Autárquicas. Pedro Sousa Botelho é número 2 de Miguel Corte-Real na lista do Chega ao Porto

Pedro Sousa Botelho, Joana Corrêa de Barros e Artur Carvalho são alguns dos sete nomes da lista entregue esta quarta-feira no tribunal pela candidatura do Chega à Câmara do Porto, encabeçada por Miguel Corte-Real.

Na lista para o executivo seguem-se Luís Santos Proença, Sofia Sampaio e Sónia Vara.

Em declarações à Lusa, Miguel Corte-Real, 40 anos, gestor e eleito nas últimas autárquicas pelo PSD para a Assembleia Municipal do Porto, disse que o partido apresentou candidatos a “todas as freguesias e todos os órgãos” e que se trata de uma “lista de gente renovada, gente da cidade e gente muito empenhada para mudar o Porto”.

Questionado pela Lusa sobre o que seria um bom resultado, Miguel Corte-Real responde que um “bom resultado é ganhar”, no entanto, a expectativa é “eleger autarcas em toda a cidade, em todas as freguesias, e em todos os órgãos” e poder “trabalhar para mudar a vida dos portuenses”.

Questionado sobre se ganhar um ou dois vereadores para a Câmara do Porto seria um bom resultado, o candidato assume que o “Chega não tem nenhum vereador” e que se tiver dois vereadores é um bom resultado, mas, no entanto, argumenta que o “Chega existe para mudar”.

“Para mudar precisa de ganhar e, portanto, nós precisamos de ganhar para mudar a vida das pessoas. Se não ganharmos, nós aceitamos as regras da democracia e vamos trabalhar com os eleitos que tivermos para mudar a vida das pessoas”, disse.

Segundo Miguel Corte-Real, o Chega, enquanto partido, vem a estas eleições autárquicas para ganhar câmaras municipais e, portanto, assume que está no Porto a disputar a câmara.

“Estamos a apresentar um projeto para os portuenses e esperamos que a maioria dos portuenses considere que, o nosso projeto, é o projeto certo para liderar. E, portanto, estamos aqui para mudar a vida das pessoas”, assinalou.

Da lista entregue no tribunal constam também Carlos Graça como cabeça de lista à Assembleia Municipal do Porto e sete candidatos a presidente das juntas.

Concorrem à Câmara Municipal do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU — coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro — coligação NC/PPM), Aníbal Pinto (Nova Direita), Pedro Duarte (PSD/IL/CDS-PP), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (movimento independente), António Araújo (movimento independente), Alexandre Guilherme Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre) e Miguel Corte-Real (Chega).

O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.

As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.

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Autárquicas. Candidato do BE ao Porto acusa CP de desinvestir no comboio Celta

O candidato do BE à Câmara do Porto, Sérgio Aires, acusou esta quarta-feira a CP de desinvestir no comboio internacional Celta, que liga o Porto a Vigo e que terá um transbordo em Viana do Castelo a partir de domingo.

“A resposta é bastante rápida: acho que [a CP – Comboios de Portugal] está a desinvestir, como aliás tem desinvestido muito. As linhas ferroviárias no país são aquilo que são, quando devíamos estar num movimento contrário já há muitos anos”, disse hoje aos jornalistas Sérgio Aires.

O candidato do BE à Câmara do Porto falava no Jardim da Cordoaria antes da entrega das listas do partido, no Palácio da Justiça, para as eleições autárquicas de 12 de outubro.

Em causa estão alterações ao serviço do comboio internacional Celta, que faz o trajeto Porto-Vigo, e que vai obrigar a transbordo em Viana do Castelo a partir de domingo, para permitir “garantir a continuidade do serviço”.

“Preocupa-nos bastante essa situação, acho que é inadmissível que a CP não tenha nenhuma alternativa, ou melhor, que não faça aquilo que devia fazer, que é facilitar a mobilidade por via férrea, e não o contrário”, completou Sérgio Aires.

Segundo a CP, esta é uma medida “excecional e temporária”, sem indicar qual a data de conclusão dos “ajustes transitórios” no serviço que é operado em conjunto com a espanhola Renfe desde julho de 2013, ligando Vigo ao Porto com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine.

A Renfe garantiu que o comboio internacional Celta, entre o Porto e Vigo, fará um “transbordo simples” em Viana do Castelo e continuará com os mesmos horários, adiantando apenas “motivos operacionais” como causa para a mudança no serviço.

