CP – Comboios de Portugal: uma gestão racional?

Atrair passageiros para o transporte ferroviário deve ser uma constante preocupação de quem gere a CP – Comboios de Portugal. Mas será? A dúvida existe. Veja-se um exemplo.

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Sheinbaum garante que “não haverá invasão” dos EUA no México

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, rejeitou esta sexta-feira a possibilidade de uma invasão norte-americana, depois de notícias indicarem que Donald Trump terá assinado uma ordem executiva que permite o uso de força militar contra cartéis de droga classificados como organizações terroristas.

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“Os Estados Unidos não vão vir ao México com o seu exército”, afirmou Sheinbaum, numa conferência de imprensa. “Cooperamos, colaboramos, mas não haverá invasão. Está fora de questão, absolutamente fora de questão.”

A líder mexicana disse ter sido informada sobre a ordem de Trump, mas garantiu que não envolve presença militar norte-americana em território mexicano.

Segundo o “New York Times”, o documento assinado por Trump “fornece uma base oficial para a possibilidade de operações militares diretas no mar e em solo estrangeiro contra cartéis”.

O secretário de Estado, Marco Rubio, defendeu que a medida permitirá “usar outros elementos do poder americano” para atacar estes grupos.

A administração Trump já tinha, em fevereiro, classificado sete grupos do crime organizado como organizações terroristas estrangeiras, incluindo cinco cartéis mexicanos, alegando que representam “uma ameaça à segurança nacional” e que infiltram governos na América Latina.

Incêndio atinge Mesquita-Catedral de Córdoba, património da humanidade

Um incêndio de grandes dimensões deflagrou esta sexta-feira na Mesquita-Catedral de Córdoba, em Espanha.

O alerta foi dado pelas 21h00 locais (20h00 em Lisboa) e o fogo foi extinto cerca de uma hora e meia depois.

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Na origem do incêndio terá estado um curto-circuito numa máquina varredora que estava numa capela, admitem as autoridades de Córdoba.

O presidente da Câmara local, José María Bellido, deixou uma mensagem de tranquilidade.

“Não vai ser uma catástrofe. Há danos, que vão ser terríveis porque atingiram um bem que é património da humanidade, mas o monumento está a salvo”, declarou o autarca, citado pelo jornal “El País”.

O incêndio teve origem na Porta de San José, construídas no século X e restaurada em 2017.

A mesquita-catedral de Córdoba, que serviu de local de culto para visigodos, muçulmanos e cristãos, é um dos monumentos mais visitados de Espanha.

Foi declarada património da humanidade pela UNESCO em 1984.

São José responde ao Questionário de Proust

O verão é uma época propícia para as grandes entrevistas e o questionário atribuído a Proust oferece uma tão grande gama de perguntas que, na realidade, permite conhecer bem a personalidade do entrevistado.

Em anos passados, Jesus de Nazaré e sua Mãe, Maria, já responderam a este questionário, pelo que só faltava que Também José o fizesse. Mais uma vez, as suas respostas procedem quase sempre do que sobre ele consta nos quatro Evangelhos, a mais fidedigna fonte histórica sobre a Sagrada Família.

1) Qual é a sua virtude preferida?

– Segundo escreveu São Mateus, a minha virtude preferida é a justiça, pois tendo Maria, sendo casada comigo, concebido por obra do Espírito Santo, eu, “sendo justo”, não a quis expor à difamação, não obstante o direito que tinha de a repudiar publicamente, desonrando-a (Mt 1, 18-19).

2) A qualidade que mais aprecia num homem?

– A coerência, porque “nem todo o que diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.” (Mt 7, 21-23).

3) A qualidade que mais aprecia numa mulher?

– A graça, porque Maria é a “cheia de graça” (Lc 1, 28), ou seja, engraçadíssima!

4) O que aprecia mais nos seus amigos?

– A disponibilidade, como a de aqueles quatro homens que levaram a Jesus, no seu catre, o amigo paralítico, para que curasse não apenas o seu corpo doente, mas também a sua alma (Mc 2, 1-12). Os melhores amigos são os que tudo fazem pela nossa saúde física e, sobretudo, pela nossa salvação.

5) O seu principal defeito?

– Dizem que é a mudez, pois não consta nenhuma palavra minha nos quatro Evangelhos. Nem sequer um ‘pois’!

6) A sua ocupação preferida?

– O trabalho, pois foi graças a ele que sustentei Maria e Jesus, a quem ensinei o meu ofício de carpinteiro (Mt 13, 55; Mc 6, 3).

7) Qual é a sua ideia de «felicidade perfeita»?

