“Estamos com os jovens de Gaza, da Ucrânia e com os de todas as terras ensanguentadas pela guerra”

“Estamos com os jovens de Gaza. Estamos com os jovens da Ucrânia, com os de todas as terras ensanguentadas pela guerra.”

Esta é declaração com que o Papa Leão XIV encerrou, este domingo, a celebração final do Jubile dos Jovens.

“Estamos mais próximos do que nunca dos jovens que sofrem os males mais graves, causados por outros seres humanos”, disse o Papa, no final da missa.

Perante mais de um milhão de jovens que o aplaudiam, Leão XIV apelou à “comunhão com Cristo, a nossa paz e esperança para o mundo” e deixou um forte incentivo à paz: “Meus jovens irmãos e irmãs, vós sois o sinal de que é possível um mundo diferente. Um mundo de fraternidade e amizade, onde os conflitos não se resolvem com armas, mas com diálogo”, disse, em inglês.

Nos agradecimentos finais, o Papa considerou a participação de todos neste Jubileu “uma cascata de graça para a Igreja e para o mundo inteiro” e pediu aos jovens que sejam sempre “sal da terra e luz do mundo”.

Por fim, o Papa marcou encontro com todos para daqui a dois anos, na próxima Jornada Mundial da Juventude, que se realizará em agosto de 2027, em Seul, a capital da Coreia do Sul.

Mais cedo, à chegada ao recinto de Tor Vergata, o Papa saudou os cerca de um milhão de jovens de todo o mundo. “Bom dia”, disse Leão XIV, visivelmente bem disposto, em várias línguas, antes de percorrer o recinto no papamóvel.

Os jovens pernoitaram no espaço onde na última noite estiveram em vigília de oração e silêncio e na qual Leão XIV marcou presença.

[notícia atualizada às 10h00 com palavras do Papa no encerramento]

Vêm aí novas regras para carregar elétricos. Mais fácil, sem contratos, pagamento direto

O Governo aprovou o novo Regime Jurídico da Mobilidade Elétrica, que simplifica o processo de carregamento elétrico. É eliminada a obrigatoriedade de contratos com as redes de carga, o que permite pagamentos simples com cartão bancário ou QR Code e garante maior transparência nos preços. Vai ser mais fácil carregar veículos elétricos nos postos de abastecimento público. No âmbito da Reforma do Estado, o Governo aprovou, no Conselho de Ministros da passada quinta-feira, o novo Regime Jurídico da Mobilidade Elétrica (RJME), que “simplifica o processo de carregamento elétrico ao eliminar a obrigatoriedade de contratos com os comercializadores”. O novo regime

Giuliano da Empoli: “A única coisa que todos os predadores têm em comum é atacar a Europa”

Os seus livros são quase sempre best-sellers, apesar dos temas políticos que abordam. Lêem-se de um fôlego porque recorrem a uma linguagem simples, cheia de pequenas anedotas extraídas da vida real que ajudam a perceber o que está em causa neste mundo caótico e novo em que vivemos. O penúltimo, também editado em Portugal pela Gradiva, em 2023, fala-nos dos “engenheiros do caos”, dos criadores da política feita através da Internet. O mais recente, A Hora dos Predadores, descreve-nos e alerta-nos para outra realidade nova — a convergência entre uma nova espécie de políticos e os magnatas das tecnologias, cujo objectivo comum é quebrar as regras e os limites que permitem às democracias liberais funcionar. Os magnatas sabemos quem são. Os novos predadores da política emergem sob várias formas, conforme as circunstâncias em que governam. Do príncipe herdeiro saudita ao Presidente dos Estados Unidos da América. Também antecipa uma nova forma de totalitarismo que um dia pode ser regido apenas através de máquinas, dispensando as contingências inerentes à condição humana. É, no fundo, uma viagem sobre o futuro, que descreve como sombrio, mas que, como todos os futuros, considera que podemos ainda controlar. A Europa é ainda um bom exemplo.

Os leitores são a força e a vida do jornal

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A imagem é impressionante: serão dois buracos negros supermassivos em fusão

Captada imagem do centro da galáxia OJ 287 com um grande nível de detalhe. Imagem revolucionária capturada com radiotelescópio espacial. Há mais de 150 anos que a galáxia OJ 287 e as suas variações de brilho, a cinco mil milhões de anos-luz de distância, intrigam e fascinam os astrónomos, pois suspeitam que dois buracos negros supermassivos estejam a fundir-se no núcleo. Uma equipa internacional de investigação liderada pela Dra. Efthalia Traianou, da Universidade de Heidelberg, conseguiu recentemente captar uma imagem do centro da galáxia com um grande nível de detalhe. A imagem revolucionária, capturada com a ajuda de um radiotelescópio

Fim da FCT: precisamos de ciência livre, não apenas útil

A extinção da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), anunciada pelo Governo como parte de uma “reforma” do sistema científico nacional, representa a maior mudança institucional na política de ciência em Portugal em mais de duas décadas. Mas a decisão, tomada sem qualquer debate público, levanta sérias dúvidas sobre o rumo e os princípios que orientam esta reorganização.