“A partir de 17 de agosto [domingo], por motivos operacionais, o serviço do comboio Celta fará um transbordo de um comboio para outro na estação de Viana do Castelo. Trata-se de um transbordo simples entre comboios. O serviço far-se-á da forma habitual quanto a horários”, pode ler-se numa resposta de fonte oficial operadora ferroviária espanhola Renfe a questões da Lusa.

O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organização que reúne 38 autarquias do Norte de Portugal e da Galiza, denunciou a “traição” de fazer alterações ao comboio internacional Celta em agosto, condenando a “má gestão” e garantindo que irá fazer tudo para repor os níveis de serviço transfronteiriços.

“Se não for temporário, eles não o vão admitir. Por agora só podem dizer que é temporário e deixar que as pessoas se esqueçam. Só que nós não nos vamos esquecer, vamos estar em cima do assunto como já estivemos noutras vezes, até que se resolveu”, disse hoje à Lusa Xoán Mao, secretário-geral da organização.

Também o candidato independente à Câmara do Porto, Filipe Araújo, acusou a CP de desinvestimento e desinteresse na ligação Porto-Vigo, uma “ligação estratégica para o Porto e para a região Norte”.

Diana Ferreira, candidata da CDU ao Porto, responsabilizou esta quarta o Governo pelas mudanças no comboio internacional Celta, incluindo-as num “alargado conjunto de problemas que importa resolver”, e admitindo que “o município poderá, também, ter uma palavra a dizer sobre essa questão em concreto”.

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Incêndio em Arganil em perigo de chegar à Pampilhosa da Serra

Uma das frentes de fogo ativas no município de Arganil, no distrito de Coimbra, poderá evoluir para o concelho da Pampilhosa da Serra, com a prevista mudança da direção do vento durante a noite.

Em declarações à agência Lusa, ao início da noite desta quarta-feira, o presidente da Câmara de Arganil, Luís Paulo Costa, notou que uma das situações que suscita mais preocupação – no fogo que deflagrou na freguesia do Piódão e possui vários focos ativos – é uma frente que poderá evoluir para o sudoeste do concelho, em direção ao município vizinho da Pampilhosa da Serra.

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“É uma frente que abriu durante a tarde de hoje [quarta-feira] em direção à localidade de Porto Castanheiro [perto do troço de Arganil do Rali de Portugal]. Com a previsão de uma nova rotação e intensificação do vento, se isso acontecer, vai dar muito que fazer”, observou o autarca.

Ao longo do dia, as frentes de fogo no concelho de Arganil, a partir do Piódão, avançaram para norte e noroeste, em direção ao município vizinho de Oliveira do Hospital e outra para nordeste, que entrou no concelho de Seia, já no distrito da Guarda, potenciadas por vento forte e pelos declives abruptos da serra do Açor.

As imagens dos incêndios que estão a devastar Trancoso e Piódão

Luís Paulo Costa avisou, no entanto, que ainda existe muito fogo ativo dentro do concelho: “Ainda não estamos nada tranquilos”, reconheceu.

Outra situação que preocupa o autarca decorre de uma das frentes que evoluiu para noroeste, passando com grande violência pelas povoações de Vale do Torno e Porto Silvado, ainda em Arganil, e por Gramaça, em Oliveira do Hospital, mas sem provocar vítimas ou danos em habitações.

O flanco esquerdo desta frente estava ao início da noite desta quarta-feira ativa numa das encostas da freguesia de Pomares, em direção à aldeia de Barroja.

“Está a varrer aquela encosta e também é imprevisível o que ali vai acontecer”, frisou Luís Paulo Costa.

Já o presidente da junta de freguesia de Pomares, Amândio Dinis, adiantou que na aldeia de Barroja residem apenas duas pessoas, de nacionalidade estrangeira, mas devido à época de verão estarão na aldeia cerca de uma dezena de pessoas.

O autarca acrescentou que as chamas se mantinham na encosta e a evoluir no sentido ascendente, ainda longe das povoações de Agroal e da própria sede de freguesia, Pomares, que ficam numa zona de vale.

Noutras localidades da freguesia que viram as chamas por perto, como Sobral Magro, Sobral Gordo ou Soito da Ruiva, a situação foi controlada pelos bombeiros, embora a floresta em redor tenha ardido, indicou.

Pelas 00h00 desta quinta-feira, combatiam as chamas 879 bombeiros, apoiados por 285 viaturas, indica o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Marcelo, o imprevisto aliado do Chega

Portugal votou, nestas últimas eleições, maioritariamente numa direita que assumiu durante a campanha eleitoral, entre outros pontos, solucionar o problema da imigração, alterando a lei em vigor e introduzindo as alterações que acabaram por convencer cerca de 70% dos portugueses.

