Mensagem aos meus eternos alunos agora que estão à beira do mundo

Há um instante, na vida de cada geração, em que o mundo parece mudar de mãos. Não há cerimónia formal, nem proclamação pública. A transição é silenciosa, mas inexorável: os que antes carregavam o peso da esperança começam a dobrar os ombros e aqueles que eram ainda aprendizes percebem, quase de repente, que já não são apenas espetadores. Escutem: a vossa hora chegou.

Não vos enganeis nem se deixem enganar! O futuro não é uma dádiva: é uma construção. Não se herda intacto, como quem recebe uma casa bem cuidada. Recebe-se antes como um campo por lavrar, com pedras a remover, sementes a escolher e um céu incerto sobre a cabeça. Esta herança não é feita de garantias, mas de possibilidades. E cabe-vos a vós decidir o que fazer com ela.

O tempo não para. Nenhuma geração tem o privilégio de congelar a vida no momento que mais lhe convém. O rio corre, quer sejamos náufragos, quer sejamos navegadores. Mas não confundam este movimento com uma ameaça. É justamente porque o tempo avança que há espaço para criar, para corrigir, para recomeçar. O que hoje vos parece um desafio insuperável, amanhã será memória; e o que agora é apenas um sonho, poderá ser, um dia, matéria sólida.

Ser agentes de esperança não significa viver num otimismo ingénuo, como se o mundo estivesse destinado a melhorar por si mesmo. Significa compreender que a vossa ação, as vossas escolhas, as vossas renúncias, a vossa coragem, moldará o que virá. O vosso contributo não será perfeito, mas será necessário. Cada geração acrescenta a sua pedra à catedral inacabada da civilização.

Os que vos antecederam tiveram de lutar contra as dificuldades do seu tempo. Também eles se sentiram pequenos diante da tarefa. Também eles hesitaram, erraram, recomeçaram. Mas avançaram! E é essa linha ininterrupta de esforço humano, feita de vitórias e fracassos, que agora chega às vossas mãos.

Olhem, pois, para o vosso futuro com a seriedade de quem sabe que está a escrever uma história que outros irão ler e com a ousadia de quem não teme escrever linhas inéditas. Não espereis por um momento perfeito: ele não virá! O tempo que tendes é este e é mais do que suficiente para começar. Que não vos paralise o medo de falhar. A única derrota irreparável é a da passividade, a de quem se refugia na desculpa de que “não é a sua vez”. É sempre a vossa vez! É sempre o vosso tempo!

E quando, no futuro, for a vossa vez de entregar esta tocha a outros, que possam fazê-lo com a tranquilidade de quem sabe que não deixou o campo abandonado, mas sim mais fértil do que o recebeu.

Incêndios: Ermidas-Sado dominado, Vila Real e Trancoso continuam activos

Um incêndio florestal na zona de Ermidas-Sado, no concelho de Santiago do Cacém, que deflagrou na tarde de terça-feira, entrou em fase de resolução durante a madrugada, de acordo com a Protecção Civil.

O fogo, que chegou a ter três frentes activas, foi dominado às 2h30, declarou à Lusa uma fonte do Comando Sub-regional do Alentejo Litoral. No entanto, a circulação rodoviária no Itinerário Complementar 1 (IC1) continua cortada nos dois sentidos ainda esta quarta-feira de manhã.

No terreno, encontram-se por volta das 7h30 desta quarta-feira 241 bombeiros, auxiliados por 86 viaturas terrestres, de acordo com o site da Protecção Civil.

À mesma hora, o fogo de Vila Real continuava activo, com 456 bombeiros e 152 viaturas no terreno. Já nos fogos de Trancoso (Guarda) encontravam-se 520 bombeiros e 170 veículos e no de Tabuaço (Viseu) estavam 291 operacionais e 94 viaturas.

Já esta quarta-feira, durante a madrugada, deflagraram incêndios em vários pontos do país, como Sátão (Viseu), onde às 7h30 estavam 127 operacionais e 42 meios terrestres. Há também focos novos em Macedo de Cavaleiros e Sabugal.

Pelo contrário, um incêndio que deflagrou em Cuba, na tarde de terça-feira, foi dominado por volta da 1h42.

