SNS 24: “Erro humano” no atendimento de grávida que deu à luz na rua


Foi detetado um “erro humano” no atendimento da Linha SNS 24 no caso da grávida que deu à luz numa rua do Carregado, no distrito de Lisboa.
A conclusão consta de um relatório preliminar foi divulgado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), em comunicado enviado à Renascença.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
“De acordo com averiguação preliminar solicitada pela SPMS ao operador privado da Linha SNS 24, existiu um erro humano na aplicação do algoritmo de triagem e no encaminhamento, levando a que a chamada não tivesse sido transferida para o INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica”, indica a nota.
A SPMS lamenta o caso e “reafirma o seu empenho e compromisso na melhoria contínua dos serviços prestados pela Linha SNS 24”.
O caso acontecei na segunda-feira. O comunicado do SPMS adianta que a utente telefonou para a “Linha SNS Grávida”, às 10h16, de 11 de agosto, e que “a chamada foi atendida, por um enfermeiro, no espaço de 17 segundos”.
O processo de triagem durou cerca de 4 minutos, tendo a grávida sido encaminhada para o Serviço de Urgência Obstétrico disponível, que na altura era o Hospital Beatriz Ângelo – Loures, detalham os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.
“Acho que chegou o momento de dizer ‘Basta'”
Em declarações à Renascença antes de serem conhecido relatório preliminar, o presidente da comissão criada para a reorganização das urgências de obstetrícia, Alberto Caldas Afonso, responsabilizava a Linha SNS24 pelo caso da grávida que teve o bebé na rua.
“Neste caso em concreto, para mim – a ser verdade a informação que tenho – há claramente uma má orientação por parte da Linha SNS 24”, afirmou em declarações à Renascença.
Alberto Caldas Afonso explica que a triagem feita pela Linha SNS 24 é essencial para garantir uma resposta segura e eficaz às grávidas e recém-nascidos.
“A linha tem que responder em tempo útil, a linha tem que interpretar claramente os algoritmos e, assim sendo feito, nós somos capazes de dar uma resposta eficaz e segura. Infelizmente, aquilo que me parece é que isso não está a acontecer”, continuou.
Do seu ponto de vista, “as pessoas que têm responsabilidades diretas da linha não estão a fazer o seu papel”.
“Eu acho que chegou o momento de dizer ‘Basta’! Quem tem as responsabilidades da linha SNS 24 não está à altura. É a leitura que eu faço sobre isto”, concluiu.
“Mandaram-nos ir de carro”
Ao jornal Correio da Manhã, a mãe da grávida diz ter ligado para a linha de Saúde 24, mas o parto acabou por acontecer antes que chegasse a ambulância.
“Liguei para a linha da Saúde 24 para mandarem uma ambulância, mandaram-nos ir de carro, disseram que era melhor. Telefonei, então, para o 112 a pedir ajuda, mas demoraram imenso tempo a atender. Falaram em inglês, eu já não estava a perceber nada”, explicou Isabel Moreira.
As contrações intensificaram-se e os pais da grávida de 28 anos — que era seguida no Centro de Saúde de Alenquer — tiveram de lhe fazer o parto no passeio. “Quando percebemos, ela já estava com a menina quase de fora. Então fui eu e o pai que fizemos o parto.”