O rei Felipe VI de Espanha foi homenageado com um doutoramento honoris causa pela Universidade de Coimbra, na mesma cerimónia em que foi distinguido o Presidente de Itália, Sergio Matarella. O momento contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que elogiou as “notáveis virtudes” dos dois chefes de Estado num discurso em latim.

O Presidente português surpreendeu ao falar no idioma que está na origem das línguas românicas do início ao fim do seu curto discurso, sem que houvesse tradução preparada para esse efeito na Sala dos Capelos, onde decorreu a cerimónia, na terça-feira.

Perante os doutorandos, Felipe VI e Sergio Matarella, académicos e convidados, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou, já em latim, que iria usar a língua que “é a raiz” das línguas de Portugal, Espanha e Itália.

Segundo a versão traduzida do seu discurso, disponibilizada mais tarde à comunicação social, o chefe de Estado apontou “notáveis virtudes comuns” ao rei de Espanha e ao Presidente de Itália: “Respeito da dignidade humana, carácter, inteligência, sentido de missão, temperança, visão universal.”

“Outras virtudes existem e são importantes. Estas são as decisivas, para governar os povos, para os amar, para os servir, para dar exemplo de vida, para honrar as nossas pátrias irmãs, para merecer a láurea da Universidade de Coimbra, escola de virtudes pessoais e comunitárias”, acrescentou.

Direito e Economia

Na cerimónia, o rei de Espanha, Felipe VI, foi distinguido com o grau de doutor honoris causa pela Faculdade de Direito, e o Presidente de Itália, Sergio Mattarella, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, a mais antiga instituição de ensino superior de Portugal.

O momento foi partilhado nas redes sociais pela casa real espanhola, que agradeceu a distinção do monarca, explicando que, como é habitual nestas ocasiões, Felipe “respondeu em latim à pergunta cerimonial colocada pelo reitor da Universidade de Coimbra”, Amílcar Falcão, antes de investidura.

No discurso de agradecimento, Felipe VI trouxe um toque de actualidade ao falar sobre a importância de mostrarmos “que este é o tempo de uma Europa unida”. E continuou: “Não de uma Europa das diferenças; de uma Europa firme e unida, não de uma Europa egocêntrica e negligente; de uma Europa consciente e orgulhosa do que é, para si e para o mundo; se acreditarmos nesta Europa, teremos ganho o futuro.”

Assistiram à cerimónia, entre outros, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco; o procurador-geral da República, Amadeu Guerra; a provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral; a presidente do Tribunal de Contas, Filipa Urbano Calvão; e os ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e da Justiça, Rita Alarcão Júdice. O ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi também esteve presente.

Felipe VI, Sergio Mattarella e Mario Draghi estão em Coimbra por ocasião da 18.ª cimeira Cotec Europa, que decorre até esta quarta-feira, coincidindo com o período de campanha oficial para as eleições legislativas antecipadas do próximo domingo, 18 de Maio.

Nesta quarta-feira, ao fim da manhã, os chefes de Estado de Portugal, Espanha e Itália vão discursar na sessão de encerramento da cimeira, que também contará com a participação de Draghi numa conversa sobre o futuro da Europa.

Esta não é a primeira vez que o rei de Espanha vem a Portugal numa visita oficial. Aliás, foi este o país escolhido para a primeira viagem de Estado em Julho de 2014, depois de subir ao trono, onde Felipe e Letizia se encontraram com o então Presidente da República Cavaco Silva e a primeira-dama, Maria Cavaco Silva, no Palácio de Belém. Também a primeira visita oficial, a solo, da herdeira do trono espanhol, a princesa Leonor, foi a Portugal, em Julho passado, altura em que foi recebida por Marcelo Rebelo de Sousa.