O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais, diz que o apagão já está a ter consequências nas cadeias portuguesas, porque nem todos os geradores arrancaram quando se deu o apagão. Mas o principal problema, assinala, pode vir a ser a alimentação dos reclusos, uma vez que a falta de energia pode comprometer a confecção das refeições.

Segundo informações apuradas pelo dirigente sindical, registaram-se anomalias em pelo menos três estabelecimentos prisionais: “O gerador da cadeia da Guarda, à hora de almoço, já não funcionava. O da Carregueira nem chegou a conseguir arrancar e o de Setúbal também não”. Por isso, explica, não se sabe bem como vão ser confeccionados os jantares desta noite na Carregueira, onde existe uma cozinha. Já Setúbal é uma empresa externa a fornecer as refeições. E recorda que na Carregueira o gerador é alimentado por painéis fotovoltaicos, no âmbito de um projecto de eficiência energética que custou muitos milhares de euros.

“A situação hoje está um caos, porque não temos orientações de como agir no caso de surgirem problemas”, lamenta. E, por uma vez, a falta de renovação das cadeias portuguesas pode tornar-se uma vantagem em termos de segurança: as celas são fechadas à moda antiga, com chave, enquanto o mecanismo dos portões dos estabelecimentos prisionais é operável em modo manual. “Para já o problema não é a segurança, é a alimentação”, garante o sindicalista.

O PÚBLICO questionou a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais sobre que problemas estão a registar-se nas cadeias devido ao “apagão” de energia eléctrica e ainda aguarda resposta.

O Ministério da Justiça disse à Lusa que, se for necessário, “será reforçada a segurança no sistema prisional”, acrescentando que o esquadrão do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GISP), o grupo de operações especiais do Corpo da Guarda Prisional, “está já de prevenção”.

O PÚBLICO oferece de forma gratuita os conteúdos sobre o apagão geral. Se quiser apoiar o nosso jornalismo assine aqui

As causas do apagão que fez com que a Península Ibérica, e uma parte de França, ficasse sem luz nesta segunda-feira a partir das 11h30 continuam por esclarecer. Neste artigo, resumimos o pouco que se sabe sobre o assunto a meio da tarde. As gestoras das redes eléctricas de Portugal e de Espanha anunciaram que a situação poderá ser reposta nas próximas horas (entre seis a dez, caso espanhol).

• Um “apagão geral” que começou pelas 11h30 deixou Portugal sem electricidade, afectando o funcionamento normal de aeroportos, telecomunicações, hospitais, bancos, transportes e outros serviços. Madeira e Açores não estão a ser afectados;
• A REN – Redes Energéticas Nacionais confirmou um corte maciço no abastecimento eléctrico em toda a Península Ibérica e parte do território francês e avançou que estão a ser activados os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia. A E-Redes disse que está a trabalhar na reposição da rede de electricidade, em alinhamento com Espanha, mas sem previsão de quando poderá ser restabelecido o fornecimento;
• O Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, apelou para que as pessoas mantenham a tranquilidade e adiantou que ainda não são conhecidas as causas da falha de electricidade;
• O INEM apelou que se use o 112 apenas em caso de emergência. A PSP pediu cautela extra na estrada devido às falhas nos semáforos;
• Circulam, nas redes sociais e em aplicação de mensagens, informações falsas sobre o apagão. Uma notícia assinada pela CNN em Bruxelas, que começou a circular pouco depois do início do apagão, dando conta que as “agências de cibersegurança da União Europeia apontaram os grupos russos apoiados pelo Estado como os principais suspeitos por detrás das perturbações generalizadas” com a electricidade é falsa;
• A Comissão Europeia disse estar em contacto com as autoridades de Portugal e Espanha e com a rede europeia de operadores para compreender a causa e o impacto do corte maciço no abastecimento eléctrico na Península Ibérica;
• Restaurar a energia em Espanha pode demorar entre seis a dez horas, de acordo com a informação da operadora eléctrica do país citada pela Reuters;
• Antes de iniciar uma visita de trabalho à REN, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse aos jornalistas que tem a expectativa de que a situação seja restabelecida “ainda hoje”;
• A EPAL emitiu um comunicado a avisar que pode haver interrupções no fornecimento de água.