Pelo menos 60 mortes em cheias nos Himalaias, que estão a aquecer rapidamente

Pás e máquinas escavadoras estão a ser usadas por equipas de salvamento na Caxemira indiana para procurar sobreviventes sob de pedras e escombros, um dia depois da tromba de água e inundações repentinas que se abateram sobre uma rota de peregrinação hindu terem morto pelo menos 60 pessoas e deixado 200 desaparecidas. Nestes desastres, há uma marca clara dos efeitos das alterações climáticas, dizem os cientistas.
Os deslizamentos de lama e as cheias inundaram a aldeia de Chasoti na quinta-feira, arrastando os peregrinos que se tinham reunido para almoçar, antes de subirem a colina para um popular centro religioso.
Este é o segundo desastre deste tipo nos Himalaias em pouco mais de uma semana. Contabilizando as vítimas de outras chuvas torrenciais no fim desta semana nesta região montanhosa da Ásia, na Índia e no Paquistão, pelo menos 176 pessoas morreram e muitas outras continuam desaparecidas, noticia o jornal South China Morning Post.
“Ouvimos um som altíssimo, seguido de uma inundação repentina e de lama. As pessoas estavam a gritar e algumas caíram no rio Chenab. Outras ficaram soterradas sob os escombros”, contou à Reuters o peregrino Rakesh Sharma, que ficou ferido.
Sacos, roupas e outros pertences, cobertos de lama, jaziam espalhados entre postes eléctricos partidos e lama, enquanto as equipas de salvamento usavam cordas e atravessavam pontes improvisadas numa tentativa de retirar pessoas dos escombros.
Pelo menos 60 pessoas foram mortas, mais de 100 ficaram feridas e outras 200 continuam desaparecidas, disse o ministro-chefe de Jammu e Caxemira, Omar Abdullah.
Inundações e deslizamentos de terras ocorrem com frequência na cadeia montanhosa dos Himalaias. Mas a intensidade e a frequência destes fenómenos estão a aumentar, devido às alterações climáticas: o continente asiático está a aquecer duas vezes mais rápido do que a média global, o que provoca mais fenómenos meteorológicos extremos, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial.
FAROOQ KHAN/EPA
Mas o aquecimento global está a alterar os padrões da queda de chuva e de neve nos Himalaias, o que diminui o período das monções normalmente de Junho a Setembro) mas torna as chuvas mais intensas, mais concentradas. Os glaciares estão a recuar e o solo permanentemente gelado derrete, o que aumenta a instabilidade das encostas e aumenta a probabilidade de deslizamentos de terras e avalanches.
A isto juntam-se a condições criadas por um desenvolvimento apressado e não planeado nas regiões de montanha, que as torna especialmente vulneráveis a fenómenos como trombas de água e cheias repentinas.
No vizinho Nepal, pelo menos 41 pessoas morreram, 21 estão desaparecidas e 121 ficaram feridas em inundações, chuvas fortes, deslizamentos de terras e tempestades de granizo desde o início das chuvas de monção em Junho deste ano, de acordo com os dados fornecidos pela autoridade de gestão de catástrofes nepalesa, diz a Reuters.
Mais de 50 pessoas foram mortas durante a noite em incidentes relacionados com a chuva no norte montanhoso do Paquistão, informaram as autoridades de salvamento na sexta-feira. As inundações e o desabamento dos telhados das casas causaram as mortes.
Na Caxemira administrada pelo Paquistão, onde oito pessoas foram mortas – incluindo seis membros de uma família soterrados nos escombros da sua casa – estavam em curso operações de evacuação para turistas nacionais retidos.
