“Não gastes tudo em vinho!”

Andaram todos na escola secundária, mas há amigos e conhecidos dos meus filhos que frequentaram o “liceu”. A verem-se de ano a ano, nesta altura de férias, uma delas comentava que encontrara uma professora do “liceu”, mais aquela amiga do “liceu”, e eu estive quase, quase, para lhe dizer: “No liceu andaram os teus avós, se é que pertenciam a uma classe privilegiada e puderam fazer mais do que a 4.ª classe…” Ia dizê-lo de forma ríspida porque a conversa já ia longa e começara com “eu tive bebé no privado porque assim o pai passou lá a noite, eu sei que me mandariam para o público se as coisas se complicassem, mas temos seguro e as condições eram melhores”, “eu acho que não faz qualquer sentido pagarmos tantos impostos”, “a M. está emigrada, está muto bem, tem uma casa óptima, não é a mesma coisa que esses imigrantes que vêm para aí, a dormir às dezenas no mesmo quarto”.

Os novos meninos dos liceus, ao contrário dos seus avós, são uns ignorantes, que desconhecem a história do seu país (por isso, estão dispostos a votar para a repetirmos), e das suas famílias (ou preferem ignorá-la porque “não é bem” comentar que a avó ia descalça para a escola); e se eles conseguiram ter um curso superior (esquecem-se das ambições dos pais, das oportunidades que estes lhes proporcionaram, dos sacrifícios que fizeram), todos conseguem. Se eles conseguem pagar um seguro de saúde, se vão conseguir pagar o colégio, para quê pagar impostos? Os outros que paguem, ignorando que os avós — que se fosse no “antigamente é que era bom” já tinham morrido —, nunca descontaram o suficiente e sorvem recursos em pensões de viuvez, cirurgias às ancas, tratamentos oncológicos, lares… Esquecem-se que viver em sociedade é sermos solidários com todos.

O nosso umbigo, estamos concentrados no nosso umbigo. Um pouco como Carmen Garcia, que esta semana volta ao tema da amamentação, para contestar o artigo de Lígia Morais, e para defender um ponto muito importante — todos as mães e pais deveriam ter mais tempo para os seus filhos, até mais tarde. Contudo, Carmen parte da premissa errada, que é a de retirar direitos a quem quer e pode dar de mamar depois dos dois anos. No início desta discussão — começada pelo Governo para estarmos há duas ou três semanas a discutir mamas, em vez de olharmos para os reais direitos que o Executivo quer tirar aos trabalhadores —, contava a cronista num podcast do Observador, que enquanto andava em consultas com um dos filhos (ela e o pai tinham dificuldades para conciliarem as suas vidas com os horários de trabalho), havia uma colega que tinha o horário reduzido por causa da amamentação e Carmen a encontrava no ginásio. A conclusão é a mesma que a da ministra e da sua ex-assessora: há prevaricadoras. 

Confesso que ouvi e achei engraçado porque me lembrei da Maria Filomena Mónica, há muitos anos, numa entrevista na rádio, a comentar como, no tempo dos liceus, as senhoras gostavam de ter os seus pobrezinhos, davam-lhes o que não queriam, as roupas que já não serviam aos maridos e aos meninos, algum dinheiro e diziam-lhes como o gastar — “não gastes tudo em vinho!”, conhecem esta expressão? Assim estava Carmen, a colega tinha direito a duas horas, possivelmente dava de mamar ao filho e ainda lhe sobrava tempo para ir ao ginásio, preferia fazê-lo a estar com o miúdo — eu preferia ficar com o meu filho porque não sou amiga do exercício físico… E então, que temos nós com isso?

“Não gastes tudo em vinho!” Porque a colega ia ao ginásio — o que estaria a contribuir para o seu bem-estar, o do filho e até para o regressar ao trabalho com mais energia e boa disposição —, vamos retirar o direito a amamentar a toda a gente? Não, vamos exigir, como a própria Carmen Garcia sugere, mais direitos para os pais. Vamos exigir que o país tenha mais políticas de apoio à família. Temos de exigir que a fiscalização funcione para que não haja casos como o da psicóloga que foi posta a trabalhar a 30 km de casa, quando disse à entidade empregadora que tencionava gozar a licença de amamentação — o PÚBLICO fez uma análise a decisões judiciais feitas em tribunais superiores e não descobriu mães prevaricadoras, mas sim, empresas públicas e privadas que não cumpriram a lei.

