Hamas conta 17 mortos em Gaza após novo ataque aéreo israelita

Acompanhe aqui o nosso liveblog sobre o conflito Israelo-palestiniano.

O Hamas disse esta segunda-feira que ataques aéreos israelitas contra o norte da Faixa de Gaza fizeram pelo menos 17 mortos durante a madrugada.

De acordo com as autoridades sanitárias do enclave palestiniano, controladas pelo Hamas, um bombardeamento aéreo atingiu uma casa em Beit Lahiya, matando 10 pessoas.

Um outro bombardeamento atingiu uma casa na cidade de Gaza, provocando a morte a sete pessoas, incluindo duas mulheres, de acordo com o serviço de emergência do Ministério da Saúde de Gaza. Duas outras pessoas ficaram feridas.

O Exército israelita não fez qualquer comentário até ao momento sobre os ataques ocorridos durante a madrugada.

Israel tem realizado operações militares contra Gaza, todos os dias, desde que terminou o cessar-fogo com o Hamas no mês passado.

Hamas acusa aviação israelita pela morte de 25 palestinianos em Gaza

Desde o início de março, as forças israelitas cortaram também o acesso a todos os abastecimentos incluindo alimentos e medicamentos aos dois milhões de palestinianos que vivem no enclave.

A guerra começou quando comandos do Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023. O ataque fez 1.200 mortos e 251 pessoas foram raptadas. O Hamas mantém ainda 59 reféns sendo que Israel admite que 24 pessoas podem estar vivas.

A ofensiva militar de retaliação de Israel matou mais de 52 mil pessoas, na maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ameaçou continuar a ofensiva até que todos os reféns sejam devolvidos e o Hamas seja destruído ou que aceite desarmar-se e abandonar o território.

O Hamas já afirmou que só vai libertar os restantes reféns em troca de mais prisioneiros palestinianos, de um cessar-fogo duradouro e de uma retirada total de Israel de Gaza.

União Europeia esgota recursos disponíveis para este ano na terça-feira

Os recursos do planeta disponíveis para este ano terminariam na terça-feira se todas as pessoas do mundo consumissem como as da União Europeia (UE), indicam dados da organização internacional “Global Footprint Network”.

Segundo os cálculos da organização, a UE atinge na terça-feira o chamado “Dia da Sobrecarga do Planeta”, dia a partir da qual está a consumir a crédito os recursos que só devia usar no próximo ano.

No ano passado, o dia em que os europeus já tinham consumido os recursos de todo o ano foi registado a 3 de maio. Nesse dia organizações ambientalistas consideraram a situação “insustentável e irresponsável”.

Na altura, mais de 300 organizações da sociedade civil apelaram aos responsáveis políticos, numa carta aberta, para que trabalhassem no sentido de uma economia com impacto neutro no clima e positiva para a natureza.

Um ano depois, a UE não melhorou, até piorou, recuando cinco dias no mapa dos consumos excessivos.

Embora a UE represente apenas 7% da população mundial, seriam necessários três planetas para satisfazer a procura se toda a gente na Terra vivesse como os europeus, recordaram as organizações.

De acordo com o mapa da “Global Footprint Network”, Portugal atinge na próxima segunda-feira o fim dos seus recursos para este ano, o que significa que se todas as pessoas do planeta vivessem como os portugueses os recursos para este ano esgotavam-se no dia 5 de maio.

Tal significa também que os portugueses estão a consumir mais rapidamente os recursos que lhes são destinados. Em 2024, Portugal esgotou os recursos no dia 28 de maio, recuando este ano 23 dias.

Segundo a “Global Footprint Network”, o primeiro país a esgotar os recursos este ano foi o Qatar, logo em 6 de fevereiro. No ano passado também tinha sido o primeiro, mas a 11 de fevereiro.

O Luxemburgo aparece de novo em segundo lugar, consumindo tudo a 17 de fevereiro, e em terceiro lugar Singapura, a 26 de fevereiro.

Os Estados Unidos esgotaram os recursos a 13 de março, a Dinamarca e a Austrália a 19, a Federação Russa a 06 de abril e a França a 19. Espanha só esgota os seus recursos no próximo dia 23.

Do outro lado do mapa, dos países que conseguem poupar mais os seus recursos destaca-se o Uruguai, que apenas esgota os que lhe estão destinados a 17 de dezembro.

A Indonésia esgota-os a 18 de novembro, a Nicarágua a 11 e o Equador a 31 de outubro.

A “Global Footprint Network” é uma organização internacional de investigação que fornece a decisores ferramentas para ajudar a economia humana a funcionar dentro dos limites ecológicos da Terra. Os cálculos para estimar os dias de sobrecarga são baseados nos dados mais recentes.