– A minha família, que não em vão é a Sagrada Família, imagem e semelhança da Santíssima Trindade aqui na terra.

8) Um desgosto?

– Não ter podido oferecer a Maria um lugar mais digno para o nascimento de Jesus. Com efeito, estando em Belém, “aconteceu completarem-se os dias em que (Maria) devia dar à luz, e deu à luz o seu filho primogénito, e O enfaixou e O reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 6-7).

9) O que é que gostaria de ser?

– O último, como de facto fui na minha família, porque Jesus é o próprio Deus e Maria a criatura humana mais perfeita, ou seja, a imaculada.

10) Em que país gostaria de viver?

– Na Terra Santa, que é a minha pátria, porque sou “da casa e família de David” (Lc 2, 4-5).

11) A cor preferida?

– A dos lírios do campo, “que não trabalham nem fiam”, mas “nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles” (Mt 6, 28-29).

12) A flor de que gosta?

– A rosa, porque me recorda Nossa Senhora que, segundo a ladainha lauretana, é a Rosa mística.

13) O animal que prefere?

– O burro, que é um animal prestável e trabalhador, em que fugi, a meio da noite, com Jesus e Maria, para o Egipto, quando Herodes quis matar o recém-nascido Cristo. Foi também montado num burro que Jesus fez a sua entrada triunfal em Jerusalém, pouco antes da sua paixão e morte na Cruz (Mt 21, 1-11; Mc 11, 1-11; Lc 19, 29-38; Jo 12, 12-19).

14) O autor preferido em prosa?

– São Mateus e São Lucas, porque são os dois evangelistas que referem o nascimento e a infância de Jesus.

15) Poetas preferidos?

– Jesus, porque não há nenhum poema mais belo do que o Sermão da Montanha (Mt 5, 1-12).

16) O seu herói da ficção?

– O pai do filho pródigo, porque é generoso ao dar ao filho a parte da herança que este não tinha direito a reclamar; porque respeita a liberdade do filho se ausentar; porque o acolhe sem ressentimentos, com a alegria e a compaixão da mais carinhosa das mães (Lc 15, 11-32).

17) Heroínas favoritas na ficção?

– Não há nenhuma heroína, de ficção ou real, mais heróica do que Maria, junto à Cruz de Jesus (Jo 19, 25).

18) Compositores preferidos?

– Os que, ao entrar Jesus em Jerusalém, montado num jumentinho, O aclamaram dizendo “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no Céu e glória nas alturas!” (Lc 19, 38).

20) Os pintores preferidos?

– Atribuem a Lucas esse dom, porque no seu Evangelho descreve Maria, a cheia de graça, de uma forma maravilhosa que é como se pintasse o seu retrato. Com efeito, não apenas a apresenta como uma mulher extraordinariamente inteligente pois, ao receber a mensagem do Anjo, “discorria pensativa que saudação seria esta” (Lc 1, 29), mas também como uma pessoa muito activa: logo que soube que sua parenta Isabel, apesar da sua muita idade, estava já no sexto mês da sua gravidez, “levantando-se (…) foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá” (Lc 1, 39).

21) Os heróis da vida real?

– Os casados que, como Maria e eu, passaram por uma grave crise conjugal (cf Mt 1, 18-21), e pela desgraça da perda de um filho (Lc 2, 41-51) e, não obstante, permaneceram unidos como casal e como família.

22) As heroínas históricas?

– Depois de Nossa Senhora, as santas mulheres que a acompanharam no Calvário, nomeadamente “a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena” (Jo 19, 25).

23) Os seus nomes preferidos?

– Jesus e Maria, por razões óbvias.

24) O que detesta acima de tudo?

– A hipocrisia, como aliás Jesus, indulgente para com os pecadores, mas severo para com os fariseus (Mt 23, 1-36).

25) A personagem histórica que mais despreza?

– Pôncio Pilatos, porque era um político sem escrúpulos: sabendo que Jesus era inocente (Mt 27, 18; Mc 15, 10; Lc 23, 4, 13-16, 22; Jo 18, 38; 19, 4 e 6, etc.), condenou-o a ser flagelado e, depois, à morte na Cruz.

 – O facto de Jesus, só com a força da sua palavra, derrubar os soldados que O foram prender: “Jesus, que sabia tudo o que estava para Lhe acontecer, adiantou-se e disse-lhes: ‘A quem buscais?’. Responderam-Lhe: ‘A Jesus de Nazaré’. Jesus disse-lhes: ‘Sou eu’. (…) Quando, pois, Jesus lhes disse ‘Sou eu’, recuaram e caíram por terra.” (Jo 18, 4-6).

27) O dom da natureza que gostaria de ter?