No seguimento deste resultado e em linha com o prometido, o governo, com uma maioria parlamentar de apoio muito significativa, apresentou uma proposta de legislação que permitiria cumprir a promessa e devolver a Portugal uma possibilidade de comandar a entrada de estrangeiros no nosso país de uma forma ordenada, inclusiva e séria, como não tivemos nos últimos anos.

Quis o Presidente da República contestar aquela proposta, com muitos comentadores a encontrarem nesta atitude uma forma de vingança sobre a atuação do governo que não lhe tem dado a relevância que ele esperaria.

Se é justo, e mesmo o seu dever, questionar uma proposta legislativa que lhe levante dúvidas, enviando-a para o Tribunal Constitucional, já não se pode entender que o titular do cargo em causa utilize todo este tema para fazer política e, principalmente, para fazer justiça por mão própria sobre outra instituição da democracia.

Como era previsível e como bem calculava Marcelo, a decisão do Tribunal Constitucional teve muito mais a ver com opiniões políticas de cada um dos seus juízes do que verdadeiramente com a questão da constitucionalidade da norma em causa e, no final, a decisão favoreceu a vontade do Presidente da República e deixou descontentes 70% população.

Como sempre, e mais ainda quando há vontades individuais nestas questões, sabemos sempre como começam as crises e nunca sabemos como acabam.

A decisão de proibir a implementação desta legislação foi o primeiro passo desta nova tensão política que estamos a enfrentar e criou uma dificuldade ao governo e aos partidos da direita parlamentar que, de uma forma ou de outra, vão ter que encontrar solução para conseguir voltar a legislar, com todas as condições que pretendia, até porque o apoio conseguido por parte do partido que não participa no governo estará sempre condicionado pelo alcance da legislação a aprovar.

Por outro lado, o Chega, desde o princípio desta nova legislatura que vem exigindo uma revisão constitucional, vê como condição essencial para conseguir mudar o status quo da vida da democracia portuguesa que, durante anos demais, se manteve cativa da vontade de uma esquerda intolerante e ideológica e que hoje perdeu completamente a sua preponderância em Portugal.

Ora, aquilo que me parece evidente é que, se a maioria do povo português decidiu que quer uma mudança da lei da imigração e se essa nova legislação, segundo os elementos mais retrógrados do tribunal constitucional, está em contradição com a constituição da república portuguesa, só há um caminho possível para solucionar esta questão e isso passa por avançar para uma revisão constitucional.

Se esta for a exigência de pelo menos uma parte significativa da maioria de direita que promove esta legislação, então será o próprio governo que estará obrigado a promover essa mesma revisão, sob pena de permitir ao Chega capitalizar enormemente com uma potencial derrota nesta questão.

Não era intenção do governo seguir neste caminho e estava praticamente acalmada esta revisão, mesmo dentro do próprio partido que a queria implementar, mas a questão levantada por Marcelo e a decisão ideológica do tribunal, tornaram óbvia a necessidade de pelo menos abrir a discussão do tema e provavelmente da sua efetivação.

O Chega agradecerá a Marcelo, o governo tenderá a assumir a sua liderança e a esquerda será uma vez mais a grande derrotada de uma estratégia errada e tendenciosa que pilotará a evolução da nossa vida democrática.

Assim, com um pequeno detalhe de tentar humilhar o governo, Marcelo tornar-se-á no responsável pela próxima revisão constitucional.

Banco Mundial aprova apoio de emergência a Cabo Verde de 8,5 milhões de euros

O Banco Mundial aprovou esta quarta-feira um apoio de emergência de 10 milhões de dólares para reforçar a resposta aos danos provocados pelas cheias que causaram oito mortos e três desaparecidos, anunciou o primeiro-ministro de Cabo Verde.

O apoio, que corresponde a 8,5 milhões de euros foi acionado ao abrigo de um programa de cooperação para ajudar os esforços do Governo numa recuperação económica resiliente e equitativa, com o Banco Mundial a permitir um desembolso imediato, adiantou Ulisses Correia e Silva, na página oficial do Facebook.

APA notifica Águas do Centro Litoral a instalar sistema que impeça efluente de chegar ao rio Lis

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) notificou a Águas do Centro Litoral (AdCL) a instalar um sistema de retenção para impedir a descarga de efluente no rio Lis na sequência da avaria numa estação elevatória no concelho de Leiria.