A 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente, a organização anuncia a data do “Earth Overshoot Day”, o momento em que a necessidade de recursos e serviços ambientais por parte da Humanidade excede a capacidade do Planeta Terra para regenerar esses mesmos recursos.

O Dia da Sobrecarga do Planeta em 2024 foi no dia 1 de agosto, um dia mais cedo do que no ano anterior.

Sem acordo sobre a Ucrânia, Rubio e ministros europeus cancelam reunião em Londres

Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano, e os ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, de França e da Alemanha, não vão estar presentes nas negociações sobre a guerra na Ucrânia agendadas para esta quarta-feira, 23 de Abril, em Londres, conformou o Governo britânico.

Uma série de encontros conjuntos e bilaterais que era suposto serem de alto nível e que tinham o objectivo de dar sequência às discussões da semana anterior, realizadas em Paris, será, por isso, de natureza apenas “técnica”, perdendo importância, também por causa do incómodo cada vez maior no seio da Administração de Donald Trump com a falta de avanços concretos sobre uma solução para suspender ou acabar com a guerra iniciada pela Rússia.

Apesar das ausências, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sibiha, e o ministro da Defesa, Rustem Umerov, viajaram, ainda assim, até Londres, para participarem nas discussões.

Na semana passada, depois de voltar a responsabilizar a liderança política da Ucrânia pela invasão russa do seu país, o Presidente dos Estados Unidos assumiu que a Casa Branca pode “desistir” e abandonar os esforços para terminar o conflito, e Rubio afirmou que “se não é possível terminar a guerra”, os EUA têm de “seguir em frente”.

A imprensa britânica diz que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos falou na terça-feira, 22, à noite com David Lammy, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, que seria o anfitrião da reunião desta quarta-feira, a informá-lo sobre o adiamento da sua viagem a Londres “para os próximos meses”.

Nas últimas horas, os jornais norte-americanos Washington Post e Wall Street Journal, e o britânico Financial Times citaram fontes com conhecimento sobre as conversações de Paris que dizem que o Governo dos EUA se mostrou favorável a reconhecer a anexação russa da península ucraniana da Crimeia, em 2014, a aceitar o congelamento da linha da frente na sua configuração actual e a proibir a entrada da Ucrânia na NATO no futuro.

A aceitação da soberania russa dos territórios que controla actualmente, localizados, sobretudo, na região oriental da Ucrânia, implicaria que o Governo de Volodymyr Zelensky concordasse com a perda de cerca de 20% do território do país.

Esta possibilidade, assim com a proposta relacionada com a Crimeia, são linhas vermelhas para o Presidente ucraniano e para os seus aliados europeus, que as consideram defensoras da posição russa sobre o conflito, e que, por isso, insistem que não são sequer negociáveis. Zelensky recusou, aliás, ceder a península anexada em 2014 pela Federação Russa logo na terça-feira, antes da realização do encontro desta quarta-feira em Londres.

Em cima da mesa das negociações também estará uma reivindicação do Kremlin em obter um alívio das sanções da União Europeia à economia russa antes de as negociações sobre o futuro da Ucrânia estarem sequer finalizadas, algo que a maioria dos líderes europeus rejeita.

A Reuters fala ainda numa proposta norte-americana de estabelecimento de uma “zona neutral” em redor da central nuclear ucraniana de Zaporijjia. Segundo a agência noticiosa, Zelensky demonstrou disponibilidade para cooperar com os EUA para voltar a pôr a infra-estrutura operacional.

Steve Witkoff, enviado especial da Casa Branca, deverá voltar a reunir-se esta semana com Vladimir Putin, Presidente russo, em Moscovo.

Kiev e os seus aliados acusam, no entanto, Putin e o seu Governo de estarem a tentar ganhar tempo e de não pretenderem qualquer acordo de paz ou de cessar-fogo com carácter imediato, enquanto as suas Forças Armadas prosseguem a ofensiva no terreno, nomeadamente nas zonas do país, como Kursk ou Belgorod, que foram conquistadas por tropas ucranianas.

Até ao momento, a Rússia aceitou apenas não atacar infra-estruturas energéticas ucranianas e alvos no mar Negro, assim como suspender as hostilidades de 30 horas durante a Páscoa. A Ucrânia garante, no entanto, que o Exército invasor não respeitou nenhuma das promessas e denuncia um aumento dos ataques contra alvos civis.

Nesta quarta-feira, por exemplo, o governador da região de Dnipropetrovsk, Sergii Lisak, disse que um drone russo atacou um autocarro em Marganets, no Sudeste da Ucrânia, e matou nove civis e feriu outros 30.