– Se tivesse sido mais falador, teria satisfeito a curiosidade dos que desejariam conhecer melhor os primeiros anos da vida de Jesus, de que fui, com Maria, a principal testemunha.

28) Como gostaria de morrer?

–  Como morri, em Nazaré, rodeado por Maria e Jesus.

29) Estado de espírito actual?

 “Eu Te louvo, ó Pai, senhor do Céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Mt 11, 25-26).

30) Os erros que lhe inspiram maior indulgência?

– Os cometidos por fraqueza e que levam ao arrependimento e à conversão, como no caso de Simão Pedro que, depois de ter negado Jesus por três vezes, reconheceu a sua tríplice culpa e, arrependido, “chorou amargamente” (Mt 26, 69-75; Lc 22, 54-62; Mc 14, 66-72; Jo 18, 15-18 e 25-27).

31) A sua divisa?

– “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8).

Plínio e a luz do desejo

Um irado professor repreende uma turma da Escola Técnica de Utrecht, exigindo o nome de quem desenhara a sua caricatura. O bode expiatório acabou por ser Wilhelm Röntgen, que foi imediatamente expulso.

Justo? Ele sempre negou ser o autor do desenho. A reivindicação de inocência não foi, contudo, suficiente e viu-se forçado a prosseguir estudos na Escola Politécnica Federal de Zurique. A mudança revelou-se decisiva porque foi aí que conheceu August Kundt, um professor que nele despertou a paixão pelo estudo da luz.

Uma tarde, Röntgen – que tinha vinte e um anos e era assistente daquele professor de Física – parou no bar Zum Grünen Glas para tomar café, sem saber que aí encontraria a mulher que lhe arrebataria o coração. Anna Ludwig, vinte e sete anos, era alta, morena, e de feições perfeitas. Servia no café do pai, razão pela qual tantos estudantes ali acorriam. Após três anos de consumo de café, Wilhelm foi pedir a mão da sua amada e ofereceu-lhe um anel de noivado, apesar da oposição de Friederich Röntgen, que pretendia que o filho procurasse uma mulher da mesma posição e que não fosse mais velha do que ele. Tratou de vergar a vontade de Wilhelm suspendendo-lhe a mesada. Duro golpe para o noivo, acostumado a viver com certa folga, mas ele não desistiu do amor. Acabaram por casar apenas em 1872, seis anos depois de se conhecerem e três após o noivado.

Conta-nos Plínio na sua História Natural, XXX: uma jovem segura uma chama na mão esquerda. Na direita, um pedaço de carvão. Diante dela está o jovem que ama. Mas a filha de Butades não olha para o seu amado, no momento em que este parte para a batalha; debruça-se sobre a cabeça dele para desenhar a linha que a sombra do cabelo traça na parede. A filha de Butades é afligida por desiderium.

Talvez nos convenha um segundo texto para compreendermos o mito a que Plínio se refere. É em Tusculanae Quaestiones IV, que Cícero define o desejo: Desiderium est libido videndi eius qui non adsit (desejo é a libido de ver alguém que não está). A desideratio é percebida como a alegria de ver, apesar da sua ausência, a pessoa ausente. A palavra desiderium pode ser traduzida pelas palavras recordação ou pesar. E também, claro, pela palavra desejo a que deu origem. Se a decompusermos, no de-siderium, na estrela ausente, esconde-se um regresso daquilo que foi perdido e que volta a mostrar-se apesar da sua perda.

O amor procura algo que não está ali. A jovem “parece ausente” para aquele que ama, mesmo que esteja diante dela. Só que, enquanto ele está diante dos seus olhos, ela antecipa a sua partida; imagina a sua morte; mesmo na sua presença, sente a sua falta: deseja o homem que está ali.

Desvendemos, por trás de desideratio, uma outra palavra latina: consideratio – em latim, consistia em descobrir como as estrelas se juntam para formar uma constelação no céu noturno. Como, dependendo das estações do ano, se arrumam e a sua influência, em datas fixas, se abate sobre homens, animais, plantas, sobre o caudal do rio, sobre o nível do lago ou sobre as marés. Em latim, as estrelas chamam-se sidera. As sidera trazem as estações do ano; assombram, pois governam o seu aparecimento e desaparecimento. Assinalam a ascensão e o ocaso dos seres. A sua ausência (de-sideratio) era lamentada de acordo com a época do mês ou a estação do ano. A palavra portuguesa desejo recebe o alívio desta desideratio (o pesar de uma ausência no céu nocturno). Pois as estrelas regressam ao seu esconderijo com o salmão à origem.

