Comunidades terapêuticas em “situação crítica” ameaçam fechar portas

As comunidades terapêuticas, que dão resposta de internamento a pessoas com dependências e necessidade de apoio psicoterapêutico, alertam que estão a atravessar uma “situação crítica” e que muitas podem mesmo fechar as portas, se não houver mudanças rápidas. Em causa estão condições de infra-estruturas e de pessoal que lhes são exigidas sem razão, argumentam, e que são incapazes de cumprir.

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Eduardo Quaresma queria saída de Amorim mais cedo: “O mais difícil foi tê-lo mais três ou quatro jogos”

Eduardo Quaresma vive tempos felizes em Alvalade. O jovem central conquistou o terceiro título de leão ao peito, foi o convidado das Três da Manhã da Renascença esta quinta-feira e recuou até à despedida de Rúben Amorim que, para o sportinguista, pecou por tardia.

“Tivemos uma reunião e ele disse-nos ‘malta, ainda não sei de nada, por favor confiem em mim’ e eu ‘ok, tranquilo, confio em ti, sempre confiei’. No jogo a seguir diz-nos ‘vou-me embora’ e depois ainda se mantém durante 3 ou 4 jogos. Isso ainda é mais difícil. Eu só dizia ‘vai-te embora’. Quando ele se foi embora acho que fui o que mais chorou”, recorda num tom bem disposto.

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O central confessa que o plantel e Amorim tinham uma “relação muito boa” e que ficou “triste” com a derrota do Manchester United na final da Liga Europa “porque ele merece tudo”.

Nesta conversa, Eduardo Quaresma recordou o golo frene ao Gil Vicente e confessa que se “arrepia” de cada vez que revisita o momento.

Sobre o bicampeonato, o central admite que há “naturalidade” neste Sporting em festa.

“O Sporting não ganhou durante 19 anos, mas nestes últimos cinco temos incutido no clube uma cultura ganhadora. É com alguma naturalidade, claro que estou muito feliz. Ganhei todos os campeonatos que disputei”, admite.

Sobre mercado e a eventual saída de Viktor Gyokeres, Eduardo Quaresma não se mostra muito seguro de que o sueco continue. “Não sei se o vamos perder. Ainda não se sabe. Eu acredito que sim, mas pronto. É difícil porque pontas-de-lança como ele há muito poucos”, lamenta.

Vila do Conde investe um milhão de euros na zona ribeirinha da cidade

A Câmara de Vila do Conde, distrito do Porto, vai investir um milhão de euros na reabilitação do muro e pavimentos adjacentes da Praça da República, na margem sul do rio Ave, na zona ribeirinha da cidade.

A intervenção, aprovada na quarta-feira em reunião de Câmara, e que vai avançar para concurso público, visa resolver os problemas estruturais provocados pela erosão do rio Ave e pelo escoamento de águas pluviais, que têm causado deslocamentos nos blocos de pedra e afundamentos nos pavimentos, representando riscos para a segurança e utilização do espaço público. Segundo a autarquia, a obra prevê “o reforço das fundações, a construção de um novo muro de suporte, a reabilitação da rede de drenagem pluvial e a substituição integral dos pavimentos afetados”.

O objetivo passa por “garantir a estabilidade da frente urbana e valorizar um dos locais mais emblemáticos da cidade”. “Esta é uma intervenção há muito necessária, mas que, pelas suas características específicas e complexidade, teve de ser cuidadosamente preparada. Conjuga rigor técnico com respeito pelo património”, afirmou o presidente da Câmara de Vila do Conde, Vítor Costa, numa nota enviada à agência Lusa.

A intervenção será promovida pela Câmara Municipal, apesar de a zona estar sob jurisdição da Docapesca, e para tal foi elaborado um projeto com base em levantamentos técnicos realizados em diferentes fases da maré, bem como estudos geotécnicos, tendo em conta a complexidade hidráulica da obra. Foram também consultadas entidades como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a Infraestruturas de Portugal (IP), a Docapesca e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

O projeto de execução contou com a colaboração do Instituto para a Construção Sustentável da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que elaborou um parecer técnico sobre a viabilidade da solução a implementar. Além dos aspetos estruturais, o projeto inclui arranjos exteriores e a renovação do espaço público. O prazo de execução previsto é de 240 dias após o início dos trabalhos.

