Pacotão anti-apagão do Governo custa 400 milhões de euros. Tem 31 medidas — e prazo?

Pacote prevê 137 milhões para reforço da rede elétrica e duplicação das centrais com black start, entre muitas outras medidas. Ligação com Marrocos está a ser estudada. O Plano de Reforço da Segurança do Sistema Elétrico Nacional, na sequência do apagão ibérico de 28 de abril, vai ascender a 400 milhões de euros e prevê 31 medidas, anunciou a ministra do Ambiente esta segunda-feira — mas “nem todas irão à tarifa, algumas são de fundos europeus”, avançou Maria da Graça Carvalho, no dia em que se assinalam três meses do apagão. A governante garantiu que estas 31 medidas, algumas já

Do Egito para Gaza partem camiões com 1300 toneladas de ajuda

Um comboio de camiões com 1300 toneladas de ajuda humanitária partiu do Egito com destino a Gaza pelo terceiro dia consecutivo, afirmou esta terça-feira o Crescente Vermelho egípcio.

O comboio transporta “aproximadamente 1300 toneladas de ajuda humanitária, divididas em aproximadamente 440 toneladas de alimentos diversos, aproximadamente 450 toneladas de farinha, aproximadamente 150 toneladas de material médico e 200 toneladas de material de higiene pessoal“, sublinhou o Crescente Vermelho em comunicado, sem especificar quantos camiões compõem a comitiva.

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A ajuda humanitária passará primeiro pela passagem de Kerem Shalom, em território israelita, e será descarregada para as autoridades de Israel a inspecionarem e decidirem sobre a sua entrada no enclave palestiniano.

Esta entrega está inserida nas chamadas “pausas táticas” de Israel nas suas operações militares contra o Hamas, com o objetivo de facilitar a entrega de ajuda humanitária em determinadas horas e pontos do enclave, apesar do bloqueio da entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza nos últimos meses.

Este novo comboio chega um dia depois de o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, ter pedido ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, que “faça todos os esforços” para colocar um fim à guerra na Faixa de Gaza e permitir o acesso irrestrito à ajuda humanitária.

Desde o início da guerra, a 7 de outubro de 2023, o Egito, o Qatar e os Estados Unidos participam como mediadores para o fim do conflito, assim como procuram viabilizar o envio de ajuda humanitária e a libertação de reféns mantidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas.

O Crescente Vermelho afirmou que a população de Gaza precisa de, pelo menos, “entre 600 e 700 camiões de ajuda” diariamente.

O bloqueio israelita à ajuda humanitária, que dura há meses, atraiu duras críticas da população e do Hamas, que acusou o Governo egípcio de já não exercer pressão para entregar ajuda a Gaza, embora o lado palestiniano de Rafah seja controlado por Israel e nada possa entrar sem a permissão israelita.

As mortes por fome relatadas pelas autoridades controladas pelo Hamas dispararam nas últimas semanas em Gaza, após o encerramento quase total dos acessos imposto por Israel em março, o que impediu a entrada de alimentos, medicamentos e combustível e agravou drasticamente a crise nutricional no enclave.

A única organização que distribuiu ajuda alimentar aos palestinianos nos últimos meses é a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), um organismo privado e que é apoiado por Israel e pelos Estados Unidos.

Vaticano ganha 62,2 milhões de euros em 2024 em investimentos e imobiliário

O Vaticano ganhou 62,2 milhões de euros em 2024, 35% mais que no ano anterior, com investimentos financeiros e imobiliário, com mais de 5.400 imóveis em todo o mundo, foi esta segunda-feira divulgado.

Os dados constam do balanço do organismo de administração do património do Vaticano (APSA).

No total, são 4.234 imóveis na Itália, dos quais 92% estão em Roma e arredores, enquanto 1.200 imóveis estão no exterior, incluindo em cidades como Paris, Genebra, Lausanne e Londres.

Os lucros de 62,2 milhões de euros representam 16,3 milhões a mais do que em 2023 e, desses, 38,1 milhões de euros vieram de investimentos, de acordo com o relatório.

O Vaticano ativa esta carteira para “diversificar os investimentos e distribuir o risco”, esclarece-se no documento.