Consideremos, pois, a misteriosa cena da filha do oleiro que se esquece de um homem e contempla uma sombra: a jovem não segura o amante nos braços. Com a mão direita, segura uma brasa apagada. Com a mão esquerda, na escuridão da noite, move uma lamparina de azeite. De repente, levanta a chama acima dos olhos, de modo que esta projete a sombra do que vê por trás daquilo que vê. Não acaricia a sombra nem pressiona o volume do seu corpo contra ela.

Com o carvão, delineia cuidadosamente o contorno daquela repercussão obscura na superfície da parede. Não o frui; não aproveita a sua presença; já não está com ele sequer; olha-o distraidamente; sente-lhe a falta; deseja aquele homem; sonha com ele.

A jovem grega agarra-se à orla da sombra de um homem que se prepara para partir. O homem partiu. Morreu – e os comentadores de Plínio acrescentam que o jovem, lançando-se contra as fileiras inimigas, morreu tão gloriosamente que o seu nome foi louvado pela cidade no final da campanha. Encomendaram uma estela a um oleiro.

O oleiro era Butades. O pai da jovem. É ele quem recria a silhueta que a filha desenhou na parede com um pedaço de carvão, que transforma o “contorno de sombra” em “relevo de terra” imediatamente cozido ao forno. E como é que o pai acende o forno? Acendendo o pedaço de carvão que a filha segurava na mão na noite da sua partida.

Röntgen foi nomeado reitor da Universidade de Würzburg em 1894, mas continuou a dedicar-se à investigação com o mesmo entusiasmo de sempre. A 8 de novembro de 1895, na escuridão do seu laboratório, descobriu que os raios catódicos com que trabalhava pareciam atravessar certos objetos. Começou a experimentá-los em diferentes condições e a maior surpresa aconteceu quando passou a mão por eles: conseguiu ver os seus ossos.

Consciente da importância do que descobrira, pensou numa forma de fotografá-lo. A 22 de dezembro, tirou a primeira radiografia da história: uma mão, a mão de Anna que ele pedira em casamento em 1869. E, nessa película sensível à luz, surge, negro, como desenhado a carvão, o anel de noivado que lhe oferecera.

Röntgen recebeu o Nobel em 1900. Doou o dinheiro à Universidade, reservando-se o direito de baptizar a sua descoberta, porque todos a chamavam Röntgenstrahlen (o raio de Röntgen) e ele preferia outro nome. Por serem desconhecidos, chamou-lhes Raios X.

O amor não ama simplesmente o ausente – ilumina-o e redime-o.

Autárquicas. Candidato do Bloco à Câmara de Braga elege habitação como prioridade

O cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Braga nas autárquicas de 12 de outubro, António Lima, apontou esta sexta-feira a habitação como a principal prioridade da sua candidatura.

Em declarações à Lusa, António Lima sublinhou que o município tem de ser proativo, “não podendo ficar à espera que seja o mercado a resolver o problema da habitação”. “Deixar a questão só nas mãos do mercado não resulta, porque os preços vão continuar a disparar e a solução vai ser sempre relegada para as calendas gregas”, referiu. Para o candidato bloquista, a Câmara deve, desde logo, criar bolsas de terreno urbanizado, que possam ser disponibilizadas a cooperativas ou a pessoas individuais.

Outra aposta da candidatura é a qualidade de vida das populações, refletida em áreas como ambiente, mobilidade e transportes. “Não sou muito adepto de estar a fazer promessas eleitorais, mas o que posso garantir é que, se for eleito vereador, ouvirei sempre os bracarenses, não serei nunca um vereador passivo nem alinharei na política do segredo”, disse ainda o candidato.

António Lima é advogado e tem 72 anos. Já encabeçou a lista do BE à Câmara de Braga em 2005, tendo também sido número um à Assembleia Municipal, onde atualmente tem assento. O Bloco nunca elegeu qualquer vereador em Braga.

Para a Câmara de Braga, estão também já anunciadas as candidaturas de João Rodrigues (Juntos por Braga, coligação que junta PSD, CDS e PPM), António Braga (coligação PS e PAN), João Batista (CDU), Rui Rocha (Iniciativa Liberal), Filipe Aguiar (Chega), Ricardo Silva (movimento independente Amar e Servir Braga), Francisco Pimentel Torres (ADN) e Carlos Fragoso (Livre).

Atualmente, o executivo de Braga é composto por seis eleitos da coligação Juntos por Braga, quatro do PS e um da CDU. O atual presidente da Câmara, Ricardo Rio, não pode recandidatar-se, por causa da lei de limitação de mandatos.

Se tiver uma história que queira partilhar sobre irregularidades na sua autarquia, preencha este formulário anónimo.