Prejuízos da EasyJet chegam aos 344 milhões de euros no 1.º semestre do ano fiscal

A companhia aérea de baixo custo EasyJet registou prejuízos de 292 milhões de libras (344 milhões de euros) nos seis meses do seu ano fiscal, mas está confiante em gerar lucros devido à forte procura por viagens neste verão. Este prejuízo é 13,1% maior do que as perdas da companhia aérea no mesmo período do ano passado, de acordo com um comunicado enviado nesta quinta-feira à Bolsa de Valores de Londres.

Nos primeiros seis meses do ano fiscal da EasyJet, até 31 de março, os prejuízos antes de impostos foram de 394 milhões de libras (464 milhões de euros), um aumento de 11,1% em comparação com o período homólogo. Os prejuízos operacionais chegaram aos 369 milhões de libras (435 milhões de euros), um aumento de 7,8%, enquanto a receita ficou em 3.534 milhões de libras (4.170 milhões de euros), um aumento de 8,1%.

A EasyJet transportou 18,2 milhões de passageiros no primeiro trimestre do ano, um aumento de 8% em comparação com os primeiros três meses do ano passado, refere o comunicado. O presidente executivo da companhia aérea, Kenton Jarvis, reagiu, afirmando que está a registar uma “forte procura por voos e férias da EasyJet”, à medida que a companhia aérea consegue atrair mais clientes devido “às ótimas tarifas, excelente serviço e rede de destinos incomparável”. “Estamos a cumprir com sucesso a nossa estratégia de aumentar a eficiência e melhorar a experiência do cliente, tanto em voo quanto no solo”, acrescentou.

“Continuamos focados em atingir outro verão recorde este ano e esperamos impulsionar um forte crescimento dos lucros à medida que avançamos em direção à nossa meta de gerar de forma sustentável mais de 1.000 milhões de libras (1.180 milhões de euros) de lucro anual antes dos impostos”, acrescentou.

Os principais filmes da semana para ir ver ao Cinema

“Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final” é a grande estreia desta quinta-feira nas salas de Cinema portuguesas. O filme é o oitavo e, possivelmente, o último da saga de ação e espionagem protagonizada por Tom Cruise.

Após escaparem de um violento acidente de comboio, Ethan Hunt e a sua equipa continuam a enfrentar o maior adversário de sempre: a Entidade, uma inteligência artificial implacável e manipuladora, capaz de alterar o mundo tal como o conhecemos. Os seus companheiros da IMF, Luther (Ving Rhames), Benji (Simon Pegg) e Grace (Hayley Atwell),y enfrentam um futuro incerto.

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O filme conta com várias sequências de ação, humor e tensão que a saga já nos habituou. O destaque vai para uma cena debaixo de água e o clímax em que Tom Cruise se pendurou no ar em duas avionetas diferentes.

Esta quinta-feira o podcast “Watch Party” falou com o duplo David Chan Cordeiro para perceber melhor como é que as acrobacias dos filmes “Missão Impossível” são feitas.

O outro grande destaque vai para “Lilo e Stitch”, o remake oficial do clássico de animação da Disney.

A história é semelhante à original. Lilo é uma a rapariga havaiana solitária que adota um extraterrestre fugitivo a pensar que é um cão. Stitch vai ajudar a criança consertar a sua família desfeita.

Como já é habitual nos remakes da Disney, o filme é feito em imagem real com atores de carne e osso, com a exceção de Stitch e outros extraterrestes que são feitos com efeitos especiais a computador.

“Lilo e Stitch” sai esta quinta-feira em duas versões: a voz original e a versão dobrada em português.

Fora dos blockbusters, destaque para um drama chinês que tem causado grande furor pela Europa. “Breve História de Uma Família” retrata o desassossego que irrompe quando um novo membro se infiltra numa família chinesa após o fim da antiga política do filho único.

Wei é um rapaz extrovertido com uma paixão pela esgrima. Vem de uma família de classe média e sente-se sufocado por não corresponder às expectativas dos pais. Um dia, conhece Shuo, o seu total oposto: introvertido, dedicado aos estudos e com uma vida familiar complicada.

Quando Wei convida Shuo para ir a sua casa, a presença do amigo torna-se habitual no seio familiar. Os pais de Wei veem em Shuo o protótipo do filho ideal, que sempre desejaram. Mas nada é o que aparenta neste filme que tem muito mais mistério do que se pode pensar.

