Explicações de Pedro Sánchez para o apagão “não convencem” do ponto de vista técnico, diz especialista


O especialista em redes elétricas Clemente Pedro Nunes considera que as explicações dadas pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, acerca do apagão desta segunda-feira “não convencem nada” do ponto de vista técnico.
O professor do Instituto Superior Técnico lamenta que “ninguém tenha assumido responsabilidades” e considera “estranho” que o problema tenha começado na rede elétrica francesa, uma vez que “as ligações entre França e Espanha infelizmente não são muito grandes”.
De todo o modo, Nunes “não percebe” como é os espanhóis “não conseguiram controlar a situação”, e apela a que Portugal “peça esclarecimentos” ao país vizinho.
Os mesmos esclarecimentos deve dar a Redes Energéticas Nacionais (REN) e a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), defende o docente, que “não percebe como é a rede elétrica de Portugal foi abaixo instantâneamente”, algo que poderá ter acontecido devido à “pouca capacidade de reação das defesas elétricas portuguesas”.
Às 11h30 de segunda feira, o momento do apagão, Portugal importava 30% do seu consumo energético a Espanha, um valor que “está dentro da média” segundo o especialista.
“Desde que foi o encerramento das centrais Carvalho de Sines e do Pêgo que as importações a Espanha aumentaram. Situam-se nos 25 a 30%”, revela.
Ainda assim, não está posta em causa “a soberania energética” do país.
O especialista admite ainda ter ficado “incrédulo” com a forma como foi conduzido pela REN o processo de recuperação da rede elétrica. “A central da Lezíria, no Carregado, foi esquecida e foi utilizada a de Castelo de Bode, que tem pouca potência para a Grande Lisboa”, diz.
“Tem que ser feita uma investigação ao que se passou”, remata.