SNS no Algarve à beira da rutura: profissionais de saúde em greve esta quinta-feira


Médicos, enfermeiros, auxiliares e outros profissionais de saúde no Algarve cumprem esta quinta-feira, 7 de agosto, em pleno pico do verão, uma greve de 24 horas contra o agravamento da situação nos serviços de saúde da região. Os sindicatos que representam os trabalhadores dizem que o cenário de rotura só tem sido contido graças ao “elevado sentido de responsabilidade e entrega diária dos profissionais”.
As estruturas exigem, por isso, soluções para a falta crónica de pessoal e para a degradação das condições de trabalho. Numa nota conjunta que emitiram esta quarta-feira, no dia anterior à paralisação, os sindicatos sustentam que os pedidos de exoneração e rescisões de contratos são “quase diários” e que, em muitos serviços, já se verifica “uma diminuição do número de profissionais por turno”.
Mesmo perante este cenário, a Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve classificou a greve como uma reação “injusta”, desvalorizando, segundo os sindicatos, sinais claros de alarme como o aumento dos pedidos de escusa de responsabilidade por parte das equipas clínicas e o agravamento das listas de espera.
A greve foi convocada pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul, pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas, numa ação coordenada em defesa dos profissionais, do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da Delegação Regional de Saúde do Algarve, cuja extinção está em discussão. “Seria de esperar que também a Administração da ULS Algarve estivesse ao lado dos profissionais e dos utentes”, pode ler-se no comunicado.
Esta paralisação ganha contornos ainda mais críticos por ocorrer em pleno pico do verão, quando a população residente é multiplicada por quatro ou cinco devido ao turismo.
Em declarações à Lusa, António Miguel Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e da Câmara de Olhão, afirmou que a greve é “duplamente preocupante”: “Além de fazerem falta estes cuidados aos algarvios, vai dar uma má imagem de um destino que não é seguro do ponto de vista dos cuidados de saúde.”
O responsável disse ainda compreender os motivos do protesto e apontou responsabilidades ao Governo, acusando-o de falta de investimento na região e de silêncio sobre a prometida construção do novo hospital central do Algarve. Além da falta de recursos humanos e de equipamentos, o autarca apontou também a ausência de uma política de habitação que permita fixar profissionais na região.
Os sindicatos argumentam que os impactos desta crise nos serviços de saúde do Algarve só não são mais visíveis devido ao elevado sentido de responsabilidade dos profissionais, que continuam a garantir os cuidados essenciais apesar da sobrecarga e da falta de condições. “Importa perguntar a quem interessa esta degradação”, atiram no final do comunicado, exigindo respostas e mudanças urgentes.