Penas, redução do número de deputados e neutralidade ideológica. As prioridades do Chega para a revisão da Constituição

Na sequência do desafio lançado pela Iniciativa Liberal para uma revisão constitucional, após o encontro com o Presidente da República, o presidente do Chega, André Ventura, propôs, esta sexta-feira, uma “plataforma de entendimento” para os líderes da AD e da IL.
Para o líder do Chega, embora um processo de revisão constitucional não seja considerada uma prioridade para os portugueses, é, todavia, uma “oportunidade histórica” para promover mudanças à direita. Ventura adiantou que vai propor a plataforma já “amanhã” a liberais e sociais-democratas e defendeu ser “o teste do algodão à AD, escolhendo se quer ficar do lado do PS ou não”.
Nesse sentido, André Ventura centrou as prioridades do Chega para uma revisão constitucional à direita assente em cinco eixos:
- Revisão de penas — “É tempo de Portugal se juntar aos 35 países da Europa que têm prisão perpétua para crimes hediondos, terrorismo, crimes sexuais e violentos. É hora de deixarmos de ser os mansos da Europa e é hora de acabarmos com recursos intermináveis”, disse o líder do Chega.
- Redução do número de deputados do Parlamento — “O Chega será provavelmente a segunda bancada e continua a defender: não precisamos de 230 deputados. O Chega e a AD têm uma oportunidade histórica. Se não o fizermos agora, só nós o poderemos lamentar. O PS, assim que possa, impedirá qualquer revisão que reduza o número de deputados”.
- Enriquecimento ilícito — “Tivemos várias decisões do Tribunal Constitucional a deixar claro que as alterações ao enriquecimento ilícito esbarravam na Constituição. É tempo de mudar a Constituição, porque quem chega a Lisboa sem nada não pode sair milionário depois de exercer funções públicas”.
- Transparência — “Temos um dispêndio de dinheiro público que não sabemos para onde vai. É tempo de a Constituição exigir transparência ao dinheiro público. Não nos podemos queixar de ser um país onde não há dinheiro e ter centenas de milhões que não sabemos para onde vão todos os meses”.
- Neutralidade ideológica da Constituição — “Não podemos ter uma Constituição a caminhar para o socialismo, nem para o liberalismo, nem para nenhuma forma de conservadorismo. A Constituição não caminha para lado nenhum. É um grito de liberdade que é preciso impor à Constituição. Temos uma Constituição marcada pelo comunismo e socialismo pós-revolucionário”.
Paralelamente, o presidente do Chega procurou responder aos alertas que já são feitos sobre uma eventual mudança do regime instituído após o 25 de Abril.
“Há uma oportunidade de fazer uma revisão constitucional, sem o PS e os partidos à sua esquerda. Não se trata de uma mudança de regime”, assegurou André Ventura, numa conferência de imprensa realizada na sede do partido, em Lisboa, reiterando que só ambiciona criar uma Constituição “para todos e em que todos se sintam em casa, representados e enquadrados”.
“Não é pôr a Constituição de acordo com os que agora ganharam, mas de acordo com a grande maioria do povo português, que quer viver num país democrático e livre”, concluiu.
[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 1.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music.]