Incêndios em Espanha: uma pessoa morreu nos arredores de Madrid, país declara pré-emergência

Um homem morreu num incêndio florestal na localidade de Tres Cantos, um subúrbio a norte de Madrid, anunciaram as autoridades espanholas, esta terça-feira, que acionaram o nível de pré-emergência devido aos vários fogos ativos no país.

O homem de 50 anos, que sofreu queimaduras em 98% do corpo na segunda-feira, é a primeira vítima mortal dos vários incêndios que afetam Espanha em plena vaga de calor.

“Lamento profundamente a morte do homem que ficou gravemente ferido no incêndio florestal de Tres Cantos”, a 23 quilómetros a norte da capital, escreveu a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, nas redes sociais, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

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Centenas de moradores foram retirados do bairro afetado, segundo as autoridades. O conselheiro do ambiente da região de Madrid, Carlos Novillo, disse aos jornalistas durante a noite que o fogo se propagou por seis quilómetros em apenas 40 minutos.

As autoridades regionais de Madrid anunciaram esta terça-feira de manhã, nas redes sociais, que a luta contra o incêndio tinha progredido favoravelmente durante a noite e que o fogo estava contido.

Esta série de incêndios coincide com a vaga de calor que entrou no décimo dia, com todas as regiões em alerta, incluindo as do Norte.

Face à situação, o Ministério do Interior ativou de madrugada o nível um, de dois, da Situação Operacional do Plano Geral de Emergência do Estado (PLEGEM) e declarou a fase de pré-emergência. A decisão visa analisar e coordenar a mobilização de recursos para ajudar as comunidades autónomas afetadas, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.

A diretora-geral da Proteção Civil e Emergências do Ministério do Interior, Virginia Barcones, convocou para as próximas horas uma reunião do Comité Estatal de Coordenação e Gestão dos incêndios florestais para avaliar a situação.

O chefe do Governo, Pedro Sánchez, lamentou a morte do homem perto de Madrid e considerou que a situação é de “risco extremo”, pelo que exige “muita prudência”. Sánchez também manifestou apreço pelos profissionais que “estão a trabalhar incansavelmente” no combate aos incêndios numa mensagem publicada nas redes sociais, esta terça-feira.

Autárquicas. Marlene Guerreiro concorre pelo PS à Câmara de São Brás de Alportel

A técnica superior Marlene Guerreiro, atual vice-presidente da Câmara de São Brás de Alportel, vai candidatar-se à presidência da autarquia e procurar conservar este município do distrito de Faro para o PS, anunciou o partido.

Com o atual presidente, Vítor Guerreiro, impedido de concorrer por já ter cumprido o limite legal de três mandatos consecutivos, Marlene Guerreiro, de 44 anos, foi a escolhida pelo PS para encabeçar a lista do partido nas próximas eleições autárquicas e vai procurar capitalizar o trabalho que bem desempenhando na autarquia desde 2025.

Primeiro como vereadora (2005-2013) e depois como vice-presidente (desde 2014), a candidata do PS à Câmara de São Brás de Alportel vai agora candidatar-se pela primeira vez à presidência da autarquia.

Natural de São Brás de Alportel e licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Marlene Guerreiro foi também presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de São Brás de Alportel, entre 2011 a 2021.

“Por todos e para todos os são-brasenses, com toda a minha dedicação, responsabilidade e paixão pela minha terra, assumo a minha candidatura à liderança da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, nas eleições de 2025, para renovar este grande projeto de desenvolvimento para São Brás de Alportel, onde as pessoas são a nossa missão”, anunciou a candidata nas suas redes sociais.

Marlene Guerreiro adiantou que a sua candidatura terá uma preocupação com a “participação” e apelou ao contributo de todos os munícipes para ajudar a sua lista a definir prioridades e a vencer as próximas eleições.

Além de Marlene Guerreiro, já anunciaram a candidatura à Câmara de São Brás de Alportel o enfermeiro Antonino Costa, pela CDU, o engenheiro civil Bruno Sousa Costa, pela coligação PSD/CDS-PP, e o advogado, economista e empresário Mário Botelho, pelo Chega.