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Agência federal abre investigação sobre ex-procurador de Trump, Jack Smith

Uma agência federal dos EUA abriu uma investigação formal sobre o ex-procurador especial Jack Smith, que supervisionou duas investigações criminais sobre o Presidente Donald Trump após o seu primeiro mandato na Casa Branca.

O Gabinete do Conselheiro Especial (OSC, na sigla original) confirmou à Reuters que estava a investigar se Smith violou a Lei Hatch, que proíbe funcionários federais de usar a sua posição para actividades políticas. A decisão segue-se a um pedido de investigação do senador norte-americano Tom Cotton, republicano do Arcansas.

O OSC é uma agência independente que investiga a conduta de funcionários federais, mas não tem autoridade para apresentar acusações criminais. É diferente do tipo de gabinete do procurador especial anteriormente supervisionado por Smith, que foi nomeado pelo Departamento de Justiça para conduzir processos criminais.

A investigação da OSC, que foi noticiada pela primeira vez pelo New York Post, é a mais recente de uma série de acções tomadas por Trump e seus aliados contra os seus inimigos políticos.

A Reuters não conseguiu contactar Smith, que renunciou ao cargo em Janeiro após a vitória eleitoral de Trump, para comentar o assunto.

No início desta semana, Cotton acusou Smith de ter sido agressivo nos seus casos contra Trump, com o objectivo de prejudicar a campanha presidencial do republicano, chamando Smith de “um actor político disfarçado de funcionário público” numa série de publicações no X.

“É por isso que pedi que esta interferência sem precedentes nas eleições de 2024 fosse imediatamente investigada pelo OSC”, escreveu Cotton no X.

Ex-procurador de crimes de guerra, Smith moveu duas acções criminais contra Trump: uma acusando-o de reter ilegalmente material confidencial e outra relacionada às tentativas de Trump de reverter a sua derrota nas eleições de 2020, um esforço que desencadeou o ataque de 6 de Janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos.

Nenhum dos processos chegou a julgamento, tendo sido adiados e afectados por uma série de contestações legais, incluindo uma decisão da maioria conservadora do Supremo Tribunal, que concedeu aos ex-presidentes ampla imunidade contra processos criminais.

Smith desistiu de ambos os processos depois de Trump ter vencido as eleições, citando uma política de longa data do Departamento de Justiça contra o processo de um presidente em exercício, mas divulgou um relatório em Janeiro dizendo que as provas que reuniu teriam sido suficientes para um tribunal condenar Trump.

Trump negou qualquer irregularidade e atacou as acusações como tentativas de prejudicar a sua campanha.

Festas em Marinhais antecipam fogo de artifício 30 minutos para fugir à proibição do Governo

O Governo anunciou o estado de alerta a iniciar-se a partir da meia-noite e, para fugir às proibições, a organização das Festas de Marinhas, uma vila no concelho de Salvaterra de Magos, anunciou a antecipação do fogo de artifício em meia hora.

Numa publicação no Facebook, a Comissão de Festas refere que “devido ao alerta vermelho emitido pelo Governo”, a sessão de fogo de artifício, originalmente agendada para as 00h00, foi antecipada para as 23h30.

Nos comentários, os próprios moradores falam em “falta de civismo” e em “desrespeito”, perante uma medida que tem como objetivo a prevenção de incêndios.

Entre as proibições relacionadas com o estado de alerta está, precisamente a pirotecnia: “Proibição da utilização de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos, independentemente da sua forma de combustão, bem como a suspensão das autorizações que tenham sido emitidas”, como refere o comunicado do Governo divulgado este sábado.

Amamentar sob suspeita: o retrocesso de uma medida sem coração

Há decisões políticas que, sinceramente, parecem desenhadas num gabinete onde nunca se ouviu o choro de um recém-nascido, nem se sentiu o cansaço doce (e exausto) de uma mãe com um bebé ao colo. A recente proposta do Governo para exigir um atestado médico logo no início da amamentação é uma dessas decisões que soa a retrocesso. “Um recuo legal”, como já foi dito pela Ordem dos Médicos, mas sobretudo um recuo ético, social e humano.

Amamentar é um gesto profundamente íntimo, físico e emocional. Reduzi-lo à burocracia de um papel carimbado por um médico é transformá-lo num ato a ser justificado, autorizado, quase suspeito. É impor à mãe uma carga que não é dela: a de provar o evidente, como se o vínculo com o seu bebé fosse algo que se valida por via administrativa.