Uma aventura no SNS

Pre scriptum. Na minha época de universitária uma das minhas companheiras de casa estava a tirar um curso de gestão hospitalar. O tutor dela, médico, antigo ministro, catedrático, pessoa reputadíssima na área da saúde, ensinou-lhe “que o maior problema do sistema é que quem decide sobre o sistema não frequenta o sistema”.

Sentia um ardor no estômago e no tórax há uns meses. Durante umas ecografias de rotina, detetaram-me lesões no fígado de natureza indeterminada.

A médica que me examinava perguntou quando veria o meu internista.

– “Daqui a um mês”.

– “Não pode ser, tem de antecipar” e escreveu o relatório em que prescrevia necessidade de avaliação mais apurada através de TAC ou ressonância.

Claro que a dor imediatamente agravou e um historial de saúde familiar paterno complicado no estômago e pâncreas fez o resto.

O internista estava de férias, a cobertura do ambulatório esgotou, liguei para a linha Saúde 24, 58 minutos à espera. Atendem, mandam ligar outra vez e escolher outra opção, não passam chamadas internamente. Ligo, atendem, não é esta a opção certa, “- mas a sua colega disse que sim”, “- mas não”, desligo, volto a ligar, volto à opção inicial. Expus a situação outra vez, perguntam-me se estou no meu distrito, nem quero saber o que isso quer dizer, imagino que a Saúde 24 atua como se todos os distritos fossem Lisboa, ligados por comboios, autocarros, barcos, tenham uber e táxis a toda a hora. Marcam-me consulta no meu centro de saúde nessa mesma tarde.

O médico de turno viu o relatório e prescreveu duas TACs porque os centros de saúde não podem prescrever ressonâncias (sic), para isso tem de ir a uma consulta da especialidade que pode demorar um ano, sei lá, muito tempo (sic). Quando tiver o resultado das TACs faz como fez hoje, liga à Saúde 24 para marcar nova consulta (sic outra vez).

“- Outra vez? Mais uma hora à espera”?

“- Está aqui e a consulta é de borla”

“- De borla, não. Pago impostos”.

Não tenho médica de família. A minha reformou-se há uns meses, há tantos quantos há um substituto nomeado que ninguém quer explicar porque ainda não está ali a trabalhar.

Fiz as TACs dois dias depois e no relatório o médico concluiu que tinha lesões quísticas no pâncreas, de tamanho considerável, sem evidentes worrysome features por esta técnica de imagem, recomendando-se avaliação por ressonância.

Nova chamada para a Saúde 24, explico isto tudo, encaminha-me para a urgência do hospital.

Entro na urgência depois do meio-dia, sou triada depois da uma, mostro as TACs, o enfermeiro lê o relatório e diz-me que “quem procura acha”, põe-me uma pulseira amarela, sou uma doente urgente. Sentam-me numa sala, muitas pessoas mais velhas à minha volta e isso é desolador, ver o fim assim, de qualquer maneira oiço muitas reclamações, pessoas que estão nesta sala desde as nove horas, googlo para saber qual é o tempo em que devo ser atendida, tenho pulseira amarela, uma hora, está quase. Estão quatro médicos escalados para a urgência, mas não está lá nenhum.

Quatro horas depois aparece uma médica que me examina ali mesmo na sala.

“ – Vejo que trouxe uns exames, devia ter ido ao Centro de Saúde, o médico de lá ainda não pôs os resultados no sistema”, respondo que a Saúde 24 me mandou para ali, abro o relatório das TACs no meu telemóvel, ela faz scroll até à conclusão, tira uma fotografia, faz apalpação e perguntas a que não me dá tempo de responder, não está interessada. Vem a última pergunta: “há quanto tempo não faz análises?”

“- Há três semana, um mês…, tenho-as comigo.”

“- Não interessa, um ano?, um mês?, isso é o que quero saber. Vai fazer análises.”