Numa nota, a APA informou esta quarta-feira que notificou aquela empresa para, “além de realizar todas as diligências para reparar, o mais rapidamente possível, o sistema de bombagem associado” à estação elevatória, “instalar, com caráter de urgência, um sistema de retenção do efluente, de forma a reduzir significativamente ou mesmo impedir a sua descarga no rio Lis”.

A APA adiantou que, em articulação com o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (GNR), “já acionou todos os mecanismos legais aplicáveis, incluindo os sancionatórios”.

Esta quarta-feira, a AdCL divulgou que a estação de Monte Real (Leiria), que eleva efluente para a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão, está “temporariamente inoperacional devido a uma avaria nas bombas que compõem o sistema de elevação”.

Perante a sua inoperacionalidade, “foi acionado o sistema de descarga de emergência da estação, bem como da estação elevatória a montante (Serra de Porto do Urso)”, explicou a empresa, referindo que “estas descargas ocorrem, respetivamente, no rio Lis e numa vala de rega adjacente”.

A AdCL garantiu que “estão a ser tomadas todas as medidas necessárias para resolver” a avaria o mais rapidamente possível.

Esta situação levou à interdição de banhos na Praia da Vieira, na Marinha Grande, onde desagua o rio Lis, e o Município de Leiria desaconselhou atividades no troço do rio Lis, a jusante de Monte Real, como captações para rega, banhos e pesca.

Na nota, a APA esclareceu que a avaria foi registada às 10h00 de terça-feira e “deixou a instalação inoperacional, provocando que fosse acionada a descarga de emergência”.

“Esta situação tem impacto na qualidade dos recursos hídricos do rio Lis, a jusante deste ponto, com possíveis consequências para as zonas balneares”, sobretudo para a Praia da Vieira”, admitiu a APA que, por precaução, desaconselhou os banhos.

Assegurou ainda que está a monitorizar, em articulação com a Câmara da Marinha Grande e serviços de saúde, “a qualidade da água no rio Lis e nas zonas balneares potencialmente afetadas”, monitorização que “será efetuada diariamente até que esteja normalizada a situação”.

Está igualmente a “acompanhar, de forma contínua, a evolução dos trabalhos de reparação” por parte da AdCL, entidade gestora do sistema em alta de recolha e tratamento de águas residuais na região de Leiria.

Esta quarta-feira, a Guarda Nacional Republicana (GNR) revelou que está a investigar a poluição no rio Lis na sequência da avaria.

O capitão Daniel Matos, do Comando Territorial de Leiria da GNR, disse à Lusa que “esta situação tem grave impacto na fauna e flora locais”, havendo já “evidências desse impacto com fauna morta, sobretudo peixes”.

A GNR afirmou que, através do Núcleo de Proteção Ambiental, deslocou-se na manhã desta quarta-feira à estação, “onde realizou diligências de investigação relacionadas com a fonte poluidora”.

Além de testemunhos, a GNR recolheu “amostras de águas residuais e de águas superficiais, destinadas a avaliação do grau de degradação da qualidade da água”, diligências que visam “a comunicação ao Ministério Público e a execução das respetivas ações de investigação criminal”.

Já a Câmara de Leiria, em comunicado, sustentou que se está perante uma “grave ocorrência ambiental”, que “levou à descarga direta de efluentes não tratados no rio Lis”.

Exigindo à AdCL “a adoção imediata de medidas de contenção e reparação dos danos causados”, o município, liderado por Gonçalo Lopes, pede também à empresa a “implementação de soluções que previnam a repetição de situações” idênticas.

A autarquia reclamou também o “esclarecimento cabal” sobre o acidente, defendendo a criação de uma comissão de inquérito, além da garantia das “respetivas compensações ambientais e sociais”.

Autárquicas. PAN apoia candidatura do socialista João Paulo Correia à Câmara de Gaia

O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) anunciou esta quarta-feira o apoio à candidatura de João Paulo Correia, do PS, à Câmara de Vila Nova de Gaia, no distito do Porto, assente em compromissos na área ambiental e do bem-estar animal.

De acordo com um comunicado do PAN, a que a Lusa teve acesso, o “apoio e entendimento político assenta na assunção de compromissos programáticos claros e verificáveis, a integrar no programa de governação municipal”.

“Entre as medidas acordadas destacam-se o reforço da criação e requalificação de espaços verdes de lazer em todas as freguesias, a reconversão de áreas ambientalmente degradadas em zonas de biodiversidade e a promoção de parques urbanos multifuncionais com uma forte componente ecológica”, pode ler-se no texto.