A APSA transferiu 46,09 milhões de euros para uso no orçamento geral do Vaticano, como contribuição extraordinária para cobrir as necessidades financeiras e o défice da Cúria Romana, que integra os diferentes organismos que compõem o Governo da Igreja Católica.

“Um dos melhores balanços dos últimos anos”, disse à imprensa do Vaticano o arcebispo Giordano Piccinotti, presidente da APSA, que se ocupa da gestão do património económico da Igreja.

De acordo com o balanço das contas do Vaticano de 2023, ainda não publicado oficialmente, o défice operacional foi de 83 milhões de euros, cinco milhões a mais do que no ano anterior, e poderá aumentar nos próximos anos, uma vez que as doações dos fiéis a médio prazo estão a diminuir, avançou o jornal italiano La Repubblica.

Em junho passado, um mês depois da eleição de Leão XIV como novo Papa, a 8 de maio, o Vaticano lançou uma campanha para arrecadar doações para o Óbolo de São Pedro, que financia as obras de caridade do líder da Igreja Católica, perante a queda nas receitas dos últimos anos.

Numa das últimas decisões, o Papa Francisco instituiu uma comissão cuja tarefa específica é incentivar as doações com campanhas especiais para tentar colmatar a redução das contribuições dos fiéis e benfeitores nos últimos anos.

Fundada por Paulo VI em 1967, a APSA administra e gere os bens e os investimentos financeiros do Vaticano, além de fornecer os recursos necessários para a Cúria Romana, o sustento do papa e as atividades da Igreja em geral.

Uma teoria nojenta pode resolver um longo mistério sobre a dieta dos neandertais

Os cientistas acreditaram durante muito tempo que os neandertais eram ávidos carnívoros. Com base na análise química dos restos mortais de neandertais, parecia que se alimentavam de tanta carne como predadores de topo, como leões e hienas. Mas, enquanto grupo, os hominídeos – nomeadamente os neandertais, a nossa espécie e outros parentes próximos extintos – não são carnívoros especializados. Em vez disso, são mais omnívoros, consumindo também bastantes alimentos vegetais. É possível que os humanos subsistam com uma dieta bastante carnívora. De facto, muitos caçadores-coletores tradicionais do norte, como os Inuit, subsistiam sobretudo de alimentos de origem animal. Mas os

O sisão do Quirguistão pode ajudar os nossos? Espera-se que sim

Dois investigadores portugueses passaram duas semanas no Quirguistão, a ajudar equipas locais a marcar sisões (Tetrax tetrax). Não foi tarefa fácil, mas duas aves têm agora pequenos equipamentos de GPS que poderão ajudar a perceber mais sobre esta espécie que está a recuperar a Oriente, enquanto por cá continua extremamente ameaçada.

Foram precisos vários dias para que duas destas aves estepárias se tornassem as primeiras da espécie a receber um equipamento GPS fora da Europa Ocidental. “Conseguimos marcar dois indivíduos, que era o nosso objectivo mínimo. Mas diria que, mais importante do que esta primeira experiência, foi conhecermos o sistema, bem como as equipas locais. Estamos preparados para voltar e fazer mais capturas”, diz o investigador João Paulo Silva, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (Biopolis-Cibio), que, com o colega Carlos Pacheco, participou nesta experiência.

Há razões fortes para os portugueses terem sido chamados a dar uma ajuda aos colegas do Quirguistão. A Península Ibérica já foi o local com a maior população de sisão, antes de as profundas alterações na paisagem e na produção agrícola terem provocado um enorme declínio na sua presença. Em Portugal, o mais recente estudo da espécie apontava para uma diminuição desta ave que está, sobretudo, concentrada na Zona Especial de Protecção (ZEP) de Castro Verde, na ordem dos 77%, pela que a possibilidade de vir a extinguir-se é mesmo admitida pelos investigadores.

O sisão no Quirguistão assumiu comportamentos diferentes do nosso, pelo que a sua captura se revelou mais difícil do que o previsto
DR

Foi esta histórica importância do sisão na Península Ibérica, e o facto de a espécie ser estudada por cá há mais de 20 anos, que esteve na origem desta primeira colaboração. “Temos muita experiência com captura e marcação de aves e esta associação do Quirguistão, a Ornithologia, não tem essa experiência. Eles começaram a trabalhar com o sisão há cerca de três anos, a fazer censos da espécie o que permitiu conhecer melhor a realidade do país”, explica João Paulo Silva.

