Do Campomaiorense à Volta: Jorginho abraça nova vida como massagista da Project Echelon Racing

Depois de uma longa carreira no futebol, onde se destacou como um dos símbolos do Campomaiorense, sendo o terceiro jogador com mais jogos pelo clube, apenas atrás de Paulo Sérgio e Laelson, Jorginho iniciou um capítulo totalmente diferente na sua vida profissional: é o novo massagista da equipa norte-americana de ciclismo Project Echelon Racing.

A mudança surgiu de forma inesperada, graças a um amigo em comum que sabia da procura de alguém para integrar uma equipa de ciclismo.

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Licenciado em Ciências do Desporto e com formação em massagem desportiva, Jorginho não hesitou. “Foi tudo novo para mim, mas estou totalmente habilitado para desempenhar estas funções. É como tudo: começar, aprender e… siga”.

A Project Echelon Racing atua a nível internacional, o que implica falar em inglês. Mas nem isso nem o facto dos recursos não serem grandes afeta o antigo avançado.

“Tenho que fazer talvez o dobro ou o triplo do trabalho de equipas mais estruturadas, mas não é nada que me aflija. No ciclismo há uma abertura diferente do futebol e estou a adorar a experiência.”

A nova função trouxe também um renascimento pessoal. Após três décadas no futebol, iniciadas aos oito anos, o antigo avançado admite que estava desgastado: “O futebol deu-me coisas boas e menos boas. Esta mudança foi uma lufada de ar fresco, veio na altura certa. Aqui sinto-me valorizado, eles são muito organizados e sabem reconhecer o trabalho.”

Já completamente integrado, Jorginho até já deu as primeiras pedaladas com a equipa. “Comecei a pedalar há um mês. Estive em França na semana passada e já andei a treinar de bicicleta com eles. Maravilha!”, exclama Jorginho, de sorriso rasgado no rosto.

Com quase 50 anos, o antigo craque do Campomaiorense mantém-se ativo no ginásio e nas corridas, mas é no ciclismo que encontrou um novo sentido de utilidade e motivação. Uma prova de que, no desporto, a paixão e a dedicação não têm fronteiras, apenas novas rotas por explorar.

*jornalista em serviço especial para a Rádio Renascença

Trump anuncia encontro com Putin a 15 de agosto no Alasca

Desde 2021 que os chefes de estado dos dois países não se encontravam. A cimeira terá lugar no ponto mais remoto dos Estados Unidos, o estado do Alasca, no noroeste do país — a apenas 85 km da região de Chukotka, na Rússia. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou esta sexta-feira que o seu “tão aguardado encontro” com o homólogo russo, Vladimir Putin, terá lugar a 15 de agosto, no estado norte-americano do Alasca. A consumar-se o encontro, anunciado por Trump na rede Truth Social, esta será a primeira cimeira Estados Unidos-Rússia desde 2021, quando o anterior presidente, Joe Biden,

Um planeta dos filmes Avatar pode existir na vida real

A apenas 4,3 anos-luz da Terra encontra-se uma estrela chamada Alpha Centauri A, que é famosa por ser a estrela mais próxima que se assemelha ao nosso Sol. Nos populares filmes Avatar, o sistema desta estrela é o lar de uma terra de fantasia brilhante chamada Pandora, a lua inventada de um planeta imaginário semelhante a Júpiter. Acontece que, na vida real, um planeta gigante gasoso parece estar a orbitar Alpha Centauri A, de acordo com os astrónomos que o observaram com o Telescópio Espacial James Webb. Além disso, o planeta orbita aparentemente a uma distância da estrela onde as

Irregularidades na sua autarquia Conte-nos o que sabe

O Observador tem publicado diversas investigações que expuseram irregularidades em várias autarquias de Norte a Sul do país nos últimos anos. Muitas delas partiram de denúncias de munícipes que expuseram essas más práticas, quer por correio normal, quer por email. Muitas das denúncias não têm interesse jornalístico, mas há informações úteis que acabam perdidas em endereços de email errados. Para que haja um canal mais direto, o Observador criou um formulário onde pode colocar os casos que conhece.

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CP – Comboios de Portugal: uma gestão racional?

Atrair passageiros para o transporte ferroviário deve ser uma constante preocupação de quem gere a CP – Comboios de Portugal. Mas será? A dúvida existe. Veja-se um exemplo.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue – nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para [email protected].

