Que se lixe tudo, aí estão os Sex Pistols em Vilar de Mouros: o que pode esperar do concerto com Frank Carter

Dizer que os Sex Pistols são uma das bandas mais importantes da história do rock n’ roll, tendo em conta todos os artistas e movimentos que subsequentemente inspiraram, não é frase feita: é facto. Porém, será que aquilo que o festival de Vilar de Mouros irá acolher na próxima quinta-feira, 21 de agosto (00h00) é, efetivamente, Sex Pistols? Haverá quem torça o nariz, haverá quem diga que este conjunto que se irá apresentar no “Woodstock português” não é mais que uma banda de versões, mesmo que três dos seus principais elementos – Steve Jones, Paul Cook e Glen Matlock – se mantenham. A “culpa” está na ausência de John Lydon, vulgo Johnny Rotten, o carismático vocalista que acabou por se tornar maior do que o grupo, símbolo de toda uma juventude alienada que, no final da década de 70, orgulhosamente se designou de punk – uma palavra que, no inglês, tinha uma conotação assaz negativa.

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Grupos Ocidental e Central dos Açores com aviso amarelo devido a chuva forte

As ilhas dos grupos Ocidental e Central dos Açores vão estar sob aviso amarelo na quinta e sexta-feira devido às previsões de chuva “por vezes forte”, informou esta quarta-feira o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

De acordo com um comunicado do IPMA, as ilhas do grupo Ocidental (Flores e Corvo), vão estar sob aviso amarelo entre as 08h00 e as 20h00 locais (mais uma hora em Lisboa) de quinta-feira, por causa de “precipitação por vezes forte, podendo ser acompanhada de trovoada”.

Para as ilhas do grupo Central dos Açores (Pico, Faial, São Jorge, Terceira e Graciosa) o aviso amarelo, pelas mesmas razões, vai vigorar das 08h00 às 17h00 locais de sexta-feira.

O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

O conselho de Bruno Lage a Aktürkoglu

A boa disposição foi evidente no último treino do Benfica antes de defrontar, amanhã, o Sporting na Supertaça (20H45). Nos 15 minutos de treino abertos aos jornalistas, viram-se brincadeiras entre os jogadores, em ‘meiinhos’ bem animados, e até Bruno Lage a dar um conselho a Aktürkoglu… Como pode conferior no vídeo captado por Record, o treinador surge a segredar ao ouvido do internacional turco, defendendo-se depois: “Estava a dar-lhe um conselho!”

Florestas públicas são mais resilientes: densidade de árvores em explorações privadas aumenta risco de incêndios graves

Um estudo feito nos Estados Unidos, e divulgado esta quarta-feira, concluiu que a probabilidade de haver incêndios florestais de gravidade elevada é quase uma vez e meia maior em florestas privadas do que em florestas públicas.

Segundo o estudo, divulgado na publicação científica Global Change Biology, as florestas geridas por empresas madeireiras têm maior probabilidade de apresentar as condições propícias aos grandes incêndios, como densas formações de árvores regularmente espaçadas, com vegetação contínua a ligar o sub-bosque à copa das árvores.

O trabalho, conduzido pelas universidades de Utah e da Califórnia e pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos, é apresentando como o primeiro a identificar como as condições meteorológicas extremas e as práticas de gestão florestal têm impacto conjunto sobre a gravidade dos incêndios.

Reunindo diversos dados, os autores do trabalho criaram mapas tridimensionais de florestas públicas e privadas antes de cinco fogos terem queimado mais de 400 mil hectares no norte da Serra Nevada americana, na Califórnia, entre 2019 e 2021.

Em períodos de clima extremo, a densidade de troncos, o número de árvores por hectares, tornou-se o indicador mais importante de um incêndio de elevada gravidade, que, por definição, queima mais de 95% da cobertura arbórea.

Perante a aceleração das alterações climáticas, a forma como é gerida a terra fará a diferença, segundo os investigadores, refere em comunicado a Universidade de Utah, envolvida no estudo.

“Estratégias que reduzam a densidade, eliminando árvores pequenas e maduras, tornarão as florestas mais robustas e resilientes ao fogo no futuro”, defendeu, citado no comunicado, Jacob Levine, principal autor do estudo, assinalando que, “sem grandes mudanças na gestão florestal, as gerações futuras podem herdar uma paisagem muito diferente da que hoje se preza”.