A Câmara de São Brás de Alportel é presidida há 12 anos pelo socialista Vítor Guerreiro, que está impedido de se recandidatar pela lei de limitação de mandatos e já tinha sucedido a António Eusébio, também do PS, que deixou a autarquia depois de atingir o máximo legal de três mandatos consecutivos como presidente.

Nas eleições autárquicas de 2021, o PS venceu com 58,56% dos votos, conquistando três dos cinco mandatos em disputa, seguido do PSD (29,75%), com dois vereadores.

A CDU foi a terceira força política mais votada ao arrecadar 4,69%, seguida do Chega (2,99%) e do CDS-PP (0,61%).

As eleições autárquicas estão marcadas para o dia 12 de outubro.

Se tiver uma história que queira partilhar sobre irregularidades na sua autarquia, preencha este formulário anónimo.

Grande alarde é mandar os marroquinos para a Amazónia

Até julho deste ano, de acordo com a Agência Europeia de Fronteiras e Guarda Costeira, a Frontex, já foram apreendidos quase 8,5 mil migrantes ilegais só na rota do Mediterrâneo Ocidental, que liga o Noroeste africano a Espanha. Portugal nem sequer está no radar da Frontex, mas cai o Carmo e a Trindade quando 38 marroquinos desembarcam no Algarve.

Não são os primeiros, nem serão os últimos. E ninguém sabe quantos terão entrado na Europa sem terem sido interceptados na costa. A maioria dos que eventualmente chegaram ao Algarve terá seguido viagem para Espanha e França em vez de ficar por Portugal.

Tiveram sorte os que vieram dar à costa no Algarve há dias. Alguns anos mais à frente e talvez fossem linchados na praia por cidadãos indignados, agora que boa parte do país parece convencida de que a imigração é um problema e não uma solução. Para efeitos formais, a xenofobia diferencia a imigração legal da ilegal, mas isso são filigranas que o populacho em fúria não acolhe.

Como a ideia mais em voga é reforçar a alienação de migrantes em Portugal, pode-se sugerir à Frontex uma nova rota para as estatísticas: a da Mazagão portuguesa, em Marrocos (atual El Jadida), de onde partem os grupos que vêm dar ao Algarve. Apesar dos números ínfimos, já estaria conferida certa dignidade à indignação popular com o desembarque de marroquinos.

Não fosse uma das “Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo”, a Fortaleza de Mazagão também podia ser deitada abaixo, a ver se os mouros não se lembram de rumar a Norte para escapar da miséria.

Pode-se também recordá-los de que o Marquês de Pombal, já em 1769, despachou a população local para a Amazónia brasileira. Nem os cristãos de Mazagão o marquês queria em Lisboa depois de perder a vila, quanto mais os próprios mouros 250 anos mais tarde.

Não é provável que os marroquinos queiram juntar-se àqueles expatriados na Nova Mazagão do Amapá, hoje Mazagão Velho, em plena Amazónia. Mas por lá estariam mais próximos de território europeu — a Guiana Francesa.

Compreende-se a fixação dos habitantes de El Jadida com as praias do Algarve, muito mais aprazíveis do que as margens do rio Mutuacá, no Amapá. Mas talvez não seja o caso de fazer grande alarde.

Antes de ter um problema migratório em mãos, Portugal tem uma questão humanitária a tratar. Se Espanha já não pode com o volume de migrantes que desembarcam por lá, no Algarve ainda é possível gerir a situação — e sempre será, porque a “rota de Mazagão” é uma epopeia quinhentista. Quantos não terão morrido na tentativa de uma travessia de quase 400 milhas náuticas, mais que o dobro da rota do Mediterrâneo Ocidental, em mar aberto numa casca de noz?

