Rafael Reis admite que ficará desiludido se não vencer o prólogo da Volta a Portugal

Rafael Reis assumiu que será uma desilusão se não conquistar o prólogo da 86.ª Volta a Portugal em bicicleta, após ter vencido esse curto exercício contra o cronómetro nas últimas quatro edições.

“Estamos conscientes de que vai ser uma Volta bastante dura, com bastante calor. Quanto a mim, para amanhã [quarta-feira], trabalhei acho que o suficiente para tentar conseguir o que toda a gente espera”, declarou.

E aquilo que todos esperam do palmelense de 33 anos é que seja o mais forte nos 3,4 quilómetros do curto e explosivo exercício individual nas ruas da Maia, tal como o foi em 2016, 2018, 2021, 2022, 2023 e 2024.

“Os outros estão cá, também trabalham. É uma oportunidade para muita gente, porque acaba por ser um prólogo bastante curto. Eu acredito que há muita gente que se pode intrometer também, poderá haver surpresas, mas eu estou confiante no meu trabalho, estou confiante que amanhã possa vencer”, reconheceu o vice-campeão nacional de contrarrelógio.

Melhor contrarrelogista do pelotão luso, o corredor da Anicolor-Tien21 não esconde que, se não vencer na quarta-feira, “vai ser uma desilusão, como é óbvio”.

Embora conceda que ser o incontestável favorito a vestir a primeira amarela acrescenta pressão, Rafael Reis define como “especial” essa expectativa que todos depositam em si.

“Acaba por ser também a minha vontade. Eu quero cumprir também com os meus objetivos pessoais e é um objetivo também da equipa, que sempre me propuseram desde que estou aqui. Desde 2021, é um objetivo para a equipa vencer o prólogo, o que já nos tira alguma pressão depois para começar a Volta”, destacou o colega do campeão em título, o russo Artem Nych.

A 86.ª edição da prova rainha do calendário nacional vai para a estrada na quarta-feira e termina em 17 de agosto, em Lisboa.

Morreu Ion Iliescu, antigo Presidente da Roménia que ajudou a derrubar Ceausescu

Ion Iliescu, o primeiro Presidente democraticamente eleito da Roménia, morreu esta terça-feira, aos 95 anos.

Liderou a transição para a democracia após a queda do regime comunista de Nicolae Ceausescu.

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Ion Iliescu estava internado num hospital há dois meses, devido a um cancro no pulmão.

Ion Iliescu liderou a transição para a democracia e lançou o processo de adesão da Roménia à NATO, em 2004, e à União Europeia, em 2007.

Mas também foi acusado de crimes contra a humanidade, pela violenta repressão dos protestos em junho de 1990, em Bucareste, quando convocou mineiros para repelir manifestações de estudantes.

Quatro pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

Depois de várias tentativas falhadas de investigação, Iliescu foi levado no início deste ano a tribunal, mas negou sempre qualquer irregularidade e nunca foi condenado.

Estrela em ascensão do Partido Comunista da Roménia, Ion Iliescu passou a líder da revolução de 1989 que derrubou o regime Nicolae Ceausescu, ditador comunista executado em pleno dia de Natal, juntamente com a mulher.

Iliescu fundou o Partido Social Democrata, de esquerda, e ganhou três eleições presidenciais. O seu último mandato terminou em 2004.

No auge da sua popularidade, a população entoava o slogan “O sol nasce, Iliescu aparece”.

“Ion Iliescu deve ser compreendido no contexto do seu tempo. Ele despertou sentimentos anti-totalitários nos anos 90, com razão, mas também foi objeto de adoração por uma grande parte da população”, considera Sergiu Miscoiu, professor de Ciência Política na Universidade Babes-Bolyai.

“Enquanto chamou os mineiros a Bucareste e selou a transição lenta e incerta, empurrou a Roménia para um caminho euroatlântico, tal como era entendido na altura”, sublinha Sergiu Miscoiu.

O atual Presidente romeno, Nicusor Dan, afirma que “a História julgará Ion Iliescu, a principal figura da transição dos anos 90”.

O antigo Presidente romeno terá um funeral de Estado, informou o Governo de Bucareste.

Para a próxima quinta-feira, 7 de agosto, foi decretado um dia de luto nacional na Roménia.

