Morreu o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, conhecido pelas suas reportagens e pelos seus retratos a preto e branco em diversas partes do mundo, morreu esta sexta-feira aos 81 anos, em Paris, noticiou o jornal Folha de S. Paulo. Desde os anos 1990, acrescenta a Folha, que o artista sofria de malária.
Considerado o maior fotógrafo do seu país, com uma prática vinculada ao fotojornalismo e à fotografia documental, Sebastião Salgado percorreu inúmeros territórios do planeta para compor um corpo de trabalho dedicado a dar testemunho das condições de vida da espécie humana, e em particular de fenómenos como a exploração laboral, a pobreza, as migrações ou a devastação ambiental na Amazónia. Fixadas em livro e em exposições, as suas imagens compõem um importante acervo iconográfico do último quartel do século XX e das primeiras décadas do século XX.
O Instituto Terra, organização não-governamental que fundou em 1998 com Lélia Wanick Salgado, a sua mulher, e que sediou em Aimorés, no estado de Minas Gerais, descreve-o, na nota de pesar que colocou esta tarde no seu Instagram, como “muito mais do que um dos maiores fotógrafos do nosso tempo”.
“Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da acção transformadora (…). Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar”, prossegue a nota do instituto.
No ano passado, numa entrevista que deu ao PÚBLICO, o fotógrafo contava como a revolução portuguesa de 1974 foi um momento de esperança que teve o privilégio de documentar. Já na altura vivia em Paris e tinha-se iniciado recentemente na fotografia. Naqueles anos, recordava, Portugal foi “um sonho”: “Olha, foi uma grande festa. Foi uma coisa fora do comum.”
