ANA ouviu 67 entidades sobre o novo aeroporto de Lisboa, Governo nada revela para já

A gestora dos aeroportos em Portugal, a ANA, terminou a fase em que chamou para ouvir “mais de 100 entidades” sobre o que pretende para o novo aeroporto de Lisboa, que se chamará Luís de Camões. Nem todas responderam. O relatório que resulta de tais contributos foi entregue ao Ministério das Infra-estruturas e Habitação, que vai agora analisá-lo, mas que não será tornado público.
“No processo de auscultação aos stakeholders, foram consultadas mais de 100 entidades, das quais se destacam os principais operadores aéreos e de assistência em escala, entidades públicas como a NAV Portugal, a Autoridade Nacional da Aviação Civil, a Força Aérea, municípios e outros operadores com actividade relacionada com a operação aeroportuária”, de acordo com o comunicado enviado pelo ministério liderado por Miguel Pinto Luz esta quinta-feira, 17 de Julho.
Porém, nem todos os chamados a pronunciarem-se o fizeram: “Tendo sido dirigidos 104 pedidos de contributos, foram recebidos 67, entre os quais de autarquias, autoridades e entidades públicas, companhias aéreas, empresas de assistência em escala e parceiros comerciais. O relatório, agora submetido à apreciação do concedente, incorpora contributos, resultantes desta consulta, no âmbito da optimização do projecto do Aeroporto Luís de Camões”, assinala, num outro comunicado, a ANA, detida pelo grupo francês Vinci.
Este processo não foi uma consulta pública, em que os interessados poderiam fazer comentários; foi, sim, uma consulta a partes que a ANA e o Governo consensualizaram, além das que já têm de ser ouvidas. É isso que prevê o contrato de concessão da gestão aeroportuária no que diz respeito ao novo aeroporto de Lisboa. O Eco noticiou que também as potenciais interessadas em comprar a TAP foram incluídas: Lufthansa, IAG e Air France KLM.
Nesta consulta, os interessados eram chamados a responder a pelo menos três assuntos, segundo o contrato de concessão: “o local que preferem para o novo aeroporto”, que o Governo decidiu ser em Alcochete; as “principais especificações”; e os níveis das “taxas aeroportuárias”.
“O relatório da consulta aos stakeholders é o primeiro desses documentos, cuja entrega ocorre assim seis meses após a data de notificação do Governo para a elaboração da candidatura ao novo aeroporto de Lisboa. O próximo marco previsto no processo de candidatura é a “entrega, no prazo de seis meses, do relatório ambiental”, indica o comunicado ministerial.
Ficam, depois, a faltar o relatório técnico (com “proposta de planeamento, da calendarização da construção, da estrutura de subcontratação e um orçamento para a construção”) e um relatório financeiro (proposta para como financiar).
A primeira proposta para a candidatura oficial por parte da ANA à construção do novo aeroporto de Lisboa, a localizar em Alcochete, previa encargos de 8,5 mil milhões de euros, com obras a prolongarem-se até 2037. Ao Eco, o presidente da gestora aeroportuária, Thierry Ligonnière, anunciou na semana passada que procuraria, na sequência do processo de consulta, apresentar “uma proposta mais realista e adaptada às necessidades actuais e com custo menor”. A questão das taxas aeroportuárias também era criticada pelos operadores.
“O objectivo é assegurar que o futuro aeroporto responde adequadamente às necessidades do sector, salvaguardando o interesse público e dotando o Governo da informação necessária para uma futura fase negocial com a Concessionária. Importa sublinhar que esta fase não corresponde ainda à fase negocial do processo. No entanto, o Governo analisará o documento com a devida atenção e, caso se revele necessário, solicitar esclarecimentos à Concessionária”, esclarece o comunicado do Ministério.
A nota, que não dá resposta sobre o que é dito por cada interessado e nem sequer elenca as entidades que foram consultadas e quais as ouvidas, sublinha que está a ser preparado um memorando de entendimento “com o objectivo de clarificar os próximos momentos procedimentais e estabelecer de forma mais precisa o conteúdo a incluir na candidatura ao novo aeroporto de Lisboa”.