De bicicleta, a viver no estrangeiro e a rezar pela paz: 60 mil pessoas no primeiro dia da Peregrinação do Migrante

Do outro lado do mundo, à hora que falamos os filhos e netos de Maria Carneiro já estão a dormir, mas vêm à conversa rapidamente. “Agora já não quero voltar, já construí tudo lá”. Maria foi com o marido há 38 anos para a Austrália, à procura de uma vida melhor do que aquela que tinha em Paredes. Ao início, relembra-se de ser “difícil” e de “não ser bom”, mas o tempo foi ajudando e agora o único ponto negativo são as saudades de Portugal.

“Venho cá de dois em dois anos e gosto muito de cá estar. Foi cá que a gente nasceu. E tenho de vir sempre aqui, à festa do migrante”, relata à Renascença, sem olhar para o microfone e com os olhos postos sempre no Santuário.

Uns passos mais à frente, e já de vela na mão, Dino Gomes chuta o cansaço para o lado e prontifica-se a falar – estacionou há pouco o carro vindo da Alemanha, onde vive há vários anos. Chegar a Fátima parece ser como encontrar um balão de oxigénio.

“Isto é uma coisa que se sente e que não se consegue explicar. Eu adoro Portugal. Chega-se aqui e esquece-se de tudo, do pior. Saudades da família, dos amigos e do ‘comer’”, relata, entre risos.

ONG pede à China que esclareça paradeiro de advogado desaparecido desde 2017

A organização não-governamental Chinese Human Rights Defenders (CHRD) instou esta quarta-feira as autoridades chinesas a revelarem o paradeiro e a situação do advogado de defesa dos Direitos Humanos Gao Zhisheng, desaparecido desde agosto de 2017.

Segundo a CHRD, Gao não é visto desde 13 de agosto de 2017, quando tentou escapar à vigilância a que estava sujeito, na província central de Shaanxi, com a ajuda de ativistas.

A ONG indicou que o advogado foi detido por agentes que se acredita serem oriundos de Pequim e Shaanxi e que, desde então, as autoridades não reconheceram oficialmente a sua custódia.

Gao, que na década de 1990 defendeu membros de comunidades religiosas, vítimas de corrupção e casos relacionados com a liberdade de expressão, começou a ser alvo de medidas punitivas em 2005, quando o seu escritório foi encerrado e perdeu a licença para exercer, referiu a organização.

Em 2006, foi condenado por um tribunal de Pequim a três anos de prisão, com pena suspensa e cinco anos de liberdade condicional, por “incitar à subversão do poder do Estado”.

Entre 2007 e 2010, Gao foi alvo de vários desaparecimentos forçados por parte das autoridades de Pequim e Shaanxi, segundo a CHRD.

Em 2011, um tribunal revogou a liberdade condicional e enviou-o para a prisão para cumprir a pena original, após o que foi colocado em prisão domiciliária em Shaanxi, onde, de acordo com a ONG, não teve acesso adequado a cuidados médicos, apesar dos problemas de saúde resultantes do encarceramento.

“As autoridades chinesas têm a obrigação legal de esclarecer o paradeiro, o bem-estar e a situação de Gao“, afirmou Sophie Richardson, codiretora executiva da CHRD.

A organização lembrou que, em 2017, o Governo chinês informou especialistas independentes da ONU que o desaparecimento de Gao estava sob investigação policial.

“A minha família esgotou todas as vias e recursos possíveis, mas continuamos sem qualquer informação sobre o seu paradeiro”, afirmou a esposa, Geng He, apelando para “que se continue a procurar Gao”, como prova da “coragem e capacidade para defender esta última linha de defesa da justiça”, segundo o comunicado da ONG.

O Reino Unido, a Suíça e os Estados Unidos, assim como a União Europeia, levantaram o caso no Conselho de Direitos Humanos da ONU em várias ocasiões desde 2018, sem que Pequim tenha fornecido informações sobre o paradeiro do advogado.

