Associação promove curso intensivo para divulgar língua mirandesa

A Associação Frauga, de Picote, no concelho de Miranda do Douro, pioneira nos cursos de aprendizagem de língua mirandesa, deu esta segunda-feira início a um curso de verão que possibilita um primeiro contacto com este idioma.
“A Frauga foi a primeira associação a valorizar a língua mirandesa, com um conjunto de iniciativas, onde estes cursos verão começam a ser uma espécie de valorização deste idioma, que arrancaram há cerca de 30 anos tal como a mudança da toponímia da aldeia, com a colocação do nome das ruas em português e mirandês”, explica o linguista e vice-presidente da Frauga, António Bárbolo Alves.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
Os cursos são procurados por pessoas que se deslocam ao Planalto Mirandês, no distrito de Bragança, para ter o primeiro contacto com a segunda língua oficial em Portugal, numa iniciativa que se prolonga até ao próximo fim de semana.
Segundo António Bárbolo Alves, a valorização da literatura oral é outra das componentes desta semana intensiva dedicada à língua mirandesa.
As declarações do linguista à agência Lusa foram todos proferidas em “lhéngua” mirandesa como forma de expressar a vertente fonética da língua resiste, assente na tradição oral.
O curso terá seis módulos que vão das raízes e enquadramento do mirandês à literatura, passando pelo aprofundamento dos conhecimentos.
Os promotores desta iniciativa querem ainda apostar na presença de contadores de “lhonas”, o que em português quer dizer histórias e lendas da tradição da região de influência da língua mirandesa.
“Esta é uma oportunidade única, de ao longo de uma semana de nos juntarmos, tanto especialistas como falantes e quem quer aprender. E digo que há bastantes interessados vindos um pouco de todo o país e de Espanha”, vincou o vice-presidente da Frauga.
Em 11 de março, o Governo aprovou em Conselho de Ministros uma resolução que cria a estrutura de missão para a promoção e valorização da língua mirandesa.
Segundo o Governo, é assim reforçado “o compromisso com a preservação deste património linguístico nacional, assegurando o futuro do Mirandês e criando condições concretas para a dinamização da região”.
O mirandês passou a segunda língua oficial em Portugal há 27 anos, após a aprovação, na Assembleia da República, em 17 de setembro de 1998, da lei que reconhece esse estatuto ao idioma falado nos concelhos de Miranda do Douro e parte dos concelhos de Vimioso e Mogadouro, no distrito de Bragança.
O mais recente estudo feito pela Universidade de Vigo, com apoio e colaboração da Associação de Língua e Cultura Mirandesa, concluiu que haverá cerca de 3.000 falantes de mirandês na Terra de Miranda e que, se nada for feito, a língua caminhará para o seu declínio.