O PSD de Óbidos vai manter como militantes os vereadores que renunciaram aos pelouros alegando quebra de confiança irreversível no atual presidente da Câmara, cuja recandidatura já foi aprovada pelas estruturas do partido.

O presidente da Concelhia de Óbidos do PSD, Nuno Gaio, disse à agência Lusa que este órgão “não retirou confiança política” a Margarida Reis e Telmo Félix, os dois vereadores militantes do partido que, juntamente com o independente eleito pelo PSD José Pereira, abdicaram dos pelouros no executivo.

Reunida na segunda-feira, a concelhia “não tomou qualquer posição sobre esses dois militantes, que estão nos órgãos do partido e que vão manter-se”, afirmou Nuno Gaio, vincando que o foco da reunião foi “a preparação das eleições autárquicas”.

Na semana passada, os três vereadores renunciaram aos pelouros alegando não se reverem nas opções políticas do presidente, Filipe Daniel (PSD).

“Estas opções não priorizam as maiores necessidades da população do concelho de Óbidos, como tivemos oportunidade de o transmitir por diversas vezes, sem que nunca tivéssemos sido ouvidos”, sustentaram.

Em resposta, Filipe Daniel esclareceu, em comunicado, que a decisão não põe em causa o normal funcionamento” da autarquia do distrito de Leiria e que, numa altura em que se preparam as candidaturas às eleições autárquicas de 12 de outubro, “a dança de lugares nas listas não pode sobrepor-se à necessidade de renovação da equipa e aos interesses dos munícipes, das empresas, das associações e dos clubes do concelho”.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira nas redes sociais, os vereadores esclareceram que a decisão não foi “fruto de qualquer ambição pessoal, mas sim o resultado de um processo de afastamento e de quebra de confiança que se tornou irreversível”.

Os autarcas disseram não se tratar de “uma questão de lugares [na lista às autárquicas], mas sim uma questão de princípio”, e garantiram ter tentado “manter a estabilidade institucional e o respeito mútuo”. Porém, acusam o presidente de ter faltado ao compromisso, assumido em abril, de manter a mesma equipa “enquanto formava (in)discretamente uma nova equipa e fazia convites a terceiros”.

Lamentando “a ausência de sinceridade, frontalidade e coragem política” do autarca, os vereadores recusaram uma proposta para integrar José Pereira na lista, colocar Telmo no Parque Tecnológico e Margarida Reis na empresa municipal Óbidos Criativa.

“É inaceitável que, num projeto que se quis coletivo, se esqueça que o respeito começa na comunicação e na lealdade para com quem esteve presente desde o primeiro dia”, é referido o comunicado.

À Lusa, o presidente recusou comentar as acusações, lembrando que os dois vereadores militantes subscreveram a sua “autonomia para escolher a equipa”.

Filipe Daniel lamentou que a decisão tenha sido tomada “num período difícil para a proteção civil, um dos pelouros atribuídos a um dos vereadores”, e quando se está “a preparar um ano letivo”, pelouro atribuído à vereadora.

Ainda assim, garantiu, “a Câmara vai continuar a dar todas as respostas às pessoas”, assumindo o presidente todos os pelouros.

O vice-presidente, José Pereira, eleito nas listas do PSD como independente, tinha os pelouros da Intervenção Social, Habitação, Resíduos Sólidos Urbanos, Espaços Verdes, Proteção Civil e Transportes Coletivos.

Educação, Cultural Saúde e Bem-Estar, Juventude, Desporto e Gestão e Acompanhamento a instituições culturais, recreativas e desportivas eram as áreas da responsabilidade de Margarida Reis.

Telmo Félix tinha os pelouros do Planeamento e Gestão Urbanística, Energia, Regeneração e Requalificação Urbana, Sustentabilidade e Modernização Administrativa.

Desde as anteriores eleições autárquicas, o executivo municipal de Óbidos é constituído por quatro eleitos do PSD e três do PS.

As eleições autárquicas decorrem no dia 12 de outubro.

A Polícia Judiciária (PJ) deteve, em Fafe, dois homens suspeitos de tráfico internacional de estupefacientes e apreendeu uma tonelada e meia de cocaína provinda da América Latina e dissimulada em três contentores com peles de animais, foi anunciado esta quarta-feira.

Em comunicado, a PJ refere que na origem da investigação está a atividade de uma empresa que procedeu à importação de três contentores de peles provenientes da América Latina.

Suspeitando que os três contentores poderiam estar a ser utilizados para transportar substâncias ilícitas, a PJ solicitou a colaboração da Autoridade Tributária e Financeira (AT) na fiscalização dos contentores no porto de Leixões, em Matosinhos, distrito do Porto.

As suspeitas foram confirmadas, tendo sido detetada “uma quantidade muito elevada” de embalagens de cocaína entre as peles dos animais.

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Através de uma monitorização constante daqueles contentores, a PJ acompanhou, na segunda-feira, a sua retirada da zona portuária e o transporte para um armazém na zona de Fafe, no distrito de Braga, onde viriam a ser detidos os dois suspeitos, assim que iniciaram o processo de descarga e armazenamento da mercadoria.

Os dois homens, de 34 e 42 anos, estão associados à empresa que importou a mercadoria, também ela suspeita de envolvimento no projeto criminoso.

Um dos detidos é ex-militar da GNR, atualmente em licença de longa duração, fora do ativo.

No âmbito desta operação, a PJ fez ainda várias apreensões, nomeadamente de automóveis ligeiros, motociclos, armas de fogo e outros meios de prova.

Os detidos vão ser presentes às autoridades judiciárias, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para primeiro interrogatório e aplicação de medidas de coação.