Prescreve-me um Benuron e um calmante, não tomo o calmante. Fiz análises e, uma hora depois, a enfermeira diz-me que a médica mandou fazer dois Raios X, aos mesmos sítios a que tinha feito as TACs. Não sou médica, mas parece-me que a TAC é um exame mais completo. Pergunto-me porque é que os exames feitos recentemente, o resultado das TACs tem um dia!, por entidades credíveis e com quem o SNS até trabalha, não podem ser usados, e pergunto à enfermeira qual é o sentido daquilo. Não me soube responder. Isto não é um desperdício de recursos incompreensível? Pedi para falar com a médica, a enfermeira procurou-a nos gabinetes onde não estava e depois deixou-me à porta de outra sala, onde a médica sim, estava, e disse-me que pedisse aos colegas para a chamarem. Mandaram-me regressar à minha sala, que a médica tinha dito para aguardar lá. Ando para trás e para a frente uma hora, entretanto vem uma auxiliar chamar-me porque tinham sido pedidos dois transportes para mim para o Raio X (um transporte é a caminhada acompanhada pela auxiliar da sala de espera até à sala do exame). Pouca gente desta vez, 45 minutos depois continuo sem ser chamada. Uma enfermeira dirige-se a mim, pergunta-me se estou à espera de algum exame, digo o que se passa, vê no sistema, nenhum exame está pedido em meu nome. Regresso à sala da urgência, a enfermeira confirma no sistema que a médica pediu os transportes, mas ainda não os exames. Peço para falar novamente com a médica, digo que me quero ir embora. A enfermeira responde que é melhor falar com a médica para não constar do registo que abandonei a urgência.

“- Abandono, que abandono? Não estou a abandonar, a médica é que me abandonou.”

A enfermeira leva-me à porta da sala onde está a médica e diz-me que peça aos colegas para a avisarem que quero falar-lhe.

“- Diga-lhe que se vai embora, pode ser que tenha efeito.”

Aparentemente tem porque a médica manda-me esperar à porta.

Olho para a cena, uma mesa enorme no meio da sala, talvez dez médicos e possivelmente enfermeiros de cada lado a escreverem em computadores. Com quanta burocracia terão os médicos de lidar e quanto tempo rouba à efetiva prestação de cuidados de saúde?

Uma hora depois a médica vem ter comigo, entrega-me um envelope, dá-me alta.

Digo-lhe que se esqueceu de pedir no sistema os Raios X, responde-me que tinha as TACs e que não valia a pena. Olho com assombro, isso ela já sabia há seis horas!

“- E as conclusões das TACs?”

“ – Não vejo lá nada, mas essa não é a minha especialidade.” Estou incrédula, seis horas depois diz-me que não é especialista na minha doença.

“ – Então porque não me encaminha para um especialista?”

Não responde e entrega-me um envelope fechado. Diz-me para telefonar para a Saúde 24 para ir novamente ao meu Centro de Saúde mostrar ao médico os resultados das TACs. Acrescenta que, se continuar com dores e for, por exemplo, de férias para Tavira, posso ir lá ao Centro de Saúde, entrego a carta ao médico de serviço e serei atendida (sic). WTF?

Já em casa abro o envelope e leio o “Diário Clínico”. Diz que neguei todos os sintomas sobre que me perguntou, com termos técnicos que desconheço, mas há três sobre os quais mente: náuseas, tonturas e irradiação do queimor. A menos que o “atualmente” que antecede a constatação da minha negação tenha a ver com o exato momento em que me examinou, porque efetivamente enjoada não estava naqueles precisos cinco minutos.

Um médico amigo explica-me que talvez o médico do centro de saúde me estivesse, na verdade, a manter no sistema porque, se se quisesse ver livre de mim, encaminhava-me para a especialidade e eu desaparecia do radar até ter consulta, um ano talvez.

Vou à CUF, encontro o meu internista no bar, digo-lhe o que se passa, ele vê o relatório, telefona-me e diz-me que tenho lesões, que podem ser benignas, mas também podem ser malignas, que o melhor era fazer ressonância abdominal pélvica para despistar e ver o que faço a partir daí.

“ – Quão preocupada devo ficar?”

“ – Moderadamente”.

Marco as ressonâncias. Há um mês que o Tony Soprano, deitado na máquina da ressonância magnética, a perguntar à mulher “terei cancro?”, não me sai da cabeça

– “Já vamos saber”, responde ela.

Na manhã em que entrego este artigo soube, graças a Deus — e aos meios que me deu–, que não tenho.

Sei também que, para o SNS, as análises feitas fora do SNS não valem, as TACs também não, as ressonâncias valerão? Se detetarem algo mau não importa, no SNS volta-se à estaca zero? Um doente paga do próprio bolso, leva os resultados ao SNS e o SNS manda repetir não porque tem dúvidas, mas porque sim. O contribuinte, que até pode ser o mesmo doente, paga outra vez.

Sei ainda que, não sendo doente crónica, nem estando grávida ou tendo menos de 12 anos, não sou prioritária para o SNS. Entendo, como os recursos são escassos temos de estabelecer prioridades. O que não entendo é como é que isso não se reflete nos impostos que pagamos. O valor das deduções à coleta com a saúde é uma brincadeira, se tivermos em conta os custos com a saúde.