Sheinbaum garante que “não haverá invasão” dos EUA no México

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, rejeitou esta sexta-feira a possibilidade de uma invasão norte-americana, depois de notícias indicarem que Donald Trump terá assinado uma ordem executiva que permite o uso de força militar contra cartéis de droga classificados como organizações terroristas.

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“Os Estados Unidos não vão vir ao México com o seu exército”, afirmou Sheinbaum, numa conferência de imprensa. “Cooperamos, colaboramos, mas não haverá invasão. Está fora de questão, absolutamente fora de questão.”

A líder mexicana disse ter sido informada sobre a ordem de Trump, mas garantiu que não envolve presença militar norte-americana em território mexicano.

Segundo o “New York Times”, o documento assinado por Trump “fornece uma base oficial para a possibilidade de operações militares diretas no mar e em solo estrangeiro contra cartéis”.

O secretário de Estado, Marco Rubio, defendeu que a medida permitirá “usar outros elementos do poder americano” para atacar estes grupos.

A administração Trump já tinha, em fevereiro, classificado sete grupos do crime organizado como organizações terroristas estrangeiras, incluindo cinco cartéis mexicanos, alegando que representam “uma ameaça à segurança nacional” e que infiltram governos na América Latina.

Incêndio atinge Mesquita-Catedral de Córdoba, património da humanidade

Um incêndio de grandes dimensões deflagrou esta sexta-feira na Mesquita-Catedral de Córdoba, em Espanha.

O alerta foi dado pelas 21h00 locais (20h00 em Lisboa) e o fogo foi extinto cerca de uma hora e meia depois.

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Na origem do incêndio terá estado um curto-circuito numa máquina varredora que estava numa capela, admitem as autoridades de Córdoba.

O presidente da Câmara local, José María Bellido, deixou uma mensagem de tranquilidade.

“Não vai ser uma catástrofe. Há danos, que vão ser terríveis porque atingiram um bem que é património da humanidade, mas o monumento está a salvo”, declarou o autarca, citado pelo jornal “El País”.

O incêndio teve origem na Porta de San José, construídas no século X e restaurada em 2017.

A mesquita-catedral de Córdoba, que serviu de local de culto para visigodos, muçulmanos e cristãos, é um dos monumentos mais visitados de Espanha.

Foi declarada património da humanidade pela UNESCO em 1984.

São José responde ao Questionário de Proust

O verão é uma época propícia para as grandes entrevistas e o questionário atribuído a Proust oferece uma tão grande gama de perguntas que, na realidade, permite conhecer bem a personalidade do entrevistado.

Em anos passados, Jesus de Nazaré e sua Mãe, Maria, já responderam a este questionário, pelo que só faltava que Também José o fizesse. Mais uma vez, as suas respostas procedem quase sempre do que sobre ele consta nos quatro Evangelhos, a mais fidedigna fonte histórica sobre a Sagrada Família.

1) Qual é a sua virtude preferida?

– Segundo escreveu São Mateus, a minha virtude preferida é a justiça, pois tendo Maria, sendo casada comigo, concebido por obra do Espírito Santo, eu, “sendo justo”, não a quis expor à difamação, não obstante o direito que tinha de a repudiar publicamente, desonrando-a (Mt 1, 18-19).

2) A qualidade que mais aprecia num homem?

– A coerência, porque “nem todo o que diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.” (Mt 7, 21-23).

3) A qualidade que mais aprecia numa mulher?

– A graça, porque Maria é a “cheia de graça” (Lc 1, 28), ou seja, engraçadíssima!

4) O que aprecia mais nos seus amigos?

– A disponibilidade, como a de aqueles quatro homens que levaram a Jesus, no seu catre, o amigo paralítico, para que curasse não apenas o seu corpo doente, mas também a sua alma (Mc 2, 1-12). Os melhores amigos são os que tudo fazem pela nossa saúde física e, sobretudo, pela nossa salvação.

5) O seu principal defeito?

– Dizem que é a mudez, pois não consta nenhuma palavra minha nos quatro Evangelhos. Nem sequer um ‘pois’!

6) A sua ocupação preferida?

– O trabalho, pois foi graças a ele que sustentei Maria e Jesus, a quem ensinei o meu ofício de carpinteiro (Mt 13, 55; Mc 6, 3).

7) Qual é a sua ideia de «felicidade perfeita»?

– A minha família, que não em vão é a Sagrada Família, imagem e semelhança da Santíssima Trindade aqui na terra.

8) Um desgosto?

– Não ter podido oferecer a Maria um lugar mais digno para o nascimento de Jesus. Com efeito, estando em Belém, “aconteceu completarem-se os dias em que (Maria) devia dar à luz, e deu à luz o seu filho primogénito, e O enfaixou e O reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 6-7).