Entre as medidas anteriormente postas, está um acordo de imigração assinado em 2022 com o Reino de Marrocos, que não parece ter sido suficiente para estancar a afluência de migrantes clandestinos. Certo é que tratar disso depois do desembarque não promete resolver o problema. A não ser que a ideia seja mesmo criar alarde para fins políticos.

O autor escreve segundo o acordo ortográfico de 1990

Sociedade civil timorense preocupada com quota de 20% para filhos de polícias

A organização timorense Hali ba Dame (Habada) manifestou esta terça-feira preocupação com a atribuição, no processo de recrutamento da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), de uma quota de 20% para filhos de agentes daquela força de segurança.

“A confiança do público pode ser abalada pela perceção de uma ‘polícia de famílias’”, afirmou o diretor executivo da organização da sociedade civil Habada, Abel Amaral, em conferência de imprensa em Díli, sobre o processo de recrutamento de 400 novos membros para a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).

Para a Habada, que tem como missão monitorizar a governação na área da polícia e da segurança humana em Timor-Leste, o processo de recrutamento é discriminatório.

O processo de recrutamento de agentes da PNTL para este ano introduziu um sistema de quotas que prevê 20% das vagas para filhos de agentes daquela força de segurança, 20% para filhos de veteranos da luta pela independência, 20% para mulheres e os restantes 40% para o público em geral.

“Existe o risco de diminuição da qualidade dos candidatos porque os candidatos com pontuação mais elevada são excluídos devido à ordem sequencial das quotas”, alertou Amaral.

Apesar disso, a Habada valorizou a existência de quotas especiais para mulheres, por promoverem a igualdade de género, e para os filhos de veteranos, como forma de homenagem ao seu contributo para a restauração da independência.

Abel Amaral recomendou ao Ministério do Interior e ao comando da PNTL que clarifiquem publicamente os objetivos das quotas e os critérios de mérito, através de declarações oficiais.

“O Ministério do Interior deve nomear observadores independentes, como a Provedoria dos Direitos Humanos e Justiça e outras organizações da sociedade civil, para monitorizar e dar transparência ao processo de recrutamento”, recomendou o diretor executivo.

A Habada sugeriu também ao Ministério do Interior e ao comando da PNTL para reformularem a atribuição das quotas, assegurando proporcionalidade e um limite mínimo de pontuação, e uma revisão das restrições demográficas, em nome da justiça e inclusão.

O governo timorense autorizou em fevereiro a abertura de concurso para admissão de 500 elementos para a PNTL para colmatar o défice de recursos humanos, melhorar os níveis de patrulhamento e vigilância, contribuir para o reforço da segurança pública e para uma renovação geracional da instituição.

Dos 500 novos elementos, 400 vão ingressar no curso de formação de agentes e 100 no curso de formação de oficiais.

Atualmente, a PNTL tem 4.004 efetivos, mas parte daquele contingente está destacado para o serviço de fronteiras e para equipas de segurança de entidades governamentais.

Netanyahu terá de comparecer no julgamento por alegada fraude e corrupção a partir de novembro

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vai ter de comparecer três vezes por semana a partir de novembro no julgamento por alegada fraude e corrupção, anunciou esta terça-feira o tribunal, que quer avançar com o processo após vários cancelamentos.

Um porta-voz judicial israelita disse à agência de notícias espanhola EFE que a decisão dos juízes indica que, a partir do dia 2 de novembro, o julgamento vai ser retomado em sessões marcadas, todas as semanas, entre domingo e quarta-feira.

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Em três desses dias, o primeiro-ministro, acusado de suborno, fraude e abuso de confiança, vai ser ouvido pelo tribunal.

No passado mês de julho, o tribunal cancelou várias audiências de Netanyahu depois de o advogado do primeiro-ministro ter alegado problemas de saúde.

Os adiamentos foram também justificados pelos bombardeamentos israelitas contra a Síria após confrontos entre as populações beduína e drusa na cidade síria de As-Suwayda.

No final de junho, os juízes suspenderam as sessões alegando preocupações diplomáticas e por motivos relacionados com a “segurança nacional”, e depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter pedido a suspensão das audições.