Nem todas as superfícies de cinema têm exibições dos mesmos filmes. Os horários e as sessões disponíveis ao longo da semana têm de ser consultados nas respetivas plataformas e bilheteiras.

“Desculpa, mas vais ter de perguntar” com Eduardo Quaresma

As Três Da Manhã

22 mai, 2025 – 10:05

Eduardo Quaresma não escapou às perguntas mais inusitadas da Ana, da Joana e da Inês. De visita ao programa, o bicampeão do Sporting respondeu a questões sobre colegas de equipa, a namorada e até o ex-treinador do clube, Ruben Amorim.

Recluso dos Açores que foi encontrado com sinais de hipotermia já foi transferido para clínica de psiquiatria

O recluso que no dia 26 de Abril foi encontrado no Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, Açores, com sinais de hipotermia, depois de ter sido colocado em isolamento apenas com a roupa interior e dois cobertores, já foi transferido para a Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental anexa ao Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo, no Porto. Está ali internado desde 12 de Maio, diz a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais em resposta a questões do PÚBLICO.

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O novo Air Force One é do Qatar. Constituição dos EUA proíbe este presente

Constituição proíbe funcionários de aceitarem presentes “de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro”. Mas este Boeing 747 vem da família real. O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, aceitou a oferta de um Boeing 747 do Qatar para uso do Presidente Donald Trump como ‘Air Force One‘, informou o Pentágono, ignorando acusações de corrupção da oposição democrata. O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, disse que o avião foi aceite “de acordo com todas as regras e regulamentos federais” e que o departamento “trabalhará para garantir medidas de segurança adequadas” na aeronave para torná-la segura para uso pelo Presidente. A doação,

Estudo em Portugal determina que flores estão na Terra há 123 milhões de anos

Investigadores identificaram o pólen mais antigo produzido pelas eudicotiledóneas, o maior grupo de plantas com flor, em depósitos sedimentares em Portugal datados de há 123 milhões de anos.

Ulrich Heimhofer do Instituto LUH de Ciências do Sistema Terrestre (Universidade Leibniz de Hannover) e Julia Gravendyck do Instituto de Biologia Organísmica da Universidade de Bona, na Alemanha, juntamente com a sua equipa, identificaram o pólen fossilizado de angiospérmicas em sedimentos marinhos costeiros depositados na Bacia Lusitânica de Portugal, uma bacia sedimentar que se localiza na margem ocidental da placa ibérica.

Ainda não se sabe ao certo como se desenvolveram as plantas com flor, nem a partir de que plantas. No entanto, o que é considerado um facto é que as angiospérmicas tiveram um impacto duradouro no desenvolvimento da vida no planeta, ao enriquecerem significativamente a diversidade de espécies terrestres, noticiou na quarta-feira a agência Europa Press.

“O aparecimento de plantas com flores alterou significativamente a diversidade biológica”, sublinhou Heimhofer, citado num comunicado. “Mas exatamente onde e quando este desenvolvimento começou é um mistério que Darwin já chamava de ‘mistério abominável’”, acrescentou Gravendyck.

Ainda não é claro qual a influência que os processos tectónicos de placas e as alterações climáticas em larga escala tiveram como possíveis impulsionadores do desenvolvimento das angiospérmicas.

Os grãos de pólen examinados provêm de camadas sedimentares depositadas num oceano pouco profundo há mais de 100 milhões de anos. Rios transportando material vegetal, bem como grãos de pólen, fluíam para este corpo de água.

Para detetar pólen específico nas amostras de sedimentos, a equipa de investigação utilizou primeiro o sinal de fluorescência intensa do pólen das angiospérmicas, um grupo raro. Utilizando microscopia de varrimento laser de alta resolução, quatro microfósseis individuais foram identificados como grãos de pólen tricolpados.

O termo “tricolpado” refere-se à morfologia dos grãos, que apresentam três pequenos sulcos na sua parede externa. Atualmente, aproximadamente 72% das espécies de angiospérmicas vivas produzem pólen tricolpado.

Com base na sua configuração tricolpada característica, os grãos foram classificados como originários de plantas com flor.

Conchas fossilizadas da mesma camada de sedimento foram também examinadas através de análise de isótopos de estrôncio. As conchas, constituídas por carbonato de cálcio, armazenam a assinatura química da água do mar no momento da sua formação.