9) O que é que gostaria de ser?

– O último, como de facto fui na minha família, porque Jesus é o próprio Deus e Maria a criatura humana mais perfeita, ou seja, a imaculada.

10) Em que país gostaria de viver?

– Na Terra Santa, que é a minha pátria, porque sou “da casa e família de David” (Lc 2, 4-5).

11) A cor preferida?

– A dos lírios do campo, “que não trabalham nem fiam”, mas “nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles” (Mt 6, 28-29).

12) A flor de que gosta?

– A rosa, porque me recorda Nossa Senhora que, segundo a ladainha lauretana, é a Rosa mística.

13) O animal que prefere?

– O burro, que é um animal prestável e trabalhador, em que fugi, a meio da noite, com Jesus e Maria, para o Egipto, quando Herodes quis matar o recém-nascido Cristo. Foi também montado num burro que Jesus fez a sua entrada triunfal em Jerusalém, pouco antes da sua paixão e morte na Cruz (Mt 21, 1-11; Mc 11, 1-11; Lc 19, 29-38; Jo 12, 12-19).

14) O autor preferido em prosa?

– São Mateus e São Lucas, porque são os dois evangelistas que referem o nascimento e a infância de Jesus.

15) Poetas preferidos?

– Jesus, porque não há nenhum poema mais belo do que o Sermão da Montanha (Mt 5, 1-12).

16) O seu herói da ficção?

– O pai do filho pródigo, porque é generoso ao dar ao filho a parte da herança que este não tinha direito a reclamar; porque respeita a liberdade do filho se ausentar; porque o acolhe sem ressentimentos, com a alegria e a compaixão da mais carinhosa das mães (Lc 15, 11-32).

17) Heroínas favoritas na ficção?

– Não há nenhuma heroína, de ficção ou real, mais heróica do que Maria, junto à Cruz de Jesus (Jo 19, 25).

18) Compositores preferidos?

– Os que, ao entrar Jesus em Jerusalém, montado num jumentinho, O aclamaram dizendo “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no Céu e glória nas alturas!” (Lc 19, 38).

20) Os pintores preferidos?

– Atribuem a Lucas esse dom, porque no seu Evangelho descreve Maria, a cheia de graça, de uma forma maravilhosa que é como se pintasse o seu retrato. Com efeito, não apenas a apresenta como uma mulher extraordinariamente inteligente pois, ao receber a mensagem do Anjo, “discorria pensativa que saudação seria esta” (Lc 1, 29), mas também como uma pessoa muito activa: logo que soube que sua parenta Isabel, apesar da sua muita idade, estava já no sexto mês da sua gravidez, “levantando-se (…) foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá” (Lc 1, 39).

21) Os heróis da vida real?

– Os casados que, como Maria e eu, passaram por uma grave crise conjugal (cf Mt 1, 18-21), e pela desgraça da perda de um filho (Lc 2, 41-51) e, não obstante, permaneceram unidos como casal e como família.

22) As heroínas históricas?

– Depois de Nossa Senhora, as santas mulheres que a acompanharam no Calvário, nomeadamente “a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena” (Jo 19, 25).

23) Os seus nomes preferidos?

– Jesus e Maria, por razões óbvias.

24) O que detesta acima de tudo?

– A hipocrisia, como aliás Jesus, indulgente para com os pecadores, mas severo para com os fariseus (Mt 23, 1-36).

25) A personagem histórica que mais despreza?

– Pôncio Pilatos, porque era um político sem escrúpulos: sabendo que Jesus era inocente (Mt 27, 18; Mc 15, 10; Lc 23, 4, 13-16, 22; Jo 18, 38; 19, 4 e 6, etc.), condenou-o a ser flagelado e, depois, à morte na Cruz.

 – O facto de Jesus, só com a força da sua palavra, derrubar os soldados que O foram prender: “Jesus, que sabia tudo o que estava para Lhe acontecer, adiantou-se e disse-lhes: ‘A quem buscais?’. Responderam-Lhe: ‘A Jesus de Nazaré’. Jesus disse-lhes: ‘Sou eu’. (…) Quando, pois, Jesus lhes disse ‘Sou eu’, recuaram e caíram por terra.” (Jo 18, 4-6).

27) O dom da natureza que gostaria de ter?

– Se tivesse sido mais falador, teria satisfeito a curiosidade dos que desejariam conhecer melhor os primeiros anos da vida de Jesus, de que fui, com Maria, a principal testemunha.