Há 4 tipos de pessoas em exames e entrevistas de emprego

Se tivesse de fazer um exame ou uma entrevista de emprego, como reagiria Aproveitaria a oportunidade para demonstrar o seu conhecimento? Ou ficaria preocupado por poder ficar aquém das expetativas e passar vergonha Há pessoas que veem as provas como um desafio que podem enfrentar. Outras veem-nas como uma ameaça que não serão capazes de enfrentar. Mas um novo estudo, o maior do género, publicado em julho no Journal of Educational Psychology, revelou que pode haver mais tipos de pessoas. Ao capturar diversos dados psicológicos, como ondas cerebrais e respostas ao stress, descobriu-se que existem quatro tipos de pessoas quando

Câmara de Vendas Novas encerra coletor de esgotos de empresa por incumprimento ambiental

A Câmara de Vendas Novas determinou esta terça-feira, por unanimidade, o encerramento do coletor de águas residuais domésticas de uma empresa local dedicada à transformação de resíduos de óleos alimentares, invocando incumprimento de parâmetros ambientais.

Em comunicado, o município, no distrito de Évora, explicou que foram recolhidas amostras de águas residuais na caixa de saída desse coletor da Mipeoils — Oils 4 The Future, Lda (a antiga Extroils 4 The Future, Lda), situada no Parque Industrial de Vendas Novas (PIVN).

A autarquia tem vindo a efetuar uma “monitorização contínua” no PIVN e, “após deteção de valores gravemente acima dos parâmetros legais” na Mipeoils, “foi determinado o encerramento, no dia 1 de agosto, do coletor de águas residuais domésticas da empresa”, cujo coletor de águas industriais também já “está encerrado desde 2020”, lê-se no comunicado.

Segundo a autarquia, a decisão foi tomada pelo presidente, Valentino Salgado Cunha, na sequência da comunicação dos resultados laboratoriais da recolha efetuada no dia 24 de julho, e foi ratificada esta terça-feira, por unanimidade, em reunião de câmara.

“A análise revelou valores de Carência Química de Oxigénio (CQO) superiores ao limite máximo permitido no regulamento municipal, configurando uma situação de incumprimento ambiental de elevada gravidade”, argumentou o município.

“Acresce ainda o aspeto anómalo e o forte odor detetado nas amostras recolhidas, incompatíveis com águas residuais exclusivamente domésticas”, que deveriam ser apenas oriundas de casa de banho e da descarga de eletrodomésticos, destacou.

A câmara lembrou ainda que “esta atuação decorre do cumprimento estrito do parecer jurídico n.º 9/2024, que prevê o encerramento imediato do coletor em caso de incumprimento dos parâmetros de controlo, tendo a empresa em causa sido devidamente notificada desta condição aquando da reabertura mesmo, em fevereiro deste ano”.

A antiga Extraoils tem “um longo historial de irregularidades ambientais”, o que levou anteriormente “ao encerramento do coletor de águas residuais industriais e à realização de uma fiscalização nacional coordenada por várias entidades ambientais, no passado mês de março”, evocou o município.

Contactado esta terça-feira pela agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal disse que o coletor de águas domésticas da empresa, tal como o de águas residuais já antes encerrado, vai dar à rede pública de águas residuais”.

“E, posteriormente, essas águas seguem caminho até à Estação de Tratamento de Águas Residuais, sendo que, em determinadas quantidades, esses resíduos, ainda mais não tratados, podem prejudicar o equipamento, que foi o que aconteceu em 2019”, frisou.

O autarca disse já ter solicitado uma reunião urgente ao Ministério do Ambiente e defendeu que, “se a laboração da empresa provoca danos à população, então não deve laborar”.

O município indicou ainda estar coordenado com as autoridades, comprometido “na defesa do interesse público, da saúde ambiental e da qualidade de vida da população”, reiterando que “continuará a atuar de forma firme, legal e responsável sempre que estejam em causa violações das normas em vigor”.

Jorge Costa. Cerimónias fúnebres começam na quarta-feira no Estádio do Dragão

As cerimónias fúnebres de Jorge Costa, que morreu esta terça-feira aos 53 anos, na sequência de uma paragem cardiorrespiratória, vão começar na quarta-feira, no Estádio do Dragão, no Porto, anunciou esta terça-feira o FC Porto, clube representado pelo ex-futebolista.

“Respeitando a vontade expressa pela família, o FC Porto informa que as cerimónias públicas de despedida de Jorge Costa decorrerão a partir das 15h00 de quarta-feira, no Estádio do Dragão. A esta hora serão abertas as portas para que os sócios, adeptos e público em geral possam prestar homenagem ao lendário capitão do FC Porto”, lê-se numa nota divulgada na página oficial dos dragões na Internet.