O partido acrescenta ainda que “no âmbito do bem-estar animal, foram assumidos compromissos para a criação de infraestruturas dedicadas aos animais de companhia, nomeadamente espaços de socialização canina, programas permanentes de esterilização e reforço da capacidade de resposta a situações de abandono, com a construção de um novo centro de acolhimento”.

“Está igualmente prevista a criação da figura do Provedor do Animal, para reforçar a escuta ativa da comunidade e promover boas práticas”, refere o partido da deputada única Inês de Sousa Real.

O PAN refere ainda que “marcará presença na Assembleia Municipal e nas freguesias de Mafamude e Santa Marinha, garantindo maior representatividade das causas ambientais, da proteção animal e da justiça social”.

“Com esta colaboração, o PAN do distrito do Porto afirma o seu compromisso com uma governação municipal, em Vila Nova de Gaia, mais ética, sustentável e próxima das pessoas, dos animais e da natureza”, aponta.

Na corrida à Câmara de Vila Nova de Gaia são já conhecidas as candidaturas de André Araújo (CDU — coligação PCP/PEV), João Paulo Correia (PS), Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), Daniel Gaio (Volt), João Martins (BE/Livre) e Rui Sequeira (ADN).

O executivo municipal é composto por 11 vereadores, tendo o PS nove e o PSD dois. O PS também lidera a Assembleia Municipal com maioria.

As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.

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Gelados e sorvetes: novos hábitos à mesa (séculos XVII-XVIII)

Não obstante a enorme variedade de doces produzidos no Portugal do passado, sorvetes e gelados nunca integraram a doçaria tradicional do país, conhecida, em especial, pelos preparados à base de ovos e de frutos. Mesmo assim, fizeram parte dos consumos requintados das elites, acompanhando as modas europeias.

Gelados e sorvetes na Europa

Apesar de haver uma tradição antiga de produção de sorvetes, só a partir do século XVI se encontram informações mais fundamentadas. Aparentemente, no século XIII, Marco Polo teria observado bebidas frias na China, podendo ter sido o responsável pela sua chegada à península itálica. Em Florença, durante o governo de Cosme I de Médicis (1537-1574), o arquiteto Bernardo Buontalenti (1531-1608) experimentou uma mistura que revolucionou os doces frios: leite, mel, gema de ovo e um toque de vinho. Passou a haver a convicção de que tudo se poderia gelar, incluindo as matérias gordas, tais como o leite e os ovos. Nasciam os gelados, que se juntavam aos sorvetes. Na definição de Luciana Polliotti, o gelado é todo o doce fresco cuja base é composta por leite, nata, ovo, açúcar e aromatizantes; enquanto o sorvete é um produto fresco composto por álcool, fruta ou especiarias em xarope de açúcar. Gelados e sorvetes têm consistências diversas e um papel diversificado no menu. Em poucas e precisas palavras o sorvete bebe-se e o gelado come-se.

Em 1547, Catarina de Médicis (1519-1579), ao casar-se com o futuro Henrique II de França (1519-1559), teria sido responsável pelo transporte dos conhecimentos acerca de gelados e sorvetes, através de Giuseppe Ruggeri, o seu gelatiere. Estavam criadas as condições para a difusão entre as elites de novos produtos de luxo para as sobremesas. No final do século XVII, os gelados tornaram-se populares em França, especialmente, nos cafés. Foi um siciliano, conhecido como Procope – que, em 1674, abriu um na rua de Tournon, transferido para a rua de l’Ancienne Comédie, em 1684 –, que muito contribuiu para que os sorvetes e os gelados se tornassem a última palavra em luxo alimentar, em Paris, e, posteriormente, se popularizassem. Tinha começado a globalização dos gelados e sorvetes na Europa.

Na mesma centúria, sorvetes e gelados entraram nos receituários europeus. Os primeiros preparados, neste caso designados como águas de frutos, como por exemplo morangos, framboesas ou cerejas, de entre outras, constam da obra de Nicolas Lemery (1645-1715) intitulada Recueil de curiosités rares et nouvelles des plus admirables effets de la nature & de l’art, cuja primeira edição foi feita em Paris, por Louis Vendosme, em 1676. Ensinavam-se os leitores a gelar as referidas águas preparadas com sumo dos frutos, água e açúcar com recurso a sorveteiras, gelo e palha. Por seu lado, Antonio Latini (1642-1696) foi autor de Lo scalco alla moderna, overo l’arte di ben disporre li conviti, con le regole più scelte di scalcheria, insegnate, e poste in prattica, à beneficio de’ professori, ed altri studiosi, impresso em Nápoles, por Antonio Parrino e Michele Luigi Mutti, nos anos de 1692-1694. Num dos volumes, apresentou igualmente algumas receitas de águas para gelar.