O tema central dos três casos é a forma como Netanyahu fomentou relações, para benefício pessoal e político, com magnatas que tinham influência sobre os principais meios de comunicação social.

Marcelo afirma que pediu fiscalização do TC sobre lei dos estrangeiros para “criar certeza”

O Presidente da República afirmou esta terça-feira que pediu a fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional da lei dos estrangeiros para “criar certeza”, perante diferentes interpretações sobre a constitucionalidade do diploma.

Marcelo Rebelo de Sousa, que prestava declarações a canais de televisão junto à praia de Monte Gordo, no Algarve, onde se encontra a gozar férias, disse não querer comentar diretamente a decisão do Tribunal Constitucional, mas explicou que, com o pedido de fiscalização preventiva da lei dos estrangeiros, quis “criar certeza” perante as “muitas interpretações diferentes” que surgiram sobre a constitucionalidade da proposta.

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“Qual foi a minha ideia? Disse aos partidos e ao primeiro-ministro: é criar certeza. Não ser cada tribunal a ter uma decisão completamente diferente (…) agora ficou claro”, disse, explicando que agora será “mais fácil” para os tribunais decidir porque, daqui para a frente, devem seguir a interpretação do Tribunal Constitucional.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou as “muitas interpretações diferentes” provenientes, por exemplo, de escritórios de advogados sobre a constitucionalidade do diploma e sublinhou que o seu objetivo, quando pede a intervenção do Tribunal Constitucional, “não é estar num jogo de futebol” entre Presidente da República e o Parlamento ou o Governo “a ver quem ganha”.

O chefe de Estado relembrou ainda que o decreto que aprovava um novo regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional abrangia “áreas muito diversas”, detalhando que “quando se fala de imigrantes” deve ser considerada a diversidade da sua origem.

“As pessoas pensam que uns e não são outros [imigrantes]. Para todos, em condições diferentes, colocam-se os problemas que surgem na lei”, acrescentou.

O Presidente da República devolveu a lei dos estrangeiros ao Parlamento, depois de a ter vetado na sexta-feira na sequência das inconstitucionalidades detetadas pelo Tribunal Constitucional.

Sobre os 38 imigrantes que desembarcaram esta semana na costa algarvia oriundos de Marrocos, o chefe de Estado lembrou que essa é uma “situação muito rara”, mas salientou que são situações que podem acontecer e que a resposta que está a ser dada segue os “trâmites normais”.

“Inferno”: como é trabalhar num hospital (de tarde e com tanto calor)

“A sala de estar é um forno, mas a sala de tratamentos também. É um espaço do qual os doentes não conseguem escapar durante várias horas”. Portugal continua a atravessar uma onda de calor extremo. Mas não é só cá: Espanha vai ter diversos pontos perto ou mesmo acima dos 40 graus, ao longo desta semana. Na Galiza, mais precisamente em Pontevedra, as temperaturas elevadas são um problema no interior dos hospitais. Estão mesmo a gerar um grave mal-estar entre pacientes e profissionais de saúde, especialmente em instalações antigas como o Hospital Provincial. Foram instalados sistemas de ar condicionado e

Marcelo pediu fiscalização do TC sobre lei dos estrangeiros para “criar certeza”

O Presidente da República afirmou esta terça-feira que pediu a fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional da lei dos estrangeiros para “criar certeza”, perante diferentes interpretações sobre a constitucionalidade do diploma.

Marcelo Rebelo de Sousa, que prestava declarações a canais de televisão junto à praia de Monte Gordo, no Algarve, onde se encontra a gozar férias, disse não querer comentar diretamente a decisão do Tribunal Constitucional, mas explicou que, com o pedido de fiscalização preventiva da lei dos estrangeiros, quis “criar certeza” perante as “muitas interpretações diferentes” que surgiram sobre a constitucionalidade da proposta.