Oleksandr Prokudin, governador de Khersion, denunciou outro ataque russo levado a cabo durante a madrugada contra uma central que fornece electricidade às populações da região.

A Força Aérea ucraniana diz que a Rússia lançou 134 drones sobre várias províncias do país durante a noite, ao passo que o Ministério da Defesa russo declarou que neutralizou 11 drones ucranianos que atacavam a Rússia e a Crimeia durante o mesmo período.

Quem venceu no ano passado o debate Montenegro-Pedro Nuno?

É o último frente a frente televisivo: esta segunda-feira às 21h00, como simultâneo nos três canais generalistas, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos vão ter o último debate a dois. O líder da AD e o secretário-geral do PS encerram assim os duelos que marcaram a maratona de debates entre os líderes partidários.

Agora ficam apenas a faltar os debates a oito, com os oito líderes partidários com assento na Assembleia da República. Primeiro o das televisões, que será já na quarta-feira, dia 30, na RTP, às 21h00. Depois, o das rádios, dia 5, dia do arranque da campanha das eleições legislativas, com transmissão em simultâneo nas rádios Antena 1, Observador, Renascença e TSF. Pode recordar o calendário completo dos debates aqui.

[Já saiu o sexto e último episódio de “O Misterioso Engenheiro Jardim”, o novo PodcastPlus do Observador que conta a história de Jorge Jardim, o empresário que, na verdade, era um agente secreto que liderou missões perigosas em todo o mundo, tentou criar um país e deu início a um clã de mulheres aventureiras. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no YoutubeMusic. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro, aqui o quarto e aqui o quinto episódio]

foto link o misterioso engenheiro jardim

No ano passado, Pedro Nuno e Montenegro disputaram cada centímetro. Socialista atirou polícias, aeroporto e pensões contra líder da AD. Social-democrata invocou habitação, saúde e educação. Passos e Sócrates também estiveram no debate.

E foram ditas verdades, mentiras, ficaram dúvidas e houve enganos, como mostrámos no fact check.

Segundo os avaliadores do Observador, o secretário-geral do PS ganhou por apenas três décimas ao líder da AD.

Ana Sanlez — Um debate vivo, muito picado, como se queria entre dois candidatos a primeiro-ministro. A certas alturas equilibrado, mas nem sempre. Resumidamente: Pedro Nuno Santos começou melhor e acabou melhor. O que não era óbvio, tendo em conta o historial dos debates anteriores. O líder do PS saiu-se bem no arranque e amarrou Luís Montenegro a um “tabu” no que toca à governação e à ideia que “o PSD quer exigir ao PS o que não está disponível para garantir ao PS”. Também terminou por cima na questão das pensões, levando Montenegro a admitir que quer fazer as pazes com os pensionistas. Talvez não tenha conseguido. Nem com a insistência sobre o “corte” de meia pensão por parte de António Costa. Luís Montenegro sobressaiu na saúde e na sua tese de fazer do SNS a “base” com o apoio dos privados. E também na habitação terá sido onde conseguiu chamar mais à atenção para o mau legado do PS. (No capítulo das bizarrias: Luís Montenegro colocou mesmo Pedro Passos Coelho no mesmo patamar de José Sócrates?)

Carlos Diogo Santos — Foi aceso, houve acusações e, como não poderia deixar de ser, Passos Coelho e Sócrates não faltaram. Mas foi também esclarecedor sobre as propostas e, sobretudo, sobre o estilo dos candidatos. Luís Montenegro esteve quase sempre mais calmo, Pedro Nuno Santos mais aguerrido e às vezes inflamado. Em grande parte do debate, o secretário-geral do PS tentou insistir na inexperiência governativa do líder do PSD, enquanto Montenegro ia atacando os erros que o oponente teve enquanto governante. No crescimento económico, Pedro Nuno Santos acabou por ter bons momentos, usando o crédito dos resultados do governo socialista. E chegou a afirmar: “Não podemos estar sempre a fazer promessas eleitorais. Temos de ter credibilidade quando apresentamos as nossas contas”. Mas, se o candidato do PS beneficiou com os bons resultados recentes, também acabou fragilizado com tudo o que correu mal — e foram muitas coisas –, com destaque para a crise na habitação e o caos na Saúde. Montenegro não perdeu essas oportunidades. E também acabou por se sair melhor quando à conversa chegou, pela mão de Pedro Nuno Santos, a ausência de Passos Coelho da convenção da AD. “E convidou o engenheiro José Sócrates para o seu congresso?”. Montenegro soube crescer ao longo do debate, depois de um início menos feliz em relação ao protesto de polícias à porta do Capitólio (que a PSP já fez saber que vai participar ao MP). Pedro Nuno Santos cresceu em relação a todos os outros debates.

