Para Rui Tavares, a dupla boa está à esquerda e a economia que o diga

No arranque da última semana de campanha eleitoral, Rui Tavares aposta cada vez mais nas críticas “soundbite” para tentar mostrar a viabilidade de ter uma alternativa à esquerda, após as legislativas. Este domingo, o pretexto foi o namoro na campanha ao lado. Depois de Luís Montenegro ter dito que faria uma boa dupla com Rui Rocha a jogar voleibol, Tavares entrou no jogo com um pedido aos portugueses.
“Preferem a dupla do chico-esperto e do acelera? (…) Bem, do outro lado, a outra opção que os portugueses têm é uma dupla de progresso e de ecologia”, questionou, numa alusão clara à aliança com o PS, que o porta-voz do Livre tantas vezes tem apelado.
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Para Tavares, a possível aliança entre a AD e a IL tem arrufo prometido, porque nem Rui Rocha tolera “os defeitos de Montenegro”, nem os sociais-democratas veem com bons olhos o “radicalismo da IL”. Coisa diferente vai acontecer com um entendimento à esquerda, garante o Livre.
“[Serei] exigente naquilo em que o PS tem de grandes defeitos e nós sabemos que tem. Quando for preciso picar os miolos ao PS para que ele se mantenha no bom caminho, o Livre não evitará fazê-lo e não ficará com uma conversinha”, assegurou, esclarecendo que não vergará em matérias como a habitação, educação, SNS, ética e também no apoio à Ucrânia e à Palestina.
Nesta luta pelo namoro mais forte (e na qual Rui Tavares parece mais empenhado do que Pedro Nuno), o líder do Livre subiu hoje o escalão das críticas e apontou forte a uma das maiores bandeiras dos partidos à direita – a economia.
Perante a queda de 0,5% no primeiro trimestre deste ano, em comparação aos últimos três meses do ano passado, Rui Tavares pega no slogan da Iniciativa Liberal (“acelerar Portugal”) para adaptar a velha máxima de “a pressa é inimiga da perfeição”.
“Há quem vá para a estrada com uma teoria da condução que é acelerar em quaisquer condições de estrada. Ou há quem sabe que, antes da curva, é preciso travar, que, quando o tempo está ma, é preciso guiar com mais cuidado. Esta coisa do acelera em todas as circunstâncias nem sempre corre bem”, alertou, recordando que é provável que “surja aí uma crise provocada por Donald Trump”.
O farol “muito fraco, até na sua bússola moral”
Além das questões económicas, Rui Tavares viu nas declarações de Luís Montenegro este sábado – onde disse que se sentia “o farol do país” – uma oportunidade para aprofundar as críticas que lhe tem feito por ter “rebaixado a fasquia da ética na política em Portugal”.
“Muito fraco farol foi o Luís Montenegro. Basicamente, deixa-se a ele próprio completamente desorientado na sua bússola moral e deixa o país mais confuso. Neste século XXI, Portugal devia ter muito claro que, quando um chefe de executivo é chefe de executivo, trabalha para os portugueses, não trabalha para mais ninguém”, criticou na manhã de domingo em Cascais, frisando que “com um voto em Montenegro, este tipo de comportamentos fica justificado”.
E se as reprimendas a Montenegro parecem, nas entrelinhas, dirigir-se à sua postura democrática, o mesmo acontece com a Iniciativa Liberal.
Tavares vira-se novamente para o projeto de revisão constitucional – desta vez, nem tanto para a substância, mas mais para a postura do partido perante as críticas. “Acho que tem havido, nos últimos dias, por parte de João Coutinho de Figueiredo, uma espécie de medo de que as ideias da IL sejam discutidas”, assinalou, na ação de campanha de rua à tarde, no Parque das Nações, em Lisboa.
Este é um comportamento no qual o Livre não encaixa e que, parece Rui Tavares sugerir, os eleitores acabam por premiar.
“A mensagem tem passado claramente e entramos, nesta segunda semana de campanha, à distância de uma bola no poste para podermos fazer uma diferença (…). Até ao último minuto, as coisas contam e que não está tudo decidido na jornada de atrás, e que só se vai decidir tudo mesmo na jornada do fim. Entendedores entenderão”, afirmou, recordando o derby e utilizando mais um trocadilho, que aparenta o esforço do líder do Livre em profissionalizar a campanha eleitoral.