As homenagens no recinto do FC Porto vão prolongar-se até às 22h00, sendo que, de acordo com fonte próxima do malogrado dirigente, a missa de corpo presente decorrerá na quinta-feira, na Igreja de São João Baptista da Foz do Douro, antes da romagem ao Cemitério de Agramonte.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

“A guerra é sempre uma derrota para a humanidade”: Papa apela à paz no 80.º aniversário dos bombardeamentos de Hiroshima

O Papa Leão XIV enviou uma mensagem ao bispo de Hiroshima, Alexis Mitsuru Shirahama, por ocasião das cerimónias do 80.º aniversário dos bombardeamentos nucleares que devastaram Hiroshima e Nagasaki em Agosto de 1945.

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Na nota, o Santo Padre saudou todos os que participaram na homenagem, expressando “respeito e afeto pelos hibakusha”, os sobreviventes da tragédia, cujas histórias de sofrimento continuam a ser “um apelo urgente para construirmos um mundo mais seguro e fomentarmos um clima de paz”.

“A guerra é sempre uma derrota para a humanidade”, recordou o Papa, citando uma expressão repetida frequentemente pelo seu predecessor, o Papa Francisco.

Leão XIV destacou que Hiroshima e Nagasaki permanecem símbolos vivos do horror causado pelas armas nucleares, cujas consequências ainda hoje são visíveis e sentidas espiritualmente nas suas ruas, escolas e casas.

O Papa citou também o médico e sobrevivente de Nagasaki, Takashi Nagai, que escreveu: “A pessoa do amor é a pessoa de ‘coragem’ que não empunha armas”. E acrescentou que a verdadeira paz exige coragem para abandonar as armas, sobretudo aquelas com capacidade de provocar catástrofes indescritíveis.

“As armas nucleares ofendem a nossa humanidade comum e traem a dignidade da criação”, frisou, apelando a um compromisso global baseado na justiça, na fraternidade e no bem comum.

Referindo-se à atual conjuntura internacional, marcada por crescentes tensões e conflitos, o Papa afirmou que Hiroshima e Nagasaki devem ser vistas como “símbolos da memória”, que convidam a rejeitar a falsa segurança baseada na destruição mútua garantida.

Representantes de 184 países têm 10 dias para aprovar tratado sobre plásticos

Representantes de 184 países iniciaram esta terça-feira em Genebra negociações sob os auspícios da ONU para, em 10 dias, tentar redigir o primeiro tratado para resolver a crise global da poluição por plástico.

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O diplomata equatoriano Luis Vayas Valdivieso, que preside às discussões do comité de negociação (INC5-2), pediu aos Estados, ao abrir os debates, que assumam a sua responsabilidade perante esta “crise global”.

“A poluição plástica danifica os ecossistemas, polui os nossos oceanos e rios, ameaça a biodiversidade, afeta a saúde humana e sobrecarrega injustamente os mais vulneráveis. A emergência é real, as evidências são claras e a responsabilidade é nossa”, declarou.

Em discussão há três anos, um texto “legalmente vinculativo” para os Estados “não chegará automaticamente”, alertou esta terça, quando recebeu representantes de mais de 600 organizações não-governamentais (ONG).

Num contexto de aumento das tensões geopolíticas e comerciais, esta sessão adicional de dez dias de negociações intergovernamentais foi acrescentada após o fracasso de negociações semelhantes em Busan, na Coreia do Sul, no final de 2024. Um grupo de países produtores de petróleo bloqueou qualquer progresso.

“Tem havido muita diplomacia desde Busan”, disse à agência AFP Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), que está a organizar as discussões. “A maioria dos países com quem conversei disse que vinha a Genebra para chegar a um acordo”, acrescentou.

Um otimismo moderado pela ministra francesa da Transição Energética, Agnès Pannier Runacher, que considerou que as discussões seriam “difíceis”. Na vanguarda das reivindicações do grupo de países “ambiciosos”, que inclui muitos países europeus, está o desejo de ver incluída no tratado “uma meta global de redução” da produção e consumo de polímeros plásticos primários.

No entanto, os países produtores de petróleo e a indústria petroquímica rejeitam, pressionando por um tratado que se concentre exclusivamente na reciclagem e no tratamento de resíduos.

Plásticos representam perigo “grave e crescente” desde o nascimento até à velhice, revela estudo

Este ponto, um dos mais espinhosos em Busan, é também controverso na Europa. A diretora da Agência Suíça do Ambiente, Katrin Schneeberger, que falou à imprensa como país anfitrião das negociações, disse que “não há necessidade de apelar a reduções de produção ao contrário do que dizem alguns artigos da imprensa”.