Acresce que, mesmo que alguém tenha todo o dinheiro do mundo, não consegue comprar nos privados serviços que só o SNS pode prestar. Mas o SNS é como uma empresa de que somos acionistas, mas a que não temos acesso.

Postscriptum

Os seguros de saúde são cada vez mais caros para terem coberturas decentes e fazem exigências despropositadas. A seguradora pediu-me recentemente os comprovativos do multibanco que já não se usam, já não chega a fatura, e sucedem-se as mensagens a dizer que os documentos comprovativos das despesas estão ilegíveis.

Os grupos de saúde privados têm cada vez menos acordos com as seguradoras, já para não falar com o SNS: médicos, exames, intervenções, tudo e todos com cada vez menos acordos com as seguradoras. Somos tantos os portugueses com seguro de saúde, porque o SNS não responde atempadamente às aflições, que já nem os privados têm capacidade. Os médicos dizem que as seguradoras pagam cada vez menos, embora cobrem cada vez mais. Não lhes compensa o volume de trabalho. Os telefonemas das enfermeiras nos dias anteriores para a preparação de atos médicos deixaram de acontecer, as assistentes telefónicas não dão resposta às dúvidas, as faturações aparecem erradas a maior parte das vezes.

Os tempos de espera no SNS são incomportáveis, a maior parte das vezes não por uma questão de vida ou de morte, mas porque condenam as pessoas a uma má qualidade de vida enquanto não são tratadas. E isso é morrer um pouco, não é?

Tanta capacidade instalada porque é que não está integrada? Porque é que andamos a pagar a tantos agentes diferentes e as respostas de todos são cada vez mais deficientes?

A medicina preventiva salva vidas, mas se não formos doentes crónicos raramente somos chamados para uma consulta de rotina. Temos de estar a morrer para sermos tratados?

O que estamos a pagar afinal?

Sobre o projecto da “cidade humanitária” em Gaza: ilha sem mar, Lesbos no deserto

Na Grécia Antiga, o exílio era a forma mais extrema de punição sem sangue e a ilha de Lesbos contava‑se entre os destinos de desterro (acolhendo políticos, intelectuais e militares caídos em desgraça). Não era prisão, era afastamento. Não era esquecimento, era o corte consciente da pertença, do nome, da pólis. Era, na sua essência, uma forma de morte cívica.

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Guterres diz que decisão israelita de tomar Gaza representa uma “perigosa escalada” e apela a um cessar-fogo imediato

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, advertiu esta sexta-feira de que a decisão israelita de ocupar a Faixa de Gaza começando pela capital “representa uma perigosa escalada” do conflito que porá “ainda mais em perigo” os civis, reféns incluídos.

“[António Guterres] está profundamente alarmado com a decisão do Governo israelita de ‘tomar o controlo da cidade de Gaza’ (…). Poderá agravar as já catastróficas consequências para milhões de palestinianos”, declarou a sua porta-voz adjunta, Stephanie Tremblay, num comunicado.

O líder das Nações Unidas, que recordou que os palestinianos da Faixa de Gaza “continuam a sofrer uma catástrofe humanitária de proporções aterradoras”, afirmou que esta é uma “nova escalada [que] resultará em mais deslocações forçadas, mortes e destruição maciça, agravando o sofrimento inimaginável da população palestiniana em Gaza”.

Reiterou, por isso, o seu apelo para um cessar-fogo imediato e para a entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano, instando simultaneamente as autoridades israelitas a cumprirem as suas obrigações ao abrigo do Direito Humanitário Internacional.

Guterres recordou que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) declarou que o Estado de Israel tem a obrigação de “pôr termo à sua presença ilegal nos territórios palestinianos ocupados — que abrangem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental — o mais rapidamente possível”.

“Não haverá uma solução sustentável para este conflito sem o fim da ocupação ilegal e sem uma solução viável de dois Estados. Gaza é e deve continuar a ser parte integrante de um Estado palestiniano”, concluiu.

O gabinete de segurança do Governo israelita anunciou esta sexta-feira a aprovação de um plano para a ocupação total da Faixa de Gaza, a começar pela cidade de Gaza, situada no norte da Faixa de Gaza e com cerca de um milhão de habitantes, metade da população do enclave.

Os habitantes da cidade de Gaza serão deslocados para sul até 7 de outubro, data do segundo aniversário do ataque do Hamas a Israel, que fez cerca de 1.200 mortos e 251 reféns e desencadeou no mesmo dia a guerra israelita ainda em curso no território palestiniano.

Até agora, bombardeamentos e ofensivas terrestres fizeram mais de 61.000 mortos e 150.000 feridos, na maioria civis, além de milhares soterrados sob os escombros, segundo os mais recentes dados das autoridades locais, considerados pela ONU fidedignos.

Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).

Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados “seguros” pelo exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos desesperados para obter comida, fazendo milhares de mortos e feridos.

Há muito que a ONU declarou o território mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” e “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo. Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU tinha acusado Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra – acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.

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Vice-presidente do TC critica inconstitucionalidade e sugere que decisão sobre lei de estrangeiros baseou-se em convicções pessoais

O vice-presidente do Tribunal Constitucional (TC) criticou, esta sexta-feira, a declaração de inconstitucionalidade da lei de estrangeiros, considerando que as medidas do decreto são “perfeitamente razoáveis”, e sugeriu que a decisão baseou-se em convicções pessoais.

Numa declaração de voto conjunta anexa ao acórdão do TC que declarou inconstitucional cinco normas da lei de estrangeiros, o vice-presidente do tribunal, Gonçalo Almeida Ribeiro, e o juiz conselheiro José António Teles Pereira dizem ter discordado dessa decisão.

Para os dois juízes, apesar de algumas das normas constantes no decreto “serem polémicas e discutíveis”, são “perfeitamente razoáveis e legítimas”, constituindo “uma expressão normal da arbitragem democrática do dissenso político”.

“A legislação numa democracia constitucional não deve ser produto de uma transação entre as preferências políticas da maioria parlamentar e da maioria dos membros da jurisdição constitucional, mas um exercício de liberdade programática limitado pelo respeito pelos direitos fundamentais e princípios estruturantes de uma república de pessoas livres e iguais”, defendem.

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Gonçalo Almeida Ribeiro e José António Teles Pereira consideram que, “para que um juízo constitucional informado por valores tão abstratos e elásticos se revele um exemplo de razão jurídica, em vez de uma escolha ideológica, deve satisfazer um ónus exigente de fundamentação”, considerando que isso não se verificou nos argumentos do acórdão hoje divulgado.

Os dois juízes reconhecem que as opções do legislador relativamente ao direito dos estrangeiros deve “merecer um escrutínio severo ou um controlo intensificado por parte do juiz constitucional”.

“Só que um escrutínio judicial intenso não pode ser um pretexto para os juízes transportarem para o plano constitucional as convicções que legitimamente têm enquanto cidadãos — violando a igualdade democrática –, antes constituindo-os num dever acrescido de se inteirarem dos factos pertinentes, examinarem os textos aplicáveis, consultarem doutrina autorizada e articularem argumentos consistentes, cuidadosos, ponderados e persuasivos”, referem.

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Gonçalo Almeida Ribeiro e José António Teles Pereira reconhecem que isso não é “verdadeiramente viável” neste caso, uma vez que o Presidente da República pediu que o TC se pronunciasse em 15 dias, mas frisam que, perante a urgência desse pedido, “o melhor que se poderia fazer, com sentido de responsabilidade institucional, seria procurar respaldo noutras jurisdições”, como o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos ou o Tribunal de Justiça da União Europeia.

“Em vez disso, profere-se um acórdão em que se fazem exigências constitucionais inéditas e se desenha o esboço de um caderno de encargos”, criticam.

À semelhança de Gonçalo Almeida Ribeiro e José António Teles Pereira, a juíza conselheira Maria Benedita Urbano também discordou da decisão da maioria relativamente à declaração de inconstitucionalidade das cinco normas.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

Numa declaração de voto, a juíza considera que o chumbo do diploma “tem como consequência a manutenção de uma política de fronteiras abertas” e a decisão “mostrar-se alheada (ou não tem na devida consideração)” a “realidade socioeconómica atual do país, com setores vitais, como a saúde, a habitação e o ensino, em risco de colapsar”.

“Basta viver em Portugal e ter em atenção e, mais do que isso, sentir a realidade que nos rodeia para ter a certeza de que a situação catastrófica que presentemente presenciamos no nosso país, não entra na categoria das ‘fake news’”, aponta.

O único outro juiz que discordou da decisão do TC na declaração de inconstitucionalidade das cinco normas foi João Carlos Loureiro, que, numa declaração de voto, defende que, “num quadro de separação de poderes, é irrelevante o que cada juiz constitucional pensa sobre o mérito das soluções resultantes de opções político-legislativas”.

Deve “apenas nortear-se por uma avaliação jurídico-constitucional, num quadro marcado por uma relevante internormatividade, em que importam referentes internacionais e supranacionais”, refere.

No entanto, João Carlos Loureiro reconhece que a decisão foi tomada “em circunstâncias particularmente difíceis”, numa alusão ao facto de o Presidente da República ter pedido ao Tribunal Constitucional que se pronunciasse num prazo de quinze dias.

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