco acrescido de falência de algumas empresas”.

“O ilhéu não pode ser definitivamente interditado sem esgotar todas as possibilidades legais, técnicas e humanas para a sua valorização e proteção partilhada”, consideraram, destacando que se trata de “um ícone da imagem promocional do município e da Região Autónoma dos Açores”.

Os autores do documento entendem ainda que é necessário e urgente conseguir um entendimento entre os vários intervenientes: a autarquia, o Governo Regional, associações cívicas locais e os cidadãos.

A primeira classificação negativa da qualidade das águas do ilhéu ocorreu em 2020 e no ano seguinte foi criado um grupo de trabalho, que integrou representantes do Governo Regional, do município de Vila Franca do Campo e da delegação de saúde, entre outras entidades.