Mas mais do que isso, é também excluir tantas outras mães e pais que, mesmo não amamentando, precisam igualmente desse tempo de conexão, de presença e de vinculação com os seus filhos. O cuidado não tem uma forma única. E o direito a estar com um bebé pequeno devia ser universal, porque é nesse tempo partilhado que se constrói a segurança emocional que nenhuma lei ou produtividade poderá substituir.

Cuidar do nosso bebé devia ser um direito e não um privilégio.

Num país que tanto gosta de afirmar que as crianças são o futuro, é contraditório que se legisle como se a infância fosse um incomodo, como se o tempo com um filho fosse tempo perdido. Como se amamentar, oferecer colo e cuidar fossem tarefas secundárias. A infância não se repete.

Pedir mais burocracia às mães, num momento em que tantas estão frágeis, exaustas, a adaptar-se a uma nova realidade, é desumano. E não resolve nada. Só aumenta o stress, só reforça desigualdades, só afasta as mulheres do que verdadeiramente importa: estar com os seus filhos.

Se é para regulamentar, que seja no sentido de cuidar. Que se pense numa medida verdadeiramente universal, sem necessidade de provas, atestados ou justificações. Por exemplo, uma redução de horário para todas as mães e pais nos primeiros dois anos de vida dos seus filhos. Porque apoiar a parentalidade e consequentemente a natalidade é investir no futuro das famílias e do país.

Se queremos mesmo uma sociedade mais justa, mais humana e mais saudável, temos de começar por proteger o tempo da infância, com empatia, visão e coragem. E isso não se faz com papéis. Porque o amor não cabe num formulário!

Livros que nos estragam

Hoje é comum as bibliotecas municipais terem uma prateleira de livros para dar. Na prática, é uma prateleira de livros para dar e receber. Não é suposto que as pessoas apenas levem livros mas que tragam também. Reconheço que tenho praticado muito mais a arte de levar do que a arte de trazer.

A Biblioteca Municipal de Oeiras tem sido ao longo dos anos um segundo lar para a Família Cavaco. Já lá fizemos trabalhos de casa, conhecemos amigos, tivemos encontros inesperados, escrevemos livros, partimos ossos. Tudo. Daí que uma boa parte do que leio surge não só das prateleiras arrumadas e organizadas da sala principal, como também daquela em que os livros podem ficar para nós.

Sendo eu um cristão que crê que nos salvamos pelo que lemos (ou não fosse um protestante teimoso no princípio do “somente a Escritura”), acredito também que o que lemos não pode ser inteiramente previsto. Ou seja, não devemos apenas ler o que devemos, devemos ler também aquilo que não esperávamos ler. Aliás, muitas vezes devemos até ler o que não devíamos ler. Isto significa que o leitor agraciado será também aquele que leu fora da bibliografia previsível, oficial e canónica.

O que é isso de ler fora da bibliografia previsível, oficial e canónica? É, por exemplo, ler um livro que nos apareceu na prateleira para dar da biblioteca municipal. É ler fora da previsão, fora da lista que anotámos, fora do que julgávamos ter a ver connosco. No fundo, para ler a sério é preciso ler fora de nós. Se tudo o que lermos tiver a nossa cara, o mundo é o rio triste no Narciso.

Não vou cair no extremo de dizer que têm sido esses livros inesperados os mais marcantes. Tenho apanhado umas valentes pessegadas. Ainda por cima, como tenho muita dificuldade em abandonar um livro a meio (sistemas de culpa enraizados), faço questão de aguentar até quando não valem a pena (o que também me proporciona uma experiência interessante: ler sem prazer). Os livros inesperados fazem com que a nossa vida não se torne artificialmente literária.

Uma vida artificialmente literária é aquela em que a escrita consolida a personalidade do leitor. É importante a escrita estragar a personalidade do leitor também. Os leitores de personalidade consolidada são um tédio. Dou um exemplo comezinho: uma Feira do Livro é um evento insuportável. Admitamos. Também já andei por lá e até já fiz aquela figura triste de estar a assinar autógrafos numa editora séria. Mas qualquer reunião de leitores consolidados rapidamente resvala para uma versão apenas mais sofisticada de um desfile de gigantones em carne e osso. Quando os cabeçudos são de madeira são mais simpáticos.

Daí terminar com um conselho: lê o livro que não tem nada a ver da prateleira para dar. Uma auto-ajuda foleira (terminei há dias o “O Caminho Menos Percorrido” do M. Scott Peck), um consagrado contemporâneo maçudo (“The Broom of the System” do David Foster Wallace), o esquecido do tempo do secundário (“Eurico, o Presbítero” do Alexandre Herculano), uma emotiva pérola britânica naquelas infalíveis capas da Penguin (“Silas Marner” da George Eliot), um best-seller semi-técnico do New York Times de que nunca ouviste falar (“Rapt” da Winifred Gallagher). Algo que é certo em ler o livro que parece errado é livrarmo-nos de uma existência literariamente consolidada.

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