Em Portugal, que tem sido assolado este mês por incêndios florestais, concentrados nas regiões Norte e Centro do continente, a propriedade florestal é maioritariamente privada, incluindo pequenos proprietários e empresas (ligadas designadamente à indústria do papel e da madeira).

PJ com o apoio da Europol apreende mais de 66 milhões de euros em notas e moedas falsas

A Polícia Judiciária (PJ) participou numa operação policial apoiada pela Europol, que conseguiu impedir a distribuição e disseminação de notas e moedas falsas, através dos serviços postais europeus, num valor total estimado superior a 66 milhões de euros.

Em comunicado enviado à Renascença, a PJ explica que a operação “Decoy II”, liderada por Portugal, Espanha e Áustria, contou com as autoridades de 18 países, entre órgãos de polícia criminal e autoridades alfandegárias europeias e resultou na abertura de 102 novas investigações, que visam o desmantelamento de redes criminosas dedicadas à falsificação de moeda.

“Globalmente, foram apreendidas perto de três centenas de encomendas contendo moeda falsa e mais de 990 mil artigos de contrafação, incluindo notas e moedas de valor superior a 280 mil euros, 679 mil dólares americanos e 12 mil libras esterlinas”, lê-se na nota.

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Segundo a PJ, em Portugal foram efetuadas diligências que resultaram na deteção de oito encomendas oriundas do Extremo-Oriente, as quais culminaram na apreensão de mais de duas mil notas falsas — maioritariamente euros —, num valor global de 35.235 euros e 8.000 JPY (ienes japoneses).

A operação ocorreu entre outubro de 2024 e maio de 2025, no âmbito do EMPACT/AP SOYA e contou ainda com o apoio do OLAF/Organismo Europeu de Luta Antifraude.

Governo está a falhar aos doentes em fim de vida, acusa Fnam

A Federação Nacional dos Médicos
(Fnam) acusa o Governo liderado por Luís Montenegro de estar a falhar aos
doentes em fim de vida, apontando lacunas estruturais que comprometem o acesso
a cuidados paliativos em Portugal.

A denúncia surge após a realização de um
inquérito promovido pela Fnam entre 30 de maio e 30 de junho, que contou com a
participação de 160 médicos de todo o país com experiência nesta área. De
acordo com a federação, os resultados são preocupantes e revelam uma realidade
marcada pela sobrecarga dos profissionais, pela escassez de meios e pela
desigualdade no acesso aos cuidados.

“As equipas estão
sobrecarregadas, os recursos são insuficientes, e isso traduz-se numa enorme
dificuldade de acesso a cuidados paliativos, que são fundamentais em Portugal
no século XXI”, afirma Joana Bordalo e Sá, dirigente da Fnam.

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Segundo a organização, há doentes
em fim de vida que continuam sem qualquer tipo de resposta por parte do sistema
de saúde, sobretudo em zonas do país onde não existem equipas organizadas ou
camas disponíveis para internamento.

“Como as equipas são pequenas e
completamente insuficientes, o acesso torna-se desigual. Temos metade das camas
de internamento que deveriam existir e também apenas metade das equipas
comunitárias recomendadas. Há ainda distritos inteiros que não têm qualquer
resposta”, sublinha.

A Fnam denuncia também condições
de trabalho que classifica como degradantes, com médicos sujeitos a desgaste
emocional acentuado, risco de burnout e dificuldades na progressão na carreira.
A acumulação de funções nos serviços das especialidades de origem, associada à
falta de reconhecimento institucional, tem afastado profissionais da área e
comprometido a formação em Medicina Paliativa.

“O Ministério da Saúde, liderado
por Ana Paula Martins, e o Governo de Luís Montenegro estão a falhar aos
doentes em fim de vida e às suas famílias”, reforça Joana Bordalo e Sá,
apelando a uma intervenção urgente por parte do Executivo.

Entre as várias reivindicações, a
Fnam exige o reforço urgente de recursos humanos e materiais, além do
reconhecimento da autonomia das equipas de cuidados paliativos, tanto
intra-hospitalares como comunitárias.