“Um país só é um país desenvolvido a sério, quando todas as crianças, desde o nascimento, até aos seis anos, tenham creches, infantários, educadores da pré-primária e professores. Só depois coloco os psicólogos. Numa das crónicas que fiz para a Caras, no início dos anos 1990, dizia que a gravidez é um problema político e continua a ser. Como se pode querer que as pessoas tenham mais filhos, se depois não lhes são dadas condições. Como é que uma creche e um infantário fecha às 15h? As crianças estão muitas horas nos telemóveis, pois estão, mas de quem é a culpa? Somos nós, como sociedade, que somos responsáveis por isso… Os pais não têm tempo para os filhos.”

Quem o diz é Isabel Leal, que criou o Serviço de Psicologia da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, é uma das precursoras da profissão no país e é reitora do ISPA. A jornalista Rita Caetano fez-lhe uma entrevista de vida e, a dada altura, pergunta-lhe se em temas como os direitos das mulheres não estaremos a regredir. “Não sei se há regressão, mas o mundo está complicado”, começa por responder. “Sim, há homens e mulheres muito saudosas, sobretudo, mulheres jovens. Portanto, é uma busca de um tempo perdido que de facto é imaginário, não existe, nunca existiu e não vai existir”, continua, acrescentando que não acha que seja um retrocesso, mas também não é uma evolução. “É uma nova linha que parte da insatisfação e, mais uma vez, de se não saber distinguir aquilo que são respostas que têm de ser dadas, no individual, daquilo que são respostas colectivas. As pessoas não são educadas para saber fazer isso e os partidos políticos genericamente não ajudam a distinguir o que é individual do que é colectivo. Pedirmos à sociedade para nos dar respostas individuais é absurdo.”

Isabel Leal reflecte ainda sobre a saúde mental, a importância que esta ganhou durante a pandemia — as pessoas, simultaneamente, deram-se conta de que existiam e que a existência humana é uma chatice e provoca desconforto” —, e sobre a solidão, sentida com maior acuidade pelos mais jovens — “se, por um lado, a modernidade criou esta dimensão da individualidade, por outro, no passado havia o sentimento do colectivo, que às vezes era maior do que a própria individualidade e não permitia que essa dimensão de solidão ganhasse. Agora, as pessoas, mesmo que estejam no colectivo, sentem-se sozinhas”.​

A importância do vivermos em sociedade e sermos solidários! Uma das causas, já sabemos, são os ecrãs e a forma como são usados. Esta semana, a Folha de S. Paulo falou com especialistas sobre a forma como os adolescentes estão a iniciar a sua vida sexual, tendo acesso a conteúdos pornográficos cada vez mais novos, muitas vezes antes dos 13 anos, e como estes contribuem para que tenham noções erradas sobre o relacionamento sexual, sobre o que é o consentimento, acabando por não ter relações saudáveis. Também do Brasil chega o youtuber Felca que gravou um vídeo longo, para os parâmetros actuais, sobre a adultização das crianças, quando estas são sexualizadas e exploradas nas redes sociais por adultos — um fenómeno para o qual podemos contribuir enquanto pais quando inocentemente partilhamos imagens dos nossos filhos e podem ser vistas por pedófilos.

Quem aparenta ter uma relação saudável é Taylor Swift e Travis Kelce. A cantora foi ao podcast do namorado e do irmão do namorado, são duas horas, para anunciar o novo álbum, falar do caso dos álbuns anteriores, a sua digressão e a relação do casal. É engraçado perceber como Kelce está bem com o sucesso de Swift, como não se sente ameaçado por tudo o que ela representa, como é um homem resolvido. Porque são muitos os homens (não todos, eu sei) que têm imensa dificuldade em viver com o sucesso das mulheres.