Consequentemente, a assinatura isotópica de estrôncio da água do mar circundante também é registada na concha. Isto pode ser comparado com as curvas de referência existentes para a datação da formação de conchas.

As idades determinadas desta forma para sedimentos marinhos pouco profundos são muito mais precisas do que a datação convencional utilizando fósseis.

Ao combinar a datação isotópica de estrôncio de conchas fossilizadas com informação bioestratigráfica, os investigadores não só anteciparam o aparecimento mais antigo conhecido do pólen tricolpado em aproximadamente dois milhões de anos, como também forneceram a evidência mais precisa e fiável para o primeiro aparecimento de plantas com flores eudicotiledóneas.

A posição paleogeográfica da Bacia Lusitânica sugere que as primeiras formas de angiospérmicas, que se pensa terem-se desenvolvido nos trópicos, eram possivelmente mais comuns nas latitudes médias do que se acreditava anteriormente.

Na perspetiva da equipa de investigação, a nova abordagem pode servir de modelo para melhorar a datação dos restos de plantas fossilizadas e permitir uma melhor compreensão das origens e diversificação das angiospérmicas.

Roberto Martínez: Portugal merece muito melhor

Adornar, alindar, enfeitar, decorar, ornamentar. Além de sinónimos na 1.ª conjugação, são verbos que tanto se poderiam referir a bonsais como a Roberto Martínez. Isto porque Roberto Martínez está para a seleção como os bonsais estão para as salas de estar. Não servem para nada a não ser para fazer o que fazem todos estes verbos.

O problema é que Martínez , no caso de ser uma espécie de bonsai, padece de uma manifestação mais ou menos outonal: a folha está, digamos, caduca; e não há ramos, nem terra com vestígios de vida a nascer. É um bonsai detido pelo vento da irrelevância, que já não é capaz de assegurar a sua única (e prescindível) função. Resta saber se a própria irrelevância deste bonsai ainda se cumpre.

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Filosoficamente falando, um bonsai moribundo continua a ser um bonsai? Um bonsai em agonia serve o propósito de enfeitar aquele T1 ou, antes pelo contrário, desfigura-o? Um bonsai desfalecido não contraria todas as teorias do feng shui? É que o bom senso diz-me que não há coisa pior do que uma planta que nem para ser planta serve. Porque toda a gente sabe o que se deve fazer às plantas mortas.

O bonsai que por mero acaso se senta no lugar de treinador da seleção nacional portuguesa encontra-se nesse cadavérico estado: murcho, estendido no chão pisado, e nem uma frota inteira de bombeiros voluntários a sugar toda a água do Tejo é capaz de o salvar.

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Os bonsais vulgares exigem cuidado, carinho e atenção. Este não é apenas um bonsai raro. É um bonsai que já não precisa de nenhuma destas simpatias. Não vale a pena gastar tempo, paciência e dinheiro numa inútil manutenção, quanto mais água, esse bem precioso que tanto escasseia quando é mais preciso. É claro que há uma pergunta anterior a todas estas basilares questões de primeiro mundo a que me proponho responder: será que o bonsai de que falo alguma vez enfeitou?

Desconfio que não, mas a minha tolerância e bondade levam-me a imaginar que há quem se tenha deixado iludir. Todavia, ao dia de hoje, considerar que reúne condições para continuar pousado no banco da seleção é, no mínimo, um caso de dissonância cognitiva ou desajuste da realidade. E isso cura-se. Há imensas opções na farmácia.

Não se trata apenas de títulos. Ou falta deles. Antes fosse. Portugal, desde que Martínez assumiu o comando técnico, continua a praticar um futebol pobre, parco de ideias e irrelevante. Continua – infelizmente – a desperdiçar uma geração invulgarmente talentosa. Continua fechado aos mesmos de sempre quando os mesmos de sempre não mostram rendimento jogo após jogo. Continua a alimentar a ditadura dos estatutos.

Além disso, continua refém – e com ele a nossa seleção – do estrelato fora do prazo de Cristiano Ronaldo. E não me parece que Martínez seja o treinador para dizer “basta”, para ceder corajosamente à realidade inevitável de que se Portugal tem o melhor do mundo, já não é CR7, e depender dele como dependem as igrejas de Nosso Senhor Jesus Cristo, da sua omnipresença indiscutível, para resolver todos os problemas da nação é apenas ridículo, à falta de melhor palavra.