“Luís Montenegro tem de garantir
justiça, dignidade e o reforço imediato das equipas. Para isso, é essencial
aumentar os recursos humanos e materiais em todas as áreas, sejam elas
comunitárias, hospitalares ou de cuidados continuados, e melhorar a
articulação entre todas. Tem de haver um reconhecimento claro da autonomia das
equipas, tanto hospitalares como comunitárias. E, acima de tudo, do ponto de
vista dos médicos, é inadmissível continuarem com as carreiras bloqueadas e sem
qualquer valorização”, defende a dirigente da Fnam.

Está atualmente em discussão na
Ordem dos Médicos a criação da especialidade de Medicina Paliativa, uma
proposta que a Fnam considera essencial para o reconhecimento técnico e
profissional da área. A federação garante que continuará a exigir “justiça,
dignidade, reforço das equipas e o cumprimento da lei”, num contexto em
que milhares de doentes permanecem sem acesso a cuidados essenciais no fim da
vida.

Incêndios: estar “sentado em Lisboa” não serve. Governo admite descoordenação

Secretário de Estado aborda este período quente: “Não há memória”. Serra da Lousã queimada – e vai demorar muito a recuperar. Portugal está há muitos dias seguidos com incêndios preocupantes, todos os dias. Já morreram três pessoas, já arderam quase 200 mil hectares, há diversos feridos e casas destruídas ou afectadas. Autarcas e habitantes das zonas têm repetido a queixa: faltam meios, falta apoio do Governo. Rui Rocha, secretário de Estado da Protecção Civil disse que o Executivo tem dado “uma resposta positiva”, numa fase em que “não há memória” neste século de algo semelhante – tantos dias seguidos com

“Magia e misticismo” no novo disco de Florence and the Machine, nas lojas no Halloween

“Everybody Scream” é o titulo do novo álbum de Florence and the Machine, previsto para o próximo dia de Halloween, 31 de outubro.

O anúncio foi feito pela banda de Florence Welch, que revelou ainda a capa do disco, composto por 12 canções.

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No passado mês de julho, a cantora partilhou várias fotos, nomeadamente uma em que se podia ler a seguinte mensagem, escrita num quadro: “É possível ter tudo. Clareza, força, intenção, voz, espaço, dinâmica e beleza”.

Estas partilhas levaram os fãs a especular que um disco novo estivesse a caminho, e que Mark Bowen, guitarrista e produtor dos Idles, participasse no mesmo – hipótese que o próprio parece ter confirmado, desde então, nas suas redes sociais.

“Everybody Scream” sucede a “Dance Fever”, de 2022, e terá sido inspirado por “bruxaria, terror folk, misticismo, magia, poesia e insanidade”.

Nos comentários à publicação de Florence and the Machine, outras cantoras-compositoras, como Cat Power e Ehel Cain, que cantou com Florence Welch no Meo Kalorama, em Lisboa, em 2023, mostraram o seu entusiasmo com a novidade.

Israel chama milhares de militares na reserva para concretizar plano para tomar a Cidade de Gaza

O Governo israelita confirmou, na manhã desta quarta-feira, que o plano para tomar a Cidade de Gaza continua em cima da mesa. Para levar a cabo esta ofensiva, vai chamar milhares de militares na reserva, que deverão apresentar-se até Setembro.

Os números diferem: a Reuters fala em 50 mil militares na reserva; o Times of Israel e outros meios internacionais em 60 mil, chamados para concretizar o plano de tomar a Cidade de Gaza, o maior município palestiniano, que os israelitas dizem ser o principal reduto do Hamas.

Os militares na reserva deverão receber a chamada nos próximos dias, pelo menos duas semanas antes de terem de se apresentar. De acordo com a Reuters, deverão apresentar-se em Setembro. O Times of Israel detalha que essa é apenas a primeira leva, a segunda deverá acontecer entre Fevereiro e Março de 2026. A juntar a isso, os militares na reserva que estão actualmente a servir as Forças Armadas israelitas (IDF) deverão servir mais 30 ou 40 dias do que o inicialmente previsto. Com tudo isto, o número de militares na reserva em funções pode ascender, num dado momento, aos 130 mil.