Não escrevemos, mas esta semana, um deles apareceu à superfície, chama-se David Justice, ex-jogador de beisebol, casado com a actriz Halle Berry, entre 1993 e 1997, e que veio a público dizer que uma das razões para o divórcio foi que na sua cabeça uma mulher deve cozinhar e limpar, e se queria ter filhos com a artista, não dava, uma vez que “ela não cozinha, não limpa, não parece realmente maternal” — o idiota à espera que uma mulher, que foi a primeira mulher negra a conquistar o Óscar de Melhor Actriz, que ganha milhões, viesse para casa limpar e cozinhar para ele porque é essa a função das mulheres, tratar dos homens, continuar a infantilizá-los e a alimentar-lhes estômago e o ego.

Outra mulher que se destaca esta semana, além de Madonna que pediu ao Papa para ir a Gaza, é a princesa Ana, que celebrou 75 anos, na sexta-feira. A Inês Duarte de Freitas reuniu cinco coisas a saber sobre a irmã de Carlos III, que ao contrário do rei ou do irmão André, não foi grande motivo de escândalos e continua a ser a mais trabalhadora da família.

Em tempo de férias, a Inês Duarte de Freitas foi a dez clubes de leitura de dez celebridades, a maioria mulheres, e junta as suas últimas sugestões de leitura. Já a Rita Pimenta regressou das suas férias (para quem se apercebeu do interregno do Letra Pequena) e traz um livro para os mais novos, assim como a Sílvia Pereira também propõe saídas em família. Se os miúdos estão com energia a mais e não sabe o que fazer (até porque não está assim tão habituado a estar tanto tempo com eles…), a psicóloga Catarina Perpétuo escreveu um livro e tem alguns conselhos a dar.

E termino esta já longa newsletter com mais uma declaração de Isabel Leal, que nos traz alguma esperança. Diz a investigadora: “O mundo sempre foi complicado. E, portanto, estar a dizer que o nosso mundo é pior do que há 40 ou 50 anos, mesmo com todas estas bagunçadas que estamos a viver e a assistir, não é verdade. Eventualmente, hoje, as pessoas estão mais conscientes.”

Que saibamos usar bem a nossa consciência!

Boa semana!

Em Albano, Papa pede para derrubar muros e preconceitos: “cada um é dom para os outros”

“O fogo de Jesus não é o fogo das armas, nem o das palavras que queimam os outros, mas é o fogo do amor que se inclina e serve, que opõe à indiferença o cuidado e à prepotência a mansidão”, disse o Papa esta manhã, em Albano.

O fogo da bondade não tem custos como as armas, mas renova o mundo gratuitamente. Pode custar incompreensão, escárnio e até perseguição, mas não há paz maior do que ter dentro de si a sua chama”, acrescentou.

Leão XIV celebrou missa no Santuário de Santa Maria della Rotonda, na presença de uma centena de fiéis e pobres assistidos pela Cáritas local.

“Encorajo-vos a não fazer distinção entre quem assiste e quem é assistido, entre quem parece dar e quem parece receber, entre quem parece pobre e quem sente que oferece tempo, competências e ajuda”, disse o Papa, recordando que todos são preciosos e cada um é um dom para os outros. Por isso, “derrubemos os muros”.

Leão XIV agradeceu aos que trabalham nas comunidades cristãs para facilitar o encontro entre pessoas diferentes devido à sua origem, situação económica, psíquica e afetiva e sublinhou que também o mais frágil deve participas com plena dignidade.

”Isto acontece quando o fogo que Jesus veio trazer queima os preconceitos, as prudências e os medos que ainda marginalizam aqueles que levam escrita a pobreza de Cristo na sua história. Não deixemos o Senhor fora das nossas igrejas, das nossas casas e da nossa vida. Em vez disso, deixemo-Lo entrar nos pobres e, então, faremos as pazes também com a nossa pobreza, aquela que tememos e negamos quando buscamos a todo custo tranquilidade e segurança”, pediu o Papa.

Caramulo Sprint adia para outubro prova de automobilismo devido aos incêndios

O Caramulo Sprint, uma prova de ciclismo agendada para o próximo fim de semana, foi adiado para outubro devido aos incêndios, devido a ser uma prova de montanha.