Filomena Martins — O pior do debate: o que não se conseguiu ouvir das medidas de cada um para o país. O ainda pior do debate: o que só se conseguiu ouvir dos dois candidatos a primeiro-ministro — a berraria para ver quem conseguia alcançar mais decibéis e as interrupções constantes para ver se ganhavam tempo sem responder. Posto isto, foi de longe o melhor frente a frente de Pedro Nuno Santos, que começou a ganhar a Luís Montenegro: primeiro pela posição mais firme sobre a negociação com as forças de segurança que protestaram ilegalmente à porta do Capitólio (negociação sim, mas não sob coação) e depois por aproveitar o tempo de antena para desfazer o tabu, de que viabilizará um governo minoritário da AD (ainda que aqui o silêncio de Montenegro possa ser estratégia — boa ou má, a ver iremos). Mais agressivo, com mais energia, o líder do PS atacou com a falta de respostas do adversário e, na fase inicial daqueles 75m, Luís Montenegro só conseguiu ir irritando Pedro Nuno com os à partes. Até quando sacou de Sócrates da gaveta, colocou-se a jeito para levar com Passos Coelho, e foi mau ver ambos ao mesmo nível. Já íamos pois a meio da contenda, ou mais, quando a estratégia de desestabilização funcionou. Finalmente Luís Montenegro puxou pelas suas propostas na saúde, na educação e na habitação e destruiu as do PS, porque Pedro Nuno está colado à herança de António Costa e não tem nada de garantidamente melhor para apresentar. Depois, o debate quase que se se resume em muitas trocas de frases: “Não minta”, “eu não minto”; “está nervoso”, “não estou nada nervoso”; “é um bloqueio, qual bloqueio?”; “foi um mau ministro, não fui”; “você é que cortou, não você é que cortou”. E podíamos continuar…

Helena Matos — Gostei do debate. Já sei que se interromperam. Que fizeram demagogia. Mas debateram e um debate não é um grupo de reflexão. Cada um dirigiu-se ao seu eleitorado e nessa perspectiva Pedro Nuno Santos conseguiu um melhor resultado porque pareceu bastante mais combativo. Hoje Pedro Nuno Santos deu razões aos eleitores do PS para não se absterem. Não captou um voto do PSD para o PS, mas animou os socialistas mesmo que à conta das proclamações sobre o seu perfil fazedor. Luís Montenegro claramente dominou nas áreas executivas: saúde, educação, habitação e impostos. E mais uma vez arriscou quando recusou dizer como procederia caso não ganhe as eleições. Reforçou o perfil de possível primeiro-ministro. Em resumo ambos cumpriram os seus objectivos neste debate.

José Manuel Fernandes — Quem esperasse ficar a saber mais sobre os programas da AD ou do PS ficou seguramente desiludido. Sempre que um dos protagonistas procurava expor soluções, o outro sobrepunha-se-lhe e os moderadores estiveram também eles com demasiado tendência para impedir que, em alguns momentos, os intervenientes completassem raciocínios. Pedro Nuno acusou Montenegro de impreparação e Montenegro acusou Pedro Nuno de impreparação, mas quem não estivesse por dentro dos detalhes de cada um dos temas só ficaria com isso: com as trocas de acusações. De resto é incompreensível porque é que Pedro Nuno resolveu tecer loas ao SNS quando o SNS atravessa a crise que atravessa (e é essa crise que sentem os portugueses) e é ainda mais incompreensível que Montenegro se tenha perdido na troca de acusações sobre quem cortou pensões, um tema que a prudência recomendaria que evitasse (pois não importa quem tem razão, importa a percepção pública e contra essa Montenegro nada pode fazer num debate com estas
características). Muitos alvitraram que seria um debate decisivo, não creio que tenha sido – até arriscaria dizer que ambos os protagonistas perderam uma oportunidade de concentrar voto útil à esquerda ou à direita.

