Incêndio em Arganil: aldeias históricas em Piódão evacuadas, vento e terreno acidentado dificultam combate


“O que temos nesse momento é um fogo com várias frentes, que não conseguimos sequer saber quantas são, com um vento significativo, com direções variáveis e com prejuízos ao nível das florestas.”, disse Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil, à SIC Notícias. “Nós estamos numa zona do concelho onde a prevalência de ventos é sistemática. Uma zona com muitos declives, com uma orografia muito complexa, e esses ventos que têm estado com direções um bocadinho errantes e estão a dificultar o trabalho dos bombeiros e da proteção civil”
O autarca também confirmou que as chamas estão a aproximar-se das aldeias, e as pessoas já “estão a ser retiradas” de suas residências, “inclusivamente na freguesia de Piódão”. As aldeias de Chãs de Égua e Foz de Égua já foram evacuadas, e a estrada de acesso à região foi cortada.
“O cenário não é facilitador. As condições meteorológicas não são favoráveis. Na zona do Piódão há uma grande complexidade pela orografia do terreno”, explicou à SIC Notícias André Morais, especialista em proteção civil. “Há uma grande dificuldade para conseguirmos mobilizar meios e recursos porque temos uma grande quantidade de incêndios. Provavelmente, aquilo que estamos a assistir vai continuar por mais algum tempo, não é fácil fazer este tipo de combate”.
A Proteção Civil está a trabalhar em conjunto com a Guarda Nacional Republicana (GNR). A GNR, referiu Luís Paulo Costa, está nas aldeias a analisar a necessidade de evacuação e a instruir a população. “Há aqui um empenho de forças, de combate ao incêndio ou de segurança, que têm um papel absolutamente decisivo na segurança das pessoas”, finalizou o autarca.
A posição geográfica de Piódão, assim como as características do terreno, fazem com que a atuação dos meios aéreos no combate ao incêndio seja limitada, detalha ainda André Morais, porque “não conseguem fazer descargas em algumas zonas”: “Os helicópteros conseguem trabalhar melhor e mais próximos, mas, devido ao fumo, há complexidade de atuação”. O especialista entende, então, que é necessário priorizar “a proteção das pessoas e bens em detrimento daquilo que é o combate ao incêndio” devido ao “comportamento eruptivo” das chamas.
Texto escrito por João Sundfeld e editado por João Pedro Barros