“Considerando o estado de alerta de risco de incêndio em que o país se tem mantido nas últimas semanas e que a prova se desenvolve numa área de floresta, foi entendimento unânime das diversas entidades e organismos que neste momento não é passível garantir a reunião de todos os meios de segurança e prevenção necessários para a realização do evento em 23 e 24 de agosto”, anunciou.

Numa nota de imprensa enviada à agência Lusa, a organização diz que, desta forma, “não resta alternativa senão adiar o Caramulo Sprint 2025 para o próximo mês de outubro, em data a confirmar”.

“Ainda que uma decisão destas, numa data já tão próxima da prova acarrete diversos constrangimentos à organização, de forma alguma podemos colocar em risco a segurança das pessoas e da nossa floresta, que tão fustigada tem sido neste verão”, justificou.

A Caramulo Sprint iria decorrer no próximo fim de semana, na sua primeira edição, que é candidata ao Campeonato de Portugal de Montanha, disse à agência Lusa um dos responsáveis, Nuno Pinto.

A prova irá decorrer na serra do Caramulo, concelho de Tondela, distrito de Viseu.

Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração de situação de alerta, em vigor até domingo.

Os fogos provocaram um morto e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

Um morto e quatro feridos em despiste na Quinta do Anjo em Palmela

Um homem, de 36 anos, morreu e quatro jovens ficaram feridos no despiste do automóvel em que seguiam, na madrugada deste domingo, na Quinta do Anjo, concelho de Palmela, distrito de Setúbal, revelaram GNR e Proteção Civil.

Fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Península de Setúbal explicou à agência Lusa que o despiste do veículo ligeiro de passageiros aconteceu na Estrada Municipal 1029 (EM1029), na Quinta do Anjo, freguesia do concelho de Palmela.

A mesma fonte indicou que o acidente provocou uma vítima, transportada para os serviços de medicina legal do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, e quatro feridos, dois graves e dois ligeiros, levados para o Hospital de São José, em Lisboa.

Já fonte do Comando Territorial de Setúbal da GNR, igualmente contactada pela Lusa, precisou que a vítima mortal é “um homem, de 36 anos”. Os quatro feridos “também são todos homens”, acrescentou a GNR, especificando que os graves “têm 22 e 23 anos” e os ligeiros “22 e 25 anos”.

Para o local do despiste, foram mobilizados mais de 20 operacionais, apoiados por 10 veículos, dos bombeiros, GNR e Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), nomeadamente com a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) de Setúbal.

A investigação relacionada com sinistro está entregue ao Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação (NICAV) de Setúbal da GNR.

José Ferreirinha considera “natural” ginasta Rebeca Andrade deixar prova de solo

O ex-treinador de ginástica artística José Ferreirinha considerou este domingo “natural” que a brasileira Rebeca Andrade tenha abdicado das competições de solo, disciplina em que é campeã olímpica, devido ao impacto dos movimentos no corpo.

No ativo entre 1984 e 2024, ano em que acompanhou a pupila Filipa Martins em Paris rumo à uma inédita final lusa no concurso completo dos Jogos Olímpicos, o antigo técnico vinca que os impactos físicos das manobras de solo “representam 18 a 20 vezes o peso do corpo dos atletas”, o que tem consequências numa atleta que contabiliza cinco operações aos joelhos, aos 26 anos.

“Vi [a decisão] com muita naturalidade. Não é uma ginasta nova. Não é velha, mas também não é nova. (…) O solo, para quem tem lesões nos membros inferiores, é um aparelho violentíssimo. Compreendo muito bem a decisão. Excluir o solo, um aparelho que a massacra muito, parece-me natural”, refere, em declarações à Lusa.

Natural de São Paulo, Rebeca Andrade confirmou a decisão na quarta-feira, relativa a uma competição na qual superou a reconhecida norte-americana Simone Biles em Paris2024, Jogos Olímpicos em que conquistou ainda a prata no salto e no concurso geral individual, bem como o bronze por equipas, disciplinas em que vai continuar a participar.

“De cada vez que fazia um treino em situação standard, [a Rebeca Andrade] tinha de ficar dois ou três dias sem usar os pés ou as pernas, o que é complicado para uma atleta de elite, medalhada. Ela continua a ter três aparelhos em que é muito boa, com possibilidade de medalhas. Para não ter de deixar tudo, deixar apenas o solo não me parece nada mal”, acrescenta.