Sem confirmar ou desmentir, Inger Andersen, a seu lado, preferiu sublinhar que o tratado abrangeria “toda a vida útil dos plásticos. Do princípio ao fim, e não apenas metade” da sua vida, quando se tornam resíduos. Na segunda-feira, cientistas e ONG aumentaram a pressão sobre os delegados. A poluição plástica é um risco para a saúde “grave, crescente e subestimado” que custa ao mundo pelo menos 1,5 biliões de dólares por ano, alertaram especialistas na revista médica The Lancet.

Para destacar a questão, uma instalação artística temporária e em constante evolução, chamada “O Fardo do Pensador”, foi instalada em frente ao local das negociações em Genebra: uma reprodução da famosa estátua do escultor Auguste Rodin presa num mar de resíduos plásticos.

O representante da indústria química dos Estados Unidos, Matthew Kastner, presente em Genebra, defendeu o plástico e os serviços que presta às sociedades modernas, considerando que é “vital para a saúde pública”, especialmente graças a todos os equipamentos médicos esterilizados, máscaras cirúrgicas, tubos, tubagens e embalagens, que melhoram a higiene e a segurança alimentar em particular.

Mais de 500 ONG francófonas de 40 países responderam hoje com uma carta a pedir um tratado que seja “vinculativo, equitativo e focado na redução da produção de plástico, de forma a limitar a poluição na fonte”.

Euromilhões desta terça-feira: a chave que vale 181 milhões

A chave vencedora do concurso do Euromilhões desta terça-feira, 5 de agosto de 2025, é composta pelos números 1 – 3 – 5 – 42 – 47 e pelas estrelas 5 e 10.

Em jogo no primeiro prémio está um “jackpot” de 181 milhões de euros.

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Os prémios atribuídos de valor superior a 5 mil euros estão sujeitos a imposto do selo, à taxa legal de 20%, nos termos da legislação em vigor.

A chave constante neste artigo não dispensa a consulta do site do Departamento de Jogos da Santa Casa.

Desde o início do Euromilhões, já saíram em Portugal um total de 79 primeiros prémios.

Conceição despede-se de Jorge Costa. “Rimos muito, choramos às vezes, e assim se construiu uma amizade”

Sérgio Conceição, um dos melhores amigos de Jorge Costa, despediu-se do antigo capitão dos dragões, com quem foi colega de equipa na seleção, no FC Porto e no Standard Liège.

“Fizemo-nos homens mais depressa, prescindimos dos devaneios de juventude para cumprir o sonho de sermos profissionais de futebol. Caminhamos juntos no FC Porto, no Standard Liège, na seleção, conquistamos títulos, partilhamos a fúria pela vitória, nos jogos, nos treinos. Rimos muito, choramos às vezes, e assim se construiu uma amizade para a vida”, escreveu o treinador nas redes sociais.

Os dois estavam mais afastados nos últimos anos, tendo até Sérgio Conceição revelado publicamente que tinha ficado “meio chateado” com o, na altura, treinador do Académico de Viseu.

Ainda assim, Jorge Costa não tinha escondido em 2020, ao “Expresso”, que Conceição era o seu melhor amigo no futebol.

Na despedida final, Sérgio Conceição respondeu ao seu antigo colega de equipa: “E sim, também foste o maior amigo que tive no futebol e quem contigo privou sabe que do teu coração brotava tanta bondade como vontade de ganhar”.

“Descansa em paz Jorge, és e serás sempre o Bicho, o capitão que nunca se rendeu”, termina.

Jorge Costa, de 53 anos, faleceu esta terça-feira após sofrer uma paragem cardiorrespiratória no centro de treinos do Olival. Ainda foi transportado para o Hospital de São João, mas acabaria por não resistir.

Entretanto, o FC Porto informou que, “respeitando a vontade expressa pela família”, as cerimónias públicas de despedida de Jorge Costa decorrerão esta quarta-feira, no Estádio do Dragão, a partir das 15h00.

As portas serão abertas para que sócios, adeptos e público em geral possam prestar homenagem “ao inesquecível capitão do FC Porto

“Execuções sumárias”: Presidente pode ser responsabilizado, dizem quatro organizações da sociedade civil

Nem o Palácio presidencial pode escapar à responsabilização se se provar que as ordens para matar durante os tumultos que abalaram Luanda, Icolo e Bengo, Huambo e Malanje na semana passada, vieram de cima, avisou esta terça-feira, Serra Bango da organização não governamental Angola, Justiça, Paz e Democracia (AJPD).