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“Qual foi a minha ideia? Disse aos partidos e ao primeiro-ministro: é criar certeza. Não ser cada tribunal a ter uma decisão completamente diferente (…) agora ficou claro”, disse, explicando que agora será “mais fácil” para os tribunais decidir porque, daqui para a frente, devem seguir a interpretação do Tribunal Constitucional.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou as “muitas interpretações diferentes” provenientes, por exemplo, de escritórios de advogados sobre a constitucionalidade do diploma e sublinhou que o seu objetivo, quando pede a intervenção do Tribunal Constitucional, “não é estar num jogo de futebol” entre Presidente da República e o Parlamento ou o Governo “a ver quem ganha”.

O chefe de Estado relembrou ainda que o decreto que aprovava um novo regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional abrangia “áreas muito diversas”, detalhando que “quando se fala de imigrantes” deve ser considerada a diversidade da sua origem.

“As pessoas pensam que uns e não são outros [imigrantes]. Para todos, em condições diferentes, colocam-se os problemas que surgem na lei”, acrescentou.

O Presidente da República devolveu a lei dos estrangeiros ao Parlamento, depois de a ter vetado na sexta-feira na sequência das inconstitucionalidades detetadas pelo Tribunal Constitucional.

Sobre os 38 imigrantes que desembarcaram esta semana na costa algarvia oriundos de Marrocos, o chefe de Estado lembrou que essa é uma “situação muito rara”, mas salientou que são situações que podem acontecer e que a resposta que está a ser dada segue os “trâmites normais”.

O dia em que Lisboa enganou Hitler

Lisboa na primavera de 1944 era um palco onde a neutralidade oficial escondia um turbilhão de segredos, encontros clandestinos e jogos de inteligência que podiam mudar o rumo da guerra. As ruas da Baixa fervilhavam com diplomatas, espiões, refugiados e agentes de várias nacionalidades, todos movimentando-se em silêncio numa cidade que, embora distante do conflito direto, se tornou um dos centros neurálgicos do maior conflito do século XX.

No meio desse cenário, um homem magro, de bigode fino, parecia mover as peças com uma calma desconcertante. Chamava-se Juan Pujol García. Para os alemães ele era o agente Arabel, para os britânicos o lendário Garbo. Este espião duplo não comandava exércitos nem liderava batalhas, mas criou uma rede fictícia de agentes que alimentava o comando nazi com informações cuidadosamente fabricadas.

Garbo sabia que a desinformação era uma arma poderosa e usava-a com mestria. Inventava agentes com histórias verossímeis, profissionais, localizações estratégicas e até pequenos detalhes pessoais que tornavam os seus relatórios praticamente impossíveis de contestar. As mensagens partiam muitas vezes de Lisboa, através de transmissões codificadas por rádio, e misturavam factos verdadeiros com dados falsos, enganando os alemães a cada passo.

Nas semanas que antecederam o Dia D, Garbo enviou uma mensagem fundamental. Nela afirmava que tinha chegado atrasado para avisar sobre o verdadeiro ataque aliado, mas que o que os alemães estavam a ver em Normandia não passava de uma distração. O desembarque real, dizia com firmeza, seria muito mais ao norte, em Pas-de-Calais. Essa informação chegou a Berlim e foi aceite como verdadeira, levando o alto comando alemão a manter as suas divisões Panzer longe das praias onde, de facto, os Aliados se preparavam para atacar.

Na madrugada do 6 de junho, as forças aliadas invadiram as praias de Omaha, Utah, Gold, Juno e Sword, enfrentando feroz resistência, mas beneficiando do erro de cálculo do inimigo, induzido por Lisboa e o espião que sabia como jogar o jogo da mentira.

Enquanto isso, na capital portuguesa, a identidade de Garbo era um mistério para a maioria. Uns diziam que ele era apenas um espanhol comum, vivendo discretamente entre traduções e contactos em cafés. Outros suspeitavam que por trás daquele homem simples se escondia algo muito maior. Só após o fim da guerra é que a verdadeira dimensão da sua missão foi revelada e com ela o papel crucial que Lisboa desempenhou.