28) Como gostaria de morrer?

–  Como morri, em Nazaré, rodeado por Maria e Jesus.

29) Estado de espírito actual?

 “Eu Te louvo, ó Pai, senhor do Céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Mt 11, 25-26).

30) Os erros que lhe inspiram maior indulgência?

– Os cometidos por fraqueza e que levam ao arrependimento e à conversão, como no caso de Simão Pedro que, depois de ter negado Jesus por três vezes, reconheceu a sua tríplice culpa e, arrependido, “chorou amargamente” (Mt 26, 69-75; Lc 22, 54-62; Mc 14, 66-72; Jo 18, 15-18 e 25-27).

31) A sua divisa?

– “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8).

Plínio e a luz do desejo

Um irado professor repreende uma turma da Escola Técnica de Utrecht, exigindo o nome de quem desenhara a sua caricatura. O bode expiatório acabou por ser Wilhelm Röntgen, que foi imediatamente expulso.

Justo? Ele sempre negou ser o autor do desenho. A reivindicação de inocência não foi, contudo, suficiente e viu-se forçado a prosseguir estudos na Escola Politécnica Federal de Zurique. A mudança revelou-se decisiva porque foi aí que conheceu August Kundt, um professor que nele despertou a paixão pelo estudo da luz.

Uma tarde, Röntgen – que tinha vinte e um anos e era assistente daquele professor de Física – parou no bar Zum Grünen Glas para tomar café, sem saber que aí encontraria a mulher que lhe arrebataria o coração. Anna Ludwig, vinte e sete anos, era alta, morena, e de feições perfeitas. Servia no café do pai, razão pela qual tantos estudantes ali acorriam. Após três anos de consumo de café, Wilhelm foi pedir a mão da sua amada e ofereceu-lhe um anel de noivado, apesar da oposição de Friederich Röntgen, que pretendia que o filho procurasse uma mulher da mesma posição e que não fosse mais velha do que ele. Tratou de vergar a vontade de Wilhelm suspendendo-lhe a mesada. Duro golpe para o noivo, acostumado a viver com certa folga, mas ele não desistiu do amor. Acabaram por casar apenas em 1872, seis anos depois de se conhecerem e três após o noivado.

Conta-nos Plínio na sua História Natural, XXX: uma jovem segura uma chama na mão esquerda. Na direita, um pedaço de carvão. Diante dela está o jovem que ama. Mas a filha de Butades não olha para o seu amado, no momento em que este parte para a batalha; debruça-se sobre a cabeça dele para desenhar a linha que a sombra do cabelo traça na parede. A filha de Butades é afligida por desiderium.

Talvez nos convenha um segundo texto para compreendermos o mito a que Plínio se refere. É em Tusculanae Quaestiones IV, que Cícero define o desejo: Desiderium est libido videndi eius qui non adsit (desejo é a libido de ver alguém que não está). A desideratio é percebida como a alegria de ver, apesar da sua ausência, a pessoa ausente. A palavra desiderium pode ser traduzida pelas palavras recordação ou pesar. E também, claro, pela palavra desejo a que deu origem. Se a decompusermos, no de-siderium, na estrela ausente, esconde-se um regresso daquilo que foi perdido e que volta a mostrar-se apesar da sua perda.

O amor procura algo que não está ali. A jovem “parece ausente” para aquele que ama, mesmo que esteja diante dela. Só que, enquanto ele está diante dos seus olhos, ela antecipa a sua partida; imagina a sua morte; mesmo na sua presença, sente a sua falta: deseja o homem que está ali.

Desvendemos, por trás de desideratio, uma outra palavra latina: consideratio – em latim, consistia em descobrir como as estrelas se juntam para formar uma constelação no céu noturno. Como, dependendo das estações do ano, se arrumam e a sua influência, em datas fixas, se abate sobre homens, animais, plantas, sobre o caudal do rio, sobre o nível do lago ou sobre as marés. Em latim, as estrelas chamam-se sidera. As sidera trazem as estações do ano; assombram, pois governam o seu aparecimento e desaparecimento. Assinalam a ascensão e o ocaso dos seres. A sua ausência (de-sideratio) era lamentada de acordo com a época do mês ou a estação do ano. A palavra portuguesa desejo recebe o alívio desta desideratio (o pesar de uma ausência no céu nocturno). Pois as estrelas regressam ao seu esconderijo com o salmão à origem.