A primeira língua artificial do mundo já lambe como a nossa

Cientistas criaram uma língua artificial que pode sentir e identificar sabores em ambientes líquidos — imitando totalmente como as papilas gustativas humanas funcionam. A conquista foi anunciada num estudo publicado em julho na PNAS. Segundo os investigadores, é a primeira língua artificial do mundo que “lambe” como se fosse um verdadeiro órgão humano. O dispositivo foi capaz de identificar quatro sabores básicos — doce, azedo, salgado e amargo — com 72,5% a 87,5% de precisão, e com 96% de precisão para bebidas com múltiplos perfis de sabor como café e Coca-Cola. Segundo o novo estudo, esta é a primeira vez

A História repete-se

A História repete-se

A História repete-se

Um diálogo descontraído em torno da História, dos seus maiores personagens e acontecimentos. ‘A História repete-se’ não é uma aula, mas quer suscitar curiosidade pelo passado e construir pontes com o presente. Todas as semanas Henrique Monteiro e Lourenço Pereira Coutinho partem de um ponto que pode levar a muitos outros… São assim as boas conversas.

Incêndios. Situação agrava-se em Trancoso e as chamas seguem para Fornos de Algodres

Uma reativação numa das frentes de fogo do incêndio de Trancoso agravou a situação no concelho.

As chamas passaram as fronteiras do concelho e estão nas proximidades de várias aldeias já no concelho de Fornos de Algodres.

O presidente da União das Freguesias de Sobral Pichorro e Fuinhas, a localidade de Fornos de Algodres mais próxima do concelho de Trancoso, diz à Renascença que “a situação está difícil”.

“Esta noite esteve bastante vento e o fogo reacendeu e foi-se aproximando”, explica António Pires Fonseca

O autarca indica que a população local “está preocupada”.

“Vamos dando assistência dentro do possível… Temos um carro, um ligeiro, para transportar água e vamos estando junto das aldeias para estarmos atentos.”

Este é o incêndio que mais meios mobiliza no país, na manhã desta quarta-feira. No terreno, estão quase 500 operacionais.

Já em Vila Real, o incêndio continua a lavrar há 11 dias e já depois de dois reacendimentos.

Em Tabuaço, há uma nova frente a arder com muita intensidade, numa zona de difícil acesso.

Entretanto, continua suspensa a circulação no IC 1 em Santiago do Cacém, de acordo com informação avançada à Renascença pelo comandante sub-regional do Alentejo Litoral. Tiago Bugio diz que as chamas foram dadas como dominadas durante a madrugada, mas persistem vários pontos sensíveis.

Em Santiago do Cacém permanecem mais de 230 bombeiros apoiados por mais de 80 viaturas.

Nas últimas horas, também o incêndio do concelho de Cuba entrou em fase de resolução.

Ex-primeira-dama sul-coreana detida por suspeitas de fraude e corrupção

A ex-primeira-dama sul-coreana Kim Keon-hee, mulher do detido ex-presidente, foi presa preventivamente, no âmbito de casos que envolvem fraude, corrupção e violação das leis eleitorais, disseram as autoridades.

A detenção de Kim Keon-hee, na terça-feira, ocorreu horas depois de os procuradores anunciarem a emissão de um mandado de detenção contra a mulher do ex-presidente Yoon Suk-yeol.

O mandado foi emitido devido ao risco de destruição de provas, de acordo com a agência de notícia sul-coreana Yonhap.

Kim, de 52 anos, é acusada de inflacionar artificialmente o valor das ações de uma empresa de comércio automóvel entre 2009 e 2012 e de aceitar presentes de luxo enquanto era primeira-dama, em violação das leis anticorrupção.

Na semana passada, Kim Keon-hee foi interrogada pelos procuradores, tendo apresentado desculpas e prometido cooperar totalmente com a investigação.

A ex-primeira-dama é ainda acusada de violar as leis eleitorais ao interferir no processo de nomeação de parlamentares do antigo partido do marido, o Partido do Poder Popular (PPP).

A prisão preventiva significa que ambos os membros do anterior casal presidencial estão agora detidos, uma situação inédita na Coreia do Sul.

O ex-presidente conservador Yoon Suk-yeol, impugnado em abril, está detido por ter imposto brevemente a lei marcial em dezembro e mergulhar o país num prolongado caos político.

Acusado de insurreição, foi substituído em junho pelo rival de centro-esquerda, Lee Jae-myung.

Se tiver uma história que queira partilhar sobre irregularidades na sua autarquia, preencha este formulário anónimo.

Isabel Loureiro: “Para lá da amamentação, pai ou mãe devem ter duas horas para estar com os filhos até aos dois anos de idade”

“Trata-se de investir no futuro e na produtividade das empresas”, diz a professora. Sobre o aleitamento materno, Portugal não vai conseguir atingir a meta que estabeleceu para 2030.