E o que é que os sisões do Quirguistão podem fazer pelos portugueses? Espera-se que muita coisa explica o investigador português. “A população do sisão, neste momento, está completamente fragmentada. Há a população a Ocidente, sobretudo em Portugal e Espanha, e um pouco em França, além da Sardenha, em Itália. Depois temos um grande buraco e só se começa a ver o sisão de novo no Cazaquistão”, explica.

“As nossas populações estão muito reduzidas, muito ameaçadas, mas com o desmantelamento da União Soviética aumentaram significativamente naquela região e neste momento é sobretudo na Ásia Central que se concentram. E nestas populações mais estáveis podemos compreender aspectos da biologia da espécie num contexto mais bem conservado. Isto pode ajudar-nos a identificar como é que devemos gerir esta espécie e que medidas têm de ser implementadas.”

Mais fêmeas disponíveis

Para o investigador da Biopolis-Cibio, as fêmeas têm um interesse particular. “As nossas fêmeas têm uma produtividade muito baixa e na Península Ibérica é muito difícil acompanhá-las. Ao longo destes últimos 20 anos, talvez se tenha conseguido estudar 20 a 30 fêmeas. Isto torna muitíssimo complicado estudar a reprodução, numa espécie como esta que é muito secretiva. Numa população mais bem conservada isso torna-se mais fácil”, acrescenta.

Mas as expectativas desta colaboração são mais vastas. João Paulo Silva salienta que populações de sisão do Quirguistão são totalmente migradoras, ao contrário das nossas, e as duas semanas passadas na região confrontaram-no com comportamentos diferentes dos registados nas populações da Península Ibérica — de tal maneira que os métodos utilizados por cá para capturar as aves e as marcar não funcionaram ali e foi preciso uma alternativa.

Por isso, diz, há muita coisa a descobrir, a começar por uma pergunta à qual ninguém sabe ainda dar resposta: para onde vai o sisão passar o Inverno quando abandona o Quirguistão? “A grande expectativa que temos é saber para onde vão migrar. Ninguém sabe onde passam o Inverno. Pode ser o Azerbaijão, o Irão, o Afeganistão, a Turquia e há umas novas áreas de invernada no sul do Uzbequistão. Temos uma série de apostas sobre para onde é que os bichos vão, porque, de facto, não sabemos nada da sua ecologia migratória”, diz.

O habitat do sisão no Quirguistão ocorre num cenário bem diverso do que existe em Portugal
DR

Perceber mais coisas sobre estes parentes afastados do nosso sisão vai implicar maior colaboração, mais visitas, mais marcações, mais tempo, porque apenas dois indivíduos com GPS é muito pouco para estabelecer padrões. Os equipamentos foram financiados pela Sociedade Ornitológica do Médio Oriente, Cáucaso e Ásia Central (​OSME, na sigla em inglês) e há a esperança de que o trabalho se prolongue no futuro.

O sisão foi dado como extinto no Quirguistão até há cinco anos, supondo-se que teria deixado de se reproduzir no país desde a década de 1970. O trabalho entretanto desenvolvido aponta para entre 1400 e 1900 casais a reproduzir-se no país, parte dos quais no vale de Chuny, onde os investigadores portugueses estiveram. Na origem da recuperação da espécie estarão mudanças nas práticas agrícolas — tanto no tipo de agricultura praticado, menos intensivo, como nas culturas, com o regresso de plantas mais apetecíveis para a espécie.

Apesar das boas notícias que chegam de Oriente, os receios de um retrocesso existem. Novas mudanças na paisagem e nas práticas agrícolas (nomeadamente o recurso a pesticidas), o aumento da caça furtiva (é proibido caçar o sisão no Quirguistão, mas a fiscalização é insuficiente) e as colisões com postes eléctricos ou pequenas aeronaves são alguns dos maiores riscos para a espécie.