No entanto, “a maioria das tropas que vai ser mobilizada nesta nova fase não vai estar na reserva”, disse a fonte militar ouvida pela Reuters, que falou sob anonimato. Serão soldados no activo que irão operar no maior centro urbano da Faixa de Gaza. Aos reservistas, caberiam tarefas na força aérea, serviços secretos e outros papéis de apoio, ou substituindo outros militares no activo colocados fora de Gaza.

O plano de tomar a Cidade de Gaza foi decidido numa reunião na qual terá participado também o chefe do Exército israelita, Eyal Zamir, assim como outros responsáveis, escreve o El País.

A luz verde para este plano surge na mesma altura que Israel se mostra relutante em aceitar uma proposta de cessar-fogo – que o Hamas já aceitou na segunda-feira –, que iria libertar os 20 reféns com vida que ainda estão em Gaza.

Alguns responsáveis israelitas, citados pelo The Guardian, dizem que Benjamin Netanyahu irá discutir a proposta nos próximos dias e deverá ter uma resposta para os mediadores internacionais até sexta-feira.

O momento é de alta pressão para Israel, tanto interna como externa. Por um lado, as manifestações de israelitas que pedem a libertação dos cerca de 50 reféns ainda em Gaza. Por outro, a fome na Faixa de Gaza, causada pela resistência israelita em deixar entrar comida suficiente, denuncia a ONU, que choca a comunidade internacional.

Ainda pouco se sabe sobre o plano que já foi aceite pelo Hamas. Sabe-se que cerca de metade dos reféns vivos restantes (e os corpos de outros reféns) seriam libertados, em troca de 150 palestinianos detidos em prisões israelitas, alguns a cumprir pena de prisão perpétua. O acordo seria faseado, e levaria a um cessar-fogo de 60 dias.

O Hamas terá abdicado de alguns dos seus pedidos, como o número de prisioneiros a serem trocados e desenhando a “zona tampão de segurança” como a que foi exigida por Israel. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, um dos mediadores internacionais, disse que a proposta que com que o Hamas concordou era “quase idêntica” a um plano anterior de Steve Witkoff, “semelhante ao que o lado israelita já tinha concordado”.

Na terça-feira, o lado israelita insistia que a posição do Governo não mudou, e que continua a procurar a libertação de todos os reféns.

No entanto, alguns analistas políticos não deixam de notar a mudança de tom. Também na terça-feira, o jornalista Ben-Dror Yemini, do Yedioth Ahronoth, dizia que a “bola está do lado de Israel”, mas alertava para os riscos. “Se a conversa” sobre a conquista da Cidade de Gaza “começou a produzir pedidos crescentes de sanções” contra Israel, “então uma incursão militar em Gaza vai apenas precipitar uma avalanche ainda maior” e a “estratégia do Hamas vai provar ser mais sofisticada do que a de Israel”, argumenta.

“Drácula: Uma História de Amor”: por favor, morda-me o pescoço

Não há outra personagem da literatura de terror que tenha sido interpretada por mais actores no cinema e na televisão (e até no teatro) do que o Conde Drácula de BramStoker, de Bela Lugosi a Nicolas Cage, de Christopher Lee a John Carradine e Udo Kier, do pioneiro Max Schreck  a Klaus Kinski a Jack Palance, David Niven, Frank Langella, Louis Jourdan, Gary Oldman, Leslie Nielsen, Claes Bang ou Bill Skarsgard, entre muitos, muitos outros. Os filmes com Drácula são tantos – até há versões pornográficas, hetero e homossexuais -, vindos de tantas cinematografias e em registos, épocas e contextos tão diversificados, que davam para preencher em exclusivo a programação da Cinemateca durante um ano, e ainda sobravam para o ano seguinte.

E continuam a ser feitos. Vimos recentemente Renfield de Chris McKay, como Nicolas Cage no papel do Conde e contado do ponto de vista do seu servo homónimo, interpretado por Nicholas Hoult; e o Nosferatu de Robert Eggers, com Bill Skarsgard no vampiro. Radu Jude acaba também de rodar Drácula, uma desconstrução da personagem e do seu mito passada na Transilvânia dos nossos dias e vista por olhos romenos, que competiu no Festival de Locarno. Enquanto não se estreia em Portugal, chega hoje às salas Drácula: Uma História de Amor, de Luc Besson, também escrito e produzido pelo autor de Vertigem Azul, O 5º Elemento e Valerian e a Cidade dos Mil Planetas.