A produção de gelo em Portugal

Em Portugal deteta-se o gosto pela utilização da neve na alimentação pelo menos desde o século XVI, embora ligada inicialmente a fins pretensamente medicinais. D. João III (1502-1557) costumava beber água com neve, prática que abandonou poucos dias antes de falecer. Em 1609, Manuel Severim de Faria, chantre de Évora, ao passar pela serra da Estrela, comentou o transporte de neve para a corte, enquanto o inventário dos bens de D. Pedro II (1648-1706), fez referência a um instrumento para refrescar bebidas. A moda será particularmente notada no século XVIII, chegando a Lisboa neve e gelo provenientes das serras da Estrela, da Lousã e de Montejunto, neste caso com a vantagem de se encontrar a curta distância da capital. O abastecimento era feito através dos neveiros, mercadores que, através da celebração de contratos, se comprometiam a abastecer a corte ou um determinado local, durante os meses estivais.

A neve recolhida na serra da Estrela era acondicionada em palha e transportada em cestos e caixotes carregados por animais e depois em carros puxados por bois até aos portos fluviais. O resto do percurso era feito de barco. Ao chegar ao destino era colocada em casas ou depósitos para que particulares ou proprietários de estabelecimentos a pudessem adquirir. Desde Filipe III (1578-1621) que os sucessivos monarcas procuraram ter sempre neve ao seu dispor. Daí o estabelecimento de contratos, a construção e inspeção dos poços e as facilidades concedidas para instalar manufaturas de produção e conservação de gelo.

Os poços da serra da Estrela foram inspecionados em 1732, por João Baptista Livre. D. João V procurava, assim, saber se era necessário construir mais alguns, para que não faltasse neve. Na capital também eram necessários espaços destinados ao armazenamento. Sabe-se que, em 1732, D. João V tinha mandado abrir dois poços, ficando o arquiteto João Baptista Barros encarregado de indicar a localização dos mesmos. O local escolhido para um deles, presumivelmente o único então construído, foi o castelo de São Jorge, em Lisboa. Antes, já havia poços perto da Graça. As obras, iniciadas no mesmo ano de 1732, chegaram a estar ameaçadas por falta de verbas.

Poços de gelo na serra de Montejunto (Fotografia de IDB).

Na serra de Montejunto, o gelo começou a ser produzido durante o século XVIII. Atualmente, são visíveis 44 poços, os restantes estão soterrados. O gelo era produzido através do congelamento natural da água, em geleiras, garantindo a produção em situações de ausência de neve. Julião Pereira de Castro parece ter tido o monopólio dos negócios da neve e do gelo nas três serras, Estrela, Lousã e Montejunto, entre 1757 e 1782. O empreendedor recolhia e explorava um recurso natural, fabricava e comercializava gelo, por grosso e a retalho. A produção apresentava-se como uma manufatura de sucesso, que implicava conhecimentos acerca do clima e das regras de recolha, produção, ensilagem e transporte. O consumo era inicialmente sazonal, de maio a outubro. A partir do momento em que se produziu gelo em ambiente rural, em quantidades relevantes para fornecer à corte e à cidade de Lisboa um produto de luxo, pôde alargar-se a todo o ano. A construção de instalações adequadas à produção natural de gelo foi feita de acordo com modelos existentes na época, mas adaptados ao clima e à exposição solar na serra de Montejunto, a uma curta distância da capital.

Nos tanques a água não podia ter mais de 12 centímetros de profundidade e a partir de setembro já se podia laborar. Isto é, as temperaturas permitiam começar a produzir gelo. Havia depois que esperar as placas ficarem rijas para poderem ser retiradas por cerca de 30 homens que carregavam, cada um, uma placa de 30 a 40 quilos de cada vez, antes do nascer do sol. Na casa de armazenamento do gelo, três homens calcavam-no e depositavam-no no silo principal para ficar mais compacto e ir enchendo. A manufatura tinha a designação real, pois fornecia o rei e a corte. Laborou até aos finais do século XIX.