O ativista respondia a perguntas numa conferência de imprensa de quatro associações da sociedade civil que esta terça-feira expressaram “profunda preocupação e indignação” com a “onda de violência e distúrbios” que ocorreu durante os três dias de paralisação dos taxistas culminando “em execuções sumárias alegadamente perpetradas por agentes da polícia”, resultando em 30 mortes, números oficiais, incluindo dois polícias, cerca de 200 feridos e 1.214 detenções.

A possibilidade de João Lourenço e do comandante-geral da polícia virem a ser responsabilizados pelas mortes não consta explicitamente na nota que Celestino Epalanga, da Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Integridade da Criação, leu em nome do grupo que inclui a Pro Bono Angola, a AJPD  e a Friends of Angola (FoA). O comunicado refere, logo na primeira exigência pública ao executivo angolano, a realização de “investigações imparciais e independentes com rigor e transparência” com a participação da “sociedade civil, organismos especializados e parceiros internacionais com vista ao apuramento integral dos factos e responsabilização dos autores materiais e morais dos atos praticados”.

Mas a ideia é depois melhor clarificada perante as perguntas dos jornalistas na conferência de imprensa transmitida em direto no Facebook.  O chefe de Estado angolano e o comandante-geral da polícia “podem ser responsabilizados, porque são autores morais”, explicou o secretário-geral da Comissão de Justiça e Paz da CEAST – Conferência Episcopal de Angola e São Tomé . “O poder em Angola é unipessoal e certamente por esta razão o Presidente da República pode ser responsabilizado e o comandante-geral da Polícia por causa dos seus pronunciamentos, onde vem justificar uma execução pública de uma senhora indefesa e de tantos outros”, referiu o padre Celestino Epalanga.

O líder católico recorda que num dos casos, em que houve oito vítimas mortais, “seis foram mortas à queima-roupa, uma foi atropelada pelo carro da polícia e uma foi linchada na confusão de pedras e paus” para sublinhar que “isto é inadmissível” e pedir o fim “da cultura da morte”. Esta “cultura da violência, perpetrada pelo Estado, é uma mancha muito grande no momento em que se celebram os 50 anos de independência de Angola e 23 de paz”, criticou o padre. “Se o governo estivesse comprometido com a paz e com o respeito pelos direitos humanos, teria criado as condições” para não se chegar ao cenário vivido no final de julho.

Em última análise, o “Executivo é responsável pelas mortes ocorridas já que é sua função preservar o direito à vida, proteção dos direitos liberdades e garantias dos cidadãos”, defendem as quatro organizações no seu comunicado à imprensa.

“A responsabilidade é individual no plano criminal e cada um, de acordo com a sua culpa, a sua ação, deverá ser responsabilizado.  Se se perceber que essas ordens vieram do palácio, do Presidente da República, claro que a responsabilidade tem que subir até lá, sobre isso não pode haver dúvidas”, disse, por seu turno, o presidente da AJPD. Serra Bango sublinhou que o pico das mortes coincidiu com o regresso a Angola do Presidente da República, depois de uma visita oficial a Portugal e chamou a atenção de que algumas das execuções sumárias parecem ter partido de agentes “altamente preparados”.

E se é verdade que “pela primeira vez na história da independência”, o governo assumiu a responsabilidade pela morte de uma mulher num bairro em Viana, baleada nas costas enquanto fugia, como recorda Serra Bango, o discurso de João Lourenço não foi um bom indicador, alertam Bartolomeu Milton, da Pro Bono e Florindo Chiviukute da FOA:”O Presidente felicitou a polícia nacional, por isso não nos parece que abrirá uma investigação independente” às mortes.

De qualquer forma, se o Governo não abrir um inquérito para apurar quem são os responsáveis, como as quatro organizações exigem, elas mesmas ponderam avançar nesse sentido. “Decorrido um certo lapso de tempo [sem resposta] poderemos enveredar por uma exigência formal junto da Procuradoria-Geral da República”, adiantou Bartolomeu Milton.

Um processo que poderá não ser apenas interno mas internacional, acrescentou Serra Bango, mencionando a possibilidade do recurso ao Tribunal dos Direitos Africanos e ao Tribunal Penal Internacional, caso a justiça nacional não responda.