Esta história mostra que, apesar de Portugal se manter oficialmente neutro durante a Segunda Guerra Mundial, a sua capital foi um dos centros estratégicos da espionagem mundial. Lisboa acolheu encontros secretos, serviu de base para transmissões cifradas e tornou-se palco de manobras que influenciaram diretamente os destinos dos exércitos em combate.

O Dia D foi uma das maiores operações militares da história, mas poucos sabem que uma parte fundamental do sucesso dos Aliados teve origem nas ondas de rádio que saíam discretamente de Lisboa. A cidade, muitas vezes vista apenas como um ponto de passagem, mostrou que podia ser muito mais: um lugar onde a inteligência e a astúcia venceram, mesmo quando os canhões ainda não tinham disparado.

Esta é a memória de um momento em que o silêncio da capital portuguesa contribuiu para enganar Hitler e, de certa forma, ajudar a salvar o mundo.

//Paulo Freitas do AmaralProfessor, Historiador e Autor

Ucrânia poderá estar a prestes a ceder território à Rússia

A Ucrânia poderá aceitar um cessar-fogo e ceder território já controlado pela Rússia — Luhansk, Donetsk, Zaporíjia, Kherson e Crimeia — como parte de um plano de paz apoiado pela Europa. A notícia é avançada pelo jornal britânico The Telegraph, que cita uma fonte diplomática europeia. No entanto, a informação — que contraria aquela que tem sido a posição oficial de Volodymyr Zelensky desde o início da guerra (de que o seu país não cederá um centímetro de território a Putin) — não tem eco na imprensa ucraniana, nem foi confirmada por Kiev.

Na sexta-feira, Donald Trump e o Presidente russo reúnem-se no Alasca para discutir um eventual cessar-fogo. Zelensky não foi convidado para o encontro.

O Presidente ucraniano — especialmente depois de Trump ter sugerido que quaisquer tréguas obrigariam Kiev a perder parte das suas terras — voltou a apelar aos líderes europeus para rejeitarem propostas que impliquem a perda de território. Segundo o jornal britânico, Zelensky estará agora a pedir aos aliados europeus que não aceitem a cedência de terras que não estejam já sobre o domínio russo, querendo em troca garantias de segurança, fornecimento de armamento e caminho aberto para adesão à NATO.

Zelensky: concessões não vão convencer a Rússia a parar de lutar

Atualmente, Moscovo controla cerca de 20% da Ucrânia, de acordo com as fronteiras reconhecidas internacionalmente de 1991.

“O plano só pode estar relacionado com as posições atualmente detidas pelas forças militares”, disse um responsável ocidental citado pelo Telegraph, descrevendo um fim de semana frenético de diplomacia entre Kiev e os seus aliados.

Nos últimos dias vários líderes europeus, entre eles Emmanuel Macron (França), Donald Tusk (Polónia) e Friedrich Merz (Alemanha), reiteraram oposição a mudanças de fronteiras pela força.

Já o Presidente ucraniano disse, na segunda-feira à noite, não haver sinais de que a Rússia se prepare para pôr fim à guerra: “Pelo contrário, estão a movimentar as suas tropas e forças de forma a lançar novas operações ofensivas”, segundo um relatório dos serviços de informações ucranianos.

Ucrânia: União Europeia apoia encontro entre Trump e Putin, mas rejeita "alterações de fronteiras pela força"

Por sua vez, Trump disse que irá tentar recuperar algum território para a Ucrânia durante a sua reunião com Putin no Alasca. Haverá “alguma troca, algumas alterações de território”, disse Trump, acrescentando: “A Rússia ocupou uma grande parte da Ucrânia. Vamos tentar recuperar parte desse território para a Ucrânia.”

De resto, o Presidente dos EUA acredita que irá rapidamente perceber se o acordo de paz é possível ou não: “Vamos reunir-nos com Vladimir Putin e, no final dessa reunião, provavelmente nos primeiros dois minutos, saberei exatamente se é possível ou não chegar a um acordo, porque é isso que eu faço. Eu faço acordos.”

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