E os novos hábitos

O gosto pelas bebidas frescas deu origem a novos hábitos e a novos objetos, nasceram os refrescadores de garrafas e os de copos. No século XVII, já se utilizavam tinas com água e neve, que se colocavam no chão junto da mesa, nas quais se introduziam várias garrafas. Usavam-se também taças de prata ou porcelana, com os bordos crenados, onde se colocavam os copos em posição invertida, seguros pelos pés. Na centúria seguinte, passaram a existir taças de vidro individuais, colocadas do lado esquerdo do prato, para os copos. Só no final do século, surgiu o refrescador cilíndrico com duas asas e tampa, de porcelana. Nele se serviam sorvetes e frutas frescas à sobremesa.

A sorveteira aparece descrita com pormenor no primeiro livro de doçaria portuguesa, publicado em 1788, a Arte nova e curiosa para conserveiros, confeiteiros e copeiros. Nele explicou-se o seu uso e forneceram-se nove receitas de preparados cuja presença da neve era indispensável. Antes, Domingos Rodrigues, na sua obra Arte de cozinha, publicada pela primeira vez em 1680, apresentou uma receita de sorvete, confecionada com água, açúcar, sumo de limão, pó de aljôfar, pó de coral, pó de ouro, almíscar, âmbar e pedra-basar, mas não referiu que o preparado fosse objeto de refrigeração. Ou seja, estamos perante a utilização do termo sorvete na aceção de xarope. Anos mais tarde, em 1780, Lucas Rigaud publicou o Cozinheiro moderno ou nova arte de cozinha, obra onde aparecem xaropes e “águas para verão e para sorvetes”. Neste último caso, estamos perante receitas nas quais entram fruta desfeita, açúcar e água, ao mesmo tempo que se utiliza um recipiente próprio, ou seja, uma sorveteira. Um outro clássico do passado, a Arte de cozinha, de João da Mata, de 1876, apresentou diversas receitas nas quais a técnica de gelar teve particular importância, nomeadamente, “bomba de neve à brasileira” (receita dedicada à família imperial do Brasil), composta por uma massa folhada recheada com dois gelados, um de castanhas e outro de frutas diversas: ananás, jaca, jambu, abricó, alperces, pêssegos e melão. Menos elaboradas são as receitas de gelado de tangerina e as quatro receitas de sorvete, de leite, morangos, laranja e melão. A utilização da sorveteira foi ainda cuidadosamente explicada. Parece plausível que, no caso português, os aperfeiçoamentos italianos tenham chegado via Castela, sobretudo no período dos Filipes (1580-1640) e via França, no que se refere aos tratados de culinária, uma vez que alguns termos denunciam a influência francesa.

Na segunda metade do século XIX, foi introduzida a refrigeração mecânica e outras alterações, que permitiram a melhoria da fabricação dos gelados. O grande impulso, a nível industrial só se pôde dar no século XX. Efetivamente, se Ferdinand Carré (1824-1900) foi o primeiro a desenvolver uma máquina que podia fazer cubos de gelo, invento que foi mostrado na Grande Exposição de Londres, de 1859, foi só alguns anos mais tarde, em 1871, que Charles Tellier (1828-1913) desenvolveu a técnica de congelação para o transporte marítimo de carnes. O sucesso obtido levou ao aperfeiçoamento das cadeias de frio, sobretudo com Clarence Birdseye (1886-1956), a partir de 1929, começando a ser possível manter a cor e o sabor dos alimentos congelados, mais próxima dos congéneres não sujeitos ao frio. Estas melhorias repercutiram-se no fabrico dos sorvetes e dos gelados. A produção artesanal, destinada ao consumo próprio e à venda ao público, passou a coincidir com a produção industrial, cujos primeiros passos na Europa e nos Estados-Unidos, tiveram lugar na primeira metade do século XX.

Para saber mais: BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond, Gelados: história de uma doce e fresca tentação, Sintra, Colares Editora, 2003. BRAGA, Isabel Drumond, “1717 – A neve: um luxo à mesa”, BRAGA, Isabel Drumond (coord.), História global da alimentação portuguesa, Lisboa: Temas e Debates, 2023, pp. 259-262.

[Os artigos da série Portugal 900 Anos são uma colaboração semanal da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. As opiniões dos autores representam assuas próprias posições.]

Dois acidentes em passagens de nível fazem um morto e dois feridos

Dois acidentes registados esta quarta-feira em passagens de nível nas linhas do Oeste e do Algarve fizeram um morto e dois feridos.

O primeiro desastre aconteceu pelas 15h00, quando um comboio e um veículo ligeiro de mercadorias chocaram na Linha do Oeste.