Documento surgiu na sequência da polémica em torno de um anteprojeto de alteração ao Código do Trabalho que pretende fixar um prazo legal máximo à dispensa para amamentação

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Neste podcast diário, Paulo Baldaia conversa com os jornalistas da redação do Expresso, correspondentes internacionais e comentadores. De segunda a sexta-feira, a análise das notícias que sobrevivem à espuma dos dias. Oiça aqui outros episódios:

Human Rights Watch adverte para manipulação de relatório de direitos humanos de Governo Trump

A organização Human Rights Watch (HRW) advertiu que a omissão de certas secções no relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado norte-americano “e a manipulação” de abusos em certos países “rebaixam e politizam o relatório”.

O documento, divulgado na terça-feira, omitiu várias categorias de violações que eram comuns nas edições anteriores, incluindo as das mulheres, da comunidade LGBTI, de portadores de deficiências, corrupção governamental e liberdade de reunião pacífica, afirmou a HRW num comunicado.

Ao minar a credibilidade do relatório, continuou a organização, o Governo do Presidente dos EUA, Donald Trump, põe em risco os defensores dos direitos humanos, debilita as proteções para os requerentes de asilo e prejudica a luta global contra o autoritarismo.

“O novo relatório do Departamento de Estado é, em muitos aspetos, um exercício de branqueamento e engano”, reagiu a diretora da HRW em Washington, Sarah Yager.

No relatório correspondente ao ano de 2024, a Administração Trump eliminou as críticas a El Salvador, Israel e Rússia, enquanto intensificou a censura ao Brasil e à África do Sul, países considerados rivais do novo Governo.

A HRW lembrou que o Departamento de Estado é obrigado a enviar ao Congresso um relatório anual sobre as “condições dos direitos humanos” de países e territórios em todo o mundo.

Mas, reiterou, o relatório deste ano “pode estar em conformidade estritamente com os requisitos legais mínimos, mas não reconhece a realidade das violações generalizadas dos direitos humanos contra grupos inteiros de pessoas em muitos lugares”.

Como resultado, advertiu, o Congresso carece agora de um instrumento “abrangente e amplamente fiável” do próprio Governo, para monitorizar adequadamente a política externa dos EUA e afetar recursos.

No comunicado, salienta-se ainda que muitas das secções e violações dos direitos humanos omitidas no relatório são “extremamente importantes” para compreender as tendências e a evolução dos direitos humanos a nível mundial.

Em relação a Israel, o relatório não inclui as deslocações forçadas maciças de palestinianos em Gaza, a utilização da fome como arma de guerra e a privação deliberada de água, eletricidade e cuidados médicos, “ações que constituem crimes de guerra, crimes contra a humanidade e atos de genocídio”, sublinhou ainda a HRW no comunicado.

Relativamente a El Salvador, para onde os EUA estão a enviar migrantes para a prisão de segurança máxima de Cecot — criticada por violações dos direitos humanos – não foram encontrados “relatos credíveis de abusos significativos”.

O relatório refere ainda que a situação dos direitos humanos no Haiti e na Venezuela é significativamente pior do que no ano passado. Nestes países, bem como nas Honduras, no Nepal, na Nicarágua e no Afeganistão, existem relatos credíveis de numerosas violações dos direitos humanos, incluindo prisões e detenções arbitrárias, tortura e outros maus-tratos, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados, entre outras violações, afirmou.

No entanto, apesar de a Administração Trump reconhecer que estes lugares são perigosos, cancelou o Estatuto de Proteção Temporária para afegãos, venezuelanos, nicaraguenses, hondurenhos, nepaleses e haitianos, argumentou a HRW, recordando como este documento tem sido de grande benefício de várias formas, incluindo a nível académico.

“O relatório de direitos humanos do Departamento de Estado há muito tempo que fornece uma base sólida, embora muitas vezes ignorada, para o apoio dos EUA ao movimento global de direitos humanos”, observou Yager.

No entanto, considerou que o Governo Trump transformou grande parte do relatório “numa arma que faz com que os autocratas pareçam mais aceitáveis e minimiza os abusos dos direitos humanos que ocorrem nesses lugares”.

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