Ameaças mais ou menos comuns, entre cá e lá, com a nossa profunda desvantagem de termos uma população muito ameaçada e pela qual, desabafa João Paulo Silva, “não se fez nada” de novo que possa travar o seu declínio.

Mais de 26 mil deslocados numa semana após ataques em Cabo Delgado

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estimou hoje que mais de 26.000 pessoas tenham fugido, na última semana, de aldeias em três distritos de Cabo Delgado devido a novas incursões de grupos armados no norte de Moçambique.

De acordo com o relatório daquela agência das Nações Unidas, “a escalada de ataques e o aumento do medo de violência por parte dos Grupos Armados Não Estatais” levaram à deslocação de aproximadamente 26.870 indivíduos (6.267 famílias), até sábado.

Segundo a OIM, as populações em fuga são dos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre, este último sendo o mais severamente afetado, com um total de 23.204 deslocados.

“Este número inclui 1.993 indivíduos (418 famílias) que fugiram das aldeias de Magaia e Chitunda [Muidumbe], 1.673 (374 famílias) que fugiram da aldeia de Nanduli no distrito de Ancuabe e 23.204 (5.475 famílias) que fugiram de Nantavo em Chiúre Velho, incluindo aldeias vizinhas, no distrito de Chiúre”, refere-se no documento.

Aquela agência da ONU avança que informadores naquela província moçambicana rica em gás, que enfrenta uma rebelião armada, desde 2017, com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, relataram que a alimentação é a necessidade humanitária mais urgente, seguida do abrigo e dos itens essenciais não-alimentares.

De acordo com a OIM, só entre a quarta e a quinta-feira, grupos armados entraram na aldeia de Nanduli, no distrito de Ancuabe, “disparando intermitentemente, o que desencadeou a deslocação de 1.673 indivíduos (374 famílias) para Chiote e Ancuabe, na sede do distrito”.

“A OIM (…) continua a monitorizar a dinâmica da deslocação em tempo real para apoiar o planeamento humanitário e os esforços de resposta baseados em evidências em todo o norte de Moçambique”, avança.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado, um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

Além de Cabo Delgado, palco destes ataques e movimentação terrorista desde 2017, a vizinha província de Niassa também já foi palco em abril de um ataque de membros destes grupos, que decapitaram dois guardas-florestais.

Desconto na compra de eletrodomésticos será aplicado logo na loja

Promessa do Governo: apoios do novo programa E-Lar serão aplicados diretamente no momento da compra de equipamentos, para todos os consumidores. Com o novo programa E-Lar – Eficiência Energética e Conforto Térmico do Governo, o apoio à compra de eletrodomésticos vai ser aplicado diretamente no momento da compra do mesmo, ao contrário do Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+S) anteriormente em vigor. Os consumidores não terão de avançar com a totalidade do valor e esperar pelo apoio. Em vez disso, os equipamentos serão adquiridos com o desconto já incluído no preço final, através de acordos estabelecidos entre o

O nível de vida em Portugal não é o que se pensava. Dados oficiais enganam

Faltam dados atualizados da AIMA sobre a imigração. Sem reformas, Portugal “caminhará para a cauda da Europa”. Um estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) indica que o nível de vida português face à União Europeia (UE) estará “abaixo do que se pensava”. O valor oficial é “sobrestimado” por falta de dados atualizados da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) sobre a imigração. “De facto, o nível de vida português está abaixo do que se pensava, avaliando naturalmente por PIB [Produto Interno Bruto] ‘per capita’ à paridade dos poderes de compra. Tem estado sobrestimado por

O que fazer (e evitar) em dias de calor extremo

Numa altura em que uma onda de calor extremo atravessa o planeta, é importante reconhecer os sintomas de situações de risco, e saber manter crianças, adultos e idosos hidratados, frescos e seguros — e é possível fazê-lo, mesmo sem ar condicionado. A Terra nunca esteve tão quente, e milhões de pessoas em todo o mundo estão sob alertas de calor. Na Índia e no Paquistão, uma onda de calor precoce registou temperaturas que chegaram aos 49 graus Celsius. Em junho e início de julho, a Europa foi assolada por calor extremo, resultando em mais de 2.000 mortes. Tudo isto depois

Dados da AIMA alteram estatísticas do nível de vida nacional face à UE

Um estudo divulgado pela Faculdade de Economia do Porto indica que o nível de via português, face à União Europeia, estará “abaixo do que se pensava”, estando sobrestimado por não contar com dados atualizados da AIMA.