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O acidente, que aconteceu na passagem de nível automatizada ao quilómetro 175,976, entre Louriçal (Pombal) e Monte Real (Leiria), provocou a morte ao condutor do ligeiro, de 83 anos.

A circulação na Linha do Oeste esteve cortada durante várias horas e foi retomada pelas 19h30.

O vereador da Câmara de Leiria Luís Lopes, que tem o pelouro da Proteção Civil, esclareceu que no comboio seguiam 20 passageiros e quatro tripulantes.

Foi contactado o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários e ao local deslocaram elementos do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação do Destacamento de Trânsito de Leiria.

O segundo acidente desta quarta-feira aconteceu, pelas 19h30, numa passagem de nível da Linha do Algarve, junto a Poço Barreto, no concelho de Silves.

O acidente provocou dois feridos entre os ocupantes do automóvel e outra pessoa foi assistida.

Os dois feridos foram transportados para o Hospital de Portimão, referiu à Lusa fonte do Comando Sub-regional do Algarve.

A circulação entre as estações de Alcantarilha e de Silves esteve cortada durante várias horas.

No final do ano passado existiam em Portugal 785 passagens de nível e 471 possuíam proteção ativa, segundo as Infraestruturas de Portugal (IP).

Durante o ano de 2024, “ocorreram 22 acidentes (19 colisões e três colhidas), dos quais resultaram quatro vítimas mortais em contraponto com os 156 acidentes registados em 1999, que originaram 38 mortos – um decréscimo de 86% na sinistralidade e de 89% nas vítimas mortais”, indica a IP.

Autárquicas: Candidata da CDU ao Porto responsabiliza Governo por mudanças no comboio Celta

A candidata da CDU à Câmara do Porto, Diana Ferreira, responsabilizou esta quarta-feira o Governo pelas mudanças no comboio internacional Celta, que liga o Porto a Vigo e, a partir de domingo, obrigará a um transbordo em Viana do Castelo.

“Estamos a falar aqui, no setor da ferrovia, numa responsabilidade que é do Governo central. Há, do ponto de vista da mobilidade, na cidade do Porto mas também no distrito e na região, um alargado conjunto de problemas que importa resolver”, disse esta quarta-feira Diana Ferreira aos jornalistas, à margem da entrega das listas da candidatura da CDU às eleições autárquicas no Porto.

Em causa estão alterações ao serviço do comboio internacional Celta, que faz o trajeto Porto-Vigo, e que vai obrigar a transbordo em Viana do Castelo a partir de domingo, para permitir “garantir a continuidade do serviço”.

As responsabilidades políticas que têm que ser assumidas são, naturalmente, no âmbito do próprio Governo central, sendo que o município poderá, também, ter uma palavra a dizer sobre essa questão em concreto”, assinalou a candidata.

Segundo a CP, esta é uma medida “excecional e temporária”, sem indicar qual a data de conclusão dos “ajustes transitórios” no serviço que é operado em conjunto com a espanhola Renfe desde julho de 2013, ligando Vigo ao Porto com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine.

A Renfe garantiu que o comboio internacional Celta, entre o Porto e Vigo, fará um “transbordo simples” em Viana do Castelo e continuará com os mesmos horários, adiantando apenas “motivos operacionais” como causa para a mudança no serviço.

“A partir de 17 de agosto [domingo], por motivos operacionais, o serviço do comboio Celta fará um transbordo de um comboio para outro na estação de Viana do Castelo. Trata-se de um transbordo simples entre comboios. O serviço far-se-á da forma habitual quanto a horários”, pode ler-se numa resposta de fonte oficial da operadora ferroviária espanhola Renfe a questões da Lusa.

O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organização que reúne 38 autarquias do Norte de Portugal e da Galiza, denunciou a “traição” de fazer alterações ao comboio internacional Celta em agosto, condenando a “má gestão” e garantindo que irá fazer tudo para repor os níveis de serviço transfronteiriços.

“Se não for temporário, eles não o vão admitir. Por agora só podem dizer que é temporário e deixar que as pessoas se esqueçam. Só que nós não nos vamos esquecer, vamos estar em cima do assunto como já estivemos noutras vezes, até que se resolveu”, disse esta quarta-feira à Lusa Xoán Mao, secretário-geral da organização.

Também o candidato independente à Câmara do Porto, Filipe Araújo, e o candidato do BE, Sérgio Aires, acusaram a CP de desinvestimento e desinteresse na ligação Porto-Vigo, que o independente diz ser uma “ligação estratégica para o Porto e para a região Norte”.

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