Consideremos, pois, a misteriosa cena da filha do oleiro que se esquece de um homem e contempla uma sombra: a jovem não segura o amante nos braços. Com a mão direita, segura uma brasa apagada. Com a mão esquerda, na escuridão da noite, move uma lamparina de azeite. De repente, levanta a chama acima dos olhos, de modo que esta projete a sombra do que vê por trás daquilo que vê. Não acaricia a sombra nem pressiona o volume do seu corpo contra ela.

Com o carvão, delineia cuidadosamente o contorno daquela repercussão obscura na superfície da parede. Não o frui; não aproveita a sua presença; já não está com ele sequer; olha-o distraidamente; sente-lhe a falta; deseja aquele homem; sonha com ele.

A jovem grega agarra-se à orla da sombra de um homem que se prepara para partir. O homem partiu. Morreu – e os comentadores de Plínio acrescentam que o jovem, lançando-se contra as fileiras inimigas, morreu tão gloriosamente que o seu nome foi louvado pela cidade no final da campanha. Encomendaram uma estela a um oleiro.

O oleiro era Butades. O pai da jovem. É ele quem recria a silhueta que a filha desenhou na parede com um pedaço de carvão, que transforma o “contorno de sombra” em “relevo de terra” imediatamente cozido ao forno. E como é que o pai acende o forno? Acendendo o pedaço de carvão que a filha segurava na mão na noite da sua partida.

Röntgen foi nomeado reitor da Universidade de Würzburg em 1894, mas continuou a dedicar-se à investigação com o mesmo entusiasmo de sempre. A 8 de novembro de 1895, na escuridão do seu laboratório, descobriu que os raios catódicos com que trabalhava pareciam atravessar certos objetos. Começou a experimentá-los em diferentes condições e a maior surpresa aconteceu quando passou a mão por eles: conseguiu ver os seus ossos.

Consciente da importância do que descobrira, pensou numa forma de fotografá-lo. A 22 de dezembro, tirou a primeira radiografia da história: uma mão, a mão de Anna que ele pedira em casamento em 1869. E, nessa película sensível à luz, surge, negro, como desenhado a carvão, o anel de noivado que lhe oferecera.

Röntgen recebeu o Nobel em 1900. Doou o dinheiro à Universidade, reservando-se o direito de baptizar a sua descoberta, porque todos a chamavam Röntgenstrahlen (o raio de Röntgen) e ele preferia outro nome. Por serem desconhecidos, chamou-lhes Raios X.

O amor não ama simplesmente o ausente – ilumina-o e redime-o.

Autárquicas. Candidato do Bloco à Câmara de Braga elege habitação como prioridade

O cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Braga nas autárquicas de 12 de outubro, António Lima, apontou esta sexta-feira a habitação como a principal prioridade da sua candidatura.

Em declarações à Lusa, António Lima sublinhou que o município tem de ser proativo, “não podendo ficar à espera que seja o mercado a resolver o problema da habitação”. “Deixar a questão só nas mãos do mercado não resulta, porque os preços vão continuar a disparar e a solução vai ser sempre relegada para as calendas gregas”, referiu. Para o candidato bloquista, a Câmara deve, desde logo, criar bolsas de terreno urbanizado, que possam ser disponibilizadas a cooperativas ou a pessoas individuais.

Outra aposta da candidatura é a qualidade de vida das populações, refletida em áreas como ambiente, mobilidade e transportes. “Não sou muito adepto de estar a fazer promessas eleitorais, mas o que posso garantir é que, se for eleito vereador, ouvirei sempre os bracarenses, não serei nunca um vereador passivo nem alinharei na política do segredo”, disse ainda o candidato.

António Lima é advogado e tem 72 anos. Já encabeçou a lista do BE à Câmara de Braga em 2005, tendo também sido número um à Assembleia Municipal, onde atualmente tem assento. O Bloco nunca elegeu qualquer vereador em Braga.

Para a Câmara de Braga, estão também já anunciadas as candidaturas de João Rodrigues (Juntos por Braga, coligação que junta PSD, CDS e PPM), António Braga (coligação PS e PAN), João Batista (CDU), Rui Rocha (Iniciativa Liberal), Filipe Aguiar (Chega), Ricardo Silva (movimento independente Amar e Servir Braga), Francisco Pimentel Torres (ADN) e Carlos Fragoso (Livre).

Atualmente, o executivo de Braga é composto por seis eleitos da coligação Juntos por Braga, quatro do PS e um da CDU. O atual presidente da Câmara, Ricardo Rio, não pode recandidatar-se, por causa da lei de limitação de mandatos.

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