“De facto, o nível de vida português está abaixo do que se pensava, avaliando naturalmente por PIB [Produto Interno Bruto] ‘per capita‘ à paridade dos poderes de compra. Tem estado sobrestimado por não contar com toda a população estrangeira residente”, disse à Lusa, Óscar Afonso, diretor da FEP e um dos autores de um estudo do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP, no caso a análise Flash nº. 3 de 2025, divulgada esta terça-feira.

De acordo com Óscar Afonso, os dados oficiais mostram que “em 2023 o valor do nível de vida correspondia a 80,7% da média da União Europeia [UE]”, estando Portugal na 18.ª posição a nível europeu.

“Mas se corrigirmos pelos dados da AIMA [Agência para a Integração, Migrações e Asilo] passamos para 78,92%, ou seja, para a 19.ª posição“, refere, apontando ainda que em 2024, 2025 e 2026 “há uma revisão em baixa de 2,4 pontos percentuais, que se mantém”.

Segundo o académico, se considerados os dados da AIMA e estimativas do estudo sobre evolução da população, em 2024 “o nível de vida estará a 79,18% contra os 81,6% oficiais, em 2025 estará nos 79,27% contra os 81,70% que serão oficiais, e em 2026 79,47% contra os que irão ser oficiais de 81,9%”.

Em causa está a diferença entre os dados do Relatório intercalar sobre a Recuperação de processos pendentes da AIMA, revelado em abril, tendo conta “a revisão em alta da população média que decorre dos novos números de estrangeiros com estatuto legal de residente”, e os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), ainda não revistos.

“A população estrangeira aumentou de forma acentuada. Em 2017 cresceu 4,1%. Em 2024 cresceu 14,4% e serão já 1,6 milhões de residentes”, assinala Óscar Afonso, falando num aumento de imigrantes de cerca de 300 mil por ano e considerando que “a economia não precisava de tantos”, apesar de necessitar dos mesmos “para crescer”, defendendo o economista um “padrão de especialização diferente”.

Pelas contas do estudo, Portugal precisaria atualmente de receber 80 mil imigrantes por ano para estar na primeira metade dos países mais ricos da UE em 2033, pretendendo o documento “alertar para o facto de ter de haver alinhamento da imigração com aquilo que a economia precisa”.

“Eu acho que nós devemos tratar todos os seres humanos com toda a dignidade, esse é o primeiro ponto. Posto isso, eu acho que este estudo faz sentido porque nós também não queremos as pessoas para depois as tratar mal, e a andarem aqui a serem maltratadas e a não ter rendimento. Não é isso que desejamos”, defendeu.

O economista resume que, com os dados do estudo, “Portugal não ultrapassa os 80% [do nível de vida médio da UE] desde 2010, ao contrário do que indicam os dados oficiais da Comissão Europeia”, estando praticamente ao nível da Roménia em 2026, com 79,47% para Portugal e 79,45% para a Roménia.

“Portugal desce, então, em 2026, para a 21.ª posição, será o sétimo pior da União Europeia, e pode cair até 22.º, o sexto pior, caso a Roménia tenha um desempenho ligeiramente melhor ou nós ligeiramente pior”, alerta.

O diretor da FEP lembra que, “em 1999, a Roménia tinha um nível de vida, comparado com a média da União Europeia, de 26,9%, e Portugal tinha 85%”, e que, “em 2026, a Roménia vai estar com 79,45% e Portugal com 79,47%”.

“Ou seja, a Roménia passou de 26,9% para 79,45% e Portugal passou de 85% para 79,47%, sendo que nós tivemos mais fundos e tivemos este desempenho medíocre”, contestou, referindo que a Roménia cresceu 4% ao ano entre 1999 e 2019 e Portugal 0,9%, e alertando que, no futuro, “sem reformas, Portugal será ultrapassado em definitivo pela Roménia” e “caminhará para a cauda da Europa”.

Serviço áudio disponível em www.lusa.pt

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