O ainda professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro recorda, a título de exemplo, o tempo passado com Filipa Martins, ginasta que terminou a carreira em 2024, aos 28 anos, com cinco operações aos tornozelos em mais de uma década de treino e competição.

“Nos últimos três anos, foi muito complicado gerir. Ela já tinha problemas nos tornozelos. Competiu em Tóquio2020 com alguma dificuldade, a treinar muito pouco o solo, por causa dessa dificuldade. Em 2022, fez nova cirurgia, porque continuava com problemas. Ver o dia-a-dia de treino de uma ginasta com essas mazelas não é nada fácil. É difícil para ela, mas para o treinador também”, esclarece.

José Ferreirinha lembra, aliás, que, em Paris2024, na terceira presença olímpica de Filipa Martins, a portuguesa foi incapaz de recuperar completamente entre a qualificação, em que foi 18.ª classificada, e a final, onde “competiu com os pés inchados” e foi 20.ª.

Além da confirmação de que Rebeca Andrade abandonou em definitivo o solo, o treinador Francisco Porath adiantou, na quarta-feira, que a brasileira não vai competir neste ano, ausentando-se do Campeonato do Mundo, em Jacarta, na Indonésia, marcado para outubro, antes de voltar ao ativo em 2026 para começar a preparar Los Angeles2028.

O antigo treinador de Boavista, Sport Clube do Porto, Castêlo da Maia e Acro Clube da Maia também vê a pausa de Rebeca Andrade com naturalidade, vincando que essa postura pode contribuir para reforçar o paradigma de “aumento da longevidade” entre as ginastas, havendo exemplos de quem consegue competir a “bom nível” aos 28 anos.

“Depois de um ciclo olímpico muito bem-sucedido, parece-me natural uma pausa. Tem margem para fazer isso. Em nome da longevidade desportiva, parece-me bem. É muito melhor que haja essas pausas e continuem do que, ou porque não aguentam mais ou porque entraram num limite, desistirem e nunca mais aparecerem”, ressalva José Ferreirinha.

Quinta noite de protestos na Sérvia. Manifestantes atacam delegação do partido de governo

Manifestantes atacaram, na noite de sábado, uma delegação do partido que lidera o governo da Sérvia, o Partido Progressista Sérvio, na quinta noite consecutiva de protestos, que levou a confrontos entre a polícia e os manifestantes.

De acordo com a BBC, a polícia utilizou granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo na cidade de Valjevo, na zona oeste da Sérvia — bombardeada repetidamente durante a intervenção da NATO na Jugoslávia, em 1999 —, para afastar um pequeno grupo de pessoas de máscara, que atacou uma delegação vazia do Partido Progressista Sérvio na cidade.

Há ainda alegações de violência policial na capital, Belgrado, e em Novi Sad, negadas pelo Ministério do Interior da Sérvia. A Rússia prometeu apoiar o Presidente sérvio Aleksandar Vučić, líder do Partido Progressista Sérvio.

Manifestação em sede do Partido Progressista da Sérvia, em Valjevo. Foto: Zorana Jevtic/Reuters
Manifestação em sede do Partido Progressista da Sérvia, em Valjevo. Foto: Zorana Jevtic/Reuters
Graffiti na sede do Partido Radical da Sérvia, parceiro de coligação do Partido Progressista da Sérvia. Foto: Djordje Kojadinovic/Reuters
Graffiti na sede do Partido Radical da Sérvia, parceiro de coligação do Partido Progressista da Sérvia. Foto: Djordje Kojadinovic/Reuters


Na sexta-feira, foram detidas 38 pessoas e seis polícias ficaram feridos nas manifestações, segundo o Governo. Os protestos, até agora pacíficos, liderados por estudantes universitários contra o Presidente Aleksandar Vučić, a quem acusam de ser autoritário e corrupto, tornaram-se violentos nos últimos dias — na quarta-feira, 27 polícias e pelo menos 80 civis ficaram feridos em confrontos que, segundo estudantes e a oposição, foram provocados por “bandidos” pró-governo.