Para lá das “investigações independentes e imparciais”, as quatro organizações têm outras exigências, como a “a suspensão preventiva dos agentes da polícia diretamente implicados ou envolvidos nas execuções sumárias bem como dos responsáveis  hierárquicos que por omissão ou ação permitiram ou incentivaram tais práticas”. E também a “responsabilização dos agentes da polícia”, “um pedido de desculpas público”, formação contínua dos polícias e “indemnização às vítimas”.

Florindo Chiviukute frisou mesmo a importância de o Executivo apoiar as empresas afetadas pelas pilhagens mas apontou a necessidade de se apoiar as famílias das vítimas, chamando a atenção para as consequências negativas futuras, com a banalização da morte de pessoas.

As quatro organizações repudiaram os saques a estabelecimentos comerciais mas insurgiram-se contra a “brutalidade dos factos que vitimaram cidadãos indefesos à luz do dia”. O padre Celestino Epalanga, que leu a nota à imprensa, sublinhou que a greve dos taxistas foi uma “forma legítima de protesto contra a insustentabilidade do custo de vida e a perda acelerada do poder de compra das famílias, sobretudo dos cidadãos que dependem do sistema de transportes informal conhecido como candongueiro, principal meio de locomoção de parte significativa da população”.

Antes, o padre já tinha traçado o “contexto de agravamento da crise económica e social caraterizado com o aumento acentuado nos preços dos combustíveis, nos bens essenciais e nos serviços públicos básicos como transportes, energia elétrica e água, propinas e alguns bens alimentares”. Factos que levam ” os setores mais vulneráveis da população a enfrentar dificuldades crescentes na satisfação das suas necessidades básicas, sobretudo alimentar”, leu.

Segundo o padre, há “dados que mostram que as famílias angolanas estão hoje substancialmente mais empobrecidas do que há uma década”. E se a ação dos taxistas “foi desvirtuada pelas pilhagens e saques que se seguiram, nada justifica a resposta policial violenta e desproporcional, marcada por abusos de autoridade e uso excessivo da força”.

Celestino Epalanga recordou as “as imagens nas redes sociais em que se observa agentes da polícia a dispararem indiscriminadamente contra a população” e frisou que, “a serem verdade esses registos, essa conduta levanta sérias dúvidas sobre a legalidade das ordens recebidas”. Isto porque “a atuação da polícia, ao invés de proteger a ordem pública com proporcionalidade, respeito à lei e à dignidade humana, resultou em derramamento de sangue, execuções sumárias e arbitrárias, condutas que violam princípios da constituição, leis ordinárias e instrumentos internacionais”.

Respondendo a uma questão sobre a detenção do vice-presidente da ANATA, Associação Nacional de Taxistas de Angola, Serra Bango assumiu “algum receio fundado de que esteja a acontecer uma purga em Angola para ameaçar vários cidadãos”, o que “não é bom”.

Aliás, o ativista revelou que ” as mortes ainda estão a decorrer nesta altura, porque há pessoas desaparecidas”.

As quatro organizações destacaram ainda a “fragilidade institucional” revelada pela forma como o Estado reagiu aos protestos e tumultos.

“O uso desproporcional da força é um sintoma de fragilidade estrutural na gestão de conflitos sociais, evidenciando ausência de mecanismos eficazes para canalizar o descontentamento popular por vias pacíficas e institucionalizadas”, sustentaram. “Se não for corrigida, essa fragilidade contribuirá para a erosão do capital democrático abrindo espaço para futuras crises sociais, com potenciais repercussões na estabilidade política e no desenvolvimento sustentável do país”, salientaram.

“Os homicídios perpetrados por agentes da polícia nacional sob pretexto de conter a desordem social são uma grave violação dos direitos fundamentais na Constituição e nos instrumentos internacionais ratificados por Angola e revelam uma crise profunda no exercício da autoridade pública e na gestão democrática dos conflitos sociais“, lamentaram.

Mais. “Compromete a confiança dos cidadãos nas instituições do Estado e fragiliza a legitimidade do poder público, rompendo o pacto democrático que rege as relações entre governados e governantes. Ao recorrer a execuções sumárias como mecanismo de controle social, o Estado fomenta um ambiente de impunidade entre os seus agentes perpetuando práticas incompatíveis com os princípios de um Estado democrático e de direito”, acusaram, antes de deixarem um alerta:

“A prevalência da lógica securitária em detrimento do diálogo institucional e da escuta democrática acentua o distanciamento entre o executivo e a sociedade civil, dificultando a construção de uma cultura de participação, inclusão e coesão social”.

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