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E sejamos sinceros: Ronaldo não aceita ser apenas mais um entre tantos. Tem de jogar nos melhores jogos, ser protagonista. Mas até o Tom Cruise um dia precisará de duplos.

Diante deste cenário medíocre, em que muitos evitam olhar ou fingem não ver como um acidente na autoestrada, o que nos diz Martínez , sorridente e otimista, em língua portuguesa? Que o arco-íris continua a brilhar na terra-do-nunca, que a Alice vai voltar ao País das Maravilhas que é Caxias, que o Saint Exupéry se inspirou no bom samaritano da Cidade do Futebol para escrever o Principezinho. Isto é: está tudo bem.

Portugal está no bom caminho, os jogadores têm sido fantásticos e a crítica – essa malvada antipatriota – está, acima de tudo, a ser injusta com a pátria. Mas Martínez poderia apenas ser incompetente. Faz parte, e com esse pormenor os portugueses teriam de lidar com serenidade até o inevitável vir ao de cima. Contudo, não é o caso.

Martínez não é apenas um corriqueiro incompetente, como outros que para aí andam. Martínez é o menino querido das professoras, o santo que põe os colegas na rua, que aponta o dedo ao pecado alheio, que lança feitiços dissimulados de abertura, simpatia e uma invulgar conduta colaborativa. A contradição parece ser o lema que exibe orgulhoso nas conferências de imprensa, e, movido por alguma desonestidade intelectual e desculpas esfarrapadas, às perguntas – digamos, mais diretas – responde quase sempre com um balde atulhado de areia para os olhos.

Quem não se lembra dos casos do Trincão – que o salvou de um despedimento –, do desperdício do Vitinha no Euro, da lesão crónica do Tomás Araújo ou no facto de, pura e simplesmente, continuar a ignorar Gonçalo Ramos? E o Quenda, que foi passar umas férias à seleção? Contudo, para mim, o melhor bit continua a ser aquele em que, movido por um espírito indomável de falta de bom senso, se referiu a si próprio como o brilhante e genial autor da dupla de médios do PSG, Vitinha e João Neves.

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Martínez teve sempre nas mãos a oportunidade de esconder todos estes defeitos mais danosos do que a incompetência, em vez das justificações e contradições constantes a que nos sujeita. Tinha duas hipóteses: não ser intelectualmente desonesto, que era a opção mais sensata, ou sacar da sua mais que legítima autoridade: “eu é que sou o treinador, prefiro estes jogadores a outros e eu é que decido”. Ponto final parágrafo. Mas não. Preferiu sempre caminhos movediços, abastados de falsos fundamentos, muito mais suscetíveis aos erros, às mentiras e, assim, às críticas.

Ficar aquém é manifestamente irritante. Portugal está num patamar que não corresponde à qualidade que aporta. Tinha (e tem) condições para ser muito melhor. A FPF ainda vai a tempo de não adiar uma geração. O que não faz sentido é adiar uma decisão inevitável: a de despedir Roberto Martínez. Ou como gostam de dizer os dirigentes desportivos: a de celebrar um mútuo acordo.

Não há títulos ou argumentos desportivos que justifiquem a permanência de um treinador que não tem mais para dar (mesmo que se ganhe a Liga das Nações). Então, o que o segura no cargo? A cláusula de rescisão, a teimosia ou famoso timing – que é uma espécie de bonsai discursivo quando não há nada mais para dizer? Isto porque Martínez é dos selecionadores mais bem pagos do mundo. E até agora não fez nada para que digamos “ele merece”.

É certo que não há treinadores perfeitos. Nenhum, pelo menos nenhum dos que vivem neste planeta, cumpre com todos os requisitos rumo à perfeição. E esta visão que trago relativamente a Martínez talvez seja hiperbólica. Ele não é assim tão mau treinador. Mas também não é bom. E a seleção portuguesa reúne todas as condições para ter um treinador que esteja minimamente à altura da qualidade do plantel e da dimensão que a FPF, com mérito, atingiu. Por isso, está na altura de mudar. Ou melhor, de corrigir a tempo o mal que se causou, contratando, evidentemente, José Mourinho.

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