A onda de protestos em massa, na sua maioria pacíficos, começou após o desabamento de uma paragem de autocarros na recém-renovada estação ferroviária de Novi Sad, a 1 de novembro, matando 16 pessoas.

A exigência inicial de responsabilização e transparência em relação à adjudicação e execução do projeto, levada a cabo por empresas chinesas, transformou-se numa denúncia do autoritarismo governamental, numa exigência de melhorias no Estado de Direito e na realização de eleições antecipadas.

Ohio e Carolina do Sul anunciam envio de mais 350 soldados para Washington DC

Os estados norte-americanos de Ohio e Carolina do Sul anunciaram o envio de 350 soldados para Washington DC, após a Virgínia Ocidental oferecer até 400 para reforçar a campanha governamental contra o crime na capital.

O governador Mike DeWine, do Ohio, anunciou no sábado, em comunicado, que vai enviar 150 efetivos para o Distrito de Columbia. No mesmo dia, numa declaração separada, Henry McMaster, da Carolina do Sul, ofereceu 200 agentes. Ambos afirmaram concordar com os objetivos de segurança do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Há apenas algumas horas, também o governador Patrick Morrisey, republicano da Virgínia Ocidental, anunciou que enviaria um contingente de 300 a 400 pessoas para a vizinha Washington, a pedido do governo republicano.

Os guardas chegarão ao distrito juntamente com equipamentos e serviços de treino especializado, informou o gabinete em comunicado. “A Virgínia Ocidental tem orgulho em apoiar o Presidente Trump no seu esforço para restaurar o orgulho e a beleza da capital do nosso país”, disse Morrisey.

Estes quase 800 soldados, provenientes dos três estados republicanos, permitirão duplicar as tropas já destacadas pela Guarda Nacional da capital.

Na segunda-feira, Trump declarou uma “Emergência de Segurança Pública” e assumiu o controlo da Polícia de Washington DC, quando também anunciou a ativação de cerca de 800 soldados da Guarda Nacional no âmbito dos esforços para “restabelecer a ordem pública”, com base numa cláusula da Lei da Autonomia Municipal.

Desde então, a cidade, predominantemente democrata, registou um aumento exponencial da presença de funcionários da agência de investigação federal (FBI), do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) e da Administração para o Controle de Drogas (DEA), que efetuaram dezenas de detenções por posse de arma e outros crimes, bem como detenções de imigrantes sem documentos, de acordo com a Casa Branca.

O procurador-geral do Distrito de Columbia processou no sábado a administração do Presidente dos Estados Unidos pelo que considera uma “tomada hostil” da polícia da capital pelo Governo federal como parte da campanha republicana contra o crime de rua.

Mais 13 pessoas detidas no Reino Unido por apoiarem organização Palestine Action

A polícia deteve no sábado 13 pessoas em Norwich, Reino Unido, por exibirem cartazes de apoio à Palestine Action, juntando-se às mais de 700 detenções desde que a organização foi proibida e classificada pelas autoridades como terrorista.

“Todas estas pessoas foram detidas por suspeita de exibirem um artigo de apoio a uma organização proibida, em violação do artigo 13 da lei do terrorismo de 2000”, declarou a polícia de Norwich em comunicado.

Estas 13 pessoas juntam-se às mais de 700 detidas desde que a organização não-governamental (ONG) foi proibida em julho, sendo que a maioria das detenções — mais de 530 — ocorreu no protesto da semana passada em Londres.

Cinco pessoas foram levadas para o Centro de Investigação da Polícia de Wymondham, onde foram submetidas a interrogatório, enquanto oito foram libertadas após terem fornecido dados pessoais para posterior investigação.

“Trabalharemos sempre para facilitar os protestos pacíficos e proteger o direito democrático de reunião, no entanto, as ações deste grupo foram ilegais”, afirmou o agente Wes Hornigold.

O grupo pró-palestiniano Palestine Action foi classificado pelo governo britânico como terrorista desde o início de julho. Na sequência da proibição da Palestine Action em virtude da lei antiterrorismo de 2000, apoiar ou pertencer à organização será considerado crime, com penas máximas até 14 anos de prisão.