 Paulo Ferreira  Contrariando muitas expectativas, Pedro Nuno Santos (PNS) vinha de prestações medianas nos debates anteriores que, na maioria, eram os mais fáceis por serem quase todos com potenciais parceiros de uma solução governativa. Contrariando também muitas expectativas, Luís Montenegro (LM) vinha de boas prestações na generalidade dos debates, quase todos com opositores ideológicos. No duelo entre ambos, o líder do PS esteve melhor do que tinha estado e o líder da AD manteve o nível. PNS arrancou melhor, com assertividade sobre a manifestação de polícias que se tinha deslocado para a porta do debate. Mas cedo se percebeu qual era a sua estratégia para se distinguir e elevar face ao adversário: jogar a cartada da sua experiência governativa, apostando em colar o rótulo de impreparação a LM. Esta ideia foi repetida várias vezes ao longo do debate. Será que é uma boa carta para PNS jogar? É factual que o líder do PS tem cerca de oito anos de “rodagem” nos governos de António Costa e que o líder da AD nunca ocupou uma pasta governativa.
Mas do que nos lembramos quando recordamos o ministro PNS? Da TAP, de 3,2 mil milhões dos contribuintes numa nacionalização que era evitável para salvar a empresa, da bronca de Alexandra Reis, da tutela por WhatsApp e de toda a informalidade; do anúncio de um novo aeroporto à revelia do primeiro-ministro e de todo o governo, apresentando ao país uma solução que foi agora mal classificada pela Comissão Técnica Independente; da habitação e da ferrovia, onde andou a “arrastar os pés” durante anos. Será que acenar com a sua experiência governativa é mesmo boa ideia para se distinguir de um adversário que não a tem? Estas são mochilas pesadas que o líder socialista tem de carregar, que se juntam a outra que continuou mal resolvida no frente-a-frente com LM: o dilema entre a defesa da herança de António Costa e a vontade de fazer diferente. Na dúvida, PNS apresenta as mesmas soluções para a saúde, educação, habitação ou impostos. A diferença visível é a selectividade que promete na escolha dos sectores económicos que devem receber apoios do Estado.
LM tem, neste posicionamento, a vida muito facilitada: promete uma mudança em vários sectores, alguns onde o líder do PS acaba por reconhecer que nem tudo estava a correr bem. Mas isso são as circunstâncias que nenhum deles controla.
PS. Uma nota final sobre um dos temas onde houve mais fricção: as pensões e a discussão sobre quem cortou o quê. Por estranho que pareça, estavam ambos certos. LM na descrição dos factos, PNS na conclusão que, no final, nenhum pensionista teve a sua pensão cortada.

Pedro Jorge Castro — Pedro Nuno Santos teve o seu melhor debate, de longe. Começou de forma irrepreensível, muito melhor do que o adversário, a dizer que não se negoceia sob coação dos polícias, depois de Montenegro ter ignorado esse lado da manif ilegal à porta do debate. Depois fez o correto, respondendo à pergunta (ao contrário do líder do PSD), ao dizer que não chumbará um governo da AD que não tenha maioria absoluta. Foi ainda eficaz a lançar dúvidas sobre as contas do PSD para a economia. Montenegro esteve melhor na habitação, na saúde (32 novos hospitais privados contra zero públicos), na educação e a invocar Sócrates quando Pedro Nuno Santos foi buscar Passos Coelho (esta correu mesmo mal ao líder do PS). Foi também eficaz a apontar os erros de governação do candidato socialista, mantendo nos indecisos a dúvida sobre como iriam fazer agora o que não se fez em 8 anos. Na baixa política dos apartes, ambos perderam: Luís Montenegro conseguia ir irritando Pedro Nuno Santos, que mostrou menos traquejo neste tiki-taka, mas exagerou e foi quase um bully. Mesmo assim, o sorriso meio seráfico do líder do PSD contrastava com o ar permanentemente acossado do ex-ministro, como se não tivesse saído hoje uma sondagem que o põe à frente da AD. Tudo ponderado, Pedro Nuno Santos perde pela margem mínima o debate na eficácia, por ter feito a coisa certa de abrir o jogo: se já não há risco de o Chega ter influência e condicionar um futuro eventual governo da AD, porque é que os eleitores que têm medo do Chega hão-de votar no PS? Essa foi uma das grandes molas da maioria absoluta de Costa. Se agora foi esvaziada pelo próprio Pedro Nuno Santos, acaba por perder alguns desses votos. Um resultado injusto, a mostrar que na política também é possível jogar ao melhor nível e perder com um auto-golo.

Miguel Pinheiro — Finalmente, Pedro Nuno Santos apareceu num debate mostrando-se disciplinado e focado. Trazia na manga três mensagens. Primeira: o PS simboliza a estabilidade e pretende manter solidamente o que está bem e mudar cautelosamente o que está mal. Segunda: a mudança apresentada pelo PSD é apenas “aventureirismo” (palavra que repetiu pelo menos quatro vezes). Terceira: ao contrário do líder do PSD, Luís Montenegro não tem experiência governativa e, por isso, está “impreparado” para ocupar o lugar de primeiro-ministro. Já Luís Montenegro deixou-se perder naquilo a que se chama o “fogofwar”, aquele nevoeiro que deixa os soldados em combate perdidos num nevoeiro de desorientação. Devia ter insistido nas deficiências de Pedro Nuno Santos como ministro — mas só falou nisso episodicamente — e devia ter apelado a uma mudança tranquila — mas não conseguiu transmitir uma mensagem clara. Luís Montenegro só começou a recuperar na parte final do debate, especialmente quando se discutiu a saúde. Aí, Pedro Nuno Santos entrou em modo dissimulado. Sonsamente, jurou não ter nada contra as PPP na Saúde quando nós sabemos que ele sabe que nós sabemos que ele sabe que não é assim. E Montenegro atirou-lhe, como se fosse uma granada, os “zero” hospitais públicos inaugurados pelos governos do PS. Mas lá está: o líder do PSD devia ter começado mais cedo.