[Veja o “trailer” de “Drácula: Uma História de Amor”:]

No tom, nos ambientes e na definição da personagem principal, Drácula: Uma História de Amor está muito distante das fitas com Bela Lugosi e das produções clássicas da Hammer com Christopher Lee, e muito próximo da versão de Francis Ford Coppola com Gary Oldman, Drácula de Bram Stoker (1992), que Besson refere directamente, nas atmosferas do castelo do Conde e em especial na caracterização física e comportamental do vampiro, interpretado por Caleb Landry Jones. Também ele um príncipe valáquio amaldiçoado para a eternidade por ter blasfemado contra Deus (e assassinado um sacerdote), e tal como o Drácula de Oldman, um monstro perdidamente apaixonado, que sofre há séculos com a morte da mulher, Elisabeta, e a reencontra 400 anos mais tarde, reencarnada em Mina Harker (Zoë Bleu num duplo papel). O amor, mais do que o terror, é o que importa aqui.

[Veja uma entrevista com Luc Besson:]

Embora preserve algumas das linhas gerais da história original de Stoker, Luc Besson, aproveita aqui a sua tripla condição de produtor, argumentista e realizador, que lhe dá liberdade suficiente para reescrever, alterar e recompor vários aspectos e situações daquela, eliminar personagens, criar novas e fazer compósitos de outras. É o caso do veterano e (quase) sempre imperturbável padre caça-vampiros interpretado por Christoph Waltz, que é parte Van Helsing pela sua abordagem científica ao fenómeno do vampirismo; ou da Maria de Matilda De Angelis, uma Renfield feminina, sofisticada e sexualmente muito afoita. Já o Jonathan Harker de Ewens Abid é apenas um pião das nicas.

[Veja uma entrevista com Caleb Landry Jones:]

A acção é transferida da Londres vitoriana para a Paris de finais do século XIX, após a tradicional abertura nos Cárpatos, onde decorre uma sequência que Ken Loach não desdenharia ter filmado: Drácula, que precisa de muito sangue fresco para rejuvenescer e poder viajar em busca da sua amada, consegue entrar num convento de freiras e transforma-o num self-service para a sua sede de séculos. Outra das boas ideias de Besson é transformar o salvamento final de Mina Harker no castelo de Drácula numa operação militar em que participa o exército romeno, com artilharia e tudo. Mas o maior atrevimento do realizador francês é a revisão do final da história, que além da noção de sacrifício por amor, introduz o tema da redenção cristã, em que ninguém até aqui tinha pensado.

[Veja uma entrevista com Christoph Waltz:]

Envolvido numa opulenta banda sonora assinada por DannyElfman, Drácula: Uma História de Amor é, formalmente, gótico-kitschy, e bastante contido em termos de violência explícita e de esparramar de sangue (tirando a sequência da luta com uma Maria em fúria vampiresca), tendo uma atmosfera geral e vários elementos que sabem a banda desenhada (BD). Luc Besson é leitor de BD e além do citado Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, já filmou um dos álbuns da série As Aventuras de Adèle Blanc-Sec, de Tardi, As Múmias do Faraó, do qual parecem ter saído directamente as gárgulas que servem o Conde Drácula.

[Veja aspectos da rodagem:]

Como seria de esperar num filme que arrisca e se atreve tanto, nem tudo funciona bem em Drácula: Uma História de Amor. Em particular os flashbacks alambicados em que o vampiro anda pelo mundo em busca dos ingredientes para o perfume afrodisíaco (perfeitamente dispensável) que lhe vai permitir tornar-se irresistível às mulheres, e percorre as cortes da Europa em busca da reencarnação de Elisabeta, e a trincar pescoços para criar “associados”. E alguns torcerão o nariz à interpretação de Caleb Landry Jones, muito assente na maquilhagem (seis horas de trabalho por dia) e na voz, que ecoa, forte e inevitavelmente, a de Gary Oldman na fita de Coppola.

No final de duas horas bastante azafamadas, e tudo passado ao crivo, esta nova iteração de Drácula na tela tem suficientes ousadias narrativas, ideias inesperadas e pontos de interesse, bem como substância cinematográfica, para justificar que lhe cravemos os dentes com gosto.

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