Os advogados desta ONG têm argumentado que a proibição representa “um abuso autoritário” de poder, de acordo com a BBC.

O atual governo do Reino Unido, liderado por Keir Starmer, promoveu a ilegalização do grupo após um ataque a uma base aérea, no qual vários ativistas grafitaram aeronaves militares, com as autoridades a estimarem prejuízos no valor de sete milhões de libras (8,1 milhões de euros).

A coluna vertebral tem um papel fascinante na forma como sentimos o frio

Há muito que sabemos como as terminações nervosas da nossa pele detetam o frio e transmitem rapidamente a informação ao nosso cérebro, mas não compreendemos exatamente como funciona. Os cientistas resolveram agora mistério. Os investigadores da Universidade de Michigan (U-M) propuseram-se investigar a forma como a sensação de frescura agradável na nossa pele é transmitida ao cérebro, partindo da hipótese de que poderia existir uma “via de ligação” desconhecida que transmite a mensagem — uma via separada de outros sinais sensoriais como a dor, o calor e o frio extremo. Embora saibamos que as terminações nervosas da pele — sensores

Interior Norte e Centro e Algarve permanecem em risco máximo de incêndio

🔴 3.400 bombeiros combatem sete incêndios. Piódão e Sátão continuam os mais preocupantes

Mais de uma centena de concelhos do interior Norte e Centro do país e sete municípios do Algarve continuam este domingo em risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

De acordo com o IPMA, estão sob risco máximo de incêndio todos os concelhos dos distritos de Bragança e Guarda e a maioria dos de Viseu, Vila Real, Castelo Branco e Faro.

Também em risco máximo estão vários municípios dos distritos Viana do Castelo, Braga, Porto, Coimbra, Santarém e Portalegre.

Em risco muito elevado encontram-se mais de meia centena de municípios distribuídos pelos distritos de Faro, Beja, Portalegre, Castelo Branco, Santarém, Leiria, Coimbra, Aveiro e Porto.

Sob risco elevado encontram-se perto de cem municípios, abrangendo a maioria do Alentejo, e concelhos dos distritos de Faro, Lisboa, Leiria, Coimbra, Aveiro, Porto, Braga, Viana do Castelo.

Segundo o IPMA, estão ainda em risco moderado à volta de 30 municípios, dos distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém, Leiria, Coimbra, Aveiro e Braga.

Incêndio de Freixo de Espada à Cinta preocupa bombeiros por condições climatéricas adversas

Em todo o Portugal continental, apenas nove municípios, no litoral norte, apresentam risco reduzido de incêndio: Aveiro e Espinho (distrito de Aveiro), Vila Nova de Gaia, Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim (distrito do Porto) e Esposende (distrito de Braga).

O risco de incêndio determinado pelo IPMA tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo, sendo este último emitido quando as condições meteorológicas, como calor extremo e baixa humidade, aumentam significativamente o perigo de ignição e propagação de incêndios.

Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural desde 2 de agosto e este ano já arderam mais de 139 mil hectares de espaços florestais, metade dos quais em apenas dois dias, e deflagraram mais de 6.229 incêndios, sendo a maioria nas regiões do Norte e Centro.

O IPMA colocou ainda sob aviso laranja devido à “persistência de valores muito elevados da temperatura máxima” os distritos de Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Faro.

Quanto à previsão para hoje, o IPMA aponta para uma pequena descida da temperatura máxima, mais significativa no litoral oeste.

O vento em geral vai soprar fraco do quadrante oeste, tornando-se moderado (até 30 km/h) a partir da tarde no litoral oeste e nas terras altas, e por vezes forte (até 40 km/h) na faixa costeira ocidental.

O IPMA aponta ainda para a possibilidade de ocorrência de aguaceiros e trovoadas dispersos nas regiões Norte e Centro até meio da tarde, em especial nas zonas montanhosas.

As temperaturas mínimas vão variar entre os 14º (graus Celsius), em Viana do Castelo, e os 23º (Castelo Branco e Faro) e as máximas entre os 22º (Viana do Castelo e Aveiro) e os 41º (Évora).

1 9 10 11 12 13 597