Miguel Santos Carrapatoso — As expectativas eram justas: o frente a frente entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro foi um grande debate, com bons momentos de parte a parte, seja nos argumentos que levaram para cima da mesa, seja na forma com que se apresentaram. Pedro Nuno Santos começou da melhor maneira, tendo a coragem de dizer o óbvio: o que se passou hoje à porta do Capitólio é impensável em democracia, com centenas de elementos das forças de segurança a tentar condicionar um debate político. “Não se negoceia sob coação”, atirou, mostrando a autoridade que se exige a quem se candidata a primeiro-ministro. Montenegro titubeou, tal como titubeou quando desafiado a dizer o que faria perante um governo minoritário do PS ou o que pretende fazer em relação ao novo aeroporto. Montenegro simplesmente não respondeu. Além disso, num país em que valores como a previsibilidade e a estabilidade são determinantes para o resultado das eleições, Pedro Nuno foi igualmente eficaz ao agitar os riscos que existem no choque fiscal proposto pela AD. O debate começou a ficar mais equilibrado quando se discutiram a Habitação, a Escola e o SNS. Nos três temas, Montenegro tem uma vantagem enorme do seu lado: a realidade. Por muito que os socialistas insistam que as coisas funcionam (ou que, pelo menos, não funcionam assim tão mal), serão poucos, à esquerda e à direita, que concordarão. Depois, entrando na reta final, Montenegro voltou a cair e logo onde não podia cair: nas pensões. Por muito que o líder do PSD se queira reconciliar com os eleitores mais velhos, o passado não se apaga, nem se reinventa: foi de facto o governo de Pedro Passos Coelho que aplicou um corte de pensões para lá daquele que estava previsto no memorando da troika, foi de facto o Tribunal Constitucional que impediu mais cortes e não é verdade que António Costa, ao contrário do que diz Montenegro, tenha efetivamente cortado pensões. Pedro Nuno Santos foi cristalino a explicar isto – enquanto Montenegro gritava e falava em Aníbal Cavaco Silva. Com um killer instinct que ainda não tinha revelado nestes debates, o socialista ainda sugeriu que era por isso que Luís Montenegro andava a esconder Pedro Passos Coelho, não o convidando para eventos da AD – o social-democrata só conseguiu responder com “Sócrates”, que é chão que já deu uvas e que já não é sequer militante socialista. Veremos que efeito tem este momento junto do eleitorado que o social-democrata quer e precisa de conquistar. Para lá de todos os apartes – e houve momentos deliciosos –, vingou o de Pedro Nuno Santos para o adversário: “Hoje não correu bem, não foi?”. A forma assertiva com que o socialista entrou no frente a frente, de resto, surpreendeu evidentemente Montenegro, que perdeu várias vezes a serenidade e a confiança que tinha demonstrado em debates anteriores. Se a gestão de expectativas conta, e conta muito, hoje esperava-se que Montenegro desse o golpe de misericórdia nas aspirações de Pedro Nuno Santos. Não só não deu, como permitiu que o adversário se apresentasse na sua melhor forma. A corrida vai ser até ao fim.

Rui Pedro Antunes — O pré-debate entre os dois maiores partidos começou com uma vitória do terceiro: o Chega. Os polícias a cantar o hino, a gritar “vergonha” e a “cercar” — ainda que pacificamente — um debate democrático mostra uma falta de autoridade do poder político sobre as forças de segurança que só pode ajudar o Chega. Luís Montenegro, que tinha sido duríssimo com as forças de segurança quando estas ameaçaram boicotar as eleições, desta vez aproveitou o ato para atacar o PS e deixou que fosse Pedro Nuno Santos a ter o sentido de Estado de dizer que “não se negoceia sobre coação”. Do ponto de vista político, Pedro Nuno Santos disse que não apresenta uma moção de rejeição (nem aprova a de outros) a um governo AD se Montenegro vencer as eleições. É uma bipolaridade contemporânea: o senhor geringonça — que sempre se recusou a dizer que rejeitava governar ficando em segundo — acaba por dizer que afinal deixa a direita governar. Mesmo que uma maioria de esquerda em caso da AD em primeiro lugar seja um cenário pouco provável, o que está dito, está dito, e isso vai ser cobrado depois de 10 de março. É um flanco que o líder do PS abre que não o compromete já, mas que lhe condiciona o futuro. E é, sem eufemismo, uma grande cambalhota. Ainda assim, Pedro Nuno Santos apareceu com uma postura de apartes (Ventura-style, na forma) com a qual conseguiu perturbar Montenegro e o fez o líder do PSD subir o tom de zangado que estraga a imagem de calma e serenidade que manteve nos outros seis debates. Mesmo na questão dos pensionistas, com os quais aposta numa reconciliação, o líder do PSD não conseguiu sair do emaranhado do corte virtual de mil milhões nas pensões que o PS até pode ter tido na cabeça, mas que nunca executou. Um corte que antes de o ser, não o foi. O líder do PSD não resistiu também a chamar José Sócrates para o debate, questionando Pedro Nuno se o “engenheiro” iria deslocar-se da Ericeira para a sua campanha. Até esse ataque foi anulado, habilmente, pelo líder do PS: “O Luís Montenegro é que não convidou Passos Coelho para a Convenção da AD”. Montenegro subestimou assim capacidade de Pedro Nuno Santos e sai pior do debate. Resta saber se esta vitória de Pedro Nuno Santos — um verdadeiro comeback kid — na arena de debate consegue convencer o centro (aí, sim, disputam eleitorado) que muitas vezes olha para detalhes que escapam aos analistas políticos. A nível local, Fernando Medina arrasou Carlos Moedas num debate com ataques mordazes, mas, no fim, perdeu as eleições.

Operação Pretoriano. Julgamento continua com seis sócios e chefe da PSP que coordenou buscas a casa de Madureira

O julgamento da Operação Pretoriano, que estava previsto retomar esta segunda-feira, no Tribunal de São João Novo, no Porto foi adiado e deverá ser retomado em junho, sendo que a última questão está marcada para 3 de julho.

De acordo com o Correio da Manhã, nesta sessão deveriam ser ouvidos seis sócios que estiveram presentes na Assembleia Geral do FC Porto, uma responsável pelas pessoas que estavam na credenciação nesse dia e o chefe da PSP que coordenou as buscas à casa do casal Madureira.

Os suspeitos da Operação Pretoriano estão acusados de 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.

Atualmente, Fernando Madureira é o único arguido do caso que se encontra em prisão preventiva.

Notícia atualizada após o adiamento do julgamento

Pretoriano. Agente da PSP que fez buscas a casa do casal Madureira revela que foram encontrados 31 mil euros debaixo de cama

Foi agora: “Caiu a máscara” a Ventura

Uma casa, um debate, uma manifestação, um programa eleitoral. Líder do Chega tem passado dias pouco simpáticos para o seu objectivo. Alguns leitores ou analistas poderão questionar o “foi agora” no título. Mas estes últimos dias têm sido agitados, e não pela positiva, para André Ventura. Por ordem cronológica: o tamanho da sua casa transformou-se num assunto um pouco por todo o lado. No debate com Mariana Mortágua, o líder disse – três vezes – que a sua casa tem apenas 30m2. “É verdade!”, assegurou. No dia seguinte admitiu que a casa mede mais do dobro: 70m2. No dia seguinte,

Benfica: um passo atrás e três pontos à frente em Guimarães

Recuar, recuar, recuar. Atacar, atacar, atacar. Parece um paradoxo o que aqui é descrito, mas foi isto que o Benfica fez neste sábado, em Guimarães, no triunfo (0-3) frente ao Vitória, que lhe permite voltar a igualar o Sporting na liderança da Liga.

Mas falamos de um paradoxo apenas a nível linguístico, já que futebolisticamente – sobretudo nesta equipa de Bruno Lage – esta é uma ideia com nexo.

Contra quem gosta de ter a bola, o Benfica abdica de a ter – e joga melhor nessa versão, transformando uns passos atrás em três pontos à frente.

Benfica baixou linhas

O jogo começou com o Benfica a aplicar a habitual pressão alta em 4x4x2, com Aursnes bem subido, e teve problemas também já habituais, provenientes da má coordenação entre a linha defensiva e os médios – quando Florentino saía na pressão havia “quilómetros” de espaço livre.

O Vitória conseguia ter sempre gente livre nessa zona – ora Tiago Silva, a ver o jogo de frente, ora João Mendes, mais perto da área, ora Gustavo Silva, vindo da esquerda para dentro. E as jogadas, criadas pelo meio, acabavam com desequilíbrios na ala e cruzamentos – aos 2’ e 19’ houve perigo de Arcanjo, uma vez a cruzar, outra a finalizar um cruzamento.

O Benfica passou mais de 15 minutos “sem bola” e acabou depois por baixar a linha de pressão e recuperá-la mais em baixo – porventura por decisão vinda do banco. Parece um paradoxo que a equipa ataque melhor a recuar as linhas, mas, neste Benfica, contra adversários que sabem/querem jogar, isso tem que ver com o conforto da equipa em defender mais em baixo e explorar contra-ataques, mesmo que isso signifique jogar mais longe da baliza onde deve marcar golos.

Foi assim aos 20’, quando a pressão alta do Vitória (quatro jogadores só na zona da bola) deu passe vertical de Tomás Araújo (faz a diferença um defesa com essa capacidade) e depois novo passe vertical de Florentino para o apoio frontal de Pavlidis. O grego distribuiu para a ala e houve transição pela esquerda e remate de Pavlidis numa recarga a uma defesa inicial de Bruno Varela.

E foi assim aos 28’ num golo anulado, novamente com bola vertical a bater a pressão alta. E foi também aos 32’, com novo apoio frontal de Pavlidis a ser encontrado pelo passe vertical – deu transição pela esquerda com algum perigo. E aos 44’, com novo apoio frontal do avançado grego antes de rodar para a esquerda e haver transição perigosa.

Vitória falhava

A receita do Benfica foi sempre a mesma: recuperação baixa, esperar pela pressão sôfrega do Vitória, activar um passe vertical de Pavlidis e atacar rapidamente pela esquerda. Quanto mais baixava as linhas e mais atraía a pressão minhota, mais perigo criava – um paradoxo muito pouco paradoxal.

O Vitória ainda criou perigo num remate de Nélson Oliveira de fora da área e numa bola parada (cabeça de Relvas e defesa de Trubin), algo que também não é novidade: é a equipa com mais golos de bola parada na I Liga.

A diferença de qualidade dos executantes ia fazendo a diferença a nível de finalização, algo que na segunda parte se manteve – o Vitória tinha boas situações de remate, sobretudo em cruzamentos, mas ia finalizando mal. E quando até rematava bem Trubin tratava do assunto com defesas tremendas.

Num contra-ataque, como sempre, Schjelderup teve nos pés a possibilidade de encaminhar o jogo aos 76’, mas Varela respondeu bem. Mas não fez o mesmo a um remate de Carreras pouco depois. O espanhol desequilibrou em um contra um, com Maga, primeiro, e Varela, depois, a serem batidos com relativa facilidade.

Esta não foi uma jogada clara de contra-ataque, mas teve alguns pontos comuns – nomeadamente a ausência de médios do Vitória, que permitiu a Kokçu e Schjelderup atacarem a defesa de frente para o jogo, antes de servirem Carreras.

Aos 84’, o Benfica resolveu de vez a questão. Bruno Varela repetiu uma má abordagem na sequência de um livre directo de Kokçu e deixou Pavlidis fazer a recarga, sem oposição. Um golo que confirmava que o braço-de-ferro com o Sporting na luta pelo título está para durar.

Homem matou 11 pessoas com o carro: “o dia mais sombrio da história de Vancouver”

Menina de 5 anos entre as vítimas do atropelamento de sábado à noite, num festival de rua. Autoridades temem que o número de mortos aumente nos próximos dias, uma vez que há dezenas de pessoas feridas. O Ministério Público (MP) da província da Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá, acusou de homicídio Adam Lo Kai-ji, o suspeito de um atropelamento que matou 11 pessoas num festival de rua em Vancouver. Num comunicado divulgado no domingo, o MP disse que apresentou oito acusações de homicídio de segundo grau contra Adam Lo e disse que mais acusações eram possíveis. O suspeito, de

Canal NOW ultrapassa SIC Notícias

Share médio global de 1,93%, com perto de 49 mil espectadores a cada minuto, naquele que foi o melhor dia de sempre do canal

O canal NOW ultrapassou a SIC Notícias no consumo televisivo global, depois de já ter ultrapassado o canal de informação da SIC em vários horários.

Ontem, o NOW registou um share médio global de 1,93%, com perto de 49 mil espectadores a cada minuto, naquele que foi o melhor dia de sempre do canal. Em comparação, a SIC Notícias alcançou um share médio diário de apenas 1,78%, com cerca de 44 mil espectadores a cada minuto do dia, ficando atrás do canal NOW em todos os critérios.

Além de ser o melhor dia de sempre do NOW, culminou também o melhor resultado semanal de sempre. O NOW obteve um share médio semanal de 1,5%.

Os resultados citados são